Quinta-feira

VALOR

Copom mantém Selic a 6,5% e afasta discussão de aperto à frente

Em sua última reunião do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano pela sexta vez seguida e suspendeu ameaça feita desde setembro sobre possível aperto gradual da política monetária à frente.

Em comunicado divulgado ao fim da reunião, o Copom destacou uma melhora no balanço de riscos para a inflação. De um lado, o colegiado entende que arrefeceu o risco desfavorável de uma frustração das expectativas com a continuidade das reformas e dos ajustes à economia.

De outro, a avaliação é que aumentou o risco de que a ociosidade da economia leve a inflação para trajetória abaixo do esperado. Diante dessa evolução, o Copom retirou do seu comunicado referência à possibilidade de elevação gradual da Selic em caso de piora do balanço de riscos ou do cenário prospectivo para a inflação. Essa alternativa havia sido citada nas duas reuniões anteriores.

Em linha com a avaliação mais benigna feita pelo Copom, as projeções do colegiado para a inflação, que já estavam abaixo da meta central, foram reduzidas. Em perspectiva que leva em conta o cenário de mercado para o câmbio e os juros, a estimativa agora é que a inflação feche este ano em 3,7% (frente a projeção anterior de 4,4%), vá a 3,9% em 2019 (antes, 4,2%) e a 3,6% em 2020 (antes, 3,7%).

Ao destacar o comportamento dos núcleos de inflação (que excluem os preços mais voláteis), o Copom também afirmou que eles podem estar em nível "confortável", e não apenas "apropriado", como era citado até então. O Copom reforçou, ainda, que o cenário externo permanece desafiador para as economias emergentes.

Os principais riscos são associados ao aumento da taxa de juros em economias avançadas, as incertezas no comércio global e o aumento de aversão a risco nos mercados internacionais. O colegiado reiterou ainda a importância da continuidade das reformas e dos ajustes à economia para a inflação baixa, para a queda da taxa de juros estrutural e a recuperação sustentável da economia. "O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes", afirmou o Copom.

Para Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, o comunicado do Copom afasta a discussão sobre uma possível elevação da taxa Selic no ano que vem. "O comunicado veio bem 'dovish'. Tivemos uma piora no cenário externo que levou a um preço de dólar mais alto, mas isso não se refletiu nas projeções de inflação, nem o BC deu algum sinal de reconhecimento disso", diz.

Kawall avalia, contudo, que a discussão sobre a possibilidade de um corte da taxa básica em 2019 ainda é prematura para começar a ganhar força no mercado e vai depender do ritmo de avanço das reformas.

Segundo Kawall, a retirada do trecho presente no comunicado anterior - em que o BC mencionava a remoção gradual de estímulos caso o cenário prospectivo para a inflação no horizonte relevante para a política monetária e balanço de riscos apresentasse piora - eliminou o viés de alta para a taxa Selic.

Apesar de ver espaço para uma discussão sobre a queda estrutural da taxa de juros, o economista do Safra afirma que ainda é muito cedo para se discutir essa questão, antes de ter a reforma da Previdência aprovada. A reunião anterior do Copom aconteceu dois dias após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência. Desde então, o presidente eleito anunciou, para sua equipe econômica, que será comandada pelo economista Paulo Guedes, vários nomes bem vistos pelo mercado e identificados com uma agenda de reformas.

Essa foi a última reunião do Copom no governo de Michel Temer. O colegiado volta a se reunir nos dias 5 e 6 de fevereiro, já no governo Bolsonaro, mas ainda com a atual formatação e sob o comando do presidente Ilan Goldfajn. O economista Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro para assumir o Banco Central em seu governo, ainda precisará ter o nome submetido à aprovação do Senado na próxima legislatura.

 

Inflação abre espaço para juro estável por mais tempo

O comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária confirmou a visão que já havia se formado entre economistas nos últimos dias: a surpreendente queda da inflação abre espaço para a estabilidade da taxa básica de juros ainda por um tempo prolongado, possivelmente ao longo de todo o ano de 2019.

