Quinta-feira

VALOR

Copom corta Selic de 6% para 5,5%, menor patamar da história

O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros de 6% ao ano para 5,5%, em linha com a expectativa dos economistas de mercado. Foi a segunda queda consecutiva, levando a Selic para nova mínima histórica.

O colegiado também sugere que um novo corte deve acontecer no próximo encontro, em outubro. No comunicado que anunciou a decisão, o Banco Central (BC) avalia que “diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”.

O colegiado também avalia que o risco inflacionário ligado ao andamento das reformas deixou de ser preponderante, como fez em comunicados e atas anteriores. “O Copom avalia que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas enfatiza que perseverar nesse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”, afirma o comunicado.

Para o Copom, os indicadores de atividade econômica sugerem um processo de retomada econômica - a perspectiva é de continuidade em ritmo gradual. Em comunicado da reunião anterior, o Copom falava em “possibilidade” de retomada do processo de recuperação da economia. “No cenário externo, a provisão de estímulos monetários adicionais nas principais economias, em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes. Entretanto, o cenário segue incerto e os riscos associados a uma desaceleração mais intensa da economia global permanecem”, diz o Copom, no comunicado.

Na reunião anterior, o Copom retomou depois de 16 meses os cortes da taxa básica de juros, diminuindo a Selic de 6,5% para 6%. A taxa básica vem testando mínimas históricas desde o fim de 2017, quando atingiu 7%. Até então, o menor patamar desde o início do regime de metas de inflação, implantado em 1999, havia sido atingido em 2012 e 2013, quando a Selic ficou em 7,25%.

Entre 67 instituições consultadas pelo Valor na semana passada, todas calculavam corte de 0,5 ponto percentual, para 5,5% ao ano. Para o fim do ano, a maioria (formada por 39 instituições) espera que a taxa básica fique em 5%. Mas sete instituições esperam que a Selic encerre 2019 em patamar até menor, em 4,75%. Outras 12 instituições calculam baixa até 5,25%. Tendência de queda O colegiado volta a se reunir nos dias 29 e 30 de outubro. A sinalização é de que haverá um novo corte, para 5% ao ano.

 “O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”, disse o comitê, em comunicado. A indicação de mais um corte é idêntica à que havia sido feita na reunião passada, que levou à baixa da Selic de hoje. De forma similar, o Copom volta a avisar que “a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão”.

Segundo o comunicado, os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação. A avaliação é de que a conjuntura econômica segue prescrevendo uma política monetária estimulativa. “O Copom reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.”

 

Mercado vê possibilidade de juro abaixo de 5% após Copom

Com a decisão de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir o juro básico a 5,5%, economistas do mercado financeiro acreditam que o Banco Central tem condições de levar a taxa Selic abaixo dos 5% anuais.

Para Luis Bento, economista da Rio Bravo, o comunicado do Copom “surpreende positivamente” ao fazer indicativos claros da possibilidade de mais cortes de juros nos próximos meses. “O BC tem espaço para cortar para 4,75% ou menos, a depender dos dados de inflação”, avaliou.

Bento afirma que o BC pode prorrogar para a primeira reunião do ano que vem um eventual corte de 0,25 pp, mas “certamente a Selic encontra espaço hoje para ficar abaixo dos 5%”, de maneira que os mercados, sobretudo o de juros futuros, devem registrar ajustes logo amanhã.

Para Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultoria, a Selic pode cair abaixo de 5% ainda neste ano. “O que chama atenção são as projeções para inflação, que estão bastante abaixo da meta tanto nesse ano quanto no ano que vem”, afirma.

Segundo Thais, tanto no cenário de juros e câmbio de mercado quanto no cenário híbrido, que considera uma taxa de R$ 4,05 por dólar e a projeção de juros no fim de 2019 da pesquisa Focus, o BC aponta para uma inflação abaixo da meta.

