Quarta-feira

EXAME

Setor de construção fecha 14 mil vagas no Brasil em fevereiro

São Paulo O setor de construção fechou 14.070 vagas em todo o país em fevereiro, marcando o 29º mês de queda no nível de emprego, informou o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP).

A pesquisa, desenvolvida em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base em informações do Ministério do Trabalho, mostrou que a indústria empregava 2,48 milhões de pessoas em fevereiro, um número 13,95 por cento menor em relação ao mesmo mês de 2016.

A intensificação do desemprego na construção resulta da redução contínua do volume de novas obras, decorrente do prolongamento da recessão econômica, disse o presidente do sindicato, José Romeu Ferraz Neto, em nota.

Conforme Ferraz Neto, a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária é importante para melhorar o ambiente de negócios e reverter esse quadro.

Entre todas as regiões do Brasil, apenas o Sul registrou aumento no número de vagas (+0,44 por cento). Houve queda de 1,95 por cento no Norte, 0,82 por cento no Nordeste, 0,71 por cento no Sudeste e 0,07 por cento no Centro-Oeste.

No Sudeste, Espírito Santo foi o Estado que registrou o maior recuo no nível de emprego (2,14 por cento), seguido por Rio de Janeiro (0,99 por cento) e São Paulo (0,66 por cento).

A indústria paulista de construção empregava 690,1 mil trabalhadores em fevereiro, queda de 0,66 por cento ante janeiro. Somente na capital, que responde por 43,4 por cento do total de vagas, foram fechadas 3.160 postos de trabalho.

 

DCI

Cadeia da construção civil terá retomada lenta a partir de 2018

A indústria voltada para a construção civil vem sofrendo há mais de dois anos com a queda dos investimentos no mercado imobiliário e de infraestrutura. Apesar da melhora de expectativa, o mercado espera uma retomada lenta e só a partir de 2018.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, neste ano as vendas para construtoras recuarão 4% sobre um 2016 de queda aproximada de 13%.

"Para nós, o segmento da construção só deve começar a retomada em 2018", estima.

A ociosidade em diversos segmentos da indústria voltados para construtoras é dramática e chega a superar 70%. É o caso das empresas de extrudados de alumínio, usados na fabricação de produtos como esquadrias, portas, sacadas, entre outros.

"Nossos números hoje mostram uma capacidade instalada de extrudados de 860 mil toneladas, para um consumo total de 225 mil toneladas em 2016. Estes indicadores pressionam as margens e levam a uma concorrência quase insustentável para a maioria das empresas desse segmento", afirma o coordenador do comitê de extrudados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Erivam Boff.

Segundo ele, em 2016 a demanda por alumínio transformado na construção civil teve queda de 21,8%, sendo 21% em chapas, 18% em folhas e 22% em perfis extrudados.

Já no disputado segmento de máquinas para construção, especificamente o de movimentação de terra (conhecido como linha amarela), a ociosidade ultrapassa 75%, de acordo com o CEO da BMC Hyundai, Felipe Cavalieri. "Não seria um despropósito dizer que o mercado brasileiro tem potencial de 30 mil máquinas por ano, dependendo dos níveis de crescimento do País, mas em 2017 não deve passar de 8 mil unidades. A utilização da capacidade instalada está em cerca de 20%".

Ele afirma que a demanda de infraestrutura já começou a dar sinais de desaceleração em meados de 2013. Porém, à época o governo federal realizou grandes compras de máquinas e as empresas de linha amarela não ficaram tão expostas.

Mas de 2010 para cá o número de fabricantes locais praticamente dobrou no País, atraídos pelo grande número de obras e também pela exigência de 60% de conteúdo local para se obter o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - o Finame - para bens de capital.

No bojo do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), o Finame chegou a financiar máquinas com juros de 2,5% ao ano - abaixo da inflação no período.

O quadro acentuou ainda mais a competição local e deixou a indústria de linha amarela e correlatos em situação extremamente difícil. "A recuperação não será imediata no nosso negócio, deve vir gradualmente a partir de 2018, meados de 2019", afirmou na semana passada o presidente da Volvo Construction Equipment, Afrânio Chueire, em balanço da companhia.

Fim do túnel

De acordo com Boff, o encerramento do ciclo de grandes obras de infraestrutura para a Copa do Mundo, o aprofundamento da recessão, a restrição ao crédito, o aumento do desemprego e a expansão dos distratos imobiliários levaram a quedas sucessivas do consumo de alumínio transformado de 2013 para 2016, acumulando retração de 36,7% no período.

