Quarta-feira

VALOR

Economia vai acelerar e crescer 3% em 2019, estima Credit Suisse

O ritmo de crescimento da economia brasileira deverá ter uma aceleração considerável daqui para frente, passando de 1,4% neste ano para 3% no ano quem vem, num quadro marcado pela melhora do crédito e do mercado de trabalho, avalia o Credit Suisse.

Para o economistachefe do banco, Leonardo Fonseca, o investimento terá expansão de quase dois dígitos em 2019 e o consumo das famílias ganhará fôlego, avançando um pouco menos de 3%. Na visão de Fonseca, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) tem dado mostras convincentes de que dará prioridade à agenda de reformas fiscais e de aumento da produtividade.

Além disso, deverá conseguir aprovar medidas nessa direção no Congresso, segundo ele. Com isso, as condições financeiras devem ficar num nível favorável à expansão da atividade, diz Fonseca, que acredita numa recuperação mais significativa da confiança de empresários e consumidores no ano que vem. Ao falar das perspectivas do Credit Suisse para os próximos dois anos, Fonseca diz que o cenário leva em conta o diagnóstico de que o Brasil tem dois grandes problemas, "um de natureza fiscal e um de baixo crescimento".

A análise do banco avalia a disposição e a capacidade do novo governo de adotar uma agenda para enfrentá-los. Para Fonseca, Bolsonaro deu sinais de que seu governo caminhará nessa direção, tanto pela importância que atribuiu durante a campanha ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto pela carta branca que deu ao assessor para montar a equipe econômica.

E Fonseca acredita que Bolsonaro terá condições de aprovar no Congresso emendas constitucionais, como uma reforma da Previdência e a desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo. Segundo ele, houve um aumento da fatia de deputados e senadores de direita entre os eleitos, a cláusula de barreira pode elevar o número de parlamentares do partido de Bolsonaro e presidentes em geral conseguem emplacar mais mudanças constitucionais no primeiro ano de mandato.

Nesse ambiente, as variáveis que moldam as condições financeiras - como juros futuros, câmbio, mercado acionário e risco-país - deverão ficar em níveis que estimulem o crescimento. Em 2018, a greve dos caminhoneiros e as incertezas em relação às eleições afetaram esses indicadores, impedindo uma recuperação mais forte da economia.

Fonseca reduziu a estimativa de expansão do PIB deste ano de 1,8% para 1,4%, mas elevou a projeção do ano que vem de 2,3% para 3%, acima do consenso de mercado, de 2,53%. O que torna a avaliação mais favorável, com expectativas mais benignas para o crescimento e para a inflação, "é justamente a leitura em relação à capacidade do novo governo de entregar todas essas medidas", afirma ele, referindo-se à agenda de reformas fiscais e de estímulo à produtividade.

O cenário macroeconômico também é positivo para o novo governo, dada a combinação de "inflação baixa, volta do crescimento e a queda do desemprego", diz. Nas projeções do Credit Suisse, chama a atenção a estimativa de uma alta de 9,3% do investimento no ano que vem, uma aceleração expressiva em relação aos 5% esperados para este ano.

A melhora da confiança deve aumentar a disposição dos empresários em investir mais, havendo também a perspectiva de avanço do programa de privatizações e concessões ao setor privado, afirma o economista, que fará hoje a tradicional apresentação de fim de ano das projeções do banco para os clientes.

A retomada cíclica da economia também vai se amparar num quadro mais positivo para o consumo das famílias, que responde por quase dois terços do PIB pelo lado da demanda. Para Fonseca, o consumo das famílias crescerá 2% neste ano e 2,9% no ano que vem, contribuindo de modo importante para a aceleração da atividade, dado o peso na economia.

Fonseca aponta dois principais "vetores" que serão fundamentais para a retomada cíclica. O primeiro é o mercado de crédito, que se contraiu muito nos anos de crise e agora tem perspectivas bem melhores. Empresas e famílias estão menos endividadas, a inadimplência tanto de consumidores quanto das pessoas jurídicas está muito baixa e os juros estão num nível que estimula a atividade. O outro é o mercado de trabalho, que tem se recuperado lentamente, com o desemprego em nível ainda muito elevado e a criação de vagas concentrada no setor informal.