Mesmo no cenário de câmbio mais depreciado e juros abaixo da Selic atual, “a taxa esperada de inflação em 2019 alcança 3,4% e para 2020, 3,8%, ou seja, abaixo dos 4% da meta”. A economista da Rosenberg também reforça que o BC classifica o cenário externo como desinflacionário para o Brasil. “Junto com as projeções isso sugere que o BC vê espaço para uma redução adicional da Selic, abaixo dos 5% da pesquisa Focus.”

Thais explica que após o comunicado a consultoria vai rever a estimativa para a Selic no fim de 2019 e para 2020. “Nossa projeção era de 5% no final deste ano. A gente vai aguardar a divulgação da ata da reunião e do relatório trimestral de inflação, mas provavelmente vamos migrar para uma projeção em torno de 4,75% ou 4,5% para este ano.”

O economista-chefe da Garde Asset Management, Daniel Weeks, acredita num corte de pelo menos mais um ponto, para 4,5%, mesmo com o dólar acima de R$ 4,00. “Os modelos de inflação do BC estavam muito conservadores e, agora,tornaram-se mais realistas”, afirma. Para ele, essa “correção” de cenário está alinhada à visão de que o efeito do câmbio é compensado à queda do preço das commodities.

“O modelo do BC aguenta um dólar acima de R$ 4,00”, diz. Dessa forma, o economista reitera seu cenário de mais dois cortes da Selic de 0,5 ponto neste ano, o que levaria a taxa para 4,5%. Mas ele observa que, se o dólar voltar para o nível da projeção contida na pesquisa Focus, de R$ 3,90, então o corte pode ser mais intenso, para 4%. Isso porque, no cenário em que são consideradas as estimativas de mercado para câmbio e juros, a inflação cai ainda mais, para 3,3% este ano e para 3,60% no ano que vem.

 

Com Selic menor, investidor deve procurar alternativas

As previsões se confirmaram e a Selic voltou a ser reduzida, para 5,5% ao ano. O investidor brasileiro, que costumava ver taxas bem mais elevadas, como os 14% que vigoravam em 2016, cada vez mais tem que aprender a lidar com os juros na mínima histórica. É um cenário novo, que deixa o mundo dos investimentos um pouco mais complexo. Se antes bastava deixar o dinheiro numa aplicação que seguisse o CDI, agora é preciso pesquisar melhor as oportunidades.

De acordo com o diretor da Planejar, o planejador financeiro Eduardo Forestieri, o investidor que quiser aumentar a rentabilidade terá de considerar pelo menos uma das duas estratégicas seguintes: ou se submete a maior risco ou estica o prazo do investimento. “A primeira recomendação é entender o cenário, saber quais suas expectativas e sua capacidade de entender risco e traçar um objetivo. Se você tem como objetivo retornos melhores que a taxa básica, tem que sair de pós-fixados, como fundos DI e poupança, e buscar oportunidades de investimentos mais rentáveis sabendo que, para isso, ou corre mais risco ou terá de alongar o prazo”, afirma.

Ele também diz que os títulos prefixados podem ser uma má ideia. No caso de haver uma reviravolta no cenário e a Selic subir, esses títulos prefixados podem perder valor. Dessa forma, sua rentabilidade cairia.

O estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua concorda que o momento é de ficar longe dos prefixados. “Se tudo der certo e a economia começar a andar, não tem espaço para cortar [os juros] mais. Acho difícil termos uma taxa estruturalmente tão baixa no Brasil por um período longo. Eu me manteria posicionado nos títulos curtos e na Selic. Não dá para tomar risco de juros.” Para ele, atualmente as ações oferecem uma melhor relação risco-benefício que os juros

 

‘Copom foi mais agressivo que o Fed’

Mesmo num momento de incertezas globais, em meio a riscos geopolíticos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou claro que há espaço significativo para a queda da Selic até o fim do ano - certamente, abaixo de 5%. O colegiado reduziu suas projeções de inflação, num movimento inesperado que o coloca, inclusive, numa posição até mais ousada do que outras autoridades monetárias, como o Federal Reserve e o Banco Central Europeu (BCE).

