Quinta-feira

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO

Bancos diminuem taxas do financiamento de imóveis no país

Depois que o Banco Central decidiu reduzir a Selic para 9,25%, as principais instituições financeiras baixaram os juros para o crédito imobiliário. As taxas do Sistema de Financiamento de Habitação (SFH), que é o mais utilizado, variam entre 7,46% e 11,40% ao ano. Um analista do setor espera que o índice caia ainda mais até dezembro e chegue a um patamar médio de 8% ao ano.

O último banco a anunciar a redução foi o Itaú, que baixou de 10,5% para 10,1% ao ano. O Santander também diminuiu para 9,49% ao ano, assim como o Banco do Brasil, para 9,74%, e o Bradesco, 11,40%. Todos os índices são do SFH e são somados à taxa referencial (TR). Na média do mercado, os menores juros são da Caixa Econômica Federal, de 7,46% ao ano.

Presidente da Federação Nacional dos Corretores de Imóveis, Joaquim Ribeiro disse que o momento é animador para o mercado, porque as reduções consecutivas da Selic permitem que os bancos baixem as taxas para o crédito imobiliário. "A diminuição ocorreu rápido neste ano. Caiu quatro pontos percentuais, que é uma diferença muito significativa. A tendência é só de queda. Acredito que, até o fim do ano, as financeiras devem cobrar juros no patamar de 8% ao ano", declarou.

A liberação do saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também cooperou com o setor. Além disso, os bancos têm mais garantia de que poderão tomar o bem do comprador se ele não conseguir pagar todas as parcelas do financiamento. "Vários fatores contribuíram para a melhora das taxas em 2017. Isso é ótimo para o mercado imobiliário. Eu acredito que neste ano o setor deve crescer entre 13% e 14% com a demanda", afirmou.

Outro motivo da queda das taxas é a maior entrada de recursos na poupança. De acordo com norma do Banco Central, as instituições financeiras precisam aplicar 65% do montante da caderneta no financiamento imobiliário. Neste mês, o investimento registrou o melhor junho em três anos, com a entrada de R$ 2,33 bilhões. Newton Marques, professor de economia da Universidade de Brasília (UnB), explicou que, com isso, os bancos têm mais liberdade para reduzir os juros. "O custo de captação menor acaba impactando positivamente o outro lado", disse.

Nesta semana, o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, criou uma linha de crédito para loteamentos urbanos, que financia até 70% do custo da infraestrutura, limitado a 50% do valor global de vendas. A expectativa é de abrir 70 mil vagas de emprego.

 

MRV espera forte alta na receita e no lucro em 2018

A MRV Engenharia tem expectativa de alta expressiva na receita líquida e do lucro líquido em 2018, como consequência da expansão esperada para lançamentos e vendas no segundo semestre e do aumento de obras. Há também expectativa, de acordo com o copresidente da companhia, Rafael Menin, que as despesas gerais e administrativas se mantenham estáveis ante os patamares atuais, sendo diluídas, portanto, em relação a patamares de receita mais elevados. "A demanda por imóveis [no segmento de atuação da MRV, o de baixa renda] está muito grande", diz Menin.

O executivo reiterou que o crescimento projetado para a companhia se baseia mais no aumento de lançamentos do que na melhora da economia. Em julho, a MRV lançou 3.456 unidades, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 522 milhões. Foi o melhor mês de julho da história da incorporadora, conforme o copresidente. O lucro líquido da MRV cresceu 2,3%, no segundo trimestre, para R$ 141 milhões, na comparação anual.

A receita líquida aumentou 3,5%, para R$ 1,113 bilhão. Além de lançamentos recordes e vendas maiores, o resultado líquido refletiu a alta da margem bruta, que passou de 32,2% de abril a junho do ano passado, para 34%. As despesas gerais e administrativas da MRV subiram 8,9%, para R$ 81 milhões.

