Terça-feira

VALOR

Reforma da Previdência poderá ser votada hoje

A maioria dos partidos favoráveis a reforma fechou acordo ontem para não apresentar nenhum destaque ou emenda à reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados e, com isso, tentar concluir a aprovação em dois turnos ainda esta semana - o que evitaria que os parlamentares voltassem para seus Estados e fossem pressionados a mudar de voto pelos eleitores.

Pelo planejamento dos líderes, o primeiro turno seria hoje, amanhã seria destinado aos destaques dos partidos que não entrarem no acordo e o segundo turno seria votado até sexta. Enquadrado, o PSL do presidente Jair Bolsonaro desistiu de propor a flexibilização das regras de transição dos policiais. Segundo os líderes dos partidos, o acordo já contava com PP, MDB, PRB, PTB, DEM e PSDB até a noite de ontem.

Ainda faltavam o PL, que tinha prometido emendas para excluir os professores da reforma e para abrandar a regra de transição dos policiais, o PSD, que se reunirá hoje para avaliar se faz ou não destaque para abrandar as regras dos policiais, e o Cidadania. O SD, ligado à Força Sindical, não entrou no acordo e vai propor modificar a regra de transição, para um pedágio de 30% do tempo que falta para aposentadoria.

A percepção do Centrão, contudo, é que não terá apoio. Já o PSL, que é pressionado por parte da bancada ligada à polícia a fazer emenda para abrandar a regra de transição, decidiu apoiar o texto aprovado pela comissão especial. "Não vamos fazer nem apoiar nenhum destaque. Somos governo", disse o líder do partido na Câmara, deputado delegado Waldir (GO). "Os policiais já estão bem contemplados. Tem idade menor que as outras carreiras, de 55 anos, e paridade e integralidade", afirmou.

Após reunião com líderes partidários, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e com o secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmaram que há acordo para a aposentadoria dos profissionais de segurança aos 55 anos com integralidade, desde que tenham ingressado na carreira até a aprovação da proposta de emenda constitucional. "Para todos aqueles que estão na ativa, a integralidade está mantida", explicou Onyx.

A estratégia do governo é deixar em aberto a possibilidade de paridade e integralidade (aposentadoria igual ao salários da ativa) dos policiais federais, agentes penitenciários e socioeducativos federais que ingressarem entre 2013, quando ocorreu a reforma do governo Dilma, e a promulgação da reforma. A proposta remete a uma lei complementar com a qual policiais já tem obtido, na Justiça, esse benefício. A oposição negocia, com a bancada da bala, apresentar ela própria a emenda dos policiais.

O texto principal, com a instituição de uma idade mínima e fim das aposentadorias por tempo de contribuição, deve contar com bem mais que os 308 votos necessários, segundo as contas dos partidos favoráveis à reforma. Os publicamente contrários são, hoje, apenas um ou dois em cada sigla.

A oposição rejeita esse cálculo. "Levantamos Estado a Estado e tem só 261 votos", disse o deputado José Guimarães (PT-CE). Já os destaques preocupam o governo por uma real chance de desidratação da reforma. A oposição têm direito a nove e usará para pedir a supressão de pontos como as mudanças no abono salarial, no benefício de prestação continuada (BPC) e na regra de cálculo das aposentadorias. O governo terá que arranjar 308 votos a favor de cada dispositivo, tarefa considerada mais difícil.

 

Mercado reduz prêmio em juros futuros por otimismo com Previdência

Os investidores preparam-se para o feriado paulista da Revolução Constitucionalista, em que os mercados permanecerão fechados, otimistas com a tramitação da reforma da Previdência e colocam no preço dos ativos grandes chances de o projeto ser aprovado na Câmara dos Deputados antes do recesso parlamentar, que tem início no dia 18. É possível observar o posicionamento no movimento desta segunda-feira: os DIs operaram em queda e o mercado retirou prêmio de risco dos contratos.

O DI janeiro de 2021 foi de 5,67% para 5,63%, e o DI janeiro de 2025 passou de 7,03% para 6,95%. O DI janeiro de 2010 caiu de 5,83% para 5,79%. “Vejo uma probabilidade elevada da Previdência aprovada já nos preços dos ativos locais, mas acredito na continuidade de um bom desempenho estrutural dos ativos do Brasil passada a reforma.

Os obstáculos externos precisarão ser superados no curto prazo, mas o cenário de longo prazo para o país continua a ser construído em uma direção bastante positiva”, afirma Dan Kawa, diretor de investimentos na TAG, em análise. Apesar do movimento de queda das taxas, hoje o dia foi mais tranquilo, com um volume negociado menor.