Essa é a avaliação de Fabio Akira, sócio-fundador e responsável pela área de pesquisa econômica da gestora BlueLine Asset. “O alinhamento na direção de afrouxamento monetário já existia desde que o Brasil começou a cortar juros. Mas agora o Copom se diferencia em relação aos BCs de economias desenvolvidas ao mostrar um conforto maior para corte de juros”, afirma Akira, que foi, por mais de uma década, economista-chefe do J.P. Morgan no Brasil.

Valor: Com as novas projeções de inflação do Copom, qual é o espaço sinalizado para o corte da Selic?

Fábio Akira: Sem dúvida, o espaço é bastante significativo. Eu confesso que estava esperando mudanças maiores na narrativa, principalmente, no cenário internacional e menos alterações nas projeções numéricas de inflação. Talvez com ajuste para cima das estimativas. Afinal, o modelo rodaria com taxa de câmbio mais depreciada em relação à última decisão. Daí veio a grande surpresa. A mudança mais radical veio com projeções numéricas, que caíram para 3,6% em 2020, mesmo usando uma hipótese de corte da Selic para 5% e câmbio mais depreciado que a última estimativa.

Valor: A presença do cenário híbrido - com câmbio constante e Selic do Focus - reforça a leitura?

Akira: O Copom fez questão de divulgar esse cenário no comunicado. Em geral, é apresentado apenas no Relatório de Inflação (RI). Mesmo nesse cenário que trabalha, talvez, com a pior das hipóteses para câmbio e mais agressiva para juros, a projeção fica em 3,8% - abaixo da meta de 4% em 2020. Isso dá um conforto grande para o BC testar novas mínimas históricas para a taxa Selic, certamente, abaixo de 5%. Falar de Selic a 4,75% ou 4,5% é bastante razoável.

Valor: A aposta de taxa Selic em 5% no fim do ano já começa a ficar conservadora?

Akira: As simulações de inflação vão ser convincentes o suficiente para economistas e investidores. Tanto a precificação no mercado de juros quanto o consenso dos economistas devem convergir para o cenário de Selic abaixo de 5%. A própria simulação do cenário híbrido mostra que a tolerância do modelo de inflação a variações na taxa de câmbio é muito grande.

Valor: No exterior, ainda existe a questão da peste suína, o salto do preço petróleo e uma sinalização mista sobre juros nos EUA. O Copom não está minimizando demais os riscos do cenário externo?

Akira: Quando ele mudou a descrição no cenário externo e tirou a avaliação de que é benigno, mostrou que está trabalhando com cenário de incerteza maior. Mas deixa bem claro que a incerteza está associada à desaceleração mais intensa da economia global. Não ficou explícito, mas ficou bem caracterizado, que o medo do Copom sobre o cenário externo é de mais desinflação.

Valor: Grandes bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve e o BCE, estão adotando estratégias para estimular a economia. Mas a política monetária vai ser suficiente para evitar uma recessão global?

Akira: Os bancos centrais dos países desenvolvidos estão tentando dar conforto para o mercado, só que é uma fase que o próprio mercado contesta quão eficaz a expansão monetária pode ser, dados os riscos geopolíticos. O Fed entregou o que o mercado estava precificando e sinalizou que, no cenário base dele, talvez não precise de muito mais estímulo. Mas o presidente do Fed, Jerome Powell, salientou bastante os riscos negativos derivados do cenário global.

Valor: Para muitos, o programa de compra de ativos recém-anunciado pelo BCE foi menos ambicioso que o esperado...

Akira: Por outro lado, ele assegurou o mercado que não vai interromper o programa até a inflação convergir para a meta. Não é contingente a um prazo, é contingente ao estado da economia europeia. As autoridades monetárias estão fazendo o papel delas e, mais recentemente, têm adotado um tom mais cauteloso.

