Quarta-feira

ESTADÃO

Concessionárias de rodovias têm R$ 20 bi em investimentos parados

Concessionárias de rodovias deixaram de fazer, em dez anos, R$ 19,7 bilhões em investimentos pactuados com o governo federal. O cálculo, atualizado, consta de documento do TCU (Tribunal de Contas da União) obtido pela Folha.

As pendências se referem a 36 obras de duplicação, construção de contornos rodoviários e de terceiras faixas, sob responsabilidade de 12 empresas que assinaram contratos para gerir estradas nos governos Lula (entre 2008 e 2009) e Dilma (entre 2013 e 2015).

Elas alegaram principalmente frustração de receitas e pediram recomposição do equilíbrio econômico-financeiro dos negócios, com aumento do valor dos pedágios, para levar os projetos adiante.

Auditoria do TCU julgada em setembro diz que as intervenções empacaram apesar de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ter autorizado, a juros subsidiados, R$ 17,2 bilhões em financiamentos para o setor entre 2004 e 2017 —o valor se aplica às operadoras como um todo.

Embora a concessão seja, essencialmente, uma forma de o poder público transferir obrigações à iniciativa privada, o governo continuou como mantenedor indireto dessas estradas. Em 2014, por exemplo, os recursos liberados pelo banco foram 53% do total arrecadado pelas empresas.

Ao fechar acordo para administrar uma rodovia, as concessionárias se comprometem a fazer melhorias nas pistas, além de manutenção e conservação, como contrapartida à cobrança de tarifas.

Pelas regras dos contratos, afirma o TCU, essas obrigações cabem ao contratado e independem de aportes do governo ou da ajuda de bancos oficiais. As concessionárias, no entanto, sustentam que o Executivo prometeu, na época dos leilões, apoio com financiamentos.

O TCU elenca uma série de fatores para a paralisia dos investimentos.

Para ganhar as licitações dos governos petistas, as empresas ofereceram descontos muito altos nos pedágios e, logo no início da operação, já pediram revisões dos valores.

As concessões da gestão Dilma obrigavam as empresas a entregar 10% das obras de duplicação para começarem a receber tarifas. O tribunal constatou que, em cinco de oito casos, foi feito só o necessário —ou um pouco mais– para a cobrança ser iniciada.

Há casos em que as empresas se fiavam em empréstimos do BNDES e de outros bancos oficiais, mas eles não saíram.

Outro problema é que a situação de caixa das empresas se agravou a partir de 2014. A recessão diminuiu a quantidade de veículos nas pistas e, em consequência, a arrecadação.

Além disso, com a descoberta de esquemas de corrupção pela Lava Jato, as companhias do setor mergulharam em aguda crise financeira.

Segundo o TCU, a inércia da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) também contribuiu para que os investimentos não saíssem. Cabe ao órgão punir as companhias por descumprimento de contratos, o que não teria ocorrido a contento.

Auditoria do tribunal, noticiada pela Folha em fevereiro, afirma que as concessionárias arrecadaram irregularmente R$ 1,2 bilhão porque a agência deixou de fazer abatimentos obrigatórios nas tarifas, autorizou reajustes sem previsão contratual e permitiu a ampliação injustificada de custos com equipamentos.

Entre os investimentos que emperraram, o mais alto, de R$ 3,8 bilhões, é a duplicação de 636 quilômetros da BR-163 (MS), a cargo da MS Via, do grupo CCR. A empresa alegou necessidade de revisão do contrato.

A Concebra ainda não duplicou 583 quilômetros das BRs 153 e 262, em Goiás e Minas, ao custo de R$ 3,5 bilhões. Seu controlador, o grupo Triunfo, envolvido na Lava Jato, não conseguiu financiamento do BNDES no valor pleiteado.

A Via 240, que opera a BR-040 entre Brasília (DF) e Juiz de Fora (MG), aderiu ao decreto da relicitação, lançado recentemente pelo governo como forma de resolver o problema das obras.

A norma regulamenta lei que prevê a devolução amigável da rodovia, mediante o cumprimento de obrigações, até a realização de novo leilão.

A concessionária tem cinco projetos paralisados, entre eles a duplicação de 501 quilômetros da BR, por R$ 3 bilhões. É controlada pela Invepar, da OAS, que pediu recuperação judicial após ser envolvida no escândalo da Lava