Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

FMI eleva previsão de alta do PIB do Brasil para 0,7% em 2017

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 0,7% neste ano. O percentual é o mesmo que foi indicado pelo Banco Central (BC) no começo de outubro e corresponde a um aumento de 0,5 ponto percentual com relação à projeção feita em abril passado pelo próprio FMI. Para 2018, a expectativa do fundo foi reduzida em 0,2 ponto, desde abril, e ficou em 1,5%.

Essa estimativa difere bastante da realizada pelo BC, que é de crescimento de 2,4%. As projeções do FMI estão no relatório “Panorama da Economia Mundial” (WEO, na sigla em inglês), divulgado nessa terça-feira.

Elas revelam uma visão melhor do fundo com relação ao crescimento da economia brasileira neste ano, já que na edição de abril do relatório a estimativa para o PIB brasileiro era de 0,2% e, em julho, de 0,3%. Com relação a 2018, as projeções recentes indicam muita incerteza do FMI sobre o desempenho da economia brasileira. O FMI saiu de uma perspectiva de crescimento de 1,7%, em abril, quando contava fortemente com a aprovação da reforma da Previdência, para 1,3%, em julho, quando essa hipótese se tornou mais remota. Agora, a estimativa foi ajustada para 1,5%.

No relatório, o FMI advertiu que os investimentos ainda fracos e o aumento da incerteza política pesaram na previsão para 2018. De acordo com a instituição, o Brasil precisa obter uma “restauração gradual de confiança” para chegar a um crescimento de 2% do PIB no médio prazo. Para que isso aconteça, o fundo entende como importante a aprovação de reformas que garantam “a sustentabilidade fiscal ao longo do tempo”.

Já a recuperação da economia brasileira neste ano é vista como certa. O FMI destacou o fato de o Brasil ter entrado em crescimento positivo na primeira metade deste ano e mencionou alguns fatores como responsáveis, como a colheita agrícola que foi considerada muito positiva e o impulso para o consumo que foi dado com a liberação de saques nas contas de FGTS. “No Brasil, a performance forte das exportações e a diminuição do ritmo da contração na demanda doméstica permitiram que a economia retornasse ao crescimento positivo no primeiro trimestre de 2017, após oito trimestres de declínios”, constatou o Fundo.

Entre as recomendações que o FMI fez ao Brasil está a de combater as despesas públicas insustentáveis. O relatório ressaltou que mudar o sistema de pensões no sentido de reduzir as despesas “é de importância de primeira ordem para restaurar a forte confiança e promover o crescimento sustentado de investimentos privados”. Ainda de acordo com o Fundo, se a economia se recuperar mais rapidamente do que o esperado, um ajuste fiscal mais avançado do que o previsto no orçamento seria garantido.

Infraestrutura

Infraestrutura Em outra parte do relatório, o FMI enfatizou a necessidade de resultados no programa para atrair investimentos em infraestrutura: “A falta de uma infraestrutura adequada é uma barreira chave ao crescimento e desenvolvimento especialmente em países da América Latina.

No Brasil, os esforços em curso para tornar o programa de concessões em infraestrutura mais atrativo aos investidores ao mesmo tempo em que se aperfeiçoam os padrões de governança e o desenho desses programas ajudariam a aliviar os principais estrangulamentos e a apoiar a demanda de curto prazo.”

O Fundo advertiu que o investimento em infraestrutura em países emergentes ainda é uma fração do realizado nas economias avançadas se comparado de acordo com a proporção per capita. Inflação Outro ponto que chamou a atenção do FMI no relatório foi a queda da inflação no Brasil. “A desinflação tem sido mais rápida do que o esperado em alguns países, como o Brasil, a Índia e a Rússia, o que permitiu uma política monetária mais relaxada nos últimos meses”, destacou o relatório.

