Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Crise política ainda não afeta projeções do mercado, aponta Focus

 A expectativa dos analistas do mercado financeiro para a inflação continuou em queda na última semana, enquanto as projeções para a taxa de juros e para a atividade econômica se mantiveram, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central. A mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 recuou pela 11ª semana, de 3,93% para 3,92%, enquanto a mediana para 2018 cedeu de 4,36% para 4,34%. Em 12 meses, a projeção passou de 4,70% para 4,65%.

A mediana das expectativas para o dólar ao fim deste ano caiu de R$ 3,25 para R$ 3,23, enquanto a média recuou de R$ 3,18 para R$ 3,17. As estimativas para a Selic ao fim deste e do próximo ano continuaram, ambas, em 8,50%. Os analistas do mercado financeiro continuam a prever corte de 1 ponto percentual, para 10,25%, na Selic na reunião do Copom dos próximos dias 30 e 31. Também continuaram a prever mais um corte de 1 ponto em julho, para 9,25%, outro de 0,50 e outro de 0,25 ponto. As projeções para o crescimento do PIB se mantiveram em 0,50% em 2017 e 2,50% em 2018.

O Focus mostra que, ao menos por enquanto, a nova crise política gerada pelas acusações de Joesley Batista, da JBS, contra o presidente Michel Temer ainda não afetou as projeções econômicas. A denúncia contra o presidente foi conhecida na quarta¬feira à noite e repercutiu no mercado no dia seguinte, com forte alta do dólar e queda da bolsa de valores. Na sexta-feira, o dólar recuou e a bolsa subiu. O sistema de expectativas do Focus recebe projeções até a sexta¬feira de cada semana.

Detonada a crise, vários analistas afirmaram que, a depender da duração, a crise pode abreviar o ciclo de corte da Selic pelo Banco Central. Uma alta consistente do dólar pressionaria a inflação e poderia fazer o IPCA superar a meta de 4,5% em 2018. As projeções ainda não indicam esse sentimento. Os analistas Top 5 de médio prazo não mexeram nas medianas para o IPCA de 2017 (3,89%) e de 2018 (4,30%), mas reduziram a aposta para a Selic ao fim deste ano de 8,25% para 8,13% e do próximo, de 8,13% para 8%.

 

S&P põe nota soberana do país em observação para possível rebaixamento

A agência de classificação de risco S&P Global colocou o rating soberano do Brasil em observação para possível rebaixamento citando as últimas denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer e as dificuldades crescentes para o avanço das reformas fiscais no Congresso. A nota de risco de crédito brasileiro em longo prazo em moeda estrangeira segue em “BB” — dois níveis abaixo do grau de investimento. A ação de rating significa que a agência pode rebaixar a nota de crédito brasileira em 90 dias em caso de estresse adicional na dinâmica política.

Um enfraquecimento maior do presidente Temer, um longo ou disruptivo processo de transição política ou um presidente com capacidade ou disposição reduzida para endereçar as reformas poderão atrasar a recuperação econômica e levar a um rebaixamento da nota do país, segundo a agência. Por outro lado, a S&P diz que poderá reafirmar o rating atual se o quadro de incertezas políticas tiver vida curta ou a equipe econômica tenha apoio suficiente no Congresso para continuar a implementar a agenda de reformas que possa estancar a deterioração fiscal e reforçar as perspectivas de crescimento.

Segundo a agência, o quadro político ficou mais uma vez complicado. “Em meio à crescente incerteza política, os progressos no endereçamento dos desafios fiscais e econômicos no contexto do já longo caminho de ajuste estão em risco de paralisação”, afirma a S&P, em nota. De acordo com a agência, a observação para possível rebaixamento reflete o risco crescente de algum desenvolvimento “disruptivo” ou de uma evolução mais lenta do que a desejada na capacidade da classe política de tomar medidas para implementar os ajuste necessários antes das eleições de 2018. “Nosso cenário-¬base tem sido de prolongado ajuste econômico em meio a uma lenta correção na política fiscal e com crescimento econômico modesto neste ano e nos próximos”, afirma a S&P.

Na sexta passada, a Fitch reafirmou a nota de crédito do Brasil em “BB”, mas advertiu que o cenário político se tornou mais desafiador e manteve a perspectiva negativa. No dia 16 de março, a Moody’s alterou a perspectiva do rating “Ba2” do Brasil de negativa para estável, surpreendendo analistas e o mercado com a decisão diante das incertezas em relação ao avanço das reformas.

