Quinta-feira

JORNAL ESTADO DE SÃO PAULO

Mobilização da construção civil pelas reformas é adiada por motivo de segurança

A mobilização dos empresários da construção civil pela continuidade das reformas, organizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no Congresso Nacional, foi adiada por motivos de segurança. Os dirigentes do setor tinham audiências marcadas nesta quarta-feira, 24, com os presidentes das Casas do Congresso Nacional e a presidência da República. Mas, em razão da realização de protestos na capital federal, as conversas foram remarcadas.

Dirigentes e empresários do setor serão recebidos pelo presidente da República, Michel Temer, nesta quinta, às 9h30. Os empresários estão em Brasília para a abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), marcada para as 19h30.

 

VALOR ECONÔMICO

''Renúncia é cenário mais favorável para economia''

A nova crise política coloca em risco o andamento das reformas, comprometendo a recuperação incipiente da economia e trazendo o risco de o país voltar ao problema anterior à gestão de Michel Temer, de uma dívida em crescimento explosivo, segundo o economista Yoshiaki Nakano. Diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP¬FGV), Nakano afirma que a aprovação da reforma da Previdência é indispensável para a sustentabilidade das contas públicas. Sem ela, a ameaça de aumento explosivo do endividamento público voltará, pesando sobre a sociedade o risco de mais impostos, mais inflação ou de um calote. "O horizonte fica totalmente nublado."

Para Nakano, o cenário mais favorável para economia é Temer renunciar e rapidamente se realizar uma eleição indireta, "exatamente" como diz a Constituição. "Se alguém que assumir tiver a habilidade de Temer para levar adiante as reformas, acho que nós salvamos o ano", diz ele, ex¬secretário da Fazenda paulista. "Mas, se ocorrer um processo de impeachment e demorar seis meses, como demora normalmente, este ano vai embora", adverte ele, ao ressaltar a importância de se resolver o mais rápido possível o imbróglio político, causado pela divulgação da gravação da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS.

Nakano diz que a retomada da economia fica comprometida pela nova crise porque Temer era o grande articulador das reformas no Congresso. "Não se pode negar que ele estava fazendo um trabalho até surpreendente de fazer as reformas andarem", avalia ele, enfatizando o avanço das mudanças na legislação trabalhista e a perspectiva de aprovação de alterações no sistema de aposentadorias. "Agora existe uma dúvida geral se as reformas vão andar ou não". Nakano ressalta que, sem a mudança no sistema de aposentadorias, o projeto do teto de gastos da União é inviável.

"A Previdência leva praticamente metade da receita do governo federal", diz ele. Sem a reforma, tende a voltar a preocupação quanto ao crescimento explosivo da dívida pública. Nesse quadro, retornará o risco de que o problema será resolvido ou com mais inflação, ou com aumento de impostos ou mesmo com um calote da dívida, alerta Nakano. O economista também considera muito importante a aprovação da reforma trabalhista, que já passou na Câmara. "Cada vez que um empresário contrata um funcionário, cria¬se uma incerteza enorme. Existe o risco de se contratar um problema para o futuro", afirma ele, lembrando que as empresas enfrentam montanhas de ações trabalhistas.

Nesse cenário, seria importante resolver o atual impasse político rapidamente. A renúncia de Temer parece a Nakano a opção mais favorável para o cenário econômico, embora ele destaque o papel do presidente em conseguir avançar reformas difíceis no Congresso.

Ao analisar as perspectivas para a economia antes da eclosão da nova crise política, Nakano apontava a perspectiva de queda forte dos juros, a depender dos rumos das contas públicas. "Se fizer a parte fiscal direitinho, os juros podem cair muito mais."

Nakano considera o cumprimento do projeto que limita o crescimento dos gastos da União uma iniciativa bastante importante, reiterando que ele exige a aprovação da reforma da Previdência. Se passar no Congresso, o projeto negociado pelo governo Temer com os parlamentares ajudará a desanuviar o cenário para as contas públicas, ainda que as concessões feitas apontem para a necessidade de uma nova mudança no sistema de aposentadoria dentro de alguns anos, avalia ele.

