Quinta-feira

FOLHA

Governo estuda PPP e modelo de leasing para programa habitacional

O governo avalia uma ampla reformulação no programa de habitação popular, enquanto se avalia alterações para o atual modelo do Minha Casa Minha Vida, diante de desafios orçamentários, afirmou nesta quarta-feira (15) o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa.

Ele ressaltou que os dois processos correrão em paralelo, já que a intenção é que as novidades sejam implementadas de maneira gradual. Entre elas, estudam-se a criação de parcerias público-privadas para empreendimentos e uma forma de pagamento similar a de leasing, transferindo o direito de propriedade ao usuário no final da operação.

O governo também quer proximidade maior das habitações das cidades e aproveitar patrimônios da União para isso. Na prática, parte do subsídio do governo —hoje vertido diretamente para o financiamento ao mutuário— seria dado com o terreno.

"(Isso) conferiria mais eficiência porque com menos recursos você conseguiria fazer a mesma coisa. Em segundo lugar, uma adequação maior do que queremos levar: habitação de qualidade para pessoas, e não só uma casa no meio do nada", disse.

Costa avaliou que o atual modelo do Minha Casa Minha Vida conta com empreendimentos distantes, "praticamente sem regionalização" e, em alguns casos, muito caros pela ausência de tecnologias construtivas modernas.

No novo programa habitacional, o governo também quer maior segurança jurídica para o empreendedor, não necessariamente financiando a pessoa final, disse o secretário. Assim, deve propor o uso de recursos do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) direto para o incorporador do empreendimento.

"Não será para que empreendedor faça qualquer coisa, será para um público específico do Minha Casa Minha Vida", disse ele.

MCMV HOJE

Mais cedo, ao participar de audiência na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, Costa disse que o Minha Casa Minha Vida precisa ser melhorado, mas que não haverá bloqueio nos recursos destinados ao programa.

O Ministério do Desenvolvimento Regional informou que o governo vai mandar ao Congresso em julho uma proposta de mudanças em políticas do programa habitacional.

Segundo reportagem da Folha, o governo estuda reduzir de 10% para 3% a participação no subsídio federal das faixas 1,5 e 2 do Minha Casa Minha Vida. Os recursos do FGTS seriam usados para repor a diferença.

Uma fonte com participação direta nas discussões sobre a reformulação dos programas habitacionais reconheceu que isso está em avaliação, mas que uma série de outras alternativas também estão sendo ponderadas.

"Estar em avaliação é uma coisa. Várias estão sendo avaliadas. Decidido é outra muito diferente. Tem muitas análises sendo feitas e nada decidido ainda", disse a fonte à Reuters, em condição de anonimato.

A mesma fonte enfatizou que o modelo atual do Minha Casa Minha Vida necessita de "uma melhora fiscal", e que a clareza quanto a esse cenário está diretamente ligada à aprovação da reforma da Previdência, ainda em seus primeiros estágios de tramitação na Câmara.

"Se não houver a reforma da Previdência, o modelo atual tem um problema estrutural. Pois não tem recurso no orçamento dado o rombo na Previdência, que é grande e crescente", acrescentou.

 

IFI piora projeções e prevê déficits primários do governo federal até 2025

A Instituição Fiscal Independente (IFI) piorou as projeções para os principais indicadores fiscais do país, estimando que o resultado primário vai demorar mais tempo para voltar ao azul e que a dívida bruta vai subir mais antes de começar a se estabilizar. "Déficits primários persistirão até 2025, no cenário-base, mesmo com reforma da Previdência", diz a IFI, em relatório divulgado ontem, ao se referir ao resultado das contas públicas do governo federal que exclui gastos com juros.

No caso do setor público consolidado, que engloba também Estados, municípios e estatais federais, exceto Petrobras e Eletrobras, o resultado deve seguir no vermelho até 2024. Com a previsões de crescimento mais baixo e de resultados primários piores, as trajetórias para a dívida bruta desenhadas pela IFI ficaram mais adversas. No cenário-base, a instituição prevê agora que o endividamento bruto, que em março estava em 8,4% do PIB, deve subir até 2025, alcançando então um pico de 85,5% do PIB.

