Sexta-feira

JORNAL DO COMERCIO (PE)

Nova promessa para a transposição

O governo federal lançará em 30 dias o edital de licitação para continuidade de obras no Eixo Norte da Transposição do Rio São Francisco, no trecho onde atuava a construtora Mendes Júnior. O Ministério da Integração Nacional anunciou a medida ontem, durante a primeira reunião em três anos do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O objetivo é concluir as obras do Eixo Norte no próximo ano, mas os detalhes do projeto ainda não foram divulgados.

A construtora Mendes Júnior era responsável pela construção de um trecho de 140 quilômetros de extensão entre Cabrobó, no Sertão do Estado, e o reservatório de Jati, na cidade de mesmo nome no Ceará. Eram dois contratos avaliados em R$ 1,2 bilhão. A empreiteira deixou as obras em julho deste ano por dificuldades em obter créditos geradas pelo envolvimento em esquemas de corrupção denunciadas pela Operação Lava Jato. A solução encontrada foi substituir a empresa para dar continuidade à obra.

Estamos em processo de conclusão dos itens a serem licitados no lote da Mendes Júnior. Estamos cruzando diversos itens que estavam nesse contrato para checarmos o que foi executado e o que ainda falta realizar. Em 30 dias, lançaremos o edital de licitação para a conclusão do trecho que vai compor o eixo Norte. O Ministério da Integração auxiliará o governo de Pernambuco a reforçar as obras da adutora do Agreste, para que haja interiorização da água da transposição e com ações contra a seca, com obras de adutora de engate rápido e custeio de carros pipa , afirma o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho. Sobre o Eixo Leste, o ministro afirma que a água deve passar em dezembro de 2016.

O anúncio é uma nova promessa sobre a Transposição do Rio São Francisco, que foi projetada com o objetivo de garantir abastecimento a 12 milhões de pessoas nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. A obra começou em 2007 e estava prevista para ser concluída em três anos. O valor inicial passou de R$ 4,7 bilhões para R$ 8,2 bilhões. Em julho deste ano, o projeto alcançou 89,2% de execução.

O Nordeste vive há cinco anos uma das maiores secas da história. O reservatório de Sobradinho, o maior do Rio São Francisco, opera com 11,75% da capacidade, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgados no dia 21/9.

Além da construção dos dois eixos, também está prevista a implantação de ramais de acesso. Em Pernambuco, serão construídos 53 sistemas de abastecimento de água.

O ministro também anunciou o lançamento de um edital ainda este ano para obras de recuperação da Barragem de Jucazinho, em Caruaru, no Agreste do Estado, devido a diagnósticos preocupantes sobre a situação do reservatório. A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) diz que está estudando alternativas para viabilizar outras fontes de abastecimento para atender as 12 cidades do Agreste vinculadas a Jucazinho e que têm rodízios severos de abastecimento. Desde setembro de 2015, Caruaru, Bezerros e Gravatá passaram a ser abastecidas por outros mananciais. Vamos lançar a licitação para a recuperação da barragem Jucazinho, em Caruaru, para que possamos, de forma preventiva, evitar problemas maiores. Estamos avaliando, inclusive, se será necessária uma ação emergencial , afirma o ministro.

A barragem está em operação há 18 anos, por isso, precisa ser recuperada e modernizada. Para a viabilização das obras, o Ministério da Integração Nacional solicitou ao Ministério do Planejamento a inclusão da Barragem de Jucazinho no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As documentações referentes ao processo da obra de recuperação da barragem de Jucazinho, em Pernambuco foram elaboradas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e já estão prontas.

 

VALOR ECONÔMICO

Dólar fecha em alta com expectativa de corte da Selic no mês que vem

O dólar fechou em alta frente ao real, descolando do movimento no exterior influenciado por um fluxo negativo no mercado local. Investidores também aproveitaram para ajustar as posições após a queda de 1,54% da moeda americana ontem. O dólar comercial subiu 0,47% encerrando a R$ 3,2248. Já o contrato futuro para outubro avançava 0,68% para R$ 3,235. Analistas comentaram que o movimento de perda de força da moeda brasileira no mercado local pode ter sido intensificado por um fluxo de saída de recursos, liderado por instituições não financeiras.