Na visão de Fonseca, a desocupação seguirá em baixa, a geração de vagas formais vai ganhar espaço e haverá um crescimento mais forte da massa salarial real (descontada a inflação). Com a perspectiva de avanço das reformas e a ociosidade elevada na economia, Fonseca acredita que o BC poderá manter a Selic em 6,5% ao ano até o terceiro trimestre de 2019, passando a aumentar os juros a partir de setembro, já de olho na inflação de 2020.

Para ele, a taxa vai terminar 2019 em 8% e o ano seguinte em 9%. As projeções para a inflação são benignas: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá ficar em 3,7% em 2018 e em 4,2% em 2019. Num cenário de Selic um pouco mais alta, o crescimento de 2020 deve desacelerar em relação aos 3% de 2019, para 2,5%. Já os números fiscais devem melhorar aos poucos.

Segundo Fonseca, o resultado primário (que exclui gastos com juros) deve encolher de 1,7% do PIB neste ano para 1% do PIB no ano que vem, em parte influenciado pelo aumento esperado de receitas com o leilão das áreas da cessão onerosa feita à Petrobras. A dívida bruta seguirá em alta, mas menos acentuada.

Nas contas de Fonseca, passará de 76,3% do PIB neste ano para 76,9% em 2019 e 78,2% do PIB em 2020. Ao tratar do cenário externo, Fonseca diz que o Credit Suisse trabalha com uma desaceleração gradual da economia global, com os EUA crescendo 2,9% neste ano e 2,7% no ano que vem, e a China, 6,6% em 2018 e 6,2% em 2019.

Os juros nos EUA devem ter duas altas em 2019, acredita Fonseca. A situação dos emergentes não lhe parece das mais animadoras. A Turquia já adotou uma política econômica mais heterodoxa neste ano, e o mesmo deve ocorrer com o México no ano que vem, diz ele, lembrando ainda das dificuldades da Argentina, que terá eleições presidenciais. Já o Brasil vai no caminho oposto, com a adoção de medidas para melhorar a situação fiscal e uma agenda de crescimento, segundo Fonseca.

Com isso, o Brasil pode se tornar uma "grande história" entre os emergentes, melhorando em termos relativos na comparação com outros países desse grupo de economias, avalia ele. Com a perspectiva de aceleração da economia em 2019, o déficit em conta corrente deverá dobrar, mas o aumento não é preocupante. O rombo nas transações de bens, serviços e rendas do país com o exterior deve sair de 0,6% do PIB neste ano para 1,2% do PIB no que vem, um nível ainda baixo.

 

As vésperas do Copom, Ilan mantém visão geral sobre os riscos do Fed

Em discurso ontem na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, manteve praticamente inalterada a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros americanos, apesar da percepção dos mercados de que o BC dos Estados Unidos adotou um tom mais "dovish" na semana passada. Isso significa que não se deve esperar um alívio no fronte externo do balanço de riscos do Copom, que hoje pende para o lado negativo e ajuda a sustentar a ameaça de alta dos juros mais cedo do que o esperado pelo mercado, se houver nova piora.

O Copom se reúne na semana que vem. "Mais recentemente, embora o cenário ainda permaneça desafiador para os países emergentes, o apetite ao risco em relação a ativos dessas economias apresentou relativa estabilidade", disse Ilan. "Entretanto, essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano, o que implica prêmios de risco mais elevados." No discurso, o presidente do Banco Central fez uma atualização da sua visão sobre o cenário global - isso fica expresso pelo uso da expressão "mais recentemente" no início da frase.

Ainda assim, essa visão atual do Banco Central não é muito diferente da expressada na ata da reunião de outubro do Copom. O documento dizia que os membros do Copom avaliavam que "desde sua reunião anterior, o apetite ao risco em relação a ativos dessas economias [emergentes] apresentou estabilidade - em contraste com a tendência de piora observada nos meses anteriores".

