Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Estrangeiros mantêm mais de US$ 38 bi para enfrentar eleição

Há 46 pregões consecutivos, investidores estrangeiros mantêm mais de US$ 30 bilhões aplicados em instrumentos cambiais negociados no segmento de derivativos (BM&F) da B3. Estão "comprados" em contratos de dólar futuro e cupom cambial. Acreditam, portanto, que a tendência do preço do dólar é de alta. Desde a primeira semana de junho, a posição total desses investidores só cresce.

Na segunda-feira, alcançou US$ 38,233 bilhões, aproximando-se do recorde absoluto - de US$ 38,856 bilhões - registrado em 28 de maio de 2015 e que poderá ser ultrapassado ainda nesta semana. A escalada dessas aplicações pode significar uma simples aposta no fortalecimento do dólar em relação ao real ou um hedge para outras aplicações financeiras feitas no Brasil - uma espécie de seguro para compensar ao menos parcialmente eventuais perdas em outras operações.

Os estrangeiros atuam na BM&F - especificamente em câmbio - desde a década de 1990 e, ao longo do tempo, o seu posicionamento (na ponta de compra ou na ponta de venda) tornou-se revelador sobre os cenários econômico e político do país. Não é exagero supor que os investidores estrangeiros percebem o Brasil, hoje, à beira do desconhecido. Em 2015, quando o mercado levou as posições "compradas" em câmbio ao nível recorde, também era essa percepção dos investidores.

Contudo, há uma relevante diferença a considerar entre os dois momentos: em 2015, não só o mercado financeiro, mas a sociedade brasileira assistia ao desmonte de um governo recém-empossado com a reeleição de Dilma Rousseff ao segundo mandato e que acabou com dois anos de antecedência, interrompido pelo "impeachment" da então presidente. Neste 2018, o Brasil caminha para um governo que vai se impor, a partir do resultado das eleições de outubro.

A contagem regressiva para o pleito já começou, os principais candidatos à presidência da República estão escalados, mas poucos se arriscam a avaliar ou descrever que Brasil sairá das urnas. Dois instrumentos cambiais estão à disposição de investidores na bolsa brasileira: contratos de dólar para liquidação futura e contratos de cupom cambial.

Os investidores estrangeiros revelam preferência crescente pelo cupom - um ativo equivalente à taxa de juro em dólares no Brasil. Calculado a partir da diferença entre a taxa Selic e a desvalorização do real ante o dólar, o cupom cambial representa, para o investidor estrangeiro, a remuneração em reais que ele vai receber pelos dólares aplicados no Brasil.

Em maio de 2015, quando as posições em aberto dos estrangeiros em derivativos cambiais chegou à marca histórica - agora ameaçada -, para cada contrato de dólar futuro sequer existiam dois contratos de cupom cambial. No início desta semana, para cada contrato de dólar futuro existiam cinco contratos de cupom. De 2015 até agora, o montante de posições em aberto na B3 em cupom cresceu 23%, enquanto os futuros de dólar caíram à metade. Para o especialista em instrumentos derivativos Pablo Spyer, diretor de operações da Corretora Mirae Asset, maior demanda por cupom cambial indica preferência dos investidores por um hedge cambial de prazo mais longo. Ou seja, um seguro contra variações no preço do dólar por mais tempo.

"Esse interesse indica que os investidores estrangeiros acreditam [ou temem] que o nível do dólar não esteja adequado [às condições presentes no cenário econômico]. E, portanto, a moeda pode se desvalorizar mais. Essa expectativa justifica a disposição dos investidores em travar preços para a moeda estrangeira por períodos mais longos", explica Spyer ao Valor. Uma razão técnica para a preferência por cupom é a perspectiva de rolagem das posições com mais frequência. "No contrato futuro de dólar, como a rolagem é mensal, a liquidez é baixa.