A Moodys justificou a revisão da perspectiva para estável citando estabilização econômica, convergência da inflação à meta, números mais positivos da Petrobras e melhora na perspectiva fiscal do país. Para o Ministério da Fazenda, a decisão da S&P Global de colocar em observação negativa o rating soberano do país é um “alerta de curto prazo” que reflete a incerteza relacionada ao cenário político.

Em nota, a pasta que reflete a incerteza relacionada ao cenário político. Em nota, a pasta destaca que a agência reconheceu em comunicado a importância de medidas já adotadas, como a criação do teto para os gastos primários, a primeira fase de aprovação da reforma trabalhista e o Regime de Recuperação Fiscal dos Estados para consolidação do ajuste fiscal e para a estabilidade da trajetória da dívida pública. Entretanto, reforçou que medidas adicionais são necessárias o quanto antes, tal como a reforma da Previdência. Na nota, o ministério reafirmou o compromisso com a recuperação da economia brasileira por meio de reformas estruturais que objetivam o equilíbrio das contas públicas, a sustentabilidade da dívida pública e a construção de novas bases para o crescimento sustentado.

 

Mercado torce por continuidade de reformas

Michel Temer é o presidente da República até decisão em contrário. O "candidato" preferencial de profissionais do mercado financeiro é Henrique Meirelles, ministro da Fazenda e ex-¬presidente do Banco Central durante os dois mandatos do ex¬presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003¬2010).

A preferência por Meirelles tem sobretudo o seu comprometimento com as reformas estruturais como justificativa. O Valor consultou seis profissionais. Um deles, gestor de investimentos, vê torcida pela saída de Michel Temer do governo por considerar que a permanência do presidente ¬ que ocupa o cargo há um ano ¬ tenderia a fazer um governo fraco, sem força para aprovar a reforma da Previdência.

"Ele saindo, teríamos um novo presidente da República e, para ter governabilidade, a base aliada tenderia a ser mais coesa [condição que viabilizaria a aprovação das reformas]", afirma. Questionado sobre um "candidato" alternativo ao atual ministro da Fazenda, o experiente gestor citou: "Tasso Jereissati, Pedro Parente, Nelson Jobim".

A respeito de Jobim, esse interlocutor lembrou que "ele tem a questão do BTG". Nelson Jobim, ex¬ministro da Defesa e da Justiça e ex¬presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou¬se sócio do banco BTG Pactual e membro do conselho de administração do banco em meados de 2016. Outros dois profissionais, também da área de gestão de recursos, consultados sobre a perspectiva, a necessidade ou o risco de ocorrer uma mudança na presidência da República em função da saída de Temer, veem Henrique Meirelles como o "sucessor" ideal. Contudo, esses profissionais entendem que não há qualquer garantia que o titular da pasta da Fazenda seria o sucessor.

O quarto entrevistado, vice¬presidente de uma instituição com importante presença no mercado de derivativos, diz: "Não tem torcida para Michel Temer cair. Tem torcida sim para uma solução e que as coisas voltem a andar. O desejo é que a agenda de reformas seja mantida. Não fosse isso, ninguém estaria nem aí...", afirma. Esse profissional acrescenta que o mercado não torce pela saída de Temer, principalmente, depois da informação de que os áudios foram adulterados. "Se for necessário que Temer deixe a presidência, que seja. Esse me parece ser o sentimento do mercado".

Uma quinta fonte, quando questionada se há torcida para a saída de Temer, lembrou que seria necessário fazer uma pesquisa de opinião para afirmar que a maioria dos profissionais do mercado financeiro tem essa posição. "O que mercado está fazendo é esperar", afirma. Esse mesmo interlocutor comenta que não dá para prever se o atual ministro da Fazenda seria um candidato ao posto. "Não se sabe qual saída está sendo costurada para essa crise. O medo do 'Fica Temer' é parar de vez a agenda de reformas... o barco estaria no rumo certo, mas parado."

O tesoureiro de um banco nacional avalia que o Congresso tem duas opções e ambas seriam boas para o mercado: "Seguir com as reformas mesmo com um Temer fraco ou fazer a eleição indireta com um nome de credibilidade e sem envolvimento com Lava¬Jato e afins."

"Em tempo: não se deve desprezar que existem otimistas, que não torcem nem para A nem para B no comando da República, e veem que o momento é uma boa oportunidade para a compra de alguns ativos financeiros. Além disso, avalia esse grupo, a queda da inflação e do juro vai continuar, mesmo que em ritmo mais lento, fora que o impacto da crise sobre o crescimento econômico tem viés desinflacionário e, portanto, absorve algum impacto da alta do dólar nos preços.