O Ebtida cresceu 18,2%, para R$ 191 milhões. A MRV apresentou lucro líquido 8% maior do que a média das projeções do BTG Pactual, Bradesco, Itaú Unibanco, J.P. Morgan e Morgan Stanley, que era de R$ 130,67 milhões. A expectativa era que o lucro caísse. A receita líquida superou em 7% a média estimada, de R$ 1,037 bilhão. No fim de junho, a alavancagem da MRV medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido ficou em 7,2%, patamar em linha com os 6,9% do encerramento do primeiro trimestre.

A companhia gerou caixa de R$ 103 milhões de abril a junho. "Com uma alavancagem tão baixa, a tendência é pagarmos dividendos um pouco mais elevados", afirma o copresidente. Questionado sobre a possibilidade de recompra de ações, o executivo diz que, ao preço atual dos papéis, os dividendos são a opção com melhor retorno para os acionistas. Nesta semana, a Log Commercial Properties - subsidiária de propriedades comerciais da MRV - anunciou novo aumento de capital, desta vez de R$ 308 milhões, do qual a incorporadora participará com R$ 209,3 milhões.

Os recursos serão destinados ao pagamento de dívidas e a investimentos em novos galpões. Nas estimativas da MRV, em 12 meses, seu retorno será de mais do que o dobro do que aportará na Log. A incorporadora estima que o FFO (caixa gerado pelas operações) da Log terá acréscimo de R$ 36 milhões ao ano. Os aportes serão realizados em três parcelas - neste mês, em outubro e em janeiro.

 

VALOR ECONÔMICO

Itaú reduz taxas de juros do crédito imobiliário

O Itaú Unibanco reduziu as taxas de juros para o crédito imobiliário, com validade a partir desta quinta-feira. Segundo o banco, imóveis do Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) terão taxas a partir de 10,7% ao ano mais TR, o que significa uma queda de 0,5 ponto percentual em relação ao patamar mínimo anterior.

Para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH), a taxa padrão começará em 10,1% ao ano mais TR, com redução de 0,4 ponto percentual. No entanto, o custo pode ser menor, dependendo do perfil do cliente e do relacionamento com o banco, pois as taxas de financiamento imobiliário do Itaú são definidas caso a caso, informou a instituição por meio da assessoria de imprensa. Os patamares mínimos podem ser de 9,9% ao ano mais TR no SFI e de 9,3% ao ano mais TR no SFH.

“Estamos sempre focados nas oportunidades que ajudam a impulsionar a economia. Desta forma, ampliamos a nossa oferta de crédito imobiliário, reduzindo nossas taxas”, afirmou Cristiane Magalhães, diretora do Itaú Unibanco, por meio de um comunicado. O banco também destacou que boa parte de seus clientes já toma crédito imobiliário de forma digital e que mais de 1 mil contratos já foram emitidos de forma 100% digital.

Segundo o Itaú, o tempo médio da finalização de um financiamento a partir do recebimento da documentação é inferior a dez dias úteis. No mês passado, o Santander também reduziu as taxas de juros do financiamento imobiliário.

Para clientes pessoa física do banco que optarem pelo pagamento em parcelas atualizáveis (SAC), a taxa passou a ser de 9,49% ao ano mais TR no SFH e de 9,99% ao ano mais TR na Carteira Hipotecária (CH). O Santander também lançou uma plataforma para permitir que os clientes façam todo o processo de contratação do crédito imobiliário de forma digital — no internet banking ou no aplicativo para celulares.

 

Fundos miram companhias em crise

Depois de os fundos de private equity terem investidos bilhões no Brasil nos últimos anos para comprar empresas que tirariam proveito do crescimento econômico, começa a surgir na indústria uma nova safra de produtos voltados para a aquisição de companhias em crise financeira. Pelo menos três gestoras - Starboard Reestructuring Partners, IG4 Capital e Laplace Finanças - estão em processo de captação de fundos que podem investir quase R$ 2 bilhões na compra de ações e dívidas de empresas alavancadas, que estejam à beira ou já em processo de recuperação judicial - características que costumam apavorar investidores mais tradicionais.