Na revisão anterior das projeções fiscais, feita em novembro de 2018, o indicador atingiria o máximo de 82,7% do PIB em 2023. O diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, vê a situação das contas públicas como "muito preocupante", destacando que as revisões têm como pano de fundo uma recuperação muito lenta da economia. Para 2019, a IFI reduziu a estimativa de crescimento de 2,3% para 1,8%, ainda assim ainda assim um número mais alto do que o 1,45% apontado pelo consenso mais recente do mercado do Boletim Focus do Banco Central (BC).

Salto observa que, no cenário de fragilidade da atividade econômica, "as receitas estão crescendo pouco e o déficit público segue elevado, mesmo com redução de gastos". No primeiro trimestre, a arrecadação líquida do governo federal aumentou 0,1% acima da inflação, enquanto as despesas primárias caíram 1,2% em termos reais. "Não é apenas o quadro dos gastos públicos que preocupa, mas também os efeitos da recuperação frágil da economia sobre a receita, o resultado primário e a relação dívida/PIB", resume o relatório da IFI, o órgão do Senado de acompanhamento das contas públicas.

"As mudanças nas projeções do cenário da IFI, em 2019-2020, se deram em razão de alterações nos ambientes econômico doméstico e externo", diz o relatório. "A desaceleração verificada na atividade econômica no último trimestre de 2018 se manteve em 2019. O fraco desempenho do primeiro trimestre limita uma recuperação mais robusta nos próximos meses."

Ao falar sobre o comportamento dos gastos, Salto diz que é fundamental alterar a dinâmica do gasto obrigatório. Dada a rigidez do Orçamento, o ajuste recai sobre as despesas discricionárias (sobre as quais o governo tem controle). Em 2019, esses gastos do Executivo devem ficar no nível mais baixo da história, totalizando R$ 104 bilhões, 19% abaixo do nível de 2018, mostram números da IF.

Aí estão basicamente os investimentos e as despesas com custeio da máquina pública, afirma ele. Salto nota que, para a IFI, o valor mínimo das despesas discricionárias para evitar a paralisação da máquina pública é próximo a R$ 75 bilhões, em valores deste ano. Entre 2014 e 2019, os gastos obrigatórios cresceram R$ 91 bilhões, enquanto os discricionários caíram R$ 66 bilhões.

Nas projeções fiscais anteriores, feitas em novembro de 2018, a expectativa era que o governo federal voltaria a ter superávits primários a partir de 2023; agora, a expectativa é que isso só volte ao azul em 2026. No cenário otimista, a volta dos superávits é projetada para 2024 (antes, para 2022). No caso do cenário pessimista, o resultado será superavitário em 2026 - antes, a estimativa era que isso ocorreria em 2024. "O cenário-base ficou mais próximo do pessimista, e o risco de concretização do cenário pessimista aumentou", diz Salto.

A trajetória da dívida bruta teve uma piora significativa. Um dos principais indicadores de solvência de um país, o endividamento bruto está em alta forte nos últimos anos. No fim de 2013, estava em 51,5% do PIB.

Para a IFI, deve bater na máxima de 85,5% do PIB em 2025 no cenário-base, subindo mais e por mais tempo do que se imaginava em novembro. "Os cenários alternativos - otimista e pessimista - também pioraram. Destaca-se a mudança no cenário pessimista, em que o nível de 100% do PIB para a dívida bruta já seria atingido em 2026, e não mais em 2030 [como aparecia nas hipóteses pessimistas de novembro de 2018]", aponta a IFI.

Segundo números do Fundo Monetário Internacional (FMI), a média da dívida bruta dos emergentes deve ficar em 53,4% do PIB neste ano, bem inferior ao do indicador brasileiro, atualmente um pouco superior a 78% do PIB. No relatório, a IFI diz ainda que, no cenário-base, o risco de descumprimento do teto de gastos é alto já em 2022. O teto é o mecanismo que limita o crescimento das despesas não financeiras da União à inflação do ano anterior.