O DI janeiro de 2020, por exemplo, girou cerca de R$ 30 bilhões hoje, em comparação com o volume médio negociado de R$ 38 bilhões dos últimos cinco pregões. “A média das operações hoje está 30% menor do que a média dos últimos cinco pregões”, afirma Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon Brasil, sobre o mercado. “As notícias do fim de semana sobre a reforma foram positivas, com as declarações do [Rodrigo] Maia e do Onyx [Lorenzoni] sobre a quantidade de votos esperados no plenário da Câmara. Foram mensagens positivas de agentes relevantes, por isso toda a curva de DI cai hoje”, explica o especialista.

O mercado tenta estimar o apoio dos parlamentares à reforma. Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), são necessários 308 votos a favor entre 512 deputados. Segundo o Valor apurou, como há praticamente um consenso entre os deputados que não são de oposição que a reforma é necessária, o texto principal é visto como virtualmente aprovado. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem calculado 340 votos nesta etapa, mas disse no sábado que o número “pode surpreender”.

Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que a estimativa “realista, pé no chão”, é de 330 votos. Os partidos que estão apoiando a PEC representam 373 votos no plenário. O Termômetro da Previdência, monitoramento diário da consultoria Atlas Político que o Valor publica desde março, mostra evolução no apoio da reforma, mas sem ter os votos suficientes para a aprovação. Segundo o estudo, a proposta conta com 133 deputados favoráveis e 119 parcialmente a favor. Com a soma dos dois (252), faltariam ainda 56 votos.

 

Giro diminui em véspera de feriado, mas Ibovespa tem novo recorde

Com as atenções concentradas no encaminhamento do projeto da reforma da Previdência ao plenário da Câmara, investidores locais continuam entusiasmados com o mercado de ações. As compras na bolsa foram bem menos intensas nesta segunda-feira (8), véspera de feriado em São Paulo, mas, por mais um dia, o Ibovespa aproveitou o fluxo para renovar máximas históricas.

Após ajustes, o índice fechou em alta de 0,42%, aos 104.530 pontos, renovando o recorde atingido na sexta-feira, de 104.089 pontos. Na máxima intradiária, o Ibovespa também renovou o recorde ao tocar os 104.679 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,2 bilhões hoje, bem abaixo dos R$ 12 bilhões de média diária negociada nos pregões de 2019.

A queda do fluxo vem por duas razões: o feriado estadual em São Paulo amanhã, que manterá a bolsa fechada e reduz a demanda no mercado, e também o forte fluxo comprador recente, que impõe algum limite a alocações adicionais dos gestores. Mesmo assim, claramente o investidor opera por aqui com mais entusiasmo do que se vê lá fora — em Nova York, os três principais índices de ações fecharam em queda.

“Com a maioria dos índices no vermelho em outros países, temos um indício de que fundos locais estão otimistas com questões locais, sobretudo a rápida tramitação da reforma”, afirma Glauco Legat, analista da corretora Necton.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prevê o início da votação do projeto de reforma em primeiro turno no plenário da casa para o fim da tarde de amanhã. Ele afirmou estar confiante na vitória e acredita que o resultado da votação “vai surpreender a todos”. Entre os desempenhos mais relevantes de hoje, Via Varejo ON (6,30%) foi o destaque do dia, seguida pelas companhias do setor de educação Kroton (5,81%) e Estácio (4,76%).

Entre as “blue chips” da bolsa, Bradesco ON subiu 0,66%, enquanto a PN caiu 0,46%; Itaú Unibanco PN recuou 0,27%. A Petrobras ON terminou com alta de 1,93%, enquanto a PN da estatal subiu 0,91%; a Vale ON teve valorização de 1,17%.

 

ESTADÃO

Projeção para alta do PIB recua novamente e passa para 0,82%

A expectativa de alta para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 passou de 0,85% para 0,82%, conforme o Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, 8, pelo Banco Central. Há quatro semanas, a estimativa de crescimento era de 1,00%. Para 2020, o mercado financeiro manteve a previsão de alta do PIB em 2,20%. Quatro semanas atrás, estava em 2,23%.

No fim de junho, o BC atualizou, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sua projeção para o PIB em 2019, de alta de 2,0% para elevação de 0,8%.

No Focus de hoje, a projeção para a alta da produção industrial de 2019 foi de 0,71% para 0,70%. Há um mês, estava em 0,47%. No caso de 2020, a estimativa de crescimento da produção industrial seguiu em 3,00%, igual a quatro semanas antes.