Para ter a liquidez necessária pode ser preciso pagar preços absurdos." No início desta semana, a BM&F registrava 667 mil contratos de dólar futuro abertos e 3,8 milhões de contratos de cupom cambial. O diretor da Corretora Mirae Asset considera, porém, que o custo da rolagem é complementar à decisão de fazer hedge. "Podemos inferir que os estrangeiros elevam posições porque acreditam que existem riscos locais ainda não captados pela taxa de câmbio."

 

Economia se recuperou em junho após greve de maio, aponta índice do BC

A atividade econômica registrou alta de 3,29% em junho, mostrou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC). O desempenho, medido pela série com ajuste sazonal, veio após uma queda de 3,28% em maio (revisada de uma retração de 3,34% divulgada inicialmente), mês em que a economia sofreu o impacto da greve dos caminhoneiros.

A alta de junho ficou um pouco acima das estimativas de economistas colhidas pelo Valor Data. A previsão média era de variação positiva de 3,1%, com projeções variando de altas de 1% a 4%. No segundo trimestre, O IBC-Br caiu 1% ante o primeiro, feitos os ajustes sazonais.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve alta de 0,84%, segundo o BC. Esse aumento de 0,84% equivaleria a uma estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre ante o primeiro, feito o ajuste sazonal, segundo o Banco Central.

“Ressalte-se que, relativamente ao mesmo trimestre de 2017, o IBC-Br elevou-se 0,84% no segundo trimestre deste ano. Essa variação interanual seria consistente com a evolução relativamente estável do PIB na margem, isto é, considerado o PIB do segundo trimestre em relação ao PIB do primeiro trimestre, ajustado sazonalmente”, diz a nota.

O BC ressalta que é preciso ter cuidado nas comparações trimestrais do IBCBr e o PIB. “Características conceituais e metodológicas do IBC-Br (entre as quais o processo de dessazonalização) podem ocasionar diferenças temporárias entre a sua evolução e a do PIB, ensejando cautela em comparações nos horizontes mais curtos”, diz.

As diferenças entre o IBC-Br e o PIB trimestral tendem a se neutralizar ao longo do tempo, segundo o BC. Por isso, diz a autoridade, a recomendação é que, nas comparações, o foco seja dado às variações interanuais. No semestre, o indicador acumula alta de 0,89% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Nos 12 meses até junho, o crescimento é de 1,89% na série sem ajuste. Em junho, a produção industrial cresceu 13,1%, o volume de serviços prestados no país teve alta de 6,6% e as vendas no varejo ampliado (inclui veículos e material de construção) aumentaram 2,5%, marcando uma recuperação após o baque provocado pela paralisação dos caminhoneiros.

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No final de junho, o BC revisou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 de 2,6% para 1,6%. O Ministério da Fazenda também revisou seu número para 1,6%. Na média móvel trimestral, indicador utilizado para captar tendência, o IBCBr teve alta de 0,13% em junho frente ao trimestre findo em maio. Comparado a junho de 2017, a alta é de 1,82%, nos dados sem ajuste sazonal.

Embora seja anunciado como “PIB do BC”, o IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo IBGE. O índice é calculado a partir de outros indicadores econômicos setoriais, de agricultura, indústria, comércio e serviços – acrescido de impostos. Já o PIB é a soma dos bens e serviços produzidos no país durante certo período.

 

Dólar fecha em alta com exterior e volta a se aproximar de R$ 3,90

O mercado brasileiro de câmbio não foi poupado da piora na percepção global ao risco. O dólar voltou a subir e se aproximou da marca de R$ 3,90, sendo tomado pela venda generalizada de ativos emergentes. Numa evidência do mau humor lá fora, as moedas de economias em desenvolvimento foram destaques negativos da sessão.

A lira turca foi a exceção e subiu ante o dólar, após o regulador bancário reduzir o limite para operações com swap cambial. Isso não significa que a crise na Turquia caminhe para uma solução. Pelo contrário, a tensão do país com os Estados Unidos se mantém elevada.

