Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Brasil mais resistente

O Brasil está resiliente à volatilidade e aos riscos externos, afirmou ontem o diretor de assuntos internacionais do Banco Central (BC), Tiago Berriel, em Washington. Na apresentação, Berriel destacou o sólido financiamento da conta corrente por meio de investimentos diretos, a baixa exposição a passivos com risco cambial, os laços comerciais diversificados e o sistema financeiro com estrutura sólida de capital e alavancagem limitada como pontos que explicam essa resiliência.

O diretor do BC também disse que o cenário para a economia global é positivo, mas há riscos e incertezas "relevantes" para emergentes. Entre esses fatores, estão um aumento do protecionismo nos EUA, o ambiente político na Europa e as perspectivas para a economia chinesa.

 

BNDES sinaliza expansão de financiamento no 1º trimestre

A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, informou ontem que as aprovações de financiamentos para máquinas e equipamentos dentro da linha de crédito Finame cresceram 32% no primeiro trimestre de 2017 ante igual período do ano passado. Ainda nos três primeiros meses do ano, houve expansão de 25% nas consultas à instituição de fomento relacionadas ao setor de infraestrutura, na comparação anual.

Já os desembolsos do Progeren [linha de financiamento com repasse do BNDES para capital de giro] aumentaram 345% entre janeiro e março, acrescentou a executiva, durante palestra no seminário "O Fim da Recessão", realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Maria Silvia destacou ainda o aumento da participação das micro, pequenas e médias empresas nos desembolsos do banco, de 39% no primeiro trimestre de 2016, para 41% no mesmo período deste ano. Em sua avaliação, os números indicam uma retomada da atividade econômica no país.

"Não havia esse crescimento no ano passado. Esses sinais começam a acontecer este ano", afirmou. Com relação aos desembolsos, a presidente do BNDES frisou que estes ainda refletem o passado, sendo negativamente impactados pela recessão enfrentada pelo país nos últimos anos. A executiva defendeu a continuidade das reformas estruturais propostas pelo governo federal mesmo numa ambiente de reaquecimento da economia. "Ao acabar a recessão e a gente ter a retomada econômica, não podemos esquecer que precisamos fazer as reformas estruturais. O ambiente, ao melhorar, não quer dizer que podemos prescindir dessas reformas. Pelo contrário, já fizemos isso no passado", argumentou ela.

O BNDES pretende anunciar no fim do primeiro semestre uma revisão da política de conteúdo local para seus financiamentos, antecipou Maria Silvia durante o seminário, sem no entanto detalhar quais seriam as alterações. "Nós, no BNDES, estamos rediscutindo a política de conteúdo local do banco para que ela se torne uma política de credenciamento. Vamos fazer também uma transição longa. Vamos anunciar isso ao fim do primeiro semestre. Estamos discutindo inclusive com o nosso público que é afetado por isso", explicou.

Para Maria Silvia, a política de conteúdo local é compensatória, porque de certa forma contrabalança ineficiências do resto da economia. Ainda durante sua apresentação, a presidente do BNDES apresentou um slide contendo o cronograma para leilões de concessões. De acordo com o cronograma, a realização do leilão das seis distribuidoras da Eletrobras está prevista para o primeiro trimestre de 2018.

"Estamos com seis distribuidoras com estudos contratados e sendo realizados para posterior venda dessas empresas", disse. O plano de negócios da Eletrobras para o período de 2017 a 2021 prevê a venda dessas companhias ainda este ano. O seminário "O Fim da Recessão" foi promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a FGV Projetos, a Firjan e o Valor. Além da presidente do BNDES, também participaram do evento o ex¬presidente do Banco Central e atual diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, Carlos Langoni; o presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira; e o ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Luiz Fux; e o presidente do conselho de administração da Barra Energia, João Carlos de Luca, entre outros.

 

Leilão de linhas da Aneel contrata R$ 12,7 bilhões em investimentos

O leilão de transmissão realizado nesta segunda-¬feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contratou R$ 12,7 bilhões do total de R$ 13,16 bilhões ofertados — uma fatia de 96,5%. Dos 35 lotes, apenas quatro não tiveram interessados. A disputa foi marcada por grande competição nos lotes, que chegaram a ter mais de dez interessados e deságios expressivos. Apenas três lotes receberam oferta única.

