Quarta-feira

O ESTADO DE SÃO PAULO

SP responde por 45% de todos os lançamentos do País

Uma área de 3,2 mil quilômetros quadrados será construída na Região Metropolitana de São Paulo por conta dos 26.751 apartamentos lançados em 2016 pelas 147 incorporadoras, 144 vendedoras e 114 construtoras que disputaram o Top Imobiliário deste ano. O prêmio é dado pelo Estado às dez primeiras do ranking da Embraesp para cada categoria.

Em 2016, foram lançados 59.386 apartamentos no Brasil e vendidos 72.617, segundo o estudo Indicadores do Mercado Imobiliário, lançado em maio pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

A capital e cidades da Grande São Paulo foram responsáveis por 45% dos lançamentos do País. No caso das vendas, responderam por 35% do total nacional, com 25,2 mil unidades comercializadas. Em segundo lugar, vem a região metropolitana do Rio de Janeiro, com 6.934 unidades lançadas (11,7% do total) e 8.945 vendidas (12,3%).

No Brasil, a oferta total disponível para venda fechou o ano com 129.207 imóveis novos. São Paulo tinha 24.130 apartamentos no estoque em 31 de dezembro - 19% do total do País.

O estudo da CBIC, com periodicidade trimestral, envolveu 20 principais cidades e regiões metropolitanas, que respondem por 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Serve de termômetro para as praças mais dinâmicas, contemplando volumes lançados e vendidos, absorção do estoque e variações de preços.

Coordenado pelo economista chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, o estudo da Cbic também classifica os empreendimentos conforme o tíquete final de venda. São divididos em faixas de valor, que seguem as referências de preço comum reconhecidas por entidades e empresas.

A variação vai do segmento supereconômico, que tem como limite o teto de preços do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), em cada cidade, até a categoria superluxo, acima de R$ 2 milhões.

 

Gafisa, Plano & Plano e Lopes vencem

A Plano & Plano, com 95% de seus apartamentos destinados ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), alcançou o primeiro lugar no ranking das construtoras. A Gafisa, focada nos segmentos de média e alta renda, é bicampeã na categoria das incorporadoras. No segmento das vendedoras, a Lopes reconquistou o topo do pódio. Com base nos registros da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), as três empresas são as grandes vencedoras da 24 a edição do prêmio Top Imobiliário, concedido pelo Estado .

Entre os produtos que ocupam pontos extremos na curva de preços dos lançamentos ocorridos em São Paulo no ano passado está o MN15 Ibirapuera, da Gafisa, com 14 apartamentos de 340 m 2 e preço de R$ 8 milhões. Foi o mais caro, conforme os dados da Embraesp.

Na outra ponta, o Itaquera Paes Landim foi lançado pela Plano & Plano por R$ 170 mil, com 68 unidades de dois dormitórios e 45 m² de área útil. Só perdeu para o microapartamento do residencial Vita Bom Retiro, da Vitacon, com apenas 14 e preço de R$ 148 mil.

Demanda . A diretora geral de Atendimento da Lopes, Mirella Parpinelle, diz que o segmento econômico, especialmente os imóveis enquadrados no programa MCMV, de habitação popular, é o mais aquecido do mercado. "Existe uma demanda muito maior do que a capacidade de produção", afirma.

Apesar da crise, que se aprofundou nos últimos três anos, Mirella vê perspectivas de melhora no mercado imobiliário de São Paulo, destacando a volta de lançamentos de empreendimentos classificados como superluxo. São as unidades com mais de 200 m2 de área e preço acima de R$ 2 milhões, de acordo com a classificação do estudo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

A Gafisa concentra sua atuação em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na capital paulista, segundo a Embraesp, lançou nove empreendimentos em 2016, com 20 blocos que terão área construída total de 219 mil m².

Para o total de 1,4 mil unidades lançadas, o valor global estimado foi de R$ 870 milhões, afirma a diretora executiva de Produto da Gafisa, Katia Varalla. Ela destaca qualidade, design e boa localização nos lançamentos, além da tecnologia digital para impulsionar vendas.

A campanha "Olho no olho" fez parcerias com blogs. "Clientes receberam vouchers com bonificações, viagens internacionais e vale-compras no valor de até R$ 20 mil ao fechar negócio", diz Katia. O vídeo da campanha no Facebook, segundo ela, foi visto por 300 mil pessoas.