Desta vez, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, prometeu boicote dos iPhones da Apple e outros produtos eletrônicos americanos, enquanto o país dobra as duas tarifas contra uma lista de produtos americanos que inclui álcool, carros e tabaco. E se não bastasse a turbulência por lá, os dados de produção industrial e investimentos da China vieram mais fracos do que o esperado.

Os números ruins ajudam a derrubar o yuan, que vem sofrendo uma desvalorização significativa com a guerra comercial do país com os Estados Unidos. Outro efeito negativo veio nas commodities, que também perderam terreno com a situação da China, uma das maiores consumidoras de matérias primas no mundo.

Ao longo da sessão, entretanto, os ativos de risco mostraram alguma acomodação em relação ao pico de instabilidade. O real teve alguma resiliência, com desempenho melhor que outros pares importantes, como o peso mexicano e o rublo russo. Numa lista das principais divisas globais, a moeda brasileira ficou na quinta pior colocação. Por aqui, o dólar fechou em alta de 0,84%, a R$ 3,8998, depois de bater a máxima do dia, em R$ 3,9277.

Para o profissional de Tesouraria de um banco nacional, o mercado brasileiro já “sofreu bastante, principalmente, nos meses de maio e junho”, o que levou os investidores a assumirem posições mais defensivas no mercado. Isso significa que o mercado, em geral, já está mais protegido contra eventuais ondas de instabilidade.

Também prevalece a visão de que o Banco Central pode intervir no mercado em caso de qualquer desvio do real em relação aos pares. De acordo com operadores, esse alerta inibe apostas mais especulativas contra o mercado brasileiro. “O movimento é global e, por isso, agora não é o caso de o BC agir”, diz um estrategista. O profissional aponta que, de fato, há preocupação com a instabilidade lá fora.

“Mas, de certa forma, o Brasil não está muito perto do centro das disputas comerciais”, acrescenta. Ainda assim, ele alerta que o avanço do dólar para cerca de R$ 3,97 pode significar um gatilho para nova onda compradora. Nesta semana, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que a última intervenção do Banco Central, há cerca de cinco semanas, foi necessária pois o governo entendeu que havia excesso de volatilidade nos mercados de câmbio e de juros. “Não é o que estamos observando neste momento. É uma desvalorização que afetou outras moedas também. Vamos aguardar os acontecimentos. Continuaremos a monitorar o mercado com muita atenção”.

 

Anbima: Poupança ganha participação na carteira de investidores

Mesmo em tempos de Selic mais baixa, a 6,5% ao ano, e sob a regra que remunera a poupança a 70% da taxa básica, a caderneta ganhou participação nas carteiras dos investidores de varejo ao longo do primeiro semestre. Na base da pirâmide, a fatia passou de 61,5% para 63,3%, enquanto na alta renda saiu de 10,8% para 12,3%, segundo dados reportados pela Anbima. No conjunto, a variação bruta foi de 19,1% para R$ 683,2 bilhões.

Segundo José Ramos Rocha Neto, presidente do comitê de varejo da Anbima, o maior peso provém da redistribuição de outras modalidades de renda fixa, que encolheram no período. As mudanças nas regras das compromissadas e a menor oferta de lastro para emissão de títulos isentos acabaram levando recursos para fundos de renda fixa de curto prazo (alta de 10,5%) e também para a poupança. “O cliente escolheu ir para um produto de menor nível de risco. Com a correta ‘suitability’ [avaliação de perfil], ele está consumindo produtos mais adequados ao seu perfil.”

Conforme cita Rocha, a variação líquida do volume aplicado na caderneta, de 2,9% no primeiro semestre, indica que houve incremento real na categoria, já que no período o rendimento foi da ordem de 2,3%. Para o executivo, mesmo com uma maior tendência de diversificação dos investidores, a poupança tende a ser uma modalidade resistente. “Há situações hoje com a taxa atual de juros em que a poupança já tem rentabilidade melhor do que muito fundo de renda fixa, tem um público muito cativo na poupança, o conservador, inclusive no private banking. É o tipo de investidor que quer ter dinheiro na poupança e não abre mão disso.”