As instalações terão prazos de 36 a 60 meses para entrarem em operação comercial. Competição O leilão foi marcado pela grande competição, destacou Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel. "O desafio é fazer as leituras corretas. Nesse leilão mesmo, fizemos aperfeiçoamentos em relação ao de outubro. Acho que o resultado de hoje comprova que estamos no caminho certo", disse Rufino.

Em relação à liminar que pediu uma mudança no pagamento das indenizações bilionárias por ativos de transmissão antigos que não foram amortizados, Rufino disse que é algo pontual. Uma ação movida pela Abrace, associação que representa grandes consumidores de energia, questiona o pagamento dos R$ 62 bilhões em indenizações por meio da tarifa de energia. A ação conseguiu uma liminar, mas se referindo apenas aos juros remuneratórios das indenizações. "É algo muito pequeno que não coloca em risco a solução encaminhada [das indenizações]", disse Rufino.

Ele destacou ainda uma grande preocupação sobre a judicialização no setor. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que esse foi o segundo leilão bem¬sucedido da atual administração. Ele destacou os investimentos contratados de R$ 12,7 bilhões. Em termos de geração de empregos, são mais de 26 mil vagas diretas, calculou o ministro. “A economia vai se recuperar mais fortemente no setor de Minas e Energia” disse Coelho. Havia o desafio após o bem¬sucedido leilão passado, segundo ele, e o governo vai “trabalhar para gerar ainda mais disputa”.

Além propostas válidas ao longo do leilão, esses lotes voltaram a ser oferecidos após o fim do certame, mas continuaram sem investidores interessados. Segundo semestre A Aneel já está preparando o próximo leilão de transmissão. A previsão inicial é de R$ 4,4 bilhões em investimentos em linhas de transmissão a serem leiloados no segundo semestre deste ano, conforme dados fornecidos pelo diretor da agência André Pepitone.

"O próximo leilão começa hoje", disse o diretor Reive Barros. Segundo ele, os quatro lotes que hoje ficaram sem propostas devem ser levados de volta ao mercado na próxima disputa. No caso do lote 24, por exemplo, a agência acredita que os investidores podem ter sido afugentados pelo custo fundiário alto e pelo nível de exigência de licenciamento ambiental.

Além disso, a agência trabalha com a expectativa de que os projetos sob responsabilidade da espanhola Abengoa sejam relicitados ainda este ano, com estimativa de investimentos de R$ 8,3 bilhões. A empresa está em recuperação judicial e o cenário da agência prevê a caducidade das concessões e posterior revisão das condições para que os lotes sejam levados a leilão. Para isso, a Aneel precisa conseguir derrubar na Justiça uma liminar que concedeu à empresa o direito de ter realizado um leilão dentro da recuperação judicial, com revisão das condições dos contratos, sem a caducidade.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

‘Sem reformas, recuperação do Brasil sofrerá danos’

A recuperação do Brasil será lenta e haverá um longo período antes que o País volte ao patamar de renda per capita registrado em 2013, avalia David Lipton, vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo ele, a profundidade e a extensão do declínio econômico vivido pelo País comprometeram as finanças do governo, das empresas e das famílias, o que dificulta a retomada do crescimento.

Lipton diz que a redução da inflação é um “sucesso notável”, que reflete a credibilidade do governo e do Banco Central. Em sua opinião, há espaço para redução dos juros no Brasil, mas o processo deve ser cauteloso, para assegurar o declínio do índice de preços ao “nível desejado”. O número 2 do FMI afirma que os investimentos devem ter maior peso entre os motores de crescimento do País, o que demanda aumento da confiança. “A situação política continua como um ponto de interrogação. Será difícil que a confiança atinja os níveis desejados enquanto não houver mais clareza, porque os investidores precisam ter uma perspectiva de longo prazo”, disse ao Estado em entrevista concedida sábado em seu escritório no Fundo.

Diretor para Assuntos Econômicos Internacionais do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca no primeiro mandato de Barack Obama, Lipton assumiu sua atual posição no FMI em 2011. No ano passado, foi reconduzido para mais um período de cinco anos. A seguir, trechos da entrevista:

A elevação da meta fiscal de 2018, de um déficit primário de R$ 79 bilhões para um de R$ 128 bilhões, a tornou fraca demais?

O Brasil está fazendo grande avanço em levar a economia de volta ao crescimento. Os compromissos feitos no lado fiscal e os progressos em reduzir a inflação são positivos, mas há muitas incertezas em relação ao ritmo de recuperação da economia. O orçamento é afetado por dois fatores: a execução de despesas do governo e a arrecadação de receitas, que depende de quão rápida é a recuperação. Para nós, o mais importante é o compromisso com o ajuste fiscal do governo. Se o ritmo de recuperação for mais rápido, isso ajudará a reduzir o déficit do orçamento. Mas temos de ser realistas em projetar o déficit de acordo com o ritmo da recuperação.