Para Nakano, contudo, é necessário ir além e fazer outras mudanças na política fiscal. O melhor seria o governo passar adotar o conceito de poupança pública, buscando um superávit entre receitas e despesas correntes. Desse modo, haveria recursos não inflacionários para financiar o investimento público, diz ele. Com um ajuste fiscal nesses moldes, o governo deveria apresentar um programa de investimento de longo prazo, com destaque para obras de infraestrutura. "Daí o investimento privado vem junto", afirma o economista.

Nakano também destaca a necessidade de enfrentar a rigidez do orçamento, um problema que leva a um aumento automático das despesas. "Aí é que a está a loucura. Não tem como crescer, não sobram recursos para o investimento", diz ele, para quem a reforma da Previdência deve ser a primeira das reforma, sendo indispensável promover outras mudanças para desvincular os gastos. Com uma política fiscal em ordem, abre¬se o espaço para quedas mais fortes dos juros, já em baixa num ambiente de grande ociosidade na economia, com inflação cadente, diz ele.

Para Nakano, porém, também é muito importante fazer uma reforma monetária. É necessário promover a desindexação do sistema financeiro, todo ele atrelado aos juros básicos, segundo o economista, que há muito tempo vê comum um grande problema o fato de o Banco Central (BC) remunerar operações de curto prazo com a Selic, a mesma taxa dos títulos públicos. "Se você desindexar [o sistema financeiro], você puxa toda a curva de juros para baixo", afirma Nakano, para quem é importante o Tesouro trocar os papéis pós¬fixados, corrigidas pela Selic, por papéis prefixados. Na visão do economista, fica mais fácil fazer essa troca num ambiente de queda dos juros e da inflação, em que os investidores preferem títulos prefixados para tentar obter taxas mais elevadas.

Nakano avalia que, com essas mudanças na política fiscal e na política monetária, o Brasil pode inclusive passar a trabalhar com uma meta de inflação mais baixa ¬ o alvo perseguido pelo BC brasileiro é de 4,5%, enquanto o de vários outros emergentes está na casa de 3%. "Se houver uma reforma da política monetária e uma definição clara da política fiscal, que seja realmente executada, é possível com certeza baixar [a meta de inflação]", diz Nakano. Para completar, o economista também acredita que o câmbio "precisa ter uma pequena melhora". Isso significa, segundo ele, que é necessária uma taxa um pouco mais desvalorizada, mas não muito.

Embora diga ser difícil estimar qual é o nível do câmbio ótimo, Nakano considera um dólar na casa de R$ 3,40 a R$ 3,50 de bom tamanho. "Se desvalorizar muito, aumenta o custo das importações." Esse câmbio um pouco mais depreciado ajudaria a recompor a margem de lucro das empresas, muitas das quais estão estranguladas financeiramente, diz Nakano. Isso seria mais importante do que aumentar as exportações.

Na visão de Nakano, se o governo conseguir segurar a política fiscal, baixar os juros e desvalorizar um pouco a moeda para recompor a margem de lucro das empresas, será criado um círculo virtuoso. "A economia vai recuperar mais rapidamente e haverá também uma situação fiscal melhor", diz ele, lembrando que, com mais crescimento, as receitas vão reagir mais rápido. O problema é que o cenário político se agravou, dificultando a adoção de medidas que levem a esse ambiente mais positivo.

 

Cenário político instável requer mais cautela, diz Tesouro

A coordenadora de operações da dívida pública, Márcia Tapajós, afirmou que as atuações do Tesouro Nacional desde a quinta¬feira da semana passada foram motivadas pelo cenário político instável. “O Tesouro entendeu que seria necessário ter mais cautela e esse é o papel dele”, disse, em entrevista a jornalistas. Márcia explicou que não foi observado um mercado “extremamente vendedor” no período de atuações. O leilão de títulos que seria realizado amanhã foi cancelado e, segundo a coordenadora, “é prudente aguardar um pouco e observar como que o mercado vai reagir nos próximos dias”.