"Sem dúvidas, a cadeia toda precisa se adequar ao novo cenário de contenção. As medidas adotadas por empresas do setor passam pela redução de custos, melhora da eficiência, ações junto ao governo para ampliação de crédito, além da diversificação dos negócios para ampliar os nichos de mercado atendidos", observa o dirigente.

Para o ele, apesar da questão política do País, o cenário econômico vem se desenhando melhor do que em 2016.

"Alguns indicadores apontam crescimento para a indústria da construção civil em torno de 0,5% e PIB [Produto Interno Bruto] de 0,4%. Sabemos que os desafios continuarão, mas toda crise tem um fim. Acredito que estamos no caminho", acrescenta Boff.

Já o presidente da Abramat revela que a retração da indústria de materiais voltada para a construção civil começou em 2014 e se acentuou nos dois anos seguintes. "O mercado foi afetado tanto pela redução de novas edificações residenciais quanto comerciais e, em maior grau, pela queda das obras de infraestrutura."

Na visão dele, este será mais um ano de estagnação para o setor. "Com o varejo crescendo a 3% ou 4% e a queda na construção civil, encerraremos o ano empatados", estima Cover.

Cavalieri, da BMC Hyundai, afirma que a demanda do mercado imobiliário - que inclui empreendimentos comerciais, shoppings centers, hospitais - começou a recuar de forma mais acentuada em 2015. "Hoje, o consumo neste segmento está voltando gradualmente, mas em infraestrutura tudo ainda está parado."

O executivo acredita que a indústria de linha amarela no País deve experimentar retomada principalmente se o governo estimular as concessões. "Ainda assim, o setor só voltará a operar a pleno vapor em um horizonte de cinco anos", observa.

 

VALOR ECONÔMICO

BC discute possibilidade de acelerar ritmo de queda do juro, traz ata

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) julgou como “adequado” acelerar moderadamente o ritmo de corte da taxa Selic de 0,75 ponto percentual para 1 ponto na reunião realizada em abril, mas discutiu abertamente a possibilidade de imprimir um ritmo de distensão dos juros ainda maior nos seus próximos encontros.

Segundo as discussões do colegiado, a evolução da conjuntura econômica já justificaria um corte maior dos juros na reunião marcada para os dias 30 e 31 de maio. De outro lado, “a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia” tornaria mais adequada a manutenção do ritmo de 1 ponto percentual.

As informações constam da ata da reunião da semana passada do Copom, divulgada nesta terça¬feira, que detalha os motivos para o colegiado baixar os juros básicos de 12,25% para 11,25% ao ano e dá indicações sobre os planos futuros de política monetária. Projeções apresentadas na ata indicam haver espaço para os juros básicos da economia caírem para perto de 8,5% ao ano até o fim desse ano, pois, com a Selic nesse percentual, seria possível cumprir a meta de inflação de 2018, de 4,5%.

Essa projeção dá apenas uma ideia do espaço para o corte de juros. Seu tamanho exato depende de estimativas a serem feitas pelo BC ao longo dos meses sobre a taxa de juros neutra da economia ¬ aquela que, descontada a inflação, prevalece quando a economia cresce no ritmo potencial, o que não causa pressões inflacionárias ¬ e sobre a evolução do cenário para atividade e inflação.

O documento diz que a dinâmica favorável para a inflação, expectativas do mercado bem ancoradas, com as projeções do BC para índice de preços na meta e elevado grau de ociosidade da economia “prescrevem antecipação do ciclo de distensão monetária”. Esse quadro favorável permitiu acelerar, segundo a ata, o ritmo de corte de juros na semana passada, num ciclo de distensão monetária que já acumula uma baixa de três pontos percentuais desde outubro de 2016.

Na mesma reunião, logo depois de decidir pela baixa de juros, os integrantes do Copom discutiram seus passos futuros de política monetária, segundo o documento, em especial a possibilidade de intensificar ainda mais os cortes de juros para antecipar uma parcela maior do ciclo de distensão. A ata diz que os participantes do colegiado, referindo¬se às perspectivas para o encontro de maio, “argumentaram que a evolução da conjuntura econômica já permitiria uma intensificação do ritmo de flexibilização monetária maior do que a decidida nessa reunião”, de abril.