 

Reação à crise turca mostra BCs emergentes em boa forma

Bancos centrais de nações emergentes estão ganhando a confiança dos investidores, mostrando que são capazes de suportar choques ao implementar medidas econômicas ortodoxas e ignorar pressões políticas. Enquanto a crise econômica na Turquia ameaçava abalar os mercados de países em desenvolvimento nesta semana, autoridades de Jacarta a Buenos Aires reagiram com pulso firme.

A reação dessas nações — subir juros, vender reservas ou apenas demonstrar atenção ao que está acontecendo – contrasta com a recusa da Turquia de seguir o manual convencional e elevar juros para defender a moeda, em queda livre no começo da semana. Com essa governança clássica, em vez de uma crise de grandes proporções, o que se observa é resistência. Um índice de moedas de países emergentes recuou apenas 2% na última semana. Investidores afirmam que bancos centrais em diversas nações emergentes estão muito mais fortes do que há 10 ou 20 anos.

Essas instituições “ficaram melhores, de um modo geral” para lidar com crises, disse Mike Moran, economista-chefe para as Américas do Standard Chartered Bank, em Nova York. Segundo ele, medidas tomadas por Argentina, Tailândia e Indonésia no sentido de eliminar regimes de câmbio fixo e ampliar reservas cambiais fortaleceram as barreiras contra pressões súbitas dos mercados. Estas foram algumas das principais decisões anunciadas recentemente: Argentina Após mais de uma década em que o governo ditava a política monetária, o presidente Mauricio Macri permitiu que o banco central definisse uma meta de inflação e fizesse os ajustes correspondentes nos juros.

A instituição elevou a taxa básica (que já era a mais alta do mundo) em 5 pontos percentuais para 45% na segunda-feira (13) e ofereceu US$ 500 milhões para sustentar o peso. Também foi divulgado um plano para reduzir gradualmente até dezembro o estoque de 1 trilhão de pesos (US$ 33,2 bilhões) em notas de curto prazo chamadas Lebacs, a fim de limitar a volatilidade que costumava aumentar com a rolagem dos papéis. “A reação da Argentina, com medidas contundentes a adequadas tanto no âmbito monetário quanto fiscal, é animadora”, disse Mauro Roca, diretorgerente para mercados emergentes da TCW Group, em Los Angeles.

“Mostra que tem reflexo e espaço para manobra para responder a choques externos.” Indonésia A desvalorização da rupia também pressionou as autoridades a agir. O banco central vendeu bilhões de dólares em reservas para conter a queda da moeda e elevou a taxa básica de juros pela quarta vez desde maio, para 5,5%.

Nesta semana, foi anunciado um plano para restringir importações de bens de consumo e bens de capital e acelerar o uso de biocombustível para diminuir a compra de petróleo do exterior, promovendo a substituição de importações sempre que possível. Tailândia O banco central apenas garantiu que está monitorando qualquer contágio da crise na Turquia. Um golpe colocou os militares no poder no país em 2014, mas o banco central tem insistido para manter a política monetária independente. África do Sul O banco central sul-africano também se limitou a intervenções verbais.

O vice-presidente da instituição, Daniele Mminele, afirmou que a depreciação do rand para o menor nível em mais de dois anos é apenas um movimento exagerado ligado ao contágio da crise na Turquia. Segundo ele, o comitê de política monetária só vai reagir se a desvalorização cambial se espalhar pela economia. A inflação no país permanece dentro do intervalo da meta há mais de um ano.

Filipinas

O banco central elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual neste ano para conter a disparada da inflação e ajudar a estabilizar a moeda, que está entre as de pior desempenho na Ásia. A instituição também foi obrigada a vender reservas, que caíram para o menor patamar desde 2012. O presidente do BC, Nestor Espenilla, declarou nesta semana que o país tem diversas proteções contra choques externos, como crescimento econômico robusto, baixo endividamento e regime de câmbio flexível.