A ata segue na mesma linha do discurso feito ontem por Ilan: "Entretanto, a avaliação consensual foi de que essa estabilização se deu em níveis aquém dos vigentes no início do ano, o que implica prêmios de risco mais elevados". No mesmo evento da Febraban, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, também chamou a atenção para os riscos assimétricos no cenário internacional, pendendo para o lado negativo.

"Acabo de voltar da reunião do G-20, e o tom é de preocupação com normalização da política monetária, Brexit, tensões comerciais", disse Guardia. "Tivemos notícias positivas, mas a preocupação está no ar." Embora Guardia não interfira na condução da política monetária, sua declaração é um termômetro da leitura do cenário internacional na equipe econômica. Ele enfatizou, a exemplo do que Ilan tem feito, a urgência de aprovar as reformas fiscais para deixar a economia mais protegida a choques. O BC vem afirmando, nos seus documentos oficiais, que poderá retirar gradualmente os estímulos monetários mais cedo no caso de haver piora no balanço de riscos e/ou no seu cenário inflacionário. Isso significaria subir a taxa básica, que desde março está fixada em 6,5% ao ano, antes de meados do ano que vem, como apostava o mercado em outubro, na última reunião do Copom.

O balanço de riscos tem dois componentes negativos: a normalização da política monetária nas economias avançadas (sobretudo Estados Unidos) e o andamento das reformas, sobretudo as fiscais. O mercado, nas últimas semanas, vem especulando se o Banco Central poderá, em algum momento no futuro, ser obrigado a baixar os juros, dados os índices de inflação - em particular os núcleos - muito baixos divulgados nas últimas semanas. A primeira questão diante do Banco Central, porém, provavelmente é se vai retirar o grau de alerta na política monetária. E, para tanto, será fundamental a sua leitura do balanço de riscos.

Alguns analistas econômicos esperavam que pudesse ter havido uma melhora no balanço de riscos. Isso porque na semana passada o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, disse que a taxa básica americana estava próxima do nível neutro. Nessas circunstâncias, o Fed tenderia a subir menos os juros ou apertar de forma mais lenta. Anteontem, Ilan havia reconhecido que a mensagem de Powell havia sido favorável, em uma apresentação na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

Mas não havia ficado totalmente claro o quanto isso alterava a visão do Copom sobre o cenário externo. O discurso de ontem, que foi preparado previamente, sugere que não representa uma mudança substancial. É bom notar que, além do cenário internacional, o BC tem chamado muita atenção para o andamento das reformas e ressaltando a interação entre o componente doméstico e externo do balanço de riscos. Para desarmar esse risco conjunto, o andamento das reformas tem um papel central.

 

ESTADÃO

Levy já negocia ampliar repasses do BNDES ao Tesouro

O time de Paulo Guedes fará nesta quarta-feira a primeira reunião da equipe de transição com Joaquim Levy para debater o novo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na pauta do encontro em Brasília, estará o volume de recursos que o banco estatal se comprometerá a devolver à União nos próximos anos. A equipe econômica de Jair Bolsonaro deseja que a transferência de recursos do BNDES ao Tesouro fique no ano que vem acima dos R$ 26,6 bilhões atualmente previstos.

Segundo uma fonte que participa das conversas, o time de Guedes está contando com esse reforço em suas projeções de redução da dívida pública. E técnicos do banco já sinalizaram à equipe que há espaço para um desembolso maior já em 2019, segundo uma fonte do BNDES.

Como mostrou o Estado, dados do Tesouro indicam que as devoluções já feitas e as acertadas com o BNDES para os próximos anos vão permitir uma redução de 9 pontos porcentuais da dívida bruta até 2027. O objetivo de Guedes e seus auxiliares é acelerar os repasses, aprofundando esse corte.

Levy, que deixará o Banco Mundial para assumir o comando do BNDES, comunga dessa visão. A interlocutores, Levy tem reforçado que suas principais metas à frente do BNDES serão o incentivo a projetos de infraestrutura e o enxugamento do banco, que terá menos recursos e mais foco. Em sua visão, diminuir a exposição do BNDES ao Tesouro serve tanto ao propósito de dar nova missão ao banco quanto ao objetivo de garantir que a União tenha recursos para manter os benefícios sociais.