O argumento discutido para eventualmente manter o ritmo de corte de um ponto em maio, segundo a ata, é a continuidade das incertezas que ainda pairam sobre a economia. No trecho sobre o balanço de riscos, o BC cita a evolução do cenário externo, a implementação das reformas, a queda da inflação de alimentos e a recuperação da atividade econômica.

Até a reunião de fevereiro, o Copom notava que “o processo de aprovação das reformas fiscais tem sido positivo”. Na ata divulgada hoje, o colegiado deixa de fazer essa qualificação, se limitando a reproduzir um outro trecho que já estava na documento anterior: “Os próximos passos no processo de aprovação das reformas fiscais envolvem apreciação de reformas fundamentais para a sustentabilidade das contas públicas, como é o caso da reforma da Previdência. Esse processo pode ser longo e envolve incertezas”.

A ata também agrega, agora, uma avaliação sobre a implementação das reformas: “Essas reformas e outros ajustes necessários na economia são relevantes para a sustentabilidade da desinflação e para a redução da taxa de juros estrutural”. A descrição dos demais fatores de risco não sofreu modificação. Eles incluem a possibilidade de a recuperação da economia ser mais ou menos demorada e gradual do que a antecipada.

Na discussão sobre a condução da política monetária, porém, o comitê faz uma avaliação de que houve uma pequena melhora na perspectiva de retomada da economia em relação ao quadro da reunião de fevereiro. O Copom também cita riscos positivos ligados à inflação de alimentos e também as incertezas envolvendo o cenário externo. Outro tópico debatido pelo colegiado é como a política monetária poderia contribuir para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade e o impacto defasado das decisões tomadas agora sobre a inflação nos próximos anos.

Na ata, o Copom voltou a indicar que já está de olho em como os juros a serem fixados para 2018 vão influenciar a inflação de 2019, cuja meta será definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho. O mercado prevê que a meta seja reduzida dos 4,5% atuais para 4,25%. “Os membros do Copom avaliaram a extensão do ciclo de flexibilização monetária, inclusive suas implicações para taxas de juros vigentes ao longo de 2018”, diz a ata.

“Essa extensão dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco mencionados acima e das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019, mas também das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira.” O colegiado pondera que essas estimativas envolvem incerteza e poderão ser reavaliadas pelo comitê ao longo do tempo.

Para o colegiado, as perspectivas para a inflação evoluíram de maneira favorável e, em boa parte, em linha com o esperado desde a reunião de fevereiro. Considerando os prognósticos do Focus para juros e câmbio, que mostra Selic de 8,5% no fim desde e do próximo ano, as projeções para a inflação permanecem abaixo da meta de 4,5% ao longo de 2017. Pelos modelos do BC, informa a ata, a inflação atinge um patamar mínimo no terceiro trimestre, elevando¬se nos últimos meses do ano, mas ainda abaixo da meta. Tal comportamento reflete o choque favorável do preço de alimentos.

A inflação para 2018 fica ao redor de 4,5%. No lado da atividade, o BC aponta que há pequena melhora na perspectiva de retomada da economia, mas como os desafios permanecem, a avaliação é de recuperação gradual da atividade ao longo de 2017. O documento não esclarece se essa visão um pouco mais positiva está ligada à revisão dos dados sobre as vendas do comércio e sobre os serviços feita na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Quanto ao quadro externo, a avaliação é de um ambiente bastante incerto, mas que até o momento a conjuntura internacional tem mitigado os efeitos sobre a economia brasileira de possíveis revisões de política econômica em algumas economias centrais, notadamente nos Estados Unidos. Os integrantes do Copom acreditam que a economia brasileira apresenta hoje uma maior capacidade de absorver eventual revés no cenário internacional, devido ao progresso no processo desinflacionário e na ancoragem das expectativas.

 

FMI: Para crescer 0,2%, Brasil precisa aprovar reformas e baixar juro

A recuperação do Brasil de uma de suas mais profundas recessões deverá acontecer de maneira gradual se o país reduzir incertezas no campo político, manter o relaxamento monetário já iniciado pelo Banco Central (BC) e obter progresso na agenda de reformas, como a da Previdência. A conclusão é do Fundo Monetário Internacional (FMI). A previsão da instituição é a de que o país tenha crescimento de 0,2% neste ano, caso tenha sucesso com a implementação dessas medidas.