Índia A rupia caiu para o menor nível histórico nesta semana, mas o governo avisou que não ficará preocupado enquanto o movimento for alinhado ao de outras moedas. O banco central elevou os juros duas vezes desde junho para segurar a inflação e usou reservas para conter a volatilidade cambial.

 

Banco Central entende que não houve queda do PIB

O Banco Central divulgou, ontem, uma pouco usual nota para comentar os dados de seu índice de atividade econômica, conhecido pela sigla IBC-Br. Ao contrário do que dizem os números frios, que apontam queda de 0,99% no segundo trimestre, ante o primeiro, o Produto Interno Bruto (PIB) estaria "relativamente estável" no período. O BC não costuma fazer considerações sobre o que chama de dados de alta frequência.

No passado, já teve o hábito de comentar dados anuais do PIB, mas raramente dados trimestrais. A nota sobre um indicador mensal é uma novidade, pelo menos na gestão Ilan Goldfajn. Por isso, é uma mensagem que deve ser entendida dentro da estratégia mais geral de comunicação do Banco Central.

Certamente, a autoridade monetária não está dando nenhum recado novo sobre a direção a política monetária. A equipe de Ilan tem sido disciplinada em atualizar o cenário econômico e tomar as decisões apenas nas reuniões do seu Comitê de Política Monetária (Copom) e comunicá-las pelos canais tradicionais, como comunicados, atas, relatórios de inflação e discursos.

Na gestão Tombini, o BC chegou a mudar totalmente o rumo da política monetária comentando dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a atividade econômica brasileira. Mais do que a direção da política monetária, aparentemente, a nota abre como a instituição pretende ler os dados do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) nas próximas reuniões do Copom.

Naturalmente, o recado não deixa de ter implicações para a política monetária. É muito importante saber como o Copom vai ler os dados do IBCBr. A atividade econômica, é bom lembrar, é um dos componentes que o BC vem dizendo que vão determinar seus próximos passos de política monetária, ao lado de outros fatores, como projeções de inflação, expectativas e balanço de riscos.

Hoje, o BC trabalha com um cenário básico de "continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual do que aquele esperado antes da paralisação" dos caminhoneiros. Também vem citando, no seu balanço de riscos, a possibilidade de o alto grau de ociosidade da economia levar a uma inflação menor do que a projetada, prejudicando a convergência dos índices de preços para as metas.

E como, tecnicamente, o BC está lendo o IBC-Br? Basicamente, a nota diz que os dados sugerem uma estabilidade, e não queda da economia, entre o primeiro e o segundo trimestres. Isso porque, na visão da autoridade monetária, o IBC-Br costuma ser muito volátil nos dados trimestrais. Esse é um indicador mais confiável de tendência em prazos mais longos, de cerca de um ano.

Na comparação entre o segundo trimestre de 2017 e o segundo trimestre de 2018, o indicador avançou 0,84%. Já na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, houve queda de 0,99%. Desses dados, o BC conclui que houve estabilidade. Nas palavras exatas da sua nota, o BC diz que "essa variação interanual seria consistente com a evolução relativamente estável do PIB na margem, isto é, considerado o PIB do 2º trimestre em relação ao PIB do 1º trimestre, ajustado sazonalmente".

A rigor, não houve nenhuma inovação na maneira de o BC ler os números do IBC-Br. Em box do relatório de inflação de março, o BC já havia reafirmado a sua posição de que os dados trimestrais do IBC-Br são muito voláteis e podem dar uma indicação equivocada de tendência, enquanto que os dados interanuais são um indicador mais seguro. Se o Copom fosse se reunir hoje, portanto, iria concluir que a economia ficou relativamente estável no segundo trimestre.

Qual seria o significado dessa economia estável para a política monetária mais imediata? Isso ainda não está totalmente claro. O BC não divulga projeções trimestrais para o PIB, por isso não é possível saber se a autoridade monetária já contava com essa estabilidade ou foi surpreendida. Mais importante, não se sabe ainda se os dados mudam a sua leitura sobre a recuperação da economia.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

ARTIGO

Celso Ming

Limitações do crédito

Sempre que a atividade econômica segue devagar-quase-parando, aumentam as tensões na área do crédito, como se tudo dependesse de destravá-lo e de torná-lo mais acessível a empresas e consumidores.