Em maio, a incorporadora lançou a campanha "100% taxa zero", oferecendo parcelas fixas, além de 5% do valor da entrada de volta em benefícios.

Outra ação de engajamento nas mídias sociais promoveu o Square Ipiranga. "Na fanpage 'Ipiranga meu orgulho', exploramos o melhor do bairro, valorizando restaurantes, bares e moradores que fizeram sua história por lá", conta a diretora.

Velocidade . Em 2016, as vendas alcançaram R$ 810 milhões, segundo o balanço da Gafisa, que destaca a performance do Square Ipiranga. No último trimestre de 2016, segundo a empresa, o lançamento de três projetos teve velocidade de vendas de 67% no período, "um dos maiores níveis da história" da Gafisa, podendo indicar "movimento de melhora no índice de confiança dos consumidores".

No primeiro trimestre deste ano, o resultado com vendas líquidas atingiu R$ 117 milhões, um aumento de 75% ante o mesmo período de 2016.

"Ainda não temos uma visão clara de como será o ano para o mercado imobiliário", diz Katia. Sua expectativa é de que a "estabilidade econômica e a queda dos juros tragam de volta os investidores e consumidores".

Em março, ao divulgar o balanço de 2016, a Gafisa considerou o mercado de médio e alto padrão "muito afetado" pela recessão. "Em 2017, ainda sob efeito do ambiente recessivo, a combinação da crise política vivida desde 2015 com contração econômica segue impactando duramente o setor", informou em nota. A decisão é "manter postura cuidadosa, com foco na redução do estoque e equilíbrio na colocação de novos produtos".

O estoque de imóveis baixou de R$ 1,8 bilhão na virada do ano para R$ 1,6 bilhão no fim de março passado. A Gafisa não fez lançamento neste ano. Apesar de ter projetos aprovados para colocar no mercado, optou por não iniciar nenhum novo empreendimento. Sobre as perspectivas para o segundo semestre, "a Gafisa não divulga projeções anuais de lançamento", argumenta Katia.

Em 2016, a empresa concentrou as novidades no segundo semestre, com 77% do total de projetos. O banco de terrenos da Gafisa, com valor estimado em R$ 4,8 bilhões, representa 38 projetos potenciais - 62% em São Paulo -, com de 11 mil unidades.

No ano passado, a Gafisa entregou dez projetos em São Paulo, com 1.807 apartamentos. O valor global de vendas foi de R$ 1 bilhão, diz Katia.

Distratos . Para o sócio diretor da Plano & Plano, Rodrigo Luna, a economia brasileira foi à lona, levando junto o setor imobiliário. "Com a queda dos níveis de confiança e grave insegurança jurídica, surgiram os distratos", afirma Luna, referindose aos cancelamentos da venda de imóveis na planta.

O Minha Casa Minha Vida se tornou uma grande alternativa para o setor. "E segue como oportunidade para produtores e compradores de unidades habitacionais", diz Luna.

 

Rumo da economia faz setor crer em retomada

Entre dirigentes e empresários da indústria da construção, o sentimento é de recuperação, independentemente dos capítulos da crise política, e mesmo com o mercado pressionado por estoques elevados de imóveis novos.

O economista-chefe do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Celso Petrucci, lembra que, em março, quando foi lançado o Anuário 2016 da entidade, a projeção indicava crescimento do setor em 5% a 10% neste ano, levando em conta três pontos: "O País estava começando a crescer, e isso se consolidou. A taxa de juros básica estava caindo, e isso continua. E o aumento do desemprego também perdeu velocidade".

O presidente do Secovi, Flavio Amary, reforça. "O setor aposta na retomada da atividade econômica", diz na introdução do Anuário. "Por meio da desaceleração da inflação, da manutenção da tendência de redução da taxa de juros, do incentivo à produção e consequente diminuição do desemprego."

Amary e todo o setor defendem a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, como forma de garantir a manutenção desse quadro.

No fim de maio, cerca de 1.300 profissionais, dirigentes e empresários da área reuniram-se em Brasília para o Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic). Durante o evento, participantes foram em caravana ao Congresso Nacional propor que as reformas sejam votadas ainda neste semestre.

Em reuniões com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunicio de Oliveira (PMDB-CE), defenderam que, sem aprovação dos textos, existe o risco de volta da recessão.