"As gestoras de private equity sempre focaram na tese de crescimento do país, só que existem ciclos de crise", diz Paulo Mattos, fundador da gestora IG4 Capital e egresso da GP Investments, que deu início à captação de um fundo de investimento em participações de cerca de US$ 450 milhões com foco em ativos com a estrutura de capital em estresse. No radar da IG4 estão áreas que vão do setor imobiliário ao de cimento, passando por fábricas de estruturas metálicas e infraestrutura.

O exemplo que Mattos usa para explicar essa estratégia é a compra feita em julho pela IG4 do controle da então CAB Ambiental - que já era analisada por Mattos na antiga casa. A empresa passou a ser chamada de Iguá Saneamento depois de deixar de ser controlada pela Galvão Participações.

Para isso, a gestora montou um fundo com o propósito específico de investir na companhia de saneamento com R$ 410 milhões geridos pela IG4 - entre a participação do antigo controlador, que foi diluído, dinheiro de novos investidores e uma dívida adquirida do Bradesco e convertida em ações. Em muitos casos, a entrada desses fundos na companhia se dá via aquisição de dívidas não pagas, que numa segunda etapa são transformadas em ações das companhias.

Por isso, antes de fechar qualquer investimento, os gestores buscam chegar a um acordo com os credores - bancos e fornecedores, em geral. É a partir dessa negociação que já se define boa parte do retorno que o fundo terá no investimento. Com as finanças do ativo reestruturada, os gestores procuram um comprador para a empresa.

Criada no início deste ano por Fabio Vassel, a Starboard deu início à captação de um fundo de investimento em participações de US$ 200 milhões, com o objetivo de comprar empresas endividadas ou títulos de dívida delas. Antes de fundar a Starboard, Vassel liderava a área de reestruturação de empresas da gestora Brasil Plural. Na antiga casa, o executivo já tinha investido, por exemplo, nas empresas Inepar, de equipamentos, na mineração Caraíba e na varejista Camisaria Colombo com recursos de um fundo de R$ 125 milhões.

Na Starboard, às vezes a entrada como investidora se dá após um período de prestação de serviço de assessoria financeira para a reestruturação. Isso, porém, não é um pré-requisito para os investimentos. Em julho, a companhia assumiu o processo de recuperação judicial da UTC, mas sem se tornar sócia da empresa.

Segundo Vassel, presidente da Starboard, estão no radar da gestora companhias que tenham uma dívida financeira em torno de R$ 1 bilhão. "São empresas que já têm algum nível de compliance", diz o executivo.

Para o gestor, passados dois anos de recessão, tornou-se mais fácil filtrar quais companhias podem ser alvo de investimentos. "Temos o benefício de olhar o comportamento delas nos últimos anos num período de estresse." Se a economia voltar a crescer, Vassel diz que a Starboard pode tirar proveito de crises em setores econômicos específicos. A Laplace Capital, de Renato Carvalho, Allan Libman e Marcelo Saad, também está concluindo a captação de um fundo voltado para ativos de empresas em crise financeira, segundo o Valor apurou. Procurada pela reportagem, a consultoria especializada em reestruturação de empresas disse que não comentaria o assunto no momento.

Atualmente, a Laplace é assessora financeira da operadora de telefonia Oi na recuperação judicial. Essas gestoras tentam explorar um mercado já consolidado globalmente, com participantes com foco nas chamadas "situações especiais", como a Oaktree Capital Management e a Cerberus Capital Management.

A Cerberus, que tem mais de US$ 30 bilhões sob gestão tem uma parceria com a IG4, que lhe dá o direito de analisar em primeiro lugar os investimentos que a IG4 pretende fazer para decidir se quer participar do aporte de forma conjunta. Na Starboard, a associação é com a Blakhill Partners, banco de investimento especializado em reestruturação complexas.