O crédito é relativamente baixo no Brasil. Corresponde a apenas 46,8% do PIB. Se compararmos com o que acontece em outros países, fica claro como esta segue sendo outra área atrofiada no Brasil. No Chile, por exemplo, já ultrapassou os 100% do PIB. A paradeira produtiva tem uma fieira de causas mais importantes do que o relativamente baixo dinamismo do crédito. A mãe de todas as causas é o rombo das contas públicas, que bloqueia muita coisa. Basta lembrar que a maior parte da poupança nacional, que também não é lá essas coisas, está sendo canalizada para compra de títulos do Tesouro do Brasil, ou seja, destina-se a dar cobertura à dívida que, por sua vez, é o rombo acumulado. Ou seja, a voracidade do Tesouro é um dos maiores obstáculos ao crescimento do crédito no Brasil.

Mas há outro obstáculo: o alto endividamento do setor privado. No dia 3, esta Coluna mostrou que 59,6% das famílias brasileiras continuam endividadas. E tem também a inadimplência. Como aponta o SPC Brasil, são 63,4 milhões de CPFs com atraso nas contas.

Não é possível esticar ainda mais essa corda sem que se criem novas distorções. O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, entendeu que este é obstáculo sério ao crescimento e, portanto, ao emprego – e nisso tem razão. E foi logo se comprometendo a que, se eleito, tratará de deflagrar grande operação de limpeza de nomes nos cartórios, na Serasa e nas instituições que registram a ocorrência de calotes de dívidas. Depois, foi obrigado a advertir que não seria ele o causador de novas atrocidades na área de crédito. Como a que aconteceria se, garantida alguma espécie de perdão de dívidas, o endividado ou outros se aventurassem nos financiamentos, independentemente da capacidade de honrar compromissos, certos de que o Ciro se encarregaria depois da faxina geral.

Claro, toda dívida pode ser renegociada. Mas o que também emperra o crédito não são os juros excessivos cobrados por aqui – embora também façam parte do emperramento – nem o eventual baixo interesse dos bancos em financiar a produção e o consumo.

O outro problema de fundo é o baixo nível da renda, conjugado com o aumento do desemprego, que não só reduz o apetite por crédito do consumidor, como, também, contém os bancos.

Os candidatos se sucedem em prometer que usarão os bancos estatais não só para expandir o crédito, como, também, para forçar importante redução do spread (diferença entre o que os bancos pagam e o que cobram de juros). Isso aí é mula de mina, viciada nos mesmos caminhos. Para não ir longe, o governo Dilma não fez outra coisa. Chamou os bancões oficiais para cumprir o determinado. O resultado foi lastimável. Para não quebrar, a Caixa Econômica Federal teve de receber sucessivas transfusões de sangue novo do Tesouro e o Banco do Brasil amargou temporadas de baixíssima rentabilidade.

Ou seja, devagar com o crédito, que o santo é de barro.

 Devagar demais

Se diz alguma coisa, o avanço do Índice da Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, em junho, de 3,29% sobre maio, só pode ser tomado como recuperação apenas parcial da economia. Maio foi um mês desastroso, de queda de 3,28%, porque esteve sob impacto da paralisação dos caminhoneiros. Pior, no período de 12 meses terminado em junho, o crescimento do PIB deverá ter sido de apenas 1,3%, mais baixo do que o 1,5% com que passaram a contar os economistas. Enfim, houve pouco progresso.

 

ANP prevê primeira licitação do banco de ofertas para novembro

 O diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)Felipe Kury, estima que em novembro será realizada a primeira licitação do banco de ofertas permanente da agência, aberto no mês passado e que já recebeu algumas consultas.