Em sua opinião, por que a recuperação no Brasil está demorando tanto?

As dificuldades da recuperação estão relacionadas sobretudo à economia, mas é claro que questões políticas tiveram importância. A profundidade e a extensão do declínio econômico deixaram em condições desfavoráveis as finanças de famílias, empresas e do governo. Suspeito que haverá um período longo até que a renda per capita volte ao patamar de 2013.

Quais seriam os efeitos da rejeição à reforma da Previdência?

Se o objetivo no Brasil é ter crescimento mais impulsionado pelo investimento, há uma gama de reformas estruturais que são importantes, obviamente mantendo as condições fiscais em ordem, o que depende do compromisso com o controle das despesas e a inflação baixa, o que demanda uma política monetária crível. Mas as reformas estruturais são cruciais, sendo que talvez a mais importante no momento seja a da Previdência. Temos esperança de que o Brasil encontrará consenso para isso. Se fracassar, isso causará danos para a credibilidade de todo o esforço de recuperação da economia.

Diante da queda da inflação causada pela recessão, há espaço para o BC ampliar o ritmo de redução da taxa de juros?

É um sucesso notável que a inflação esteja baixando. Isso reflete a credibilidade do governo e da ação do Banco Central, o que certamente vai criar espaço para adicional redução de juros. Dada a experiência histórica de inflação no Brasil, vimos como as incertezas relativas à alta de preços podem minar os investimentos. É importante esse esforço não ser desperdiçado, com certa dose de cautela no processo de redução de juros. Deve ser uma alta prioridade assegurar que esse processo de queda de juros seja sustentado pelo declínio da inflação para o nível desejado.

A projeção do FMI de que o PIB no Brasil subirá 1,7% em 2018 considera as incertezas que podem surgir em ano eleitoral?

Ninguém espera que a recuperação no Brasil seja impulsionada apenas pelo consumo e o crédito. É importante que o crescimento seja mais baseado em investimentos, o que depende da restauração da confiança. O governo e o Banco Central fizeram os movimentos corretos. A situação política continua como um ponto de interrogação. Será difícil que a confiança atinja os níveis desejados enquanto não houver mais clareza, porque os investidores precisam ter perspectiva de longo prazo. As questões imediatas são saber se o processo de superação da corrupção será bem sucedido, quem assumirá o governo (depois das eleições) e quais políticas serão implementadas. O crescimento virá com políticas econômicas sólidas e a situação do País mais assentada.

Qual é o potencial de crescimento do Brasil?

O Brasil tem o que chamamos de alto potencial para impulsionar o crescimento potencial. Não há razão para que o Brasil não registre crescimento rápido em dez anos e tenha um padrão de vida começando a subir na direção do registrado por economias mais avançadas. Isso pode ser atingido com a continuidade das políticas que assegurem estabilidade, a agenda de reformas estruturais e o enfrentamento dos problemas de corrupção que envolvem a reputação do governo, de empresas e do País.

Para crescer 3% em dois ou três anos quais políticas o Brasil deveria adotar?

Isso vai requerer maiores mudanças de políticas de governo e no ambiente de negócios e estratégia de crescimento baseada em investimentos. O crescimento previsto de 1,7% para 2018 é melhor do que zero ou negativo, mas não permite a elevação do padrão de vida da população para níveis de economias avançadas.

Como o senhor avalia os efeitos da Operação Lava Jato?

Vamos ver pelo lado positivo. As reformas no sistema Judiciário podem se revelar o melhor investimento que o Brasil já realizou, porque o sistema Judiciário agora funciona incrivelmente bem, em uma situação de stress e no momento mais importante. O sistema Judiciário hoje é uma fonte de força e credibilidade no Brasil.

O combate à corrupção elevará as condições de governabilidade a ponto de estimular empresas a aumentarem investimentos?

O grande fator de insatisfação popular na América Latina é a corrupção. A questão é se a corrupção priva as pessoas de terem bons governos. Se você é um consumidor, um pequeno empresário ou um grande investidor, a corrupção o priva do Estado de Direito necessário para estar disposto a comprometer seu tempo, sua energia e as economias da sua vida em uma atividade empresarial.

 

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