 

Real não parece valorizado de forma excessiva, diz analista

A taxa de câmbio tem se mantido próxima de R$ 3,10 há alguns dias e esse patamar já alimenta um debate sobre se o real entrou em terreno excessivamente apreciado, especialmente após devolver todas as perdas acumuladas desde a crise política de maio. Ainda não se percebe consenso quanto a uma valorização além da justificável.

No entanto, analistas concordam que, para cima ou para baixo, a taxa de câmbio não parece estar desalinhada em magnitude extrema, o que minimiza riscos de algum movimento brusco pelo menos no curto prazo. Uma das medidas mais utilizadas pelo mercado para mensurar quão "fora da curva" está a taxa de câmbio, a diferença entre a taxa efetiva real e sua média histórica de cinco anos indica que a divisa brasileira está apenas ligeiramente depreciada. Num grupo de dez moedas emergentes, o real fica "no meio da lista", com depreciação de 2,61%.

Numa ponta, o peso colombiano está 12,64% abaixo de sua média mensal dos últimos cinco anos. Já a rupia indiana é a moeda mais "sobrevalorizada", estando 8,8% acima de sua média. Os números foram calculados com base em dados mensais de taxa efetiva real de câmbio do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). A última atualização é de junho. As recentes alterações de cenários para o câmbio por parte de instituições financeiras indicam que, até o fim do ano, ainda se espera desvalorização do real - mas em menor magnitude.

Nesta semana, os dois maiores bancos privados do país melhoraram as previsões. O Itaú Unibanco passou a estimar dólar de R$ 3,35 para o fim de 2017, frente a R$ 3,50 no cenário anterior. Com projeção ainda mais otimista, o Bradesco baixou seu prognóstico a R$ 3,10, contra R$ 3,20 do último "call".

O movimento de Itaú e Bradesco pode ser percebido no mercado como um todo. A mediana das projeções de cerca de cem analistas consultados pelo Banco Central indica dólar a R$ 3,25 ao término de 2017 e de R$ 3,40 para o final de 2018. As estimativas já estão muito próximas das taxas de R$ 3,21 e R$ 3,35, respectivamente, observadas no dia 17 de maio, último pregão antes do estouro da crise política. A corrente que defende um câmbio menos depreciado cita o ambiente externo favorável e o ajuste das contas externas, que deixaram o país menos vulnerável a mudanças bruscas na dinâmica global.

"Sem grandes mudanças de cenário, os fundamentos embasam o comportamento atual da taxa de câmbio", afirma Paulo Miguel, da GPS Investimentos, gestora de patrimônio integrante do grupo Julius Baer. De fato, desde 2015 - quando o dólar bateu um recorde histórico de quase R$ 4,25 -, variáveis de fundamento experimentaram visível melhora.

O déficit em transações correntes acumulado em 12 meses saiu de 4,44% do PIB em abril daquele ano para 0,76% em junho passado. O estoque de swaps cambiais tradicionais do BC caiu do recorde de quase US$ 115 bilhões em março de 2015 para US$ 27,76 bilhões atualmente. E as reservas internacionais estão acima de US$ 380 bilhões, orbitando picos históricos. O BNP Paribas, inclusive, cita essas variáveis como elementos que reduziram a sensibilidade do real a oscilações do dólar no exterior e dos juros americanos.

Ao utilizarem modelos de cálculo de taxa de câmbio "justa" para curto e longo prazos, estrategistas do banco francês concluíram que a dinâmica envolvendo riscos relacionados à moeda americana e aos juros de curto prazo nos EUA responde por menos de 30% das oscilações da taxa cambial brasileira desde o período iniciado em março de 2017. Para as demais principais moedas latino-americanas - peso mexicano, peso colombiano, peso chileno, sol peruano e peso argentino -, essa variável explica cerca de 70% das alterações de preços.