Lá fora, o dólar recuou frente às principais divisas emergentes diante da sinalização de um ajuste gradual de alta de juros nos Estados Unidos e do fato de não haver surpresas negativas na reunião do Banco do Japão (BoJ), que anunciou um ajuste do programa de compra de ativos passando a estabelecer uma meta para os juros dos bônus de longo prazo. O mercado, contudo segue cauteloso, com a possibilidade de uma alta de juros nos Estados Unidos em dezembro.

Cenário doméstico

No mercado local, os investidores acompanham a 34ª fase da Operação LavaJato (denominada "Arquivo X"), da Política Federal, que resultou na prisão temporária do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi revogada mais tarde pelo juiz Sergio Moro. A operação investiga fraude em licitação, corrupção de agentes públicos e propina em construção de navios¬sonda e envolveu também buscas na sede da OSX, do empresário Eike Batista.

Apesar da forte queda do dólar ontem, o Banco Central seguiu com o ritmo de oferta de 5 mil contratos de swap cambial reverso, que equivalem a uma compra de US$ 250 milhões no mercado futuro. Analistas não descartam, no entanto, a possibilidade do BC aumentar a oferta de swaps cambiais reversos para 10 mil contratos dependendo do patamar e da velocidade de desvalorização da moeda americana.

 

Indicador, enfim, trouxe várias boas notícias sobre a inflação

O IPCA¬15 de setembro enfim trouxe algumas boas notícias sobre a inflação, depois de resultados anteriores terem registrado surpresas desagradáveis. Além da melhora do comportamento dos preços de alimentos, o indicador mostrou pressões inflacionárias menos disseminadas e variações menores das cotações dos serviços e dos núcleos, as medidas que tentam eliminar ou reduzir a influência dos itens mais voláteis. Por tudo isso, aumentaram as chances de o Banco Central (BC) iniciar o ciclo de corte de juros já em outubro. Em setembro, o IPCA¬15 ficou em 0,23%, bem abaixo do 0,45% do mês anterior e das projeções dos analistas ¬ o piso das estimativas dos economistas consultados pelo Valor Data era de 0,26%.

Uma das notícias mais favoráveis foi a queda do índice de difusão, que mostra o percentual de itens em alta no mês. O indicador caiu de 63,3% em agosto para 58,9% em setembro, um número inferior aos 67,4% de setembro do ano passado e da média histórica, de 62,8%, segundo a MCM Consultores Associados. Com isso, o IPCA¬15 deste mês mostrou pressões menos generalizadas sobre os preços. A resistente inflação do grupo de serviços também cedeu, passando de uma alta de 0,55% em agosto para 0,43% em setembro. "Os serviços cederam conforme esperado, com a variação nula de cursos e menor pressão de recreação, a despeito do ligeiro avanço de passagens aéreas e alimentação fora do domicílio", aponta a MCM.

O comportamento mais benigno dos núcleos é outro ponto importante, pois essas medidas tentam retratar a trajetória da inflação livre da influência dos itens com oscilação exagerada. Em setembro, a média dos três principais núcleos ficou em 0,4%, abaixo do 0,48% do IPCA¬15 de agosto, de acordo com cálculos da MCM. Em 12 meses, a média recuou de 8,07% para 7,92%. Apesar da melhora, segue bem acima do teto da banda de tolerância da meta, de 6,5%. Como esperado, o grupo de alimentos enfim ajudou, ao registrar queda de 0,01% no IPCA¬15 de setembro.

No de agosto, houve alta de 0,78%. Para o IPCA deste mês, a expectativa é de uma variação ainda menor, na casa de 0,17%, de acordo com a MCM, que acredita na perspectiva "de continuidade da trajetória declinante da alimentação no domicílio, com a devolução das altas de leite e derivados e dos cereais". Se confirmada, será uma elevação bem menor que o 0,54% registrado em setembro de 2015, o que levará a recuo mais forte do indicador no acumulado em 12 meses, ajudando a pavimentar o caminho para o BC começar a reduzir juros.