"Estamos disponibilizando cerca de 2 mil blocos. Todos aqueles blocos que foram devolvidos ou colocados em licitação e não foram arrematados em bacias terrestres", disse.

Ele explicou que se houver manifestação de uma única empresa não será necessário fazer a licitação. "Como isso é uma novidade, vamos identificar como será operacionalizado, mas a tendência é de que seja feito de forma eletrônica, a gente ainda está estudando quais os mecanismos", disse o executivo.

Ele informou que na primeira oferta deverão ser alvo apenas 148 dos 2 mil selecionados, mas a ANP aguarda manifestação do Ibama para aumentar esse número.

Otimismo com pré-sal

A proximidade da mudança de comando no Brasil não será obstáculo para a 5ª rodada de Partilha de Produção, disse Felipe Kury. Segundo ele, o otimismo do investidor com os campos gigantes do pré-sal brasileiro continua, independente de quem vença as eleições presidenciais.

"Para o próximo leilão, assim como os outros, temos expectativa de ser um sucesso. Obviamente estamos em um período de desafio político, de transição, mas as empresas têm mostrado olhar de longo prazo para o Brasil", disse Kury após apresentação no seminário técnico da 5ª Rodada de Partilha de Produção.

"A gente imagina que em relação às próximas rodadas, em 2019, 2020 e 2021 esse ritmo se mantenh, e o Brasil se torne líder do setor de petróleo nos próximos anos", disse Kury, lembrando que hoje o Brasil produz 2,6 milhões de barris de petróleo, sendo metade no pré-sal. Em poucos anos, o País vai atingir 5,5 milhões de barris diários com todas as licitações já feitas, ele citou.

O próximo leilão de áreas do pré-sal, marcado para 28 de setembro, vai oferecer quatro campos, sendo três na bacia de Santos (Titã, Saturno e Pau-Brasil) e um na bacia de Campos (Sudoeste de Tartaruga Verde). O governo prevê arrecadar R$ 6,82 bilhões em bônus fixo de assinatura. Ao todo, as reservas ofertadas somam 17 bilhões de barris.

Kury afirmou ainda que é possível a realização de mais um leilão do pré-sal este ano, da área conhecida como cessão onerosa, mas que depende da aprovação do Congresso.

"Para que a gente possa operacionalizar bastam quatro meses, seria no final do ano", disse, afirmando que o Brasil precisa acelerar a venda desses ativos enquanto o petróleo está em alta. "(O leilão da cessão onerosa) Seria importante para o País, independente do governo que vá assumir. O País não pode se furtar desse potencial e dessa riqueza, até por conta do desafio fiscal que se apresenta", explicou o diretor, ressaltando que um projeto que é comprado hoje em leilão leva de sete a oito anos para começar a produzir.

 

O GLOBO

Próximo presidente enfrentará desafio para cumprir regra de gastos

Mesmo que consiga fazer a reforma da Previdência, o próximo presidente terá dificuldades para cumprir a regra do teto de gastos, pela qual as despesas públicas só podem crescer com base na inflação do ano anterior. A decisão do presidente Michel Temer, na última terça-feira, de autorizar um reajuste nas despesas do Ministério da Educação em 2019 tornou a situação ainda mais complicada, já que o orçamento da pasta ficará mais protegido do que o de outras áreas contra cortes que a equipe econômica tenha de fazer para cumprir o teto.

Apresentada pelo governo como a arma mais forte para garantir a aprovação das mudanças na Previdência, a regra do teto de gastos se tornou um grande desafio. O governo não conseguiu mudar as aposentadorias e agora é obrigado a gerir um Orçamento cada vez mais comprimido por despesas obrigatórias (não apenas com benefícios previdenciários, mas com a folha de pagamentos) e a sacrificar áreas que já estão próximas de uma paralisação por falta de recursos.