A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2019 passou de 56,19% para 56,10%. Há um mês, estava em 56,23%. Para 2020, a expectativa foi de 58,55% para 58,30%, ante 58,60% de um mês atrás.

Dólar deve ficar em R$ 3,80 no fim de 2019

O relatório de mercado Focus mostrou ainda manutenção no cenário para a moeda americana em 2019. A mediana das expectativas para o câmbio no fim deste ano seguiu em R$ 3,80, igual ao visto um mês atrás.

Para o próximo ano, a projeção para o câmbio permaneceu em R$ 3,80, igual ao verificado quatro pesquisas atrás.

Selic deve ficar em 5,50% ao ano, prevê mercado

Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica de juros) no fim de 2019 e 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta segunda-feira, 8, que a mediana das previsões para a Selic em 2018 seguiu em 5,50% ao ano. Há um mês, estava em 6,50%. Já a projeção para a Selic no fim de 2020 permaneceu em 6,00% ao ano, ante 7,00% de quatro semanas atrás.

No caso de 2021, a projeção seguiu em 7,50%, igual ao visto um mês antes. A projeção para a Selic no fim de 2022 permaneceu em 7,50%, também igual ao verificado quatro semanas antes.

No dia 19 de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a manutenção, pela décima vez consecutiva, da Selic em 6,50% ao ano. Ao mesmo tempo, vinculou eventuais novos cortes da taxa ao andamento da reforma da Previdência no Congresso. No comunicado sobre a decisão, o BC também disse que a recuperação econômica parou e avaliou que o cenário externo está mais favorável.

Já as projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019, 3,9% em 2020 e 3,9% em 2021. Elas constaram no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de junho.

No grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo, a mediana da taxa básica em 2019 seguiu em 5,50% ao ano, ante 6,50% de um mês antes. No caso de 2020, permaneceu em 6,00%, ante 6,50% de quatro semanas atrás.

A projeção para o fim de 2021 no Top 5 seguiu em 7,25%. Há um mês, estava em 7,50%. Para 2022, a projeção do Top 5 permaneceu em 7,00% ao ano, ante 7,50% de um mês antes.

IPCA para 2019 se mantém em 3,8%

Os economistas do mercado financeiro mantiveram a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - em 2019 e 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado há pouco pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA este ano seguiu em alta de 3,80%. Há um mês, estava em 3,89%. A projeção para o índice em 2020 permaneceu em 3,91%. Quatro semanas atrás, estava em 4,00%.

O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2021, que seguiu em 3,75%. No caso de 2022, a expectativa também permaneceu em 3,75%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,75% para ambos os casos.

A projeção dos economistas para a inflação está abaixo do centro da meta de 2019, de 4,25%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%).

As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019, 3,9% em 2020 e 3,9% em 2021. Elas constaram no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de junho.

No Focus de hoje, entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2019 seguiu em 3,72%. Para 2020, a estimativa do Top 5 seguiu em 4,00%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 3,91% e 4,00%, nesta ordem.

No caso de 2021, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,75%, igual ao verificado há um mês. A projeção para 2022 no Top 5 também ficou em 3,75%, ante 3,63% de quatro semanas antes.

Já a mediana das projeções do IGP-M de 2019 passou de alta de 6,53% para elevação de 6,59%. Há um mês, estava em 5,92%. No caso de 2020, o IGP-M projetado foi de alta de 4,14% para elevação de 4,10%, ante 4,09% de quatro semanas antes.

Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado, em especial os agrícolas.

Em junho, índice deve ter ligeira deflação

Os economistas do mercado financeiro mantiveram a previsão para o IPCA em junho de 2019, em deflação de 0,03%, conforme o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central. Um mês antes, o porcentual projetado indicava inflação de 0,11%.

Para julho, a projeção no Focus seguiu em alta de 0,20% e, para agosto, permaneceu em elevação de 0,11%. Há um mês, os porcentuais de alta eram de 0,21% e 0,11%, respectivamente.

No Focus de hoje, a inflação suavizada para os próximos 12 meses seguiu em 3,68% de uma semana para outra - há um mês, estava em 3,59%.

 

 ‘Estrelas podem se alinhar para o Brasil’, diz ex-diretor do BC

A rápida mudança nas perspectivas de juros dos Estados Unidos – de alta para queda – poderá representar uma janela de oportunidade para o Brasil retomar a trajetória de crescimento, avalia o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo. Ele explica que, se os juros americanos forem reduzidos, pode haver aumento da liquidez mundial no segundo semestre e o Brasil pode se beneficiar desse cenário, se já tiver aprovado a reforma da Previdência e sinalizar sobre um nova agenda pró-ambiente de negócios. “As estrelas podem voltar a se alinhar para o governo brasileiro.”