 

Política pesa e dólar fecha no maior nível desde 1º turno de 2018

Pelo segundo pregão seguido, preocupações com o ambiente político mantiveram o dólar em alta contra o real. Contrariando o movimento observado em relação a outras moedas emergentes e ligadas à commodities, a moeda americana encerrou o dia em alta de 0,52%, aos R$ 3,9966.

Este é o maior valor de fechamento desde 1º de outubro, às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, quando o dólar encerrou em R$ 4,0174. Durante a sessão, o câmbio chegou a tocar os R$ 4,0213, maior valor intradiário também desde 1º de outubro, quando alcançou R$ 4,0629. A depreciação fez do real a moeda com o pior desempenho do dia entre as 31 moedas mais negociadas do mundo.

Na outra ponta, ficaram moedas que costumam ter comportamento semelhante ao real, como a lira turca, que se valorizou 0,50% ante o dólar, o peso mexicano (0,46%) e o rublo russo (0,44%). A razão para o mau humor doméstico foram os sinais dados pela articulação e as manifestações realizadas em todo o Brasil contra o contingenciamento na Educação, que voltam a anuviar as perspectivas sobre o futuro da reforma da Previdência.

"A popularidade do presidente Jair Bolsonaro vem caindo e fica a dúvida sobre o reflexo disso na capacidade dele de aprovar as reformas no Congresso", diz Alessandro Faganello, operador da Advanced Corretora. As manifestações desta tarde contra o contingenciamento na Educação ocorrem ao mesmo tempo em que o ministro da pasta, Abraham Weintraub, é sabatinado na Câmara sobre o bloqueio de verbas.

A convocação de Weintraub, arquitetada na véspera pela oposição com apoio do centrão, foi considerada uma derrota do governo e um sinal de falta de articulação política. O bate cabeça ficou evidente ainda ontem, quando a Casa Civil desmentiu lideranças partidárias e o próprio líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), que haviam dito mais cedo que Bolsonaro ligou para pedir a suspensão da medida. A sabatina do ministro se soma a outras mostras de que a articulação não anda boa, como as ameaças de parlamentares de não votar medidas provisórias (MPs) enviadas pelo Executivo, entre elas a 683/2018, que permite até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas locais.

Outros tipos de ruído também pesam sobre a percepção, entre eles as declarações misteriosas dadas pelo próprio presidente e seus filhos. Em Dallas, onde se encontra para receber uma homenagem da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), Bolsonaro tergiversou ao ser questionado por uma reportagem publicada pela revista 'Época' que relata que sua família teria nomeado 13 parentes em gabinetes de aliados. "Se vocês pensam que vão me derrubar, vocês estão enganados."

Ele parecia ecoar declarações dadas mais cedo por Carlos Bolsonaro. "Onde estão os caras feias, os identificadores de problemas, os escritores de cartas para aliados 'desbocados'? O silêncio não tem nada a ver com a descoberta de seus devidos lugares. O que está por vir, pode derrubar o capitão eleito. O que querem é claro!", escreveu. Paralelamente, em Nova York, onde se apresenta a investidores, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia voltou a tecer críticas ao Executivo. "Nós vamos fazer a Previdência, [mesmo] com o governo atrapalhando, com mídia social; é nossa responsabilidade", declarou.

Maia foi citado em delação de um dos donos da Gol, Henrique Constantino. Segundo Constantino, o deputado teria recebido propina junto com integrantes de outros quatro partidos. A homologação da delação pela Justiça do Distrito Federal foi um dos fatores que limitaram a alta do real na véspera.

Apesar do movimento, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, avalia que o noticiário não tem tido força para fazer a moeda americana mudar de patamar. "São só ruídos. Enquanto não houver coisa mais concreta tanto aqui como no exterior, vamos ver a moeda oscilando de dentro entre R$ 3,97 e R$ 4,02 no curtíssimo prazo”, diz.

 

Duplicata eletrônica permite adiantar recurso para indústria

O Banco Central será o responsável por autorizar e regular as operações envolvendo as duplicatas eletrônicas. A informação está em decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 16 de abril. O mercado aguarda para os próximos meses a regulação para que as duplicatas eletrônicas possam começar a existir, de fato, no país.