Ainda é cedo para prever um corte da Selic, mas especialistas ouvidos pelo Valor reconhecem que, a depender da evolução do crescimento econômico e, sobretudo, das reformas, essa hipótese poderá entrar na discussão nos próximos meses. Para o economista-chefe da JGP Investimentos, Fernando Rocha, nas últimas duas reuniões o balanço de riscos apresentado pelo Copom, que tinha um "viés de alta" de juros, agora veio para a neutralidade.

Isso significa que, embora seu cenário ainda contemple alta de juros a partir do fim de 2019, o quadro atual abre espaço também para um futuro corte da taxa. "O que parece mais provável é que qualquer movimento não ocorra no curto prazo, mas hoje não é possível cravar para qual direção ele será feito", afirma.

No comunicado da decisão, o Copom afirma que permanecem fatores de risco em ambas as direções. Mas aponta que cresceu o risco de a inflação ficar abaixo da meta por causa da ociosidade, ao mesmo tempo em que diminuiu a chance de frustração das expectativas em relação à reforma. "Com isso, o Copom ajustou o 'dial' para o campo da neutralidade", afirma. "Há duas reuniões, esse ''dial' estava ajustado para alta."

Hoje, o cenário da JGP é de que a Selic volte a subir 0,5 ponto em cada uma das últimas duas reuniões do Copom do ano que vem e também nas duas primeiras reuniões de 2020, isso por causa da percepção de que a recuperação da atividade possa gerar inflação. "Mas o risco hoje é desse aumento ser postergado, dado o quadro de inflação", afirma.

Se houver uma surpresa positiva com a agenda de reformas, por exemplo, não se pode descartar que haja espaço para algum corte. "Não é só atividade, o hiato do produto, que serão considerados, as reformas também podem mexer com os prognósticos de inflação", diz. "É impossível cravar um cenário hoje porque há várias peças do quebra-cabeça que ainda não estão totalmente claras."

O avanço das reformas é a variável que pode abrir espaço para que um corte de juros entre no debate, na visão de Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital. "O mercado vai sair da discussão de quando a taxa Selic vai subir para quando ela pode cair", diz Portella, que espera que os juros futuros já alterem as apostas que hoje vigoram, em uma alta da taxa Selic em algum momento do segundo semestre do ano que vem. "Depois disso, o próximo passo é aumentar a probabilidade de a taxa Selic cair."

"A gente estava sempre postergando a aposta em uma alta na taxa de juros, que achávamos que poderia vir no último trimestre do ano que vem, mas agora a discussão é se a Selic vai cair em algum momento", diz.

Já para o economista do Santander Luciano Sobral, apesar do tom mais brando do Copom, grande parte dessa expectativa já está refletida no mercado futuro de juros. Portanto, ele não acredita que isso será suficiente para chancelar a aposta em um recuo adicional das taxas. "A queda das expectativas de inflação já estava refletida nos preços do mercado", diz.

Um ponto importante no comunicado, segundo os economistas, foi a retirada da afirmação de que haveria a remoção gradual de estímulos caso o cenário para a inflação apresentasse piora. Para Daniel Weeks, da Garde Asset Management, esse trecho demonstrava que o Copom estava com "o dedo no gatilho" para subir os juros, caso houvesse uma piora do cenário. "Agora, ele mostra que a economia prescreve política monetária acomodatícia e ponto."

Para ele, no entanto, a pré-condição para cogitar um corte de juros seria a diminuição da incerteza internacional. "Ainda é um comunicado de quem está preocupado com o ambiente lá fora", afirma. "Acho que o BC preferiria deixar os juros parados em 6,5% por mais tempo do que baixar agora frente a um cenário internacional que ainda é muito incerto."

Felipe Salles, economista do Itaú, também viu no comunicado razões para acreditar que não haverá mudança na taxa de juros ao longo de 2019. "É um horizonte muito longo. Se esse cenário estiver correto, teremos o período mais longo de estabilidade de juros", observa. Ele acredita que é cedo para falar em corte da Selic.