Esse percentual é o mesmo verificado na última edição do relatório “Panorama da Economia Mundial” (WEO, na sigla em inglês), divulgado em janeiro. A nova versão do documento, que foi apresentada nesta terça¬feira em Washington, estima que o país terá crescimento de 1,7% em 2018, ou 0,2 ponto percentual maior do que a edição anterior. De acordo com o FMI, o ritmo da contração da economia brasileira diminuiu, mas o investimento e a produção chegaram ao fundo do poço no fim de 2016, enquanto as crises fiscais em alguns Estados continuam a se aprofundar.

A instituição verificou que a inflação está surpreendendo com níveis de queda, permitindo a queda na taxa básica de juros pelo BC. Com essas condições, a projeção é a de que o país possa recuperar o crescimento gradualmente e manter um ritmo moderado num futuro próximo. Porém, o país precisará continuar numa agenda de reformas caso queira ter crescimento neste ano.

Em 2016, o Brasil fechou com retração de 3,6%. Após esse movimento de queda de Produto Interno Bruto (PIB) que o país viveu, o FMI recebeu bem a busca de reformas macroeconômicas pelo governo. O foco, de acordo com a instituição, deve ser nas reformas que tratem de questões fiscais, como a da Previdência que é tida como prioritária pelo governo.

O FMI advertiu, no entanto, que há outros passos a serem dados para obter uma redução no déficit fiscal do país. Neste sentido, as reformas que impulsionam o potencial de crescimento são necessárias não apenas para restaurar e aperfeiçoar os padrões de vida dos cidadãos após uma profunda recessão, mas também para facilitar a consolidação fiscal.

O Fundo menciona a necessidade de endereçar gargalos de infraestrutura, aperfeiçoar investimentos e a produtividade, além de simplificar o sistema tributária e reduzir barreiras ao comércio. O relatório mostra que a performance da economia brasileiras está muito abaixo dos demais países latino¬americanos e emergentes.

Na América do Sul, o Brasil só está na frente da Venezuela, que vive situação de caos social e tem previsão de queda de 7,7% no PIB, e do Equador, com expectativa de retração de 1,6% para este ano. O Brasil está atrás da média da América Latina, de expansão de 1,1% neste ano. O Fundo verificou também que os desempenhos econômicos dos países emergentes estão variando muito e o Brasil está entre os mais baixos.

O relatório apontou que, enquanto a China permanece com crescimento forte, em 6,6%, houve uma desaceleração motivada por movimentos cambiais na Índia, que ainda assim manteve a previsão de 7,2%. O Brasil também sofreu o impacto de movimentos cambiais, mas permanece “atolado em profunda recessão”.

De maneira geral, o Fundo verificou que a atividade econômica permanece fraca entre os exportadores de commodities, apesar da recuperação em alguns preços de matérias¬primas. O FMI também advertiu para eventuais riscos de medidas protecionistas por países de economias avançadas e recomendou aos emergentes que busquem liberalizar as suas economias e fazer reformas para estarem preparados para eventuais choques. O Fundo e o Banco Mundial realizam a sua reunião de primavera nessa semana, em Washington.

 

Mercados reagem a ata do Copom e reforma da Previdência; juros caem

Os mercados financeiros brasileiros operam nesta terçafeira sob a influência das informações contidas na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O documento abre espaço para apostas de uma intensificação do corte do juro básico Selic, com efeitos tanto no mercado de DIs, quanto na bolsa e no dólar. Por outro lado, os investidores também acompanham com atenção o andamento do processo da reforma da Previdência Social. Bolsa

O mercado de ações brasileiro apresenta bastante instabilidade nesta terçafeira. O Ibovespa, principal índice da bolsa, recuava 0,45%, para 64.044 pontos, às 13h30, seguindo as perdas das bolsas americanas. A Gol recuava 4,4%, na pior baixa do Ibovespa. Entre os investidores, o otimismo quanto à trajetória de queda de juros no Brasil, que impulsiona os bancos e as empresas do setor de consumo, reveza com o mau humor de curto prazo em relação aos preços das commodities.

As ações da Vale estão entre os piores desenpenhos, com queda de 3,97% para ordinárias e preferenciais. Os papéis reagem à baixa do minério de ferro, cujo preço recuou 4,6% hoje, para US$ 63,20 a tonelada.