"Acreditamos que a recente separação entre cenários políticos e econômicos, a agenda de reformas em curso e a baixa vulnerabilidade externa são as explicações mais plausíveis para esse fenômeno", diz a equipe de estratégia de câmbio e juros do banco para a América Latina, liderada por Gabriel Gersztein. No modelo que chega a uma taxa de câmbio "justa" para o curto prazo, conhecido como Beer (Behavioural Equilibrium Exchange Rate), o preço do dólar é R$ 3,111. Já no modelo que encontra uma taxa real de câmbio consistente com equilíbrio de variáveis macro, o Feer (Fundamental Equilibrium Exchange Rate), o real deveria valer R$ 2,90 por dólar. O BNP tem mantido posição comprada na moeda brasileira desde o ano passado. Mesmo instituições com cenários menos otimistas promoveram mudanças sutis em avaliações mais recentes sobre o real.

O Morgan Stanley excluiu a referência sobre o real estar "excessivamente valorizado" ao operar abaixo de R$ 3,20 por dólar. Os estrategistas do banco seguem "de lado" em relação à divisa doméstica, mas agora com viés "positivo para o curto prazo". "Em meio à demanda por risco de mercados emergentes, baixa volatilidade global e um dólar mais fraco no mundo, moedas de altos retornos, como o real, devem continuar amparadas", diz.

O banco de Wall Street, porém, ainda espera depreciação cambial até dezembro, com o dólar indo a R$ 3,35. Na mesma linha, o Bank of America Merrill Lynch projeta cotação de R$ 3,40 ao fim deste ano, mas reconhece que o posicionamento técnico está menos "pesado" do que o inicialmente imaginado, o que pode ajudar a limitar depreciação expressiva do câmbio.

 

Daycoval vê melhora do crédito no 2º semestre

Com a melhora dos indicadores de confiança da economia e a queda dos juros, a demanda por crédito deve começar a reagir no segundo semestre deste ano. A afirmação é de Ricardo Gelbaum, diretor de relações com investidores do Banco Daycoval.

A instituição, que atua na concessão de financiamento a empresas, veículos e consignado, teve lucro líquido de R$ 223,5 milhões nos primeiros seis meses do ano, alta de 23% sobre o mesmo período de 2016. As incertezas em relação à economia diminuíram em relação ao começo do ano, segundo Gelbaum. "Estamos convencidos que a luz no fim do túnel não é um trem. Mas ainda aparecem algumas motos no caminho", diz.

A carteira de crédito do Daycoval incluindo avais e fianças encerrou o semestre em R$ 13,859 bilhões, alta de 3,2% no trimestre e de 3,5% em 12 meses. A maior parte das novas concessões, porém, ainda é destinada às necessidades imediatas das companhias. "Ainda não há demanda para investimentos nem para formação de estoques", diz.

O índice de inadimplência na carteira do banco subiu 1 ponto percentual em relação a março, para 1,2%, mas recuou 0,6 ponto na comparação com o segundo trimestre do ano passado.

 

Incerteza fiscal pressiona mercado de juros futuros

As preocupações de ordem fiscal voltaram a dar o tom nos mercados domésticos no pregão de ontem, marcado por um mau humor nas praças internacionais que há tempos não se via. Uma medida de risco na curva de juros da B3 subiu pelo terceiro dia seguido, batendo novas máximas. A diferença entre as taxas dos contratos de juros DI para janeiro de 2023 e janeiro de 2019 subiu 5 pontos-base, para 186 pontos, maior spread já registrado entre esses vencimentos. Em três dias, a inclinação já aumentou 13 pontos.

A corrida por juros longos teve impulso com a notícia de que o governo não conseguiu fazer, na comissão na Câmara dos Deputados, a leitura do relatório da MP 777, que institui a Taxa de Longo Prazo (TLP) no lugar da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). A impossibilidade se deveu à falta de quórum. Agora, o documento será lido no dia 15, atrasando todo o cronograma anteriormente acertado.