O Fundo verificou que em muitos países emergentes e em economias em desenvolvimento, a diminuição dos efeitos de passagem de depreciações cambiais e, em alguns casos, as apreciações recentes em relação ao dólar ajudaram a obter taxas moderadas de inflação. “Grande parte do efeito de suavização sobre a inflação nas economias de países emergentes pode ser atribuído à Índia e ao Brasil, onde uma queda única na inflação de preços dos alimentos em junho e a alta capacidade de excesso na economia após dois anos de recessão também contribuíram, respectivamente, para a inflação mais fraca”, afirmou.

Ao analisar a apreciação das moedas de países emergentes com relação ao dólar, o FMI destacou o México, onde o peso teve valorização de 10%, entre março e agosto, após a queda das preocupações com relação às renegociações dos acordos de comércio com os Estados Unidos. Já o Brasil teve queda de 4% do real no período por conta de preocupações com o andamento da agenda de reformas.

Na Rússia, o rublo caiu em taxas similares por causa dos preços ainda baixos de petróleo. “Os índices de inflação no Brasil e na Rússia deverão cair de maneira mais rápida do que o esperado, em abril passado, refletindo efeitos fortes de um hiato do produto (a diferença entre o que se está produzindo e o que se poderia produzir) negativo, apreciações nas moedas e choques favoráveis de demanda nos preços dos alimentos”, afirmou o relatório. Fim de recessão

O FMI também reduziu a probabilidade de recessão ao longo do quarto trimestre deste ano em vários países e mencionou o Brasil neste grupo. Nele estão também o Japão, o Chile, a Colômbia, o México, o Peru e países da zona do euro. O fundo disse que essa probabilidade foi reduzida, pois está consistente com taxas mais altas de crescimento que já estão sendo observadas nesses países. A chefe da Divisão de Estudos Econômicos Mundiais do FMI, Oya Celasun, afirmou que a instituição vê o fim da recessão no Brasil. No entanto, há incertezas sobre a condução econômica do país no futuro.

“Nós vemos o fim da recessão no Brasil nas nossas projeções”, disse ela durante a apresentação do relatório. “Nós tivemos dois trimestres consecutivos de crescimento. Então, o Brasil parece estar num momento de virada”, completou. De acordo com ela, o país deve aperfeiçoar a sua projeção fiscal. Para atingir o objetivo neste sentido o mais importante seria aprovar a reforma da Previdência. Outro ponto fundamental para o Brasil seria, na visão de Oya, reforçar as reformas estruturais para impulsionar o crescimento.

Neste aspecto, ela defendeu a realização de mais gastos em infraestrutura. “A área de infraestrutura é uma em que dissemos que precisa de maior atenção e mais investimentos”, enfatizou. Outra ação importante mencionada por Oya é permitir maior eficiência na concessão de créditos pelos bancos privados.

Crédito

O FMI sinalizou ainda que considera positiva a mudança nos bancos estatais para melhorar a eficiência de crédito no Brasil. “De forma geral, a alocação de crédito, a reforma dos bancos estatais para melhorar a eficiência do crédito é outra área importante”, afirmou Oya Celasun. Ela não mencionou especificamente o BNDES nem a adoção da Taxa de Longo Prazo (TLP), mas indicou que as alterações na política de crédito são importantes para o Brasil. No campo fiscal, Oya disse que o Brasil precisa obter mais solidez. “O teto de gastos aprovado no início do ano foi um passo bastante importante nesta direção”, ressaltou. Para atingir esse objetivo de mais solidez fiscal, “o próximo passo importante é aprovar a reforma da Previdência em um tempo razoável, sem muitas diluições a partir do que foi proposto pelo governo.”

 

Ilan: Dosagem de política monetária se mostrou até o momento adequada

A condução firme da política monetária, aliada à mudança na direção da política econômica de forma geral, foi decisiva para mitigar esse comportamento defensivo, reduzindo as expectativas de inflação e colocando a inflação em trajetória de queda. A observação partiu do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, que participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado sobre as diretrizes, implementação e perspectivas futuras da política monetária.