Valor: Os BCs estão com a mesma sinalização de que o risco é de inflação para baixo?

Akira: Sim, eu diria que o Copom até se colocou agora mais agressivo, vis-a-vis o Fed e o BCE, em termos de comunicação de política monetária. O comunicado do Copom foi muito relevante, principalmente, em termos das projeções de inflação. Toda a atenção do mercado vai ficar no RI, quando o BC deve detalhar melhor o que mudou no modelo dele para ter projeções tão diferentes daquilo que o mercado estava esperando. O alinhamento na direção de afrouxamento monetário já existia desde que o Brasil começou a cortar juros. Mas agora se diferencia em relação aos BCs de economias desenvolvidas ao mostrar um conforto maior que as projeções numéricas sugerem para corte de juros.

Valor: O Copom foi mais agressivo que o Fed e isso pode gerar uma diminuição no diferencial de juros, um fator que joga contra o câmbio. Como isso deve afetar o cenário para o real?

Akira: O diferencial de juros ainda importante, mas está sendo menos determinante. O real está sendo penalizado pela situação na Argentina e por causa da visão sobre o dólar. Não acho que o diferencial vai disparar uma corrida contra o real ou uma espiral de depreciação, principalmente, se uma ação mais agressiva do BC nos juros tiver efeito no crescimento - esse é o principal fator para o desempenho do real. O otimismo sobre o crescimento do Brasil é mais importante do ponto de vista da retomada dos fluxos e pode compensar o efeito do diferencial de juros.

 

FOLHA

Dúvidas sobre retomada da economia e queimadas atrasam investimento no Brasil, dizem analistas

Investidores estrangeiros esperam resultados objetivos da agenda econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL) antes de colocar dinheiro no Brasil, mas a crise da Amazônia está atrasando ainda mais a aposta no país.

Analistas afirmam que, nas últimas semanas, dúvidas sobre as queimadas e o desmatamento na floresta —com repercussão internacional— estavam presentes em pelo menos 70% das conversas com investidores nos EUA e na Europa. O baixo crescimento da economia brasileira, porém, ainda é o principal motivo para afastar o aporte de recursos no país.

"O Brasil tem boas perspectivas, mas o fato é que a economia ainda não reagiu. Muita gente pensa que esperou até agora [para investir], que o Brasil parece um emergente melhor, mas os números não estão lá para provar isso. Quando aparecerem, talvez a gente consiga se destacar dos outros emergentes e receber um pouco mais de fluxo", afirma Carlos Sequeira, chefe de pesquisa de ações para a América Latina do BTG Pactual.

Apesar do avanço da reforma da Previdência no Congresso —aprovada na Câmara e com previsão de chancela do Senado—, as previsões do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil estão abaixo de 1% para este ano e, para 2020, o índice está em torno de 2%. Os dados estão acompanhados de baixa produtividade e pouco estímulo fiscal, o que afugenta investidores externos.

De acordo com os especialistas, a mensagem aos donos do dinheiro hoje é que o Brasil vai crescer devagar, mas continuamente, e que logo as reformas e abertura de mercado propostas pela equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) vão ter reflexo nos números macroeconômicos.

A avaliação é que a confiança dos investidores em relação ao país têm aumentado mas, com a escalada da crise da Amazônia, foi preciso acrescentar à retórica otimista mais explicações para tentar manter o quadro.

Nesta quarta-feira (18), por exemplo, 230 fundos de investimento —que juntos administram cerca de US$ 16 trilhões (R$ 65 trilhões)— pediram ao Brasil que adote medidas eficazes para proteger a região da floresta.

Chefe de renda variável para a América Latina do BTG Pactual, Will Landers afirma que os esclarecimentos recorrentes servem para dissipar as preocupações e evitar qualquer impacto maior em possíveis investimentos.