 

Funcionalidade dos mercados

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, reiterou que monitora o impacto do aumento das incertezas políticas e atua para manter a plena funcionalidade dos mercados. Ilan afirmou que não há relação direta e mecânica entre essa atuação e a política monetária, que continuará a ser definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), com foco nos seus objetivos tradicionais.

"O BC tem atuado, em coordenação com o Ministério da Fazenda, para dar liquidez aos mercados. O BC e o Tesouro têm vários instrumentos à disposição. Essa atuação é favorecida pela resiliência do Sistema Financeiro Nacional", disse Ilan. O presidente do BC afirmou ainda que as reformas implementadas mostraram resultados positivos. "Por isso, a importância de se continuar no caminho correto, a despeito do aumento da incerteza política", disse.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Política monetária não deve reagir à volatilidade, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, voltou a ressaltar nesta segunda (22) a importância do país continuar no caminho das reformas na economia apesar do cenário de maior incerteza política e destacou que política monetária não deve reagir à volatilidade do mercado de câmbio.

Em evento em São Paulo, Ilan repetiu que não há relação direta e mecânica de sua recente atuação e monitoramento com a política monetária, que continuará a ser definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) com foco nos seus objetivos tradicionais.

No fim do mês, o BC decide sobre o futuro da Selic, atualmente em 11,25% ao ano. Nesta segunda-feira, as apostas majoritárias indicavam cerca de 80% de chance de corte de 0,75 ponto percentual, com o restante sinalizando corte de 1 ponto, segundo dados da Reuters. Antes da crise política, a redução de 1,25 ponto era a aposta amplamente majoritária.

O banco continuará monitorando o impacto das notícias da cena política nos mercados financeiros e atuando para mantê-los em plena funcionalidade, reafirmou Ilan.

Ele também reiterou que o BC e o Tesouro Nacional dispõem de "vários instrumentos" para tanto, conforme pontos de seu discurso publicados no site do BC, praticamente iguais aos divulgados na sexta-feira passada.

Nesta segunda-feira, o BC deu continuidade à sua intervenção diante do nervosismo do mercado e vendeu todos os 40 mil novos swaps cambiais tradicionais –equivalentes à venda futura de dólares.

O BC também vendeu todos os 8.000 contratos para a rolagem dos swaps que vencem em junho, que totalizam US$ 4,435 bilhões. Já foram rolados US$ 2,435 bilhões desse total.

Na semana passada, o dólar fechou com alta acumulada de mais de 4% sobre o real, refletindo as profundas dúvidas sobre as condições de governabilidade do presidente Michel Temer, que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS.

 

EXAME

Após crise política, Focus já prevê corte de juros menor em maio

Economistas de instituições financeiras voltaram a reduzir a perspectiva para a inflação tanto deste ano quanto do próximo na pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

Agora eles passaram a ver alta do IPCA de 3,92 por cento ao final deste ano, 0,01 ponto percentual a menos do que na semana anterior, na 11ª redução seguida. Para o ano que vem, a redução foi de 0,02 ponto, chegando a 4,34 por cento.

Já a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não foi alterada, ficando em 0,5 por cento em 2017 e 2,5 por cento no ano que vem.

Entretanto, os economistas consultados no levantamento podem não ter tido tempo de refletir em suas projeções as denúncias contra o presidente Michel Temer e a turbulência política no país, bem como a reação do mercado.

A expectativa para a taxa básica Selic continuou em 8,5 por cento ao final de 2017, com perspectiva de corte de 1 ponto percentual na reunião deste mês. Atualmente, a Selic está em 11,25 por cento.

Já o Top-5, grupo que reúne os que mais acertam as previsões, voltou a reduzir a previsão, a 8,13 por cento na mediana das estimativas, de 8,25 por cento na semana anterior.

O mercado vinha apostando em um corte de 1,25 ponto no final deste mês, porém o cenário mudou após as denúncias contra Temer e o mercado futuro de juros passou a precificar no fechamento de sexta-feira cerca de 85 por cento de chances de a Selic ser reduzida em 0,75 ponto percentual no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina em 31 de maio.

O temor no mercado é de que as reformas, principalmente da Previdência, emperrem no Congresso, afetando a recuperação da economia.

Para 2018, a pesquisa mostra manutenção do cenário de juros a 8,5 por cento, enquanto o Top-5 reduziu a estimativa a 8 por cento, de 8,13 por cento.

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