Segundo ele, a inflação não apresentaria essa mesma queda observada caso o BC não atuasse de maneira firme para domar as expectativas inflacionárias, apoiado pela política econômica de forma geral. “A dosagem da política monetária se mostrou até o momento adequada, com atuais expectativas de crescimento para 2017 e 2018 maiores que as esperadas no final do ano passado”, frisou.

O dirigente da autoridade monetária ressaltou que a inflação no país foi reduzida de 10,7% no fim de 2015 para 2,5% em setembro de 2017. Isso aconteceu por vários fatores. Primeiro, Ilan destacou a ociosidade da economia, que tem papel desinflacionário porque a demanda é limitada frente a oferta maior o que é típico de um período recessivo. “A ociosidade na economia desempenhou papel desinflacionário na medida em que demanda era limitada frente à oferta disponível, como é típico de períodos recessivos.

No entanto, não podemos dimensionar exageradamente esse fator. A recessão durou mais de dois anos, mas a inflação manteve-se elevada até o terceiro trimestre do ano passado. De fato, a inflação acumulada em 12 meses ainda se encontrava em 9% em agosto de 2016”, contou. Outro elemento que contribuiu de forma relevante para a queda da inflação foi o choque de preços de alimentos afirmou o presidente do BC.

“Nos 12 meses findos em setembro, o custo da alimentação no domicílio medido pelo IPCA acumula queda de 5,3%, em contraste com aumento de 9,4% em 2016. Isso representa uma contribuição de mais de 2 pontos percentuais para a desinflação, o que explica em boa medida o fato de a inflação encontrar-se, neste momento, abaixo do limite inferior da meta para 2017", observou.

"A boa prática de política monetária recomenda que não se combatam os efeitos primários de choques dessa natureza, mas apenas seus impactos secundários. A inflação do IPCA excluindo alimentos atingiu 4,2% em setembro, bem mais próximo da meta de 4,5%", sustentou. Ilan disse ainda que é natural, em função dos choques, se esperar que, num regime de metas bem implementado, a inflação flutue em torno do objetivo, estando, por vezes, acima ou abaixo da meta estabelecida. “O importante é que as expectativas para a inflação nos anos seguintes estejam ancoradas na meta”, frisou em seu discurso.

 

Juro menor e crédito devem impulsionar PIB

O menor comprometimento de renda dos brasileiros com pagamento de dívidas será um gatilho para o aumento do consumo, do crédito e do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. A parcela do orçamento familiar destinada ao pagamento de dívidas cairá abaixo de 20% ao longo do próximo ano, pela primeira vez desde março de 2011 - primeiro ano do governo Dilma Rousseff.

Quando o ex-presidente Lula encerrou seu segundo mandato e passou o bastão a Dilma, esse indicador estava em 19,5% - bem acima de cerca de 17% observados nos primeiros anos do seu governo. Não à toa, as vendas no varejo registraram no mesmo período expansão vigorosa.

Em 2011 e 2012, quase 23% da renda das famílias eram tragados pelo endividamento que deixou como herança para os anos seguintes queda nas vendas do comércio e da indústria e na maior recessão da história do país. Em julho deste ano, último dado publicado pelo Banco Central (BC), 20,84% do orçamento das famílias pagavam dívidas que já são renegociadas com taxas de juros mais baixas e em tendência de queda.

O economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do BC, vislumbra alívio no bolso dos brasileiros com a queda da taxa Selic a 7% em dezembro, seguida de estabilidade prolongada. Maurício Molon, economista-chefe do Santander, que vê o juro em 6,75% em janeiro do ano que vem, também avalia que o menor comprometimento de renda das famílias acabará alavancando o consumo, assim como a redução do custo de capital para as empresas deverá impulsionar os investimentos.

Essa expectativa patrocinou completa revisão do cenário econômico brasileiro pelo Santander. Juro básico no menor nível dos últimos 60 anos ativará mecanismos que devem fortalecer a já evidente reação do consumo e ajudarão a posicionar as empresas que hoje resistem mais que as famílias a tomar crédito no sistema bancário.