Ainda sobre as atuações da semana passada e do começo desta semana, Márcia disse que o Tesouro conversou com o Banco Central (BC) e foram feitas operações de forma coordenada, em segmentos que pareciam estar sem parâmetro de preços. “Toda ação coordenada é mais eficiente. Isso mostra a preocupação do BC e do Tesouro em ser diligentes e observar as necessidades do mercado”, disse.

A coordenadora afirmou que, quando o mercado fica disfuncional, o papel do Tesouro é oferecer parâmetro para ele se organizar e superar esse momento de instabilidade. “Quando o Tesouro entra na compra e venda, estou mostrando para o mercado que tem um comprador a esse preço e um vendedor a esse preço. Auxilio o mercado nesse processo”, disse. O Tesouro anunciou que atuaria em leilões de compra e venda. Foram ofertados todos os papéis disponíveis nesses leilões e os lotes foram simétricos. Para LTN, o Tesouro anunciou que compraria e venderia até 30 milhões de títulos. Nas NTN¬F, atuaria com 1 milhão. Nas NTN¬B de curto prazo, também com 1 milhão e, nas NTN¬B mais longas, também com 1 milhão de títulos. No fim, o Tesouro recomprou R$ 2,11 bilhões.

“Classifico o resultado como bastante eficiente. Se tivesse a perspectiva de mercado querendo se desfazer de títulos, teríamos feito recompra, mas fizemos compra e venda, pois entendemos que não era posição vendedora, mas sim falta de referência de preço. O Tesouro entra auxiliando. Esse resgate líquido de R$ 2,11 bilhões é resultado desse processo e não o objetivo final. O resultado é adequado dentro da estratégia que adotamos”, observou.

 

FGV aponta alta na confiança do consumidor, mas sinaliza futura piora

Depois de cair 3,1 pontos em abril, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou 2 pontos em maio, para 84,2 pontos, feitos os ajustes sazonais, informa a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve alta de 13,5 pontos. Ambos os aumentos foram puxados pela melhora das expectativas. A FGV ponderou, contudo, que o indicador ainda não captou os efeitos da crise política, que se aprofundou na quarta¬feira passada (17) com a delação de Joesley Batista, da JBS, envolvendo o presidente Michel Temer.

“Houve recuperação de parte da perda de confiança do mês anterior. O resultado foi influenciado pela melhora das expectativas com relação à situação financeira das famílias e ao ímpeto de compras, ambos os quesitos positivamente influenciados pela inflação mais baixa e os juros nominais em queda", afirmou, em nota, Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Sondagem do Consumidor. "O aprofundamento da crise política no país a partir do dia 17 ainda não foi detectada na pesquisa deste mês, embora o resultado da coleta de dados posterior a esta data sinalize que o aumento de incertezas motivará uma cautela maior dos consumidores nos próximos meses”.

Em maio, a percepção dos consumidores quanto à situação atual permaneceu relativamente estável, com queda de 0,3 ponto no Índice da Situação Atual (ISA), para 70,5 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 3,5 pontos, atingindo 94,6 pontos. O indicador de situação financeira atual das famílias caiu 1,3 ponto, para 64,1 pontos, o maior recuo desde dezembro de 2016 (quando houve queda de 4,6 pontos).

Mas as expectativas sobre a situação financeira nos próximos meses voltaram a melhorar e atingiram 95,5 pontos, o maior nível desde outubro de 2014 (quando o patamar era de 96,4 pontos). Com melhores perspectivas sobre as finanças familiares, os consumidores também responderam de forma mais favorável ao quesito que mede o ímpeto por compras de bens duráveis, que exerceu a maior influência sobre o ICC no mês, com alta de 7,4 pontos, para 78,5 pontos, recuperando a queda de 7,2 pontos apresentada no mês anterior. Entre as diferentes faixas de renda a evolução da confiança não foi homogênea.