Seria mais uma medida para afastar o fantasma dos números ruins. O resultado de 2016 foi o pior desde 2004. Foram 17,6 mil unidades lançadas e 16,2 mil vendidas na cidade de São Paulo.

Pior ainda, segundo Petrucci, foi o valor global de vendas (VGV) de apenas R$ 8,6 bilhões. Caiu mais da metade: de 2004 a 2015, o VGV médio atualizado contabilizou a venda de R$ 17,9 bilhões por ano, segundo dados do Secovi. Foram 344 mil unidades comercializadas em 12 anos - em média, 28,6 mil a cada ano.

Patamar . Diante dos sinais de melhora na economia, Amary acredita que o "pior já passou". Empresas premiadas nesta edição do Top Imobiliário afirmam que o patamar para lançamentos e vendas vai subir com retomada gradual da atividade econômica,justamente em função da queda da inflação, redução dos juros, que deve levar à geração de empregos. Para 2017, o Secovi diz que a previsão de 5% a 10% de crescimento está mantida.

Nesse sentido, o setor defen de a posição de que a política econômica está no rumo certo depois da Lei do Teto de Gastos e o encaminhamento das reformas previdenciária e trabalhista. O resultado, segundo Petrucci, são o recuo da inflação, a taxa de juros que nos últi mos meses, caiu 14,25% para 10,25% - quase 30% de queda da taxa básica.

"Isso traz segurança para quem vai comprar imóvel porque sabe que taxa de juros no crédito imobiliário a tendência também é cair daqui para frente", avalia. "Melhora a expectativa da economia."

Para Petrucci, a não ser que haja uma ruptura institucional na área política, a retomada da economia continuará a ser gradativa. "Mas veio para ficar", afirma.

Ao mesmo tempo, estudo da Fundação Getúlio Vargas reforça a perspectiva de recuperação do setor, mensurando a demanda potencial por domicílios residenciais, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A projeção é de incremento de 14,5 milhões de unidades no estoque de domicílios entre 2015 e 2025. No período de 2004 a 2014, foram construídas 15 milhões de habitações.

O Brasil, segundo o Secovi, tem de resolver a equação capaz de colocar no mercado 1,5 milhão de moradias só para atender a demanda anual - sem contar o déficit habitacional, que chegou a 6,1 milhões de moradias em 2014. Ou seja, há necessidade de que sejam feitas muitas obras para solucionar a questão.

 

VALOR ECONÔMICO

Recuo disseminado na inflação sanciona juro menor

A recuperação tímida da atividade, num cenário de desemprego elevado, tem se traduzido na queda expressiva de diversos componentes da inflação. Em maio, os preços de serviços e os núcleos do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostraram mais uma vez uma desaceleração contundente, deixando claro que a desinflação é disseminada, não se devendo apenas ao choque favorável sobre as cotações de alimentos.

Nesse cenário, vários analistas acreditam na possibilidade de o IPCA encerrar 2017 perto de 3,5% e 2018 próximo de 4%, considerando possível os juros terminarem o ano em cerca de 8% ¬ hoje, a Selic está em 10,25% ao ano. Com isso, uma parte maior do mercado passou a apostar que, mesmo com a crise política, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter o ritmo de corte da taxa em 1 ponto percentual na reunião de julho, em vez de reduzi¬lo para 0,75 ponto, como foi cogitado no encontro do fim de maio.

O economista Gustavo Arruda, do BNP Paribas no Brasil, aponta dois motivos para a queda significativa da inflação. O primeiro é o comportamento dos preços de alimentos, um efeito da supersafra de grãos. Em maio, o grupo de alimentos e bebidas do IPCA recuou 0,35%, derrubando a variação acumulada em 12 meses para 2,4%.

Em agosto do ano passado, esses preços haviam subido 13,9% em 12 meses. O outro motivo é a fraqueza da atividade econômica, que demora a se recuperar de modo mais robusto, diz Arruda, lembrando do desemprego elevado. Nos três meses até abril, a taxa de desocupação ficou em 13,6% alcançando 14 milhões de trabalhadores.

Arruda destaca o comportamento favorável da inflação subjacente de serviços, que exclui os grupos de turismo, serviços domésticos, cursos e comunicação. "Essa medida é mais sensível à política monetária", diz ele. Nos 12 meses até maio, a inflação subjacente de serviços acumula alta de 4,5%, metade dos 9% registrados até maio de 2016, na mesma base de comparação. A evolução dos núcleos também tem sido bastante favorável, confirmando que o processo de desinflação não é localizado.