Dólar

O dólar opera com pequena variação ante o real nesta terça¬feira. Os agentes financeiros mantêm a cautela enquanto aguardam a leitura do relatório final da reforma da Previdência, que foi adiada para amanhã. Operadores apontam que as discussões sobre a reforma elevam o sinal de alerta, diante das preocupações em torno de flexibilização das novas regras e o consequente enfraquecimento do ajuste fiscal. Às 13h30, o dólar comercial recuava 0,01%, cotado a R$ 3,1032, com mínima em R$ 3,0877. Na máxima, logo nos primeiros negócios do dia, a divisa avançou a R$ 3,1126.

Nesta terça-¬feira, o real tem desempenho levemente melhor que principais emergentes. Entre os pares globais, o dólar sobe ante o rublo russo (+0,61%) e o rand sul¬africano (+0,09%), enquanto tem leve queda ante o peso mexicano (¬0,03%). A moeda dos EUA avança ainda diante das moedas da Austrália e Canadá.

Juros

O mercado de renda fixa já trabalha com aumento de apostas de cortes mais intensos da Selic. Os investidores operam nesta terça¬feira com base na interpretação da ata da última reunião do Copom. De acordo com o documento, os dirigentes do Comitê argumentaram que a evolução da conjuntura econômica já permitiria um corte maior do que o decidido em abril, de 1 ponto percentual, para 11,25% ao ano. O relato foi visto como sinal de que há mais espaço para acelerar a flexibilização monetária do que diminuir o ritmo.

O DI janeiro de 2018 recuava a 9,530%, ante 9,635% no ajuste anterior, e o DI janeiro de 2019 caía a 9,340%, ante 9,440% na mesma base de comparação. Já o DI janeiro de 2021 caía a 9,860%, ante 9,920%. “O mercado não vinha trabalhando de maneira mais consistente com a possibilidade de corte mais agressivo da Selic”, diz Matheus Gallina, trader de renda fixa na Quantitas.

Nos cálculos do profissional, a curva de juros embute probabilidade próxima a 30% de uma redução de 1,25 ponto da Selic no próximo encontro do Copom, em maio, o que era praticamente nulo até ontem. A aposta majoritária, com 70% das chances, segue de uma redução de 1 ponto.

 

Ilan: Cena externa e commodities são riscos a processo de desinflação

O processo de desinflação enfrenta quatro incertezas principais, disse nesta terça¬feira o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn. Para ele, o cenário externo ainda pode gerar mudança na dinâmica de descompressão dos preços. O dirigente do BC disse que ainda vê em curso o chamado interregno benigno — período de juros baixos no mundo que beneficia emergentes —, mas com mudanças. “Os juros ainda estão baixos, mas começaram a subir nos Estados Unidos.”

Além disso, há dúvidas sobre a sustentabilidade da alta dos preços das commodities, movimento que tem beneficiado o Brasil, segundo Ilan, que participou hoje de evento promovido pelo Itaú Unibanco. A segunda incerteza, nota Ilan, diz respeito ao processo de aprovação das reformas econômicas no plano doméstico brasileiro. O presidente do BC disse que a implementação das reformas é “relevante” para a queda da inflação e da taxa estrutural de juros da economia.

Um terceiro ponto se refere a chances de novo choque favorável de oferta nos alimentos. O presidente do BC disse que esse movimento pode acabar se disseminando em espiral para outros preços, reforçando o processo de desinflação. Por fim, a incerteza com a recuperação econômica doméstica também é um dos riscos a se monitorar. “A recuperação pode ser mais ou menos gradual que a antecipada”, disse.

Ilan afirmou ainda que a combinação entre expectativa de inflação ancorada e “elevado" grau de ociosidade da economia sustenta” o cenário básico do Comitê de Política Monetária (Copom) de antecipação do ciclo de flexibilização monetária. O grau de antecipação, porém, depende da evolução da conjuntura econômica e das incertezas “que ainda pairam” sobre a economia. "Quanto maior a queda [dos juros], maior a antecipaçao", ponderou.

Ele repetiu a importância de inicialmente ancorar as expectativas de inflação antes de começar o ciclo de queda do juro, “e não o inverso”. Sobre a cena externa, apesar de observar o cenário político internacional como uma fonte de incerteza para a política monetária, destacou que o Brasil pode se beneficiar da recuperação cíclica que vem sendo observada em alguns países no exterior, especialmente na Europa.