No IPCA¬15, que mostra a inflação entre a segunda quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês de referência, a variação em 12 meses caiu de 8,95% para 8,78%. O IPCA, por sua vez, mede a evolução de preços no mês fechado. Como a inflação ficou muito pressionada nos últimos quatro meses de 2015, a expectativa é que os índices tenham quedas mais expressivas no acumulado em 12 meses até o fim do ano, pois o indicador deve subir menos neste quadrimestre. Com o bom resultado do IPCA¬15 de setembro, a MCM revisou o IPCA esperado para 2016 de 7,25% para 7,15%.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Prévia da inflação desacelera, e corte de juros em outubro fica mais provável

Uma eventual redução da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, em outubro, se tornou mais provável, na visão de analistas. Essa expectativa aumentou depois que o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) desacelerou em setembro mais do que o esperado pelo mercado.

O resultado do IPCA-15 repercutiu no mercado de juros futuros, que fechou em forte baixa nesta quinta-feira, influenciado ainda pela manutenção dos juros nos EUA nesta quarta-feira (21) e pela recente queda do dólar ante o real.

A prévia da inflação oficial brasileira, divulgada nesta quinta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou alta de 0,23% neste mês, depois de subir 0,45% em agosto. A mediana das estimativas de economistas consultados pela Bloomberg era de uma alta de 0,33%.

O principal responsável pela desaceleração do IPCA-15 foram os alimentos e bebidas, que registraram deflação de 0,01%, após subirem 0,78% em agosto.

Em 12 meses, o indicador subiu 8,78%, ante 8,95% em agosto, ainda acima da meta do governo de 4,5% para o IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 recuou de 13,885% para 13,835%, no menor patamar desde junho deste ano. O contrato de DI para janeiro de 2018 caiu de 12,360% para 12,250%, no nível mais baixo desde o final de janeiro de 2015. O contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 11,880% para 11,720%, também no menor patamar desde janeiro do ano passado.

"Com o Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto do BC dos EUA] não subindo juros e a expectativa de inflação para os próximos períodos mais benigna (...), um corte na Selic em outubro se mostra mais provável, desde que sinais de redução da incerteza sobre ajustes na área fiscal sejam materializados", escrevem economistas José Francisco de Lima Gonçalves e Julia Araújo, do Banco Fator. "Neste caso, o ciclo de queda da Selic pode começar no ritmo de 0,50 ponto percentual."

Além da reunião de outubro, o Copom tem mais um encontro neste ano, em novembro. A taxa está atualmente em 14,25% ao ano.

Os analistas citam ainda a manutenção da menor pressão dos alimentos no IPCA e o efeito positivo do câmbio como outros fatores que podem levar à redução da Selic em outubro.

José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, também afirma que a probabilidade de corte da Selic em outubro aumentou fortemente com o resultado do IPCA-15 de setembro. "A inflação cedendo, o dólar retornando ao patamar de R$ 3,20 e a expectativa de aprovação da PEC dos gastos públicos contribuem para isso", diz.

De acordo com Faria Júnior, a curva de juros futuros mostra que a chance de um corte da Selic no próximo mês está em mais de 70%. "O mercado está precificando um corte de 0,25 ponto porcentual em outubro e outro de 0,50 ponto porcentual em novembro", afirma.

MEIRELLES

Analistas também destacaram declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre a possível redução dos juros. De acordo com a agência Bloomberg, Meirelles afirmou nesta quarta-feira (21), em Nova York, que "é altamente provável" os juros caírem no Brasil até o fim do ano, embora isso seja tarefa do BC.

Nesta quinta-feira, diante da repercussão, Meirelles declarou, por meio de nota do ministério, que "sempre apoiou a autonomia do Banco Central".

COMBUSTÍVEIS

Segundo analistas, a notícia de que a Petrobras poderia reduzir o preço dos combustíveis ajuda a elevar as apostas de redução da Selic no próximo mês.

Sobre um possível corte no preço dos combustíveis, entretanto, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta quarta-feira (21) que a companhia não tomou qualquer decisão com relação a mudanças nos preços dos combustíveis.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Questão de probabilidade

POR CELSO MING

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pisou na bola nesta quarta-feira quando declarou à agência Bloomberg que é “altamente provável (highly probable)” que os juros básicos (Selic) caiam ainda este ano.

Pode não ter sido intenção produzir a estranheza que essa declaração causou nos mercados, porque Meirelles é um dos que mais defendem a autonomia do Banco Central no exercício de sua política monetária. Mais do que isso, não tem deixado passar uma oportunidade sequer para lembrar que enfrentou inúmeros episódios de atropelamento de sua autonomia quando foi presidente do Banco Central, nos dois governos Lula.