Essas medidas buscam eliminar ou reduzir a influência dos itens mais voláteis. No acumulado em 12 meses, a média de três núcleos do IPCA calculados pela LCA Consultores recuou de 8,55% em maio de 2016 para 4,49% em maio deste ano, encostada na meta perseguida pelo Banco Central (BC), de 4,5%. Nos 12 meses até maio, o IPCA "cheio" sobe 3,6%, devendo seguir em desaceleração nos próximos meses.

Em junho, deve haver uma deflação de 0,1% do indicador, o que vai levar para 3,1% o acumulado 12 meses, diz Arruda. Em agosto, essa medida deve cair abaixo de 3%, atingindo 2,75%, segundo ele. Para Arruda, os juros vão cair até 8% no fim deste ano, continuando a recuar no ano que vem, até atingir 7% no fim do primeiro trimestre.

O BNP Paribas apostava que os 7% poderiam ser alcançados ainda neste ano, mas passou a acreditar que isso vai levar alguns meses. Essa mudança ocorreu depois que, acreditar que isso vai levar alguns meses. Essa mudança ocorreu depois que, na reunião de maio, o Copom ressaltou as incertezas sobre o processo de reformas, acenando com a possibilidade de diminuir o ritmo de corte da Selic. É um efeito colateral da nova crise política.

Para Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria, a taxa Selic terminará o ano em 8,25%, mas o BC "tem espaço para baixar mais" os juros. A 4E está na ponta mais pessimista das estimativas de atividade. A consultoria calcula que o PIB terá contração de 0,1% neste ano. Além disso, diminuiu a alta esperada para o ano que vem, de 2,5% para 1,2%. Com a atividade em lenta recuperação e um quadro inflacionário favorável, ele acredita que os juros podem terminar o ano entre 7% e 8% sem pressionar demasiadamente os preços.

Para Jensen, o segundo semestre deve apresentar índices de inflação com núcleos bem comportados, perspectivas favoráveis para preços de alimentos e continuidade da desinflação de serviços. A 4E revisou para baixo sua estimativa de IPCA deste ano, de 4,2% para 3,9%. Uma outra boa notícia é o comportamento do índice de difusão.

Esse indicador, que mostra o percentual de itens em alta no mês, também confirma um quadro de pressões inflacionárias menos disseminadas no IPCA, tendo recuado de 60,6% em abril para 51,7% em maio.

Há analistas, porém, que veem motivos para o BC ser mais cauteloso na condução da política monetária, como José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 Para ele, o Banco Central ainda deve "ir devagar" no movimento de recuo dos juros diante das incertezas do mercado. Se o Banco Central reduz demais o juros agora, acreditando que a situação econômica está muito ruim e a pressão inflacionária está muito boa, e o cenário político piora, a autoridade monetária pode ter que voltar atrás, o que seria muito ruim para o país, afirmou Senna.

 

Saímos do "drogas, sexo e rock and roll" , diz diretor do BNDES

 A dificuldade de acesso a financiamento para estimular a venda de caminhões foi tema de um acalorado debate, hoje, entre representantes da indústria e do BNDES durante seminário do setor automotivo em São Paulo. Os fabricantes de veículos e de implementos rodoviários e revendedores queixaram-¬se do excesso de restrições nos bancos comerciais e questionam se as mudanças na metodologia para obter linhas do BNDES vão ajudar ou, ao contrário, travar ainda mais o financiamento.

Ao participar de um dos painéis do seminário, Ricardo Ramos, diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), comparou o momento em que o setor desfrutou de crédito farto a uma festa em que os convidados cometem exageros. "Foi uma festa com drogas, sexo e rock and roll", disse.

Quando chegou sua vez de falar, o vice¬presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef), Carlos Alberto Sisto, também presidente do Banco CNH, disse: "Só que tiraram tudo da festa; poderiam ter deixado um pouco, de rock and roll pelo menos". Ramos mostrou¬se surpreso ao saber, pelos executivos da indústria automobilística que 100% do valor total do caminhão podiam ser financiados no Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

Ele disse que na época estava no BNDES, mas não trabalhava nesse tipo de operação. Com taxa de juros de 3%, o PSI foi criado pelo governo federal com o objetivo de ajudar o setor produtivo e evitar uma retração na economia em meio à crise financeira mundial. Com juros considerados imbatíveis na época, o PSI era sustentado com recursos do Tesouro Nacional e, por isso, entrou na discussão em torno do déficit nas contas públicas.