O BC poderá abrir uma audiência pública com o mercado para discutir as normas ou já apresentar uma regulação pronta. Procurado, o Banco Central não deu entrevista. Em dezembro passado, a duplicata eletrônica passou a ser possível no Brasil após a publicação de lei (13.775/18) que incluiu esse papel no rol dos ativos financeiros. Faltava definir quem seria o responsável por fiscalizar essas operações — sem isso, esses papéis não podem ser transacionados no mercado efetivamente como títulos de crédito.

A criação da duplicata eletrônica deverá fazer com que a indústria consiga negociar a antecipação de seus recebíveis — prática já muito comum entre empresas que trabalham com o varejo. As duplicatas são, basicamente, notas de operações realizadas entre as grandes empresas e seus fornecedores. Como exemplo, um supermercado que compra frutas de um pequeno produtor.

Após a entrega, a rede supermercadista afirma ao fornecedor que fará o pagamento da mercadoria em dois meses e se compromete por escrito com isso — esse papel, uma espécie de nota, é a duplicata. Até a lei de dezembro passado, que estabelece a digitalização desse documento, esse título era obrigatoriamente cartular, ou seja, que precisa ser emitido em papel. Por essa razão, não tinha serventia adequada para o fornecedor se ele quisesse antecipar esse recebível para reforçar seu capital de giro, por exemplo.

Não havia como comprovar a unicidade dessa duplicata, uma vez que ela não ficava registrada em sistema nenhum, e isso dificultava qualquer negociação no mercado. O fornecedor poderia, por exemplo, usar a mesma nota para antecipar os recursos com várias instituições — normalmente, eram as factorings que aceitavam descontar esses papéis.

Com a duplicata digitalizada, esse título de crédito passará a ser depositado numa espécie de câmara registradora e, assim, será inserido no sistema financeiro. Todas as operações que garantem as condições do papel estarão nessa tela, consolidadas e reconhecidas tanto pelo supermercado quando pela frutaria — seguindo o exemplo acima.

A partir daí, o crédito ficará disponível para a negociação. É o que acontece hoje com os recebíveis do varejo, nas operações fechadas por meio das “maquininhas”. A diferença é que, por serem transacionadas via meios de pagamento, os recebíveis de varejo já nascem no sistema financeiro.

As duplicatas continuarão surgindo fora desse sistema, mas serão inseridas nele via registradoras, como a Cerc ou a CRDC. Por essa razão, o BC passou a ser o fiscalizador. Impulsionar a negociação desses recebíveis industriais é uma medida que entrou na pauta da “Agenda BC+”, criada pelo então ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

De acordo com uma fonte, ao transformar o papel em registro digital, a duplicata eletrônica se transforma numa garantia robusta para a operação. “O comerciante que recebeu aquele papel estava limitado a receber o crédito do fornecedor. Agora, ele pode colocar o papel no sistema financeiro”, diz um especialista no assunto.

A regulação que o Banco Central ainda deverá apresentar vai estabelecer como poderão ser as características desses títulos e de que forma e onde serão escriturados e registrados. Pela falta dessa regulação, ainda não existe hoje negociação efetiva no mercado com a duplicata eletrônica. Existem algumas fintechs que promovem o desconto desses papéis emitidos por grandes empresas associadas a elas.

 

FOLHA

PIB de 2019 deve ficar abaixo de 1%, diz BNP Paribas

O BNP Paribas cortou sua estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano de 2% para 0,8%, prevendo assim que o desempenho de 2019 ficará abaixo do registrado no ano anterior (1,1%).

O banco já havia reduzido há alguns meses sua projeção de 3% para os então 2%, citando incerteza fiscal elevada, desemprego alto e recuperação lenta dos investimentos.

O cenário projetado pelo BNP agora é mais pessimista do que aquele sinalizado pelo mercado —o Boletim Focus, do Banco Central, aponta para 1,45%— e pelo governo, com o ministro Paulo Guedes indicando 1,5%.

Para 2020, a expectativa do BNP foi reduzida de 3% para 2,5%, em linha com o Focus.