No entanto, pelas declarações não desmentidas, ficou parecendo que a queda dos juros já é considerada favas contadas pelo governo, seja qual for o nível de autonomia real usufruída pelos atuais diretores do Banco Central.

Essa declaração foi feita dentro do contexto da promoção do recém-lançado Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) entre os senhores do capital de Nova York. A provável queda dos juros é variável importante a ser levada em conta por quem pretende transferir trocados para o Brasil.

Independentemente do que houve, não dá para negar que há agora algumas razões para apostar em certa queda dos juros ainda este ano. Há, por exemplo, uma trégua relevante da inflação. Os números do IPCA-15 divulgados nesta quinta-feira mostram desaceleração significativa: inflação de 0,23% no período de 30 dias terminado dia 15 de setembro, ante 0,45% registrado no período anterior. Essa inflação mais baixa não é, por si só, garantia de inflação sustentavelmente mais baixa nos próximos meses, mas pode ser tomada como indicação de tendência.

O segundo fator de baixa dos juros é a relativa fraqueza do dólar no câmbio interno, o que ajuda a derrubar a inflação com base no barateamento dos importados. O início do processo de alta dos juros nos Estados Unidos foi outra vez adiado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central) e isso também adia a valorização do dólar nos mercados, inclusive no Brasil, na medida em que é fator que encoraja os investidores a aplicações de maior risco. Por aí, criam-se mais condições para maior entrada de moeda estrangeira também por aqui.

E não é só isso. Se a repatriação de capitais, com prazo de vencimento previsto para outubro (que pode ser eventualmente esticado até dezembro), for superior a US$ 20 bilhões, como alguns analistas estão prevendo, será inevitável o impacto baixista sobre o câmbio, mesmo levando-se em conta a provável intervenção do Banco Central com o objetivo de neutralizar excessos de volatilidade.

E há a equação dos preços dos combustíveis. A direção da Petrobrás não pode mais esconder que a criação de parcerias e associações em refinarias passou a fazer parte da estratégia da empresa. Isso não se faz se não houver garantia de que os preços internos dos combustíveis acompanhem o padrão do mercado global: ninguém se arriscaria a despejar dinheiro em refinarias se os preços dos seus produtos não acompanharem os preços externos.

Isto posto, não parece distante o dia em que a Petrobrás terá de reduzir os preços internos que hoje estão entre 20% e 30% mais altos. A própria direção da empresa avisa que estão em discussão os critérios que deverão prevalecer em sua nova política de preços para derivados, com base na paridade internacional. Se for por aí, os preços internos terão de cair e, assim, parecem fadados a ajudar a derrubar a inflação e, portanto, a abrir mais espaço para a queda dos juros.

A última Ata do Copom avisou que a baixa dos juros internos depende do cumprimento de três condições: reversão consistente da alta dos alimentos; velocidade significativa da desinflação; e encaminhamento firme do ajuste fiscal.

Nenhuma das três condições deve ser considerada definitivamente dada. É preciso ver se a derrubada dos preços dos alimentos veio para ficar. De um mês para outro, a velocidade da desinflação ficou relevante, mas desta vez pode ter sido apenas um soluço. E também o ajuste fiscal depende de muita coisa, sendo a mais importante delas a aprovação da PEC dos gastos pelo Congresso.

Enfim, se as indicações do Banco Central, que se destinam a fazer a cabeça dos agentes econômicos, têm de ser levadas às últimas consequências, não dá, ainda, para afiançar que os juros estejam prontos para cair.

 

Não basta o recuo da inflação

A inflação continua em queda e o número final deste mês poderá ser uma boa surpresa para o mercado - mais para os especialistas em números, por enquanto, do que para os milhões de famílias ainda com o orçamento apertado. A notícia positiva apareceu ontem: o IPCA-15 subiu 0,23% em setembro, mantendo a trajetória de acomodação. A alta havia sido de 0,54% em julho e de 0,45% em agosto. Esse indicador, calculado entre meados de um mês e do mês seguinte, funciona como prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para as políticas oficiais.

Quem defende uma pronta redução dos juros básicos tem mais um argumento para reforçar seu ponto de vista. Mas essa aposta ainda é muito arriscada. Ainda faltam algumas condições para uma política de crédito menos severa. Pelo menos, essa tem sido a mensagem repetida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), formado por diretores do Banco Central (BC).

Isso explica por que vários analistas do mercado financeiro comentaram de forma cautelosa a boa notícia contida no IPCA-15 de setembro. De fato, inflação em queda e, mais que isso, rumando com firmeza para a meta de 4,5% em 2017 é uma condição essencial para o afrouxamento da política. A redução da Selic, a taxa básica de juros, abrirá caminho para a redução do custo do capital e, portanto, para uma reativação mais pronta dos negócios. Mas o Copom fixou também como condição uma segurança muito maior quanto à arrumação das contas públicas. Por enquanto, o compromisso do governo é fechar as contas deste ano com um déficit primário de R$ 170,5 bilhões e as de 2017 com esse buraco reduzido a R$ 139 bilhões. O resultado primário é calculado sem o custo da dívida pública. Saldo negativo significa falta de dinheiro até para os juros e, portanto, aumento da dívida.

Por enquanto, há apenas o compromisso do Executivo, reforçado por muitas declarações de boa intenção e por um projeto de limitação do gasto público. Empresários e analistas do mercado têm declarado confiança nos bons propósitos do presidente Michel Temer de seus ministros, mas a boa imagem do governo tem validade limitada. Para continuar confiando, as pessoas precisam de bases mais sólidas.

A consolidação da imagem da nova política dependerá, em primeiro lugar, da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241. Essa emenda criará um teto legal para o aumento das despesas públicas em cada ano. A elevação do gasto em cada ano poderá no máximo igualar a taxa de inflação do ano anterior, medida pelo IPCA. Executivo e Legislativo devem levar em conta essa limitação ao cuidar do projeto do Orçamento-Geral da União (OGU). A proposta orçamentária envolve, necessariamente, alguma imprecisão, porque é preciso estimar a inflação antes de fechado o número final. Mas esse é um problema de menor importância.

Não por casualidade o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comentou durante sua passagem por Nova York o vínculo entre a PEC 241 e os juros. A aprovação da proposta, segundo ele, contribuirá para a redução da taxa estrutural de juros. A palavra "estrutural" é importante. Ele se referia a uma taxa de longo prazo, compatível com a estabilidade de preços e, obviamente, com um processo saudável de financiamento das contas públicas. A taxa de curto prazo, a Selic, destinada a conduzir a inflação ao nível desejado, é assunto para o Copom, ressalvou o ministro, ele mesmo um ex-presidente do BC.

Se os membros do Copom forem fiéis às suas declarações, precisarão de algo mais que um bom recuo da inflação para iniciar o corte dos juros básicos. O ministro da Fazenda, por suas palavras em Nova York, está de acordo com essa limitação. Não adianta baixar os juros de curto prazo, de forma voluntarista, quando faltam condições para a queda dos juros estruturais. O BC já fez isso, em momentos de menor inspiração, e o resultado foi a soma de inflação mais alta e perda de credibilidade. Para que repetir o erro?

 

AGÊNCIA BRASIL

Retomar confiança é fundamental para recuperar economia, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse na noite de hoje (22) considerar “a retomada da confiança o elemento crucial para a recuperação da economia”, no evento As Melhores da Dinheiro, feito na capital paulista. Para Goldfajn, é fundamental perseverar nos ajustes e na reforma da economia brasileira para reduzir incertezas e oferecer perspectivas de crescimento sustentável, além de uma inflação baixa e estável no futuro.

“Para isso, temos que fortalecer o arcabouço de política econômica que já se mostrou exitoso no passado. Eu me refiro especificamente ao tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, que são as reformas, os ajustes fiscais; controle da inflação, que é nossa busca da meta; e o regime de câmbio flutuante, que permite que o câmbio seja um amortizador de choques”, disse.

 

No entanto, o presidente admitiu que há ainda desafios internos relevantes no país. “No mercado de trabalho, observamos ainda a continuidade do aumento da taxa de desemprego e há perdas do rendimento real dos trabalhadores, embora em ritmo menor do que no passado recente”.

Goldfajn defendeu ações do governo relacionadas ao balanço do setor público, como a PEC 241, que estabelece o teto de gastos das contas públicas, e a reforma da Previdência. Segundo ele, essas ações são importantes para a retomada da confiança.

Sobre a economia internacional, o presidente do BC acredita que o mundo vive o que chamou de “interregno [interrupção passageira] benigno” para economias emergentes como o Brasil. “Esse cenário oferece simultaneamente condições favoráveis de financiamento e alguma recuperação da atividade global. Isso ocorre porque o ritmo de crescimento da economia global não é forte o suficiente para retirada dos estímulos monetários na maioria das principais economias. Nem é fraco o bastante para desencadear aumento de aversão ao risco dos investidores internacionais com efeitos adversos sobre a disponibilidade de fontes de financiamento ou para empatar a demanda por nosso bens”, disse.

 

O GLOBO

Prévia da inflação cai para 0,23% e analistas veem corte nos juros

A desaceleração da prévia oficial da inflação, o IPCA-15, para 0,23% em setembro, surpreendeu o mercado que projetava taxas entre 0,25% e 0,45% para o mês e reforçou a aposta de economistas de que o Banco Central (BC) pode iniciar o corte de juros já no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) da autoridade monetária, que ocorre em outubro. Hoje, a Selic está em 14,25% ao ano. O mercado estima que o corte ficará entre 0,25 e 0,50 ponto percentual.

A inflação menor em setembro, em relação ao mês anterior, quando ficou em 0,45%, reflete uma deflação de 0,01% registrada nos preços dos alimentos, que vinham pressionando a taxa para cima principalmente por conta das altas do feijão-carioca e do leite longa vida, cujos preços recuaram 6,05% e 4,14%, respectivamente, em setembro.

O índice, divulgado pelo IBGE ontem, foi o menor IPCA-15 para os meses de setembro desde 2009, quando a variação foi de 0,19%. Se considerada toda a série histórica do indicador, iniciada em 1994, é a menor variação desde agosto de 2014, quando foi de 0,14%. No ano, o índice acumula alta de 5,9%, bem abaixo dos 7,78% registrados em igual período de 2015. O acumulado dos últimos 12 meses ficou em 8,78%.

PREÇO DO CIGARRO CAI 1,55%

Para Eduardo Velho, economista-chefe da A2A Asset, a taxa de setembro reforça a probabilidade de início da flexibilização monetária já na reunião de outubro do Copom. Sobretudo, com o avanço da tramitação e votação do projeto da PEC fiscal (que estabelece teto de gastos) na comissão especial na Câmara, escreveu o economista em relatório divulgado ontem.

José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, aposta em queda de meio ponto percentual da Selic, que passaria para 13,75% em outubro. Mas condiciona o corte a outros fatores além do IPCA-15 de setembro: a expectativa de inflação mais baixa para os próximos meses devido a possibilidade de corte nos preços de combustíveis pela Petrobras; a manutenção de menor pressão dos preços dos alimentos; o efeito favorável do câmbio; e que se materialize a redução da incertezas sobre a implementação do ajuste fiscal.

Eduardo Nogueira Gomes, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, aponta que, após a divulgação do resultado do IPCA-15 de setembro, os contratos futuros de juros negociados no mercado já apontam para uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião de outubro do Copom.

Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, concorda: a reversão do choque de preços dos alimentos deverá contribuir para melhorar o equilíbrio global dos riscos para a inflação e permitir que o BC comece a aliviar a política monetária antes do final do ano, disse em comunicado.

A queda nos preços dos alimentos e bebidas ocorre um mês depois de esses itens subirem 0,78%, segundo o IPCA-15 de agosto. Entre os alimentos que ficaram mais baratos e contribuíram para conter a taxa, o IBGE destacou, além do leite e do feijão-carioca, batata-inglesa (-14,49%), cebola (-12,30%) e hortaliças (-6,03%). Alguns itens desse grupo seguem com os preços em alta, como frutas (4,01%), que provocaram o impacto mais elevado sobre o IPCA-15 de setembro (0,04 ponto percentual), impedindo que a inflação dos alimentos ficasse ainda mais baixa.

Outros dois grupos também tiveram deflação em setembro: comunicação (-0,01%) e transportes (-0,1%).

O recuo em transporte reflete quedas nos preços de passagens aéreas (-2,31%) e gasolina (-0,75%), conserto de automóvel (-0,59%) e automóvel usado (-0,55%).

O cigarro também contribuiu para conter a taxa do mês, pois caiu 1,55% com a redução do preço de algumas marcas em nove das 11 áreas pesquisadas. As duas exceções foram Brasília 

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