Depois de deixar o BC, em 2007, Azevedo se tornou sócio da Ibiúna Investimentos, que faz a gestão de mais de R$ 6 bilhões. A seguir trechos da entrevista:

O ano começou com expectativa de crescimento de 2,5%. O cenário mudou e hoje a previsão está abaixo de 1%. Como vocês veem esse novo quadro?

Até 2014 e 2015, tínhamos uma presença muito grande do Estado, seja por meio dos gastos diretos – que cresciam a uma taxa média real de 6% nos últimos 15 anos – ou pela expansão do crédito subsidiado. Nesse ambiente, o crescimento dependia muito da presença do Estado e, numa economia de pleno emprego, o setor privado estava mais retraído. Com a crise de 2015 e ajuste das contas públicas houve redução desse impulso vindo do Estado. Essa força que empurrava a economia foi retirada, o que abriu espaço para o setor privado entrar.

Mas há ambiente para o setor privado investir?

Essa é a questão. Para o setor privado ocupar esse espaço, é preciso ter confiança. Há algum tempo as perspectivas estão sendo frustradas. Quando Joaquim Levy entrou no governo (Dilma Rousseff), e (Henrique) Meirelles e Ilan (Goldfajn), no governo de Michel Temer, o mercado ficou animado. Mas o ímpeto foi frustrado. Quando passou o período eleitoral, houve um surto de confiança com a nova agenda do governo, mais favorável ao ambiente de negócio, ao crescimento econômico e à reforma da Previdência. Mas, por uma série de razões associadas a maneira como a política econômica vem sendo implementada e a dependência do executivo ao legislativo e ao judiciário, essa confiança retrocedeu.

É possível recuperar essa confiança?

Hoje há um ceticismo grande sobre a capacidade do governo entregar uma agenda que é construtiva e muito positiva. O governo vai ter de entregar uma série de medidas para conseguir dar nova perspectiva de menos incerteza no médio prazo. Isso é crucial para o País voltar a crescer.

Este ano está perdido em termos de crescimento?

É possível lançar neste ano as bases de um crescimento expressivo em 2020. Se o governo conseguir aprovar a reforma da Previdência e, em seguida, lançar uma agenda pró-ambiente de negócios, podemos terminar 2019 numa vertente maior de crescimento e entrar em 2020 com uma perspectiva positiva. Se isso for feito, 2019 não será um ano perdido. A reforma é crucial e tem duas questões importantes: como indico para a sociedade que sou solvente no longo prazo e que a minha trajetória de dívida/PIB não é explosiva. Outra questão é que a reforma ganhou um peso simbólico.

Como assim?

É uma reforma ampla, difícil de ser aprovada, difícil de ter apoio político e, por isso, virou simbólica do ponto de vista da capacidade de implementação deste governo. Se conseguirmos passar uma reforma da Previdência num prazo razoável e com um impacto relevante naturalmente as pessoas vão olhar e falar que tem uma parte grande do resto da agenda que provavelmente também será factível. Com isso, você começa a dar o benefício da dúvida e ter uma chance de ser o gatilho do crescimento.

Em março, a ideia era que passando a reforma viria uma enxurrada de dinheiro para o Brasil. Na sua visão, isso vai ocorrer?

Acho que vem uma parte dos recursos, mas menos do que viria em março. Nesse ponto há outros fatores importantes. O mundo está mudando muito rápido e é provável que tenha muito mais liquidez buscando oportunidade de investimento no segundo semestre do que tinha na virada de 2018 para 2019. No ano passado o Fed (Federal Reserve), que manda na liquidez mundial, falava em subir os juros. Nesse cenário, os investidores vendem tudo e compram dólar. Havia um processo de drenagem de liquidez. Mas houve uma guinada de 180 graus do Fed num prazo muito rápido, não usual. Agora, apenas seis meses depois, estamos discutindo se o Fed vai cortar 0,25 ponto porcentual ou 0,5 ponto na reunião deste mês. É uma mudança muito grande.

Qual é a implicação disso para o Brasil?