Nas palavras do relator da MP, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), o cronograma agora ficou "apertado". A reação do mercado ao adiamento é explicada porque, para os investidores, a introdução da TLP ajudaria a reduzir o subsídio implícito em financiamentos do BNDES corrigidos pela TJLP. O subsídio é tido como um dos enfraquecedores da política monetária, o que acaba exigindo uma Selic mais alta para controle da inflação, com desdobramento negativo sobre a atividade econômica.

A aprovação da TLP é vista como mais um instrumento no caminho de correção das contas públicas, especialmente diante das dúvidas sobre a capacidade do governo de aprovar a reforma da Previdência ainda neste ano.

Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais, lembra que o ruído em torno da TLP é apenas mais um. "Seguem circulando boatos de alteração da meta de déficit fiscal e ainda o aumento da carga tributária, mesmo com a negativa do governo de criar mais uma alíquota de Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas", diz.

Ele inclui na lista "muitas dúvidas" sobre o Refis e o término do prazo da Medida Provisória da reoneração da folha de pagamentos. Se os juros de longo prazo reagiram mais negativamente às incertezas com as contas públicas, as taxas mais correlacionadas às expectativas de curto prazo para a política monetária ficam em torno da estabilidade, em dia de IPCA apenas ligeiramente acima do esperado.

O índice subiu 0,24% em julho, contra 0,18% esperado por analistas consultados pelo Valor Data. O índice de difusão, porém, recuou a 41,8%, indicando alta de preços menos disseminada. O Bank of America (BofA) nota que foi a primeira surpresa de alta com a inflação em 11 meses. Mas considera que o cenário para os preços segue "benigno" e destaca a taxa acumulada em 12 meses, de 2,71%, a mais baixa desde fevereiro de 1999 e primeira abaixo do piso da banda de tolerância da meta desde agosto daquele ano.

No mercado de câmbio, os movimentos ficaram mais correlacionados aos dos juros longos. O dólar comercial subiu 0,72%, a R$ 3,1520 - maior alta desde a valorização de 1,32% do dia 20 de junho. A cotação terminou no patamar mais alto desde 27 de julho, de R$ 3,1548. No exterior, uma cesta de divisas emergentes atingiu uma mínima em quase um mês, em queda de 0,43% sobre o fechamento anterior.

Paralelamente, o iene e o franco suíço - tradicionais portos seguros em tempos de incerteza - tinham firmes ganhos. O dólar chegou a cair 1,23% ante o franco, maior queda em um mês e meio. As oscilações foram uma reação ao tom bélico adotado pelos governos americano e norte-coreano. O presidente americano, Donald Trump, chegou a falar em renovar e modernizar o arsenal nuclear dos EUA.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Presidente do BNDES diz que país é 'incompetente' para fazer reformas

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, criticou nesta quarta-feira (9) aumentos de impostos como saída para o ajuste fiscal e a "incompetência" brasileira para aprovar reformas e reduzir despesas públicas.

A crítica foi feita um dia depois de o presidente Michel Temer admitir estudos para aumento nas alíquotas do Imposto de Renda —e recuar após a repercussão negativa.

No mês passado, o governo ampliou impostos sobre os combustíveis, para tentar evitar o descumprimento da meta fiscal.

"Tempo esgotado para a nossa incompetência de fazer reforma tributária, de fazer reforma da Previdência, mal e mal uma reforma trabalhista. Para nossa incompetência de fazer o custo da máquina caber dentro do PIB e colocar no bolso do brasileiro a conta do ajuste", afirmou Paulo Rabello.

Ele discursou na abertura do 16º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), que terá participação também de Temer.

"É preciso fazer redução da despesa", reforçou o presidente do BNDES, que chamou o sistema tributário brasileiro de "manicômio".

Paulo Rabello voltou a defender a atuação do banco e a busca de solução para as empresas envolvidas na Lava Jato.

"O Brasil não pode esperar que a toga resolva a questão judicial enquanto fenece [desaparece] o sistema produtivo", disse

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