As famílias com renda mensal até R$ 2.100,00 e acima de R$ 9.600,00 recuperaram a queda da confiança ocorrida no mês anterior. Já as famílias com renda mensal entre R$ 2.100,01 e R$ 9.600,00 registraram novas perdas. Especificamente para os consumidores com renda familiar entre R$ 2.100 e R$ 4.800, a queda é consequência de uma piora da situação financeira familiar, que atingiu o menor nível já apresentado para este quesito entre todas as rendas: 40 pontos. A sondagem do consumidor de maio colheu informações de 1.970 domicílios entre os dias 2 e 20 de maio.

 

EXAME

Reformas são movidas pela “mão invisível do medo”, diz Eurasia

As reformas econômicas no Brasil são importantes e impopulares, mas o que as conduz é a “mão invisível do medo”, segundo João Augusto de Castro Neves, analista da Eurasia.

A consultoria de risco político, uma das mais importantes do mundo, promoveu um debate ao vivo no Facebook nesta quarta-feira (24) entre Neves e Risa Grais-Targow, analista de Venezuela.

“A maior parte da classe política está com medo de que não fazer reformas leve o país a um estado de crise premente e de recessão, lembrando que o país viveu quase uma década perdida em 3 anos em termos de crescimento”, disse Neves.

Ele classifica a reforma da Previdência como um dos “cálices sagrados” da agenda fiscal. Mais da metade da despesa primária do governo federal está nessa rubrica e a previsão é que a trajetória de crescimento dos gastos será explosiva sem uma reforma.

Apesar da urgência, o analista da Eurasia não acredita que alguma versão do texto hoje em análise, cuja aprovação era até pouco tempo dada como certa por investidores, possa passar no cenário atual:

“Esperamos que a agenda volte aos trilhos quando a crise se resolver. Outras reformas menores, microeconômicas e mais específicas vão se mover mais lentamente. A crise política veio para o centro e colocou uma pausa em muitas delas de um ou dois meses, até que um novo presidente esteja instalado”.

Dias decisivos

Na segunda-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s colocou a nota do Brasil em observação e condicionou um não rebaixamento ao prosseguimento das reformas.

Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, garantiu que “a agenda em que o Brasil está engajado vai continuar, independentemente de qualquer coisa.”

No mesmo dia, o governo teve relativo sucesso em impor um dia de votações no Congresso para passar um ar de “normalidade” mesmo que sob protestos da oposição.

Mas na visão da Eurasia, que estimou recentemente em 70% a chance de queda de Temer, o presidente que era visto como a resposta para a crise passou a associado à continuidade dela.

Neves está prevendo uma “transição de alguns meses”. Considerando que impeachment é um processo demorado e que a renúncia vem sendo descartada pelo presidente, ele vê a cassação pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da chapa eleita em 2014 como o jeito mais fácil:

“É uma saída conveniente, uma válvula de escape”. O início do julgamento está marcado para 6 de junho, mas mesmo que Temer saia derrotado, cabe recurso.

Eleições 2018

Se a crise se arrastar por tempo demais, surge um outro problema para as reformas: a proximidade com as próximas eleições presidenciais.

“O quanto mais perto ficamos da eleição de 2018, esse ímpeto [para aprovação das reformas] começa a se dissipar. A janela começa a se fechar mais tarde nesse ano, ou início do ano que vem, e por isso essa crise precisa ser resolvida rapidamente.”

A previsão sobre o processo eleitoral de 2018 é que ele será “menos sobre esquerda contra direita do que sobre o novo contra o velho”.

É um “cenário aberto para surpresas” marcado pelo sentimento anti-establishment, parte inclusive de uma tendência mundial.

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