José Carlos Faria, economista-chefe do banco, disse que a sequência de indicadores do primeiro trimestre decepcionou e provavelmente levará a um PIB negativo nos três primeiros meses do ano. A projeção é de queda de 0,3% em relação ao último trimestre de 2018.

Em relatório, o economista do BNP Gustavo Arruda cita uma combinação de "vários ventos contrários" no início do ano.

Pelo lado da oferta, a indústria e os serviços se mostraram mais fracos, enquanto pela demanda os investimentos continuam fraquejando. No front externo, cita a queda nos preços e volumes de exportação —diante da desaceleração global causada pela disputa comercial entre China e Estados Unidos—, bem como a profunda recessão na Argentina.

Mas, segundo Faria, o grande peso negativo diz respeito às incertezas em torno da reforma da Previdência. "O país está paralisado. Havia uma expectativa de que poderia ser mais rápida, mas o que vemos é que, na melhor das hipóteses, será aprovada no segundo semestre e não sabemos com qual tamanho final de economia. Isso prolonga a incerteza", afirma.

O banco trabalha com uma expectativa de aprovação do texto em agosto na Câmara dos Deputados e em outubro no Senado, com uma economia esperada de R$ 500 bilhões a R$ 600 bilhões em dez anos. O governo estimou que sua proposta poderia gerar cerca de R$ 1,2 trilhão de economia em uma década.

"Para o segundo trimestre, indicadores antecedentes até agora sugerem crescimento positivo, mas fraco", diz Arruda. 

O BNP também elevou a inflação projetada para 2019 de 3,5% para 4%, de olho em uma depreciação cambial, alguns preços mais altos para importados e riscos relacionados à peste suína na China.

Faria diz, no entanto, que, com o crescimento econômico muito fraco, a inflação permanece "bem comportada". E acrescenta que o IPCA (índice oficial do país) acumulado em 12 meses —que está em 4,94% até abril— deve declinar a partir de junho.

"Acho que vai ser muito difícil o Banco Central evitar um novo corte de juros nessa situação de inflação baixa", diz Faria. O banco projeta a Selic (taxa básica de juros) a uma nova mínima recorde 5,75% ao ano no fim de 2019. Hoje, está em 6,5%.

Cortes, no entanto, só devem ocorrer após a aprovação da reforma da Previdência, conforme sinalizou o BC na ata do último Copom (Comitê de Política Monetária), diz Faria.

"Sem a reforma, pode haver uma reação muito negativa dos ativos, o que acaba impedindo a redução dos juros", afirma.

 

Baixo crescimento do Brasil preocupa investidor estrangeiro, diz Itaú

Investidores estrangeiros esperavam uma recuperação mais robusta da economia brasileira em 2019 e estão preocupados com os resultados neste início de ano.

A percepção é do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, que está Nova York para um evento da instituição. Investidores ouvidos pela Folha corroboram as declarações do brasileiro.

Quando lhe foi perguntado se os estrangeiros estariam decepcionados com o desempenho econômico do Brasil, Mesquita disse, nesta quarta-feira (15), que "eles esperavam uma atividade mais forte".

"A atividade econômica tem vindo mais fraca do que todo o mundo esperava", disse. "[Há] certa preocupação com o fato de a economia não estar acelerando, apesar de ter saído de uma recessão muito profunda."

Desde segunda-feira (13), Mesquita tem conversado com investidores estrangeiros nos Estados Unidos, em uma espécie de prévia para um tradicional evento do banco, o Latam CEO Conference.

O encontro, que começou nesta quarta e termina nesta quinta (16), reúne empresas brasileiras e latino-americanas em busca de parceiros comerciais globais.

Segundo o Itaú Unibanco, participam do encontro 79 empresas do Brasil e 35 da América Latina. São 450 investidores internacionais, entre eles grandes fundos como Blackrock, Dynamo e 3G.

Mesquita contou que, em 2018, o principal assunto da conferência era o processo eleitoral. Em 2019, os investidores querem detalhes sobre o andamento da reforma da Previdência e o ritmo de recuperação econômica.