Mas reconhece que deve crescer a discussão sobre o nível do juro neutro - aquele que permite o crescimento sem gerar inflação. "Mas essa é uma calibragem que o BC terá de testar, observando o comportamento da atividade, da ociosidade e da inflação", explica. Segundo Weeks, da Garde, o mercado estimava que o juro real de equilíbrio estava em 5%, depois passou para 4% e agora pode estar indo para 3%.

"Eu acho que a política monetária pode estar menos estimulativa do que imaginávamos. Ou seja, o juro real não está tão mais baixo que o neutro", afirma. Ele acredita que a taxa Selic no nível atual gera um crescimento "forte", de 3,2% do PIB para o ano que vem. "Era para a política monetária estar fazendo efeito, mas houve choques que impediram um crescimento maior", afirma, citando a greve dos caminhoneiros e também as eleições.

 

FOLHA

Fazenda deverá recomendar que Temer vete incentivos extras a Norte, Nordeste e Centro-Oeste

O Ministério da Fazenda deverá recomendar que o presidente Michel Temer vete a ampliação de benefícios fiscais a empresas que se instalem no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Projeto de lei aprovado na noite desta terça-feira (11) na Câmara deverá ter um impacto de R$ 3,5 bilhões, segundo cálculos da Fazenda. As despesas não estão previstas no Orçamento de 2019.

“Temos que avaliar se está ou não adequado à Lei de Responsabilidade Fiscal, que determina a necessidade de compensação de benefícios que não estão previstos no Orçamento na análise que vamos fazer agora”, disse o ministro Eduardo Guardia (Fazenda).

O projeto prevê que novos projetos tenham acesso ao benefício até 2023 e ainda estende o desconto de impostos a empresas instaladas no Centro-Oeste.

O entendimento legal da Fazenda é que, para contemplar a ampliação dos benefícios, seria necessário que o governo aumentasse alguma alíquota de imposto ou cortasse algum outro benefício, o que não está no radar. Não seria possível, por exemplo, cortar alguma outra despesa para fazer a compensação.

Foi o mesmo o que aconteceu quando o governo abriu mão de impostos para reduzir o preço do diesel, como parte do acordo para cessar a greve dos caminhoneiros. Na ocasião, o governo retirou benefícios a setores exportadores.

“Não tenho instrumentos para fazer isso, por isso vamos avaliar o projeto de lei aprovado ontem. Vamos analisar, mas estou externando minha preocupação com os requerimentos da lei de responsabilidade fiscal”, disse.

 

ESTADÃO

Copom mantém juros básicos e sinal é de que não sobem tão cedo

Por José Paulo Kupfer

Pela sexta vez consecutiva, e mais uma vez por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, nesta quarta-feira, a taxa básica de juros (taxa Selic) em 6,5% nominais ao ano. Também havia unanimidade de que o resultado da última reunião de 2018 e do Copom formado pela diretoria do Banco Central que assumiu em junho de 2016, com a substituição da então presidente Dilma Roussef por seu vice, Michel Temer, seria o anunciado.

Igualmente como era esperado, o comunicado divulgado no encerramento da reunião não deu pistas dos próximos passos do Copom. Ainda que descreva no texto um cenário de inflação sob controle, abaixo do centro da meta até fins de 2020, e destaque as projeções de mercado para a taxa básica em 2019 e 2020 (7,5% e 8%, respectivamente), não faria sentido o colegiado que se despede sinalizar o roteiro futuro para os juros básicos. Até mesmo a menção de que poderia haver aumento de juros com uma eventual piora do cenário, presente nos últimos comunicados, foi eliminada.

Como é praxe nos comunicados do Copom, o documento faz o balanço dos riscos capazes de afetar a trajetória da inflação no horizonte de um ano e meio. O risco baixista é ditado pelo grau de ociosidade da economia, que pode produzir, inclusive, expectativas deflacionárias maiores do que as esperadas. No lado das eventuais pressões de alta, o Copom localiza possíveis frustrações de expectativas com a continuidade das reformas e ajustes na economia, o que se acentuaria com a deterioração do cenário externo.