Há poucos dias o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, destacou o fato de a carteira do BNDES ser elevada hoje. Segundo Ramos, a instituição depende, no entanto, de demanda, que está afetada pela crise. "Dependemos dos bancos para fazer as operações", destaca. Mas os representantes da indústria automobilística reclamam do "spread" elevado fixado pelos bancos mesmo nas operações do Finame, a linha de crédito do BNDES mais usada na compra de caminhões e máquinas. E dizem, ainda, que as instituições estão muito seletivas.

No caso de dinheiro para investimento, Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), diz que o custo das linhas do BNDES são elevadas na comparação com recursos que as multinacionais podem obter por meio das matrizes no exterior. Ramos garante que as mudanças de metodologia para concessão de financiamento, que entrarão em vigor em janeiro, não vão encarecer o empréstimo de recursos.

A partir de janeiro, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) será gradativamente substituída pela nova TLP, com fórmula mais simples (taxa de inflação mais prêmio de juro real da NTN¬B). Para o presidente da Mercedes¬Benz, as mudanças programadas pelo BNDES na metodologia "avançaram, mas ainda são muito complicadas". Para o executivo, é positivo, no entanto, que a instituição "discuta essa questão abertamente".

 

Farta liquidez põe em xeque estímulo a crédito

O governo tem determinação e dinheiro para conceder crédito, indicou o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, na semana passada, ao informar que o caixa do BNDES atingiu o pico de R$ 150 bilhões. O banco de fomento é de fato um instrumento que, acionado, pode dar corda à atividade, mas é incerta a demanda por novos recursos, ao menos neste momento. Sobra dinheiro ¬ e muito ¬ no mercado local.

Em julho, completará o período de um ano em que, mensalmente, mais de R$ 1 trilhão foi drenado para a contabilidade do Banco Central (BC) na forma de aplicações temporárias dos bancos em títulos públicos da carteira da instituição. Antenor Ramos Leão, consultor da Terra Forte Investimentos, informa que essas compras temporárias de títulos atrelados a compromisso de revenda ao BC em datas previamente determinadas cruzaram a fronteira de R$ 900 bilhões para R$ 1 trilhão na passagem de junho para julho do ano passado. Essas aplicações sobrecarregam a dívida bruta do setor público.

A relativa estabilidade pouco acima de R$ 1 trilhão há mais de onze meses é, portanto, um bom sinal quanto à relação dívida bruta/PIB, considerada indicador de solvência de um país. Mas esse equilíbrio pode estar com os dias contados, caso a instabilidade política empurre grandes investidores para posições mais defensivas. Do total de recursos aplicados nas compromissadas do Banco Central em abril, dado mais recente divulgado, R$ 141,7 bilhões eram de empresas.

Em quatro meses do ano, as empresas sacaram mais de R$ 30 bilhões, que passaram a atender suas necessidades de caixa. Em março do ano passado, o saldo nessas aplicações realizadas por empresas não financeiras atingiu o recorde de R$ 218,7 bilhões. Até o início de 2016, esse saldo sequer se aproximava de R$ 200 bilhões. O recorde foi forte indicativo da preparação de empresas para atravessar um período politicamente mais turbulento e que culminou com o impeachment da expresidente Dilma Rousseff (PT).

José Roberto Afonso, consultor do Ibre/FGV, especialista em política fiscal e um dos poucos economistas brasileiros que, dia sim e no outro também, alerta para os impactos das operações compromissadas do Banco Central com o mercado financeiro, não se surpreende com a persistência do saldo dessas operações ¬ há onze meses consecutivos acima de R$ 1 trilhão. "Destaco um ponto: aqueles famosos R$ 100 bilhões do BNDES [devolvidos ao Tesouro em dezembro do ano passado] estavam aplicados em compromissadas do BC.

Ao baixar esse montante para devolver os recursos ao Tesouro, em tese, as operações compromissadas do BC deveriam ter se reduzido em volume equivalente e, tanto assim, na dívida bruta brasileira. Pelo visto, o dinheiro foi jogado fora. Nem diminuíram as compromissadas e tampouco a dívida bruta [que captura a estatística com as compromissadas do BC]", diz.