Durante evento nesta semana em Nova York, diversos analistas fizeram uma avaliação uníssona de que não haverá uma enxurrada de capital estrangeiro no Brasil —como era esperado após a eleição de Bolsonaro— mas que o cenário de crescimento pequeno, porém, constante pode se converter logo em investimentos.

Nenhum deles arrisca uma data para que isso aconteça, mas Landers, por exemplo, diz que o Brasil deve recuperar seu grau de investimento entre 2021 e 2022, o que seria mais um estímulo para o aporte de capital externo.

Os especialistas dizem ainda que a possibilidade de recessão global —agravada com a guerra comercial entre EUA e China e a imprevisibilidade do Brexit— é outro ingrediente na carteira de investidores que evitam o Brasil.

Quando o mundo entra em desaceleração, países emergentes são os mais afetados e, de acordo com os analistas, essa percepção é maior do que qualquer agenda liberal que agrade a empresários e investidores.

"Na hora que o investidor estrangeiro fala que tem que tirar o risco da mesa, [investir no] mercado emergente é justamente aumentar esse risco. Não importa que o Brasil está melhor que os outros, se tem agenda melhor que os outros. O fato é que o Brasil entra na categoria 'mercados emergentes', que está menos em voga porque as pessoas estão com medo [de arriscar diante da iminência de uma crise global]", conclui Sequeira.

 

Queda no custo do crédito deve ser pequena com corte na Selic, diz Anefac

O corte de 0,5 ponto percentual da Selic, anunciado nesta quarta-feira (18), deve ter pouco impacto no juros ao consumidor. Segundo a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), o custo médio do crédito deve cair 0,04 ponto percentual e ir a 6,6% ao mês.

"Existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores que, na média da pessoa física, atingem 116,29% ao ano. Isso provoca uma variação de mais de 1.800% entre as duas pontas" , afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac.

Para a pessoa jurídica, a taxa média de juros com a nova Selic cai na mesma proporção, de 3,33% ao mês para 3,29%.

 

Maioria de novos empregos paga até dois salários mínimos, diz Ipea

Em contrapartida ao recuo do desemprego no Brasil, a grande maioria das novas vagas geradas no país possui uma remuneração máxima de até dois salários mínimos, aponta análise do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).  

Segundo o relatório divulgado nesta quarta-feira (18), apenas as duas primeiras faixas salariais possuem saldos positivos, ou seja, o número de contratações supera o de demissões.

 "Para todos os demais níveis salariais acima, a dispensa de trabalhadores é maior que o total de admissões", diz o relatório do Ipea.

 De acordo com a documentação do instituto, nos últimos doze meses, os quatro maiores setores empregadores do país —indústria de transformação, construção civil, comércio e serviços— mostram uma criação maior de empregos com remuneração entre um e dois salários mínimos e uma destruição de vagas com salário superior a esse patamar.

"Em 2015 e 2016, com a crise batendo mais forte, não conseguíamos remunerar nem dois salários mínimos. Em 2019, mesmo começando a se recuperar, em 2010 e 2013 a diferença entre um e dois salários mínimos era muito maior", explicou Maria Andreia Parente, técnica de planejamento do Ipea.

 "Por mais que a gente gere vagas que remuneram de um a dois salários mínimos, ainda estamos em uma proporção menor do que aquela que vivemos no período pré-crise", acrescentou a técnica.

 Ela assina o estudo junto com Sandro Sacchet de Carvalho (técnico de planejamento e pesquisa) e Carlos Henrique Corseuil e Lauro Roberto Albrecht Ramos (ambos da diretoria de estudos e políticas sociais).

 O levantamento do Ipea indica que, a partir do segundo semestre de 2018, a geração de novos postos de trabalho com carteira assinada no Brasil apresentou maior dinamismo, chegando a 521,5 mil novos empregos criados no acumulado de 12 meses até julho deste ano.