Como ministro da Fazenda de Dilma, Levy deu as diretrizes para a mudança na política do banco estatal, restringindo subsídios do Tesouro a setores empresariais. Esse movimento manteve-se durante o governo Michel Temer, com a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que pôs fim a taxas subsidiadas em empréstimos, e a devolução antecipada de recursos para a União – desde 2016, já foram R$ 310 bilhões.

Há expectativa entre integrantes da equipe econômica que Levy sinalize ainda possíveis nomes para a diretoria do banco. O combinado com Guedes é que terá autonomia para selecionar seu time no BNDES.

A equipe econômica de Bolsonaro conta com o dinheiro do BNDES para conter a dívida especialmente enquanto o dinheiro das privatizações não tiver entrado no caixa. O time sabe que o processo de venda de estatais pode levar mais tempo do que o esperado. Por isso, traça planos alternativos para reforçar a entrada de dinheiro no caixa do Tesouro.

O mesmo tem sido feito nas simulações para a eliminação do déficit fiscal, uma promessa de campanha. Além dos recursos do megaleilão do pré-sal, que pode render cerca de R$ 60 bilhões à União em 2019, a equipe tem mapeado outras fontes de receitas, como concessões e leilões de telecomunicações.

Cálculos

A equipe econômica de Bolsonaro conta com o dinheiro do BNDES para conter a dívida especialmente enquanto o dinheiro das privatizações não tiver entrado no caixa. Guedes prometeu um programa ambicioso de venda de ativos estatais, mas ele e seu time sabem que o processo de venda pode levar mais tempo do que o esperado.

De um lado, Bolsonaro resiste ao intento de se desfazer de todas as empresas – o presidente eleito já vetou a venda da Petrobrás, de boa parte da Eletrobrás e do Banco do Brasil. De outro lado, há os eventuais atrasos decorrentes da atuação de órgãos de controle. Por isso, a são traçados planos alternativos para reforçar a entrada de dinheiro no caixa do Tesouro.

 

'Problemas estruturais de décadas não se resolvem em um dia', diz Ilan

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira, 4, que problemas estruturais de décadas no Brasil não se resolvem em dias. "Se conseguirmos resolver problemas de décadas em anos, estamos fazendo um bom papel. O que se resolve em dias, provavelmente é insustentável, é algo mais na linha populista. É o contrário do que queremos para a sociedade", afirmou em evento de fim de ano da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

"O Brasil precisa continuar no caminho de ajustes e reformas, especialmente as medidas de ajuste fiscal, para manter a inflação baixa, o juro baixo e a economia em trajetória sustentável de crescimento", disse Ilan ao finalizar seu discurso.

Reforma da Previdência

No evento, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, fez um apelo para que o próximo governo comece o ajuste fiscal com a reforma da Previdência. "É o cerne do problema", disse.

Na visão do ministro, o Brasil ainda tem a chance de fazer um ajuste fiscal gradual e, sabendo de suas vulnerabilidades, precisa enfrentá-las antes que o cenário externo "fique ainda mais adverso". "Outras economias não conseguiram realizar um ajuste fiscal, e isso leva a medidas urgentes de curto prazo, que no Brasil acabariam reforçando as distorções que temos", disse Guardia, que ressaltou que, na reunião do G-20, o tom era de preocupação com 2019.

Na opinião de Guardia, seria um erro revogar o teto de gasto, que se tornou uma espécie de garantia aos investidores internacionais de que haverá algum controle de despesas. E, para que o teto seja respeitado, é necessário realizar a reforma da Previdência. "A manutenção do teto é crível pelos próximos quatro anos, pelo menos até o próximo governo", disse.

Para o ministro, a continuidade do processo de reformas vai exigir um diálogo entre os poderes Judiciário e Legislativo. Também afirmou que os governos estaduais precisam controlar os gastos, que ainda crescem mais que a inflação.

 

 

 

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