Ilan ressaltou a importância da agenda BC+, voltada a aumentar a eficiência do sistema financeiro, para uma maior efetividade da política monetária. “Um sistema financeiro mais eficiente, com mais crédito livre, tende a aumentar a potência da política monetária”, sustentou. Ele citou a nova taxa de juros de longo prazo (TLP), que será adotada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e vai substituir gradualmente a TJLP.

“A TLP vai servir de base para os empréstimos do BNDES e vai proporcionar maior potência para a política monetária, [o que] deve reforçar a queda da taxa de juros estrutural. E também ajuda a melhorar a dinâmica das contas taxa de juros estrutural. E também ajuda a melhorar a dinâmica das contas públicas ao longo do tempo”, afirmou. Ilan também citou a Medida Provisória (MP) 775, que vai permitir o registro eletrônico de recebíveis, incluindo as duplicatas. “Isso vai permitir ter custo de crédito melhor”, disse.

 

Reformas são importantes para retomada da economia, afirma Setubal

A reforma da Previdência é importante para criar uma perspectiva fiscal nas contas públicas de forma que o déficit estatal seja mais controlado, avalia o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal. “Isso é importante para vermos a economia crescer”, afirmou. Em evento promovido pelo banco, Setubal afirmou que a reforma trabalhista é importante para o setor privado. “Poderemos ter ganho de produtividade”, disse.

“As reformas vão ter muito efeito daqui a quatro ou cinco anos”, complementou. O executivo disse esperar uma recuperação lenta para a economia, e que o crescimento em 2018 deve ficar abaixo dos 4% projetados pela equipe de economistas do próprio Itaú. “Acho que 4% seria um ritmo espetacular, mas acho que vai ser um pouco menos”, disse”, em conversa com jornalistas após sua apresentação no evento. “Vejo empresas com alavancagem muito alta, vejo o nível de emprego se recuperando lentamente, vejo a economia se recuperando muito mais lentamente do que os números ali propostos, especialmente para 2018”, observou.

De qualquer forma, a economia está em trajetória de melhora, ponderou Setubal. Uma questão importante para garantir a continuidade desse processo, de acordo com ele, é a eleição presidencial de 2018. “Se elegermos a pessoa certa, vejo com otimismo o que pode acontecer na próxima década.” Em sua visão, se o próximo presidente continuar a agenda de reformas da administração atual, a trajetória de recuperação será mais favorável.

 

Há dúvidas se emergentes seguirão na dianteira, diz J.P.

Após as palavras "reflação" e "Trumponomics" dominarem o vocabulário dos mercados mundo afora no começo de 2017, o otimismo começa a se arrefecer e os investidores buscam sinais que confirmem as expectativas de crescimento mais acelerado e de normalização inflacionária. Mas já há dados sólidos que sugerem que o crescimento global neste ano será melhor sincronizado nas principais regiões ¬ a recuperação ganha tração tanto em economias emergentes chave quanto na Europa e no Japão.

Na América Latina, a expansão será retomada à medida que Brasil e Argentina saiam da recessão, e que a convergência da inflação para a meta permita aos bancos centrais brasileiro e colombiano promover um acentuado corte nas taxas de juros. Esses são alguns dos diagnósticos que Gabriela Santos, estrategista de mercado global do J.P. Morgan Asset Management, faz com base no "Guide to the Markets ¬ América Latina", estudo trimestral da gestora que compila dados globais recentes e busca jogar luz sobre a região em meio ao panorama econômico mundial.

"A grande questão para o resto do ano é se esse padrão mais balanceado de crescimento global vai alimentar os retornos dos investidores", diz. De maneira geral, a economia global surpreendeu positivamente desde o início do ano, com consequências para os investidores dos mercados de ações, especialmente nos emergentes. Mas isso se tornou mais complicado com os baixos níveis de volatilidade na maioria dos setores e o aumento da dispersão de retornos nas diversas classes de ativos.

"Há um foco natural no risco político na América Latina, com elevadas expectativas para a entrega de reformas em certos países e a proximidade das eleições em outros. Mas a realidade é que o caso mercados emergentes, incluindo América Latina, se fortaleceu ao longo do ano passado, com a estabilização de variáveis externas chave que impactam a região, como moedas e preços de commodities, crescimento chinês e comércio global. Como resultado, nós estamos finalmente vendo investidores retornarem para a região."