NEM PARA TAPAR BURACO

Segundo a equipe econômica, ao não vetar um artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 sobre educação, o presidente apertou o Orçamento em mais R$ 2,5 bilhões e reduziu as despesas discricionárias (não obrigatórias) de R$ 91 bilhões para R$ 88,5 bilhões, valor próximo de uma paralisação. Trabalho feito pelo economista sênior da LCA Consultores Bráulio Borges com projeções da própria equipe econômica mostra que o teto não teria condições de ser mantido mesmo que o governo conseguisse fazer várias reformas estruturais.

Os cálculos do economista mostram que, pela regra do teto, as despesas primárias deveriam passar de 19,5% do PIB em 2016 (primeiro ano de vigência da norma) para 15% do PIB em 2026, ou seja, uma queda de 4,5 pontos percentuais. O problema é que, mesmo que o governo faça uma reforma da Previdência e ainda adote medidas de ajuste fiscal duras, como cortar radicalmente desonerações e subsídios, segurar reajustes reais no salário mínimo, eliminar o abono salarial e congelar o gasto per capita com o funcionalismo, ele só conseguirá obter uma parte da economia necessária para chegar ao seu objetivo.

Esse resíduo pode ser ainda maior considerando que o investimento público líquido está negativo, ou seja, ele não é suficiente nem mesmo para cobrir a depreciação de obras, como tapar buracos nas estradas e consertar telhados de prédios públicos.

- O governo terá que aumentar um pouco o investimento público para que ele cubra ao menos a depreciação - disse Borges, acrescentando: - O nível da despesa discricionária é muito baixo. Em 2018, já estamos muito próximos de uma paralisação. Não dá para fazer, nas despesas não obrigatórias, o ajuste que fica faltando depois de fazer as reformas, que também são fundamentais. O gasto discricionário inclui despesas importantes, como bolsas de estudos, controle de fronteiras e do tráfego aéreo, emissão de passaportes e farmácia popular.

Para piorar o cenário, o próximo presidente também terá pela frente outros desafios. Será preciso discutir uma nova regra para o salário mínimo (a atual acaba em 2019) e negociar com o funcionalismo mais uma rodada de reajustes salariais. O Supremo Tribunal Federal (STF) já deu a largada ao propor um reajuste de 16,38% para seus ministros. Esse aumento tende a criar um efeito cascata sobre o restante do funcionalismo, que também vai pedir reposição salarial. A pressão exercida pelo teto, no entanto, vai fazer com que o governo Michel Temer encaminhe ao Congresso, ainda este mês, uma proposta de adiamento do reajuste do funcionalismo de 2019 para 2020.

JUÍZES: 41,5% DE AUMENTO

Dados da equipe econômica mostram que os servidores do Judiciário, onde está a elite do funcionalismo, tiveram reajustes acima da inflação desde 2016. Naquele ano, o aumento foi de 15%, enquanto a alta dos preços foi de 6,29%. Em 2017, o percentual foi de 8,8%, contra inflação de 2,94%. No período acumulado entre 2016 e 2019, o reajuste terá sido de 41,5%. Já a inflação será de 18,5%, segundo projeção.

Para especialistas, será preciso também mexer na regra do salário mínimo. A cada 1% de aumento na remuneração básica dos trabalhadores, o impacto é de R$ 3,8 bilhões nas contas públicas. A atual forma de correção do mínimo — pela qual o salário deve ser reajustado pela inflação do ano anterior mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes — vale até 2019. Essa é uma forma de assegurar que haja ganho real para os trabalhadores. E, como o governo tem dado aumentos reais para o salário mínimo desde a década de 90, será muito difícil que a nova regra não mantenha o mesmo princípio.

Na avaliação do economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas, é difícil cumprir um teto de gastos, qualquer que seja, porque as despesas que o poder público é obrigado a ter, normalmente, crescem acima do percentual da inflação:

— Com esses gastos obrigatórios subindo mais do que o previsto, o governo fica praticamente sem alternativas para reorganizar as finanças. A situação brasileira pode melhorar, no futuro recente, caso seja feita a reorganização da previdência pública e se for reencontrado o caminho para a expansão da infraestrutura.

 

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