A expansão mais consistente do PIB será consequência, aponta Molon em relatório distribuído a investidores na terçafeira. O Santander revisou sua projeção para o PIB, de 0,5% para 0,8% este ano e de 2,5% para 3,2% no ano que vem. No cenário anterior, a expectativa era a de que a Selic cairia para 7,5% até o fim deste ano e permaneceria nesse patamar até o encerramento de 2018. As surpresas recentes, tanto de inflação quanto de atividade, levaram o economista a reavaliar suas estimativas.

Molon enfatiza o efeito que o juro mais baixo deve ter sobre o crédito que, segundo ele, já tem aparecido em alguns indicadores antecedentes. "Há sinais de crescimento vindos tanto da variação do crédito livre quanto da queda da inadimplência e do comprometimento de renda das famílias", explica.

O crédito para pessoa jurídica ainda não mostrou a mesma recuperação, mas tem exibido queda de inadimplência e também um recuo dos juros ainda mais forte do que no financiamento para pessoa física. "O crédito terá um papel importante na retomada do crescimento", afirma.

A inflação contida e a taxa básica no patamar mais baixo em décadas deverão provocar transformações importantes no sistema financeiro e no mercado de capitais com efeitos imediatos sobre o crescimento da economia.

O economista do Santander afirma que os juros baixos proporcionarão espaço para aumento do financiamento direto (via novas emissões de ações e dívidas) para as grandes empresas, maior acesso a recursos bancários para as pequenas e médias e taxas mais baixas para consumidores, com oportunidade de desencadear um novo ciclo de expansão das modalidades de crédito de longo prazo, como o habitacional.

Mudanças que serão percebidas de forma mais efetiva no mercado como um todo já a partir do segundo semestre de 2018. "O efeito para o mercado de capitais é marcante. Já foram feitos 12 IPOs [oferta inicial de ações] e 7 follow-ons [ofertas subsequentes], num ano em que o juro foi de, em média, 10%. Imagine quando o juro estiver mais baixo", observa. "É um ambiente que torna o mercado mais normal: as grandes empresas podem recorrer ao mercado de capitais para se financiar, enquanto os bancos vão reforçar o financiamento para pequenas e médias."

Para o economista-chefe do UBS Brasil, Tony Volpon, as condições financeiras atuais abrem espaço para uma "recuperação econômica acelerada". O UBS trabalha com um crescimento do PIB de 3,1% em 2018. Para ele, a Selic não deve cair abaixo de 7%. Além de expectativas mais altas de crescimento, o risco eleitoral e a perspectiva de aperto monetário por grandes BCs inspiram prudência. "As condições financeiras atuais e esperadas são favoráveis ao crescimento, que deve se acelerar à medida que investidores se tornem mais confortáveis com os resultados prováveis da eleição do próximo ano."

O ajuste fiscal é condição necessária para que esses avanços sejam prolongados, de preferência permanentes, na economia brasileira. Molon entende que no curto prazo o "fiscal" é menos relevante. No relatório em que descreve a situação econômica do Brasil nas décadas de 50 e 60, quando o juro praticado era comparável ao que se espera para a Selic ao final do ciclo de flexibilização monetária, Molon pondera que o desequilíbrio fiscal é de semelhança desconfortável, que necessita ser superada para viabilizar um cenário de juros civilizados para o longo prazo no país.

"A década de 50 marca o início de uma relação simbiótica entre inflação e déficit público, que predominaria por várias décadas. O déficit fiscal crescentemente financiado por expansão monetária colocava pressão adicional sobre os preços enquanto as surpresas inflacionárias aliviavam o desequilíbrio orçamentário ao elevar as receitas nominais em ritmo mais rápido que as despesas. Atualmente, mecanismos institucionais de financiamento do déficit público impedem o financiamento inflacionário do déficit."

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