 "Junto a esse bom resultado, as estatísticas também mostram, na margem, uma recuperação dos salários médios de contratação, embora estes, historicamente, mantenham-se abaixo dos salários de demissão", escrevem os pesquisadores do Ipea.

Para finalizar, a análise do Ipea diz que a grande maioria dos trabalhadores demitidos são aqueles que possuem menos permanência no cargo. Já a menor parcela dos dispensados é formada por aqueles que tinham mais de cinco anos no emprego.

 No fim de agosto, o IBGE  (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a taxa de desocupação no Brasil caiu para 11,8%, o que representa 12,6 milhões de pessoas desempregadas, contra 12,5% no trimestre imediatamente anterior (fevereiro a abril de 2019).

 A taxa de desemprego recuou no país, mas devido em especial à criação de vagas no mercado informal, que bateu novo recorde. O total de empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada teve um aumento de 3,9% (441 mil pessoas), enquanto o número de trabalhadores por conta própria subiu 5,2% (1,2 milhão de pessoas).

 

ESTADÃO

Efeito do corte de juros na recuperação do País não é consenso entre economistas

Se existe quase um consenso entre os economistas ao aprovarem a continuidade do corte dos juros básicos, os efeitos práticos da queda da Selic para 5,5% ao ano para a recuperação da economia ainda não são tão claros. Enquanto parte deles vê sinais de aumento de demanda por crédito, outros avaliam que o desemprego elevado e a demanda fraca ainda inibem investimentos e gastos das famílias.

O economista Sergio Werlang, da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (EPGE/FGV), é um dos que defendem que os juros básicos no patamar mais baixo da série histórica já causam efeitos positivos visíveis, apesar de a recuperação após a recessão seguir a passos lentos.

“O corte de juros é o canal clássico de política monetária. Para a continuidade da retomada da economia, é essencial que a taxa de juros de curto prazo siga seu rumo esperado, isto é, que o Banco Central continue cortando pelo menos mais duas vezes a Selic até que ela chegue a, pelo menos, 5% ao ano.”

Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, superintendente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), ressalta que os efeitos da taxa de juros mais baixa podem ser sentidos nas concessões de crédito para pessoa física com recursos livres (que inclui desde empréstimos convencionais a créditos consignados), que cresceram 5,1% em julho, segundo o Banco Central.

“São alguns sinais de que começa a melhorar e que podem continuar, mantidas as condições atuais. A liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também pode dar algum sinal positivo na demanda”, completa.

Os efeitos dos cortes de juros, no entanto, se perdem em uma economia que ainda de lado porque nem consumidor e nem empresários se sentem seguros para investir. Se para um pesa o endividamento das famílias e o desemprego em 11,8%, para o outro, a demanda reprimida segura investimentos.

O economista José Luís Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB) avalia que não há sinais de recuperação, mesmo com juros em queda. “Basta olhar para as filas de desempregados que se formam nas grandes cidades. A inflação deve fechar, pelo terceiro ano consecutivo abaixo da meta (em 4,25%, para 2019). Sinal de que a política monetária está conservadora demais. Os juros básicos poderiam estar em 3,5% ao ano e a economia teria mais espaço para reagir.”

O ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, José Júlio Senna, lembra que a sabedoria econômica ensina que é possível levar um cavalo até um riacho, mas não se pode obrigá-lo a beber água.

“A economia brasileira está enfrentando o mesmo dilema das economias desenvolvidas, em que as políticas de corte de juros não se refletem em aumento da tomada de crédito. As pessoas acumulam dívidas e incertezas e evitam tomar crédito.”

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, avalia que a queda de juros é positiva, embora os efeitos mais robustos na economia só devem começar a ser observados só no ano que vem. “Além disso, é preciso que se continue a pensar em políticas de queda do spread bancário (a diferença entre os custos para o banco captar recursos e o que ele cobra do consumidor).”

 

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