"Os investidores têm reagido com certa preocupação ao ruído que vem de Brasília", disse.

Quanto mais demorada for a aprovação da reforma mais incerteza haverá sobre o formato final das mudanças. Isso faz com os investidores adiem aportes de dinheiro no Brasil.

Esse investimentos poderiam levar à recuperação mais rápida da atividade econômica.

"Por enquanto, as coisas estão em compasso de espera", disse Mesquita, em relação aos investimentos.

Ele espera pela aprovação de uma reforma "de razoável para boa". "Nossa perspectiva é que algo entre 50% e 75% do que foi apresentado vai ser aprovado."

O governo Jair Bolsonaro (PSL) estima uma economia de R$ 1,2 trilhão em dez anos.

Mesquita prevê que PIB (Produto Interno Bruto) agora deve estar crescendo apenas modestamente e a atividade econômica esteja apenas em uma recuperação moderada "em parte em razão da incerteza sobre a agenda de reformas". O Itaú Unibanco já traçou crescimento de 1% neste ano.

Questionados pela Folha sobre a avaliação do crescimento do Brasil, investidores presentes no evento do Itaú não quiseram comentar.

Akbar Causer, analista de renda global da Eaton Vance, empresa que participou do evento brasileiro, disse à Folha, por email, que também está decepcionado e esperava um crescimento maior do Brasil. Ele não compareceu à conferência.

“O mercado estava muito otimista depois da vitória de Bolsonaro e não estava calculando direito o risco de uma decepção em caso de problemas do governo em lidar com o Congresso e a rede complexa da política brasileira”, disse.

Ele disse esperar que o preço dos ativos também seja ajustado, pois foram superestimados por causa do otimismo inicial.

 Para Causer, a reforma só passa no fim do ano. “No entanto, se passar deste ano, será muito complicado porque irá desencadear uma crise de confiança no governo Bolsonaro”.

O atraso prolongado levaria, afirmou ele, a uma venda generalizada de ativos brasileiros.

“O mais importante é o crescimento, pois os investidores têm esperado pacientemente por crescimento há muito tempo e isso não aconteceu mesmo depois de o país passar por uma recessão tão grave”, afirmou.

Ilya Gofshteyn, estrategista-sênior do Standard Chartered Bank em Nova York, que não participou do evento do Itaú Unibanco, disse que os resultados econômicos do Brasil foram decepcionantes.

A reforma da Previdência, segundo Gofshteyn, é o principal foco da agenda do país. A expectativa, de acordo com ele, é que a reforma seja aprovada em setembro ou outubro, e não em junho ou julho.

Além de um atraso maior, o estrategista prevê que a economia para o país seja bem menor. Gofshteyn estima que seja entre R$ 500 bilhões a R$ 600 bilhões em dez anos --o que já "saciaria o mercado".

Ele disse também que os investidores estrangeiros já esperam há quase uma década por novas regras nas aposentadorias. "Sempre acontece algo no caminho, um escândalo [que impede a aprovação]."

Quando lhe foi perguntado se acreditava que a aprovação da reforma levaria um grande fluxo de investimentos para o Brasil, ele respondeu com cautela. As novas regras, porém, aumentariam a participação estrangeira no país e abriria caminho para a valorização do real.

Gofshteyn diz que os investidores nacionais estão mais otimistas do que os estrangeiros. No entanto, com os juros baixos, os investidores brasileiros da Bovespa acabam se protegendo com reservas em dólar e afetam a força do real.

Apesar da decepção, Gofshteyn considera que os investidores estrangeiros não devem olhar apenas o PIB do Brasil, mas também como o Banco Central deve agir sobre o crescimento do crédito, por exemplo, e o mercado internacional.

Mesquita, do Itaú Unibanco, disse que outra preocupação dos investidores é a guerra comercial entre China e Estados Unidos, que já a afetar a economia global.