Afonso pondera que o BNDES estar com o caixa elevado também não é uma surpresa. "Essa é a realidade de todos os bancos, públicos e privados, no país. E aí surpreende, sim, que esse fato, comum a todo sistema bancário brasileiro, e também às empresas e famílias ¬ haja visto o saldo de brasileiro, e também às empresas e famílias ¬ haja visto o saldo de compromissadas acima de R$ 1 trilhão ¬, não ocupe e preocupe mais as autoridades econômicas e monetárias."

O economista acrescenta que "já para as autoridades fiscais, não surpreende que o saldo atual de compromissadas e dívida bruta não tenha caído depois de o BNDES antecipar pagamentos, que, na minha modesta opinião, julgo que afrontam claramente a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)". Em tempo: a dívida bruta do governo geral encerrou abril em R$ 4,547 trilhões. Desse total, R$ 3,112 trilhões correspondem à dívida pública mobiliária federal e R$ 1,096 trilhão às operações compromissadas do BC com o mercado. Não é exagero considerar o restante penduricalhos.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

FGTS e feriado animam o varejo, mas o fôlego do consumo é curto

Puxado pelas vendas de alimentos e vestuário, o varejo surpreendeu ao registrar alta significativa em abril.

Mas o avanço foi muito favorecido por condições transitórias, como a liberação do dinheiro das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e o feriado de Páscoa, sinais de que o fôlego do consumidor ainda é curto e muito dependente de outro fator: o emprego.

Em abril, a alta do comércio varejista foi de 1% sobre março - a primeira após dois meses seguidos de queda.

Sobre igual período de 2016, a alta foi de 2%, interrompendo 24 meses de taxas negativas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Um dos pontos que chamaram a atenção é que a alta em abril não foi disseminada por todos os setores do comércio.

A surpresa positiva foi puxada pelo setor de supermercados que, segundo o Itaú Unibanco, respondeu por quase metade (0,4 ponto percentual) da expansão registrada em abril sobre março.

Dos oito segmentos do comércio analisados pelo IBGE, metade registrou queda. Mesmo com a alta observada em abril, o nível de vendas do varejo está quase 10% abaixo do seu pico histórico, atingido em novembro de 2014.

Para Alejandro Padrón, economista da 4E Consultoria, o resultado positivo pode facilmente ser revertido: "Não há motivo forte o suficiente para supor que as variações vão continuar nesse ritmo".

Na comparação anual, lembra Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, a Páscoa explicou muito da variação positiva, a maior em dois anos.

Como em 2016 o feriado caiu em março, a comparação é feita com um abril mais fraco, que não conta com os efeitos das compras de chocolates, pescados e outros produtos vendidos na data.

"O primeiro semestre ainda tende a ser muito ruim para o varejo", afirma Zara.

Jankiel Santos, economista do Banco Haitong, diz que os bens ligados à renda -como, por exemplo, as vendas em supermercados- tem mostrado uma recuperação mais acidentada do que os bens que respondem melhor ao crédito, como automóveis.

O setor, afirma Santos, atingiu o fundo do poço, mas vai sair dele andando "centímetro por centímetro, e não metro por metro".

NAMORADOS

Prova das incertezas que envolvem o setor são os números díspares já divulgados sobre o Dia dos Namorados.

Segundo a SPC Brasil, as vendas parceladas caíram 9,61% entre os dias 5 e 11 de junho, a quarta retração seguida. Os dados da Fecomercio mostram que as vendas no período que antecede a data subiram 4,5% neste ano.

Uma possível explicação para a discrepância seria justamente a pouca disposição do consumidor ainda endividado para comprar a prazo. A pesquisa da SPC é feita tendo como base apenas vendas parceladas.

Já o FGTS, a inflação menor e a queda nos juros puxam, ainda que transitoriamente, as vendas à vista.

Diante dos dados mais fortes do varejo em abril, o Bradesco melhorou a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, de uma retração de 0,4% para uma queda menor, de 0,3%.

Mas a equipe econômica do banco reforça que os ajustes do mercado de trabalho seguem como importante vetor a limitar uma retomada mais forte da demanda.

O Itaú vê alguma recuperação do varejo nos próximos meses e ressalta que o avanço no segundo semestre também depende da estabilização do emprego.

 

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