Segundo o Copom, da última reunião para cá, o risco baixista, representado pela ociosidade da economia, se elevou e o altista, derivado da quebra na expectativas de realização das reformas, arrefeceu. A interpretação dessa avaliação de riscos leva a se considerar que são maiores as chances de manutenção da taxa básica em 6,5% por um período de tempo mais longo do que antes imaginado, talvez até mesmo meados de 2020. Isso se não houver espaço para cortes na taxa Selic.

Tem se intensificado entre os economistas do mercado financeiro, como pano de fundo dessa questão, discussões sobre o nível em que encontra a taxa de juros neutra da economia. Fácil de definir, mas difícil de medir, a taxa neutra, natural ou de equilíbrio é aquela que mantém a inflação estável, na meta, e a economia operando a plena capacidade. Não sendo uma medida observável, essa taxa ideal precisa ser estimada, a partir de hipóteses e premissas, o que, resumindo, confere-lhe caráter polêmico.

Estimativas conhecidas, de todo modo, convergem na indicação de que a taxa de juro neutra se encontra nas vizinhanças da taxa de juros real no momento, entre 2,5% e 3%. Contudo, com base em cálculos que suportam a possibilidade de que a taxa neutra da economia brasileira esteja em um ponto mais baixo, um número crescente de economistas desconfia que a taxa Selic, de 6,5% nominais, não se encontra tanto assim em terreno “estimulativo” da economia, como alega o Copom. Essa desconfiança se sustenta no fato de que, a política monetária “estimulativa” praticada pelo BC já há bastante tempo não tem impulsionado com mais vigor a atividade econômica.

A moral dessa história é que, se a atividade econômica continuar andando de lado ou avançando muito lentamente, ao mesmo tempo em que a inflação se acomode abaixo do centro da meta — como, aliás, parecem indicar os núcleos de inflação já faz tempo próximos ao piso do intervalo da meta — ganhará corpo a ideia de que haveria espaço para cortar os juros básicos antes de que uma retomada mais vigorosa da economia exija voltar a subir a Selic. Não seria, assim, surpresa se, em algum momento de 2019, comece a crescer a pressão para que o Banco Central e o Copom do novo governo Bolsonaro assuma uma posição “mais ousada” na condução da política monetária. Até lá, a Selic tem tudo para hibernar por um bom tempo.

 

CNI prevê um crescimento econômico de 2,7% do PIB em 2019

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um crescimento econômico de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019. Para o PIB industrial, a entidade prevê uma alta de 3% no ano que vem. O consumo das famílias deve crescer 2,9%, e a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que reflete os investimentos, deve aumentar 6,5% em 2019.

A CNI prevê que o desemprego deve atingir 11,4% da População Economicamente Ativa (PEA) no ano que vem. A inflação, medida pelo IPCA, deve fechar o ano de 2019 em 4,1%.

A projeção da CNI é que a taxa básica de juros chegue a 7,50% ao ano no fim de 2019. A taxa média da Selic em 2019 deve ficar em 6,83%, enquanto a taxa real de juros, deflacionada pelo IPCA, deve ficar em 3%.

Sobre as contas públicas, a CNI prevê que a dívida bruta atinja 79,5% do PIB no ano que vem. O resultado primário deve ser de um déficit de 1,57% do PIB, e, para o resultado nominal, a projeção é de um déficit de 7,82% do PIB.

A taxa nominal de câmbio deve ficar em R$ 3,80 na média em dezembro de 2019. Para a média do ano, a previsão para o câmbio é de R$ 3,78.

A CNI projeta que as exportações somem US$ 235 bilhões em 2019, e as importações, US$ 190 bilhões. O saldo comercial deve ficar positivo em US$ 45 bilhões, enquanto o saldo em conta corrente deve fechar o ano negativo em US$ 22 bilhões.

 

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