 

ESTADÃO

País em marcha lenta faz lucro das empresas diminuir 5,7% no 1º trimestre

A paralisia da economia afetou a rentabilidade das empresas listadas em Bolsa no primeiro trimestre. Levantamento feito pela consultoria Economática mostra que o lucro líquido de 231 companhias abertas totalizou R$ 20 bilhões, queda de 5,74% sobre janeiro a março de 2018. Os dados, que têm como base os balanços entregues até as 18h de quarta-feira, 15, excluem os bancos, a Vale, a Petrobrás e a Oi, por distorcerem os resultados.

“Criou-se uma expectativa grande no mercado financeiro de que a economia do País iria se recuperar com a troca de governo”, diz Istvan Kasnar, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ebape). “Essa retomada não se concretizou nos primeiros cem dias e ainda há incertezas para os próximos meses. A queda da rentabilidade das empresas refletiu, em boa parte, essa frustração de expectativas.”

Ainda que o faturamento das empresas tenha crescido nos últimos meses, boa parte das companhias de capital aberto teve suas margens de lucro afetadas por aumento de custos represados anteriormente, afirmou Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim. Para ele, as empresas ainda vão demorar a atingir os patamares pré-crise, de 2014. “Houve recuperação entre 2017 e 2018, mas boa parte das companhias ainda é afetada pelos choques de custos, como energia e efeitos cambiais, por exemplo”, diz.

Com uma das energias mais caras do mundo, a indústria tenta levar adiante a pauta da redução de preços no governo. O plano do “choque de energia barata”, anunciado pelo governo em março, que previa a redução em 50% no custo do gás natural, ainda não saiu do papel.

Além dos reflexos da crise que se estendem desde 2014, e da demora na aprovação de reformas estruturais, que causaram impacto na confiança de consumidores e investidores, o cenário internacional não tem ajudado.

A crise argentina, por exemplo, derrubou o saldo comercial brasileiro no primeiro quadrimestre. Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da FGV, a balança comercial com a Argentina passou de superavitária para deficitária em US$ 3,1 bilhões.

A Volkswagen, por exemplo, colocou em férias coletivas os funcionários das fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté (SP). O motivo foi a queda no consumo da Argentina, seu principal destino de exportações. Apesar de a montadora não ter capital aberto no País, a iniciativa afeta fornecedores, como siderúrgicas e autopeças.

Já a crise entre EUA e China derrubou o comércio internacional, avaliam os economistas. Segundo estimativa da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a perda potencial do País com a disputa é de cerca de US$ 30 bilhões.

 

Analistas já projetam crescimento abaixo de 1%

Diante dos dados de atividade no primeiro trimestre e da ausência de sinais de recuperação consistente para o restante do ano, o movimento de revisão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 segue em pleno vapor e alguns economistas já estimam que a economia vai crescer abaixo de 1% este ano, mostra pesquisa preliminar do Projeções Broadcast após a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br).

O piso das estimativas é de alta de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), já a maior previsão é de 2,2%, que, por sua vez, deve ser revisada para baixo. A mediana das expectativas de 26 instituições é de 1,1%, abaixo da projeção da pesquisa Focus, de 1,45%. Na terça-feira, o ministro Paulo Guedes admitiu que a estimativa do governo caiu para 1,5%. Essa forte revisão para o número de 2019 também tem influenciado negativamente as previsões para 2020, que variam de 2% a 3%, com mediana de 2,5%.

Parte desse pessimismo deriva da percepção que o fraco desempenho do período de janeiro a março não deve mudar tanto nos próximos trimestres, uma vez que a principal trava é a incerteza fiscal, segundo economistas, que não deve ser diluída rapidamente.

Com a projeção mais baixa para o PIB de 2019, de 0,5%, a Kapitalo Investimentos explica que o número do ano é bastante influenciado pelo resultado do primeiro trimestre. Como a instituição avalia que a queda no período deve ser de 0,4%, calcula que seria necessário crescer 0,7% nos outros trimestres para resultar em um PIB de 1%, sendo que a média de crescimento desde o início da retomada é de 0,3%.

O BNP Paribas também já estima PIB abaixo de 1% este ano. Ontem, o banco reduziu a projeção de 2% para 0,8%, citando efeito negativo da desaceleração global e o atraso na tramitação da reforma da Previdência.

 

 

 

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