Pode sobrar muito dinheiro para o resto do mundo. Mas vai depender da evolução da guerra comercial. Se for uma guerra comercial mais branda e o crescimento global se estabilizar com a ajuda dos bancos centrais, aí podemos ter muita liquidez. Às vezes, ter sorte ajuda. E talvez Paulo Guedes (ministro da Economia) tenha sorte de contar com o mundo que lhe seja menos hostil. Com a reforma da Previdência aprovada, uma nova agenda anunciada em seguida e esse cenário externo, talvez o País seja capaz de reegantilhar o crescimento mais rápido e a gente passe a virada de 2019 para 2020 numa trajetória de crescimento bem mais promissora para o ano que vem. Então o cenário externo é muito importante. O timing dessa virada é importante.

Mas há a possibilidade de o mundo entrar em recessão.

Sim. Se entrar em recessão, os bancos centrais vão cortar muito mais os juros e, nesse cenário, todo mundo quer dólar. Aí não vai ter dinheiro para o Brasil. Mas se tiver uma guerra comercial branda e o crescimento estabilizar, daí vai haver muita liquidez, que vai buscar oportunidade de investimento. E o Brasil pode se beneficiar. Essa é uma consideração importante. Outra coisa importante: da guerra comercial para guerra cambial.

Já há também uma guerra cambial?

Com os EUA crescendo mais que o mundo, todo mundo foi para o dólar. Agora, com a economia americana mais lenta, os EUA vão ficar mais perto de todo mundo. Se o dólar começar a se enfraquecer é razoável que isso vá ocorrer num ambiente de convergência de crescimento. Só que neste momento a única força motriz de crescimento que você tem em algumas partes do mundo, em particular na Europa, são as exportações. A Europa não aguenta nesse momento um euro forte. Resultado: na hora que os Estados Unidos começam a enfraquecer, ou mudar sua política monetária, o banco central europeu corre na frente e fala: eu vou cortar muito mais. Se os dois cortarem, o Japão também vai cortar; então você cria um ambiente de que todo mundo quer evitar que a sua moeda aprecie. Você cria um ambiente de juro para baixo.

Esse cenário é favorável ao Brasil?

A questão é: o Brasil tem condição de jogar esse jogo? Neste momento, sim. Isso é mais uma coisa que ajuda o BC brasileiro a conseguir trazer a taxa de juros mais pra baixo com uma menor perspectiva de gerar inflação. Tudo conspira com um ambiente que pode ser mais favorável. Pode dar errado se o mundo entrar em recessão. Mas as estrelas podem voltar a se alinhar para o governo brasileiro. E aquela oportunidade que foi perdida em março pode ser retomada se a reforma da previdência for aprovada e o governo for rápido no anúncio e implementação do resto da agenda. O resto do mundo pode se alinhar e podemos ter uma virada de 2019 para 2020 muito mais promissora. Tem muito “Se”. É um cenário provável, difícil de avaliar, mas é um cenário plausível.

Falando sobre Ibiúna, essa trajetória de vocês no Banco Central e na gestão de ativos. O olhar na hora de fazer gestão é diferente?

Quero crer que sim. Acho que o que nós fazemos é operar estratégias macro muito associadas a juros e câmbio. O arroz com feijão disso aqui é analisar política monetária no Brasil e no resto do mundo. E um componente crucial dessa análise é você antecipar qual a função reação do banco central. Como é que aquele banco central reage ao mesmo conjunto de dados. Vou dar um exemplo: o banco central do Ilan reagiu muito diferente ao banco central do (Alexandre) Tombini. Você antecipar qual a função reação é uma coisa muito importante nesse business de avaliar política monetária do Brasil no mundo. E acho que ter estado lá dá uma perspectiva sobre como é o processo de tomada de decisão, quais são as variáveis mais importantes. Para um mesmo conjunto de informações, você saber como é que a função reação funciona ajuda muitíssimo. Acho que isso a gente faz bem. Isso é uma vantagem comparativa que a gente tem na Ibiúna.

E Ibiúna tem quanto de ativos?

Pouco mais de R$ 6 bilhões sob gestão, distribuídos em três famílias de fundos. Temos nove anos. Começamos em maio de 2010 e o primeiro fundo começou a operar em novembro de 2010. Três famílias de fundos: tem a família macro, que Mario (Torós, ex-diretor do BC) e eu estamos a frente, tem a família de private equity, que é tocada por André Lion, que se juntou a gente em 2011, e tem a família de previdência, com quase R$ 500 milhões em previdência, que é um híbrido das duas estratégias. Tem um gestor que toca o fundo de previdência, mas ele utiliza na verdade as posições que têm nos fundos macro e equity.

E qual o desempenho?

No Macro, Ibiúna Hedge ST, 164% do CDI desde agosto de 2012, quando foi criado; em 2019, 9,59% ou 302% do CDI.

 

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