No ano, até o fim de março, as ações na América Latina apresentaram valorização média de 12,1% em dólares, na comparação com 6,1% do índice S&P 500 dos EUA ou 8,6% da Europa, excluindo¬-se o Reino Unido. Entre os países latino¬americanos selecionados, o MSCI da Argentina é que liderou os ganhos na renda variável, com alta de 34,8% em dólar, com os indicadores de Chile e México com valorização idêntica, de 16,1%.

O MSCI do Brasil subiu 10,4% no período, enquanto o da Colômbia avançou 5,7% e o do Peru, 5,5%. Em 2016, o Brasil estava no topo, com alta de 66,7% em dólares, ante 31,5% da América Latina. Mas numa janela de tempo maior, de 2007 a 2016, o Brasil esboça ganho anual médio de apenas 0,8% e a América Latina de 0,5%. Na média, a relação preço/lucro (P/L, um múltiplo que dá uma ideia do prazo de retorno do investimento) do MSCI América Latina está em 13,9 vezes, acima da média dos últimos dez anos, de 12,4 vezes.

À medida que os vezes, acima da média dos últimos dez anos, de 12,4 vezes. À medida que os lucros se recuperem, o denominador mais alto poderia deixar, em tese, tal relação mais favorável. O índice preço/valor patrimonial em 1,8 vez está pouco abaixo da média de 1,9 vez nesse intervalo ¬ o que poderia sugerir espaço extra de valorização. Mas um dos questionamentos que a casa faz é se ações e títulos de dívida emergentes continuarão a ter performance melhor do que nos mercados desenvolvidos.

No caso dos latino¬americanos, a dúvida é se as reformas fiscais seguirão encorajando a alocação dos estrangeiros. Historicamente, lembra Gabriela, no mercado acionário a região costuma entregar excesso de retorno (alfa) em comparação aos desenvolvidos quando está amparada pelos preços das commodities. Segundo a análise do J.P., os investidores globais começam a olhar mais de perto a renda fixa local nos emergentes, num momento em que parecem se sentir mais confortáveis em tomar o risco dessas moedas.

A avaliação é que os títulos soberanos na América Latina projetam inflação mais baixa e com aprofundamento dos cortes de juros em países como Brasil podem oferecer atrativos retornos na comparação com os desenvolvidos. Mas a estrategista alerta que os investidores querem ver a continuidade das reformas na região. "Do contrário, a fraqueza das moedas deve retornar com seus reflexos negativos sobre inflação, taxas de juros e crescimento", diz.

E em meio ao processo de normalização monetária nos EUA, e as consequências desse movimento para os "yields" (retornos) em diversos mercados, os emergentes estão muito mais preparados para enfrentar o aperto monetário. Em termos agregados, as moedas emergentes estão relativamente baratas e os balanços da conta corrente tiveram melhoras significativas. Enquanto as políticas comerciais nos países desenvolvidos não se tornarem mais restritivas, os emergentes vão se beneficiar do processo de reflação global.

Enquanto as estimativas do Fomc (o comitê de política monetária do Federal Reserve, o BC americano) são de que os juros referenciais estarão na casa dos 3% até 2019, o mercado ainda projeta uma taxa mais perto de 2%. Em dólares, no ano, até o fim de março, o retorno dos títulos brasileiros estava no topo da lista, com valorização de 6,2%, depois de ganhos de 20,6% em 2016, acima da média da América Latina, de 13,5%.

Mas no acumulado entre 2007 e 2016, o Brasil aparece na sexta colocação, com ganhos de 81,8%, ou média anual de 6,2%. Nesse intervalo, é a Argentina que lidera, com valorização acumulada de 131,3% ou retorno anualizado de 8,7%, mas com um prêmio de risco sensivelmente maior.

Um ponto que o J.P. toca diz respeito ao excesso de exposição dos investidores latino-americanos a ativos domésticos, de 97,5%, estatística distorcida pela alocação dos brasileiros. Essa fatia contrasta com os 74% aplicados localmente pelos americanos. Segundo Gabriela, há nessa postura uma grande concentração de risco e os investidores estão deixando na mesa oportunidades na economia global, em dívida ou ações.

Um dos argumentos é que os aplicadores poderiam acessar setores hoje subrepresentados na América Latina, como o consumo discricionário, tecnologia e saúde. A estrategista pondera, porém, que num momento em que a economia dos EUA avança pelo nono ano seguido, o aumento da exposição a ações americanas precisa ser seletivo. "Acreditamos que os setores cíclicos continuarão a performar sobre os defensivos nessa fase mais tardia do ciclo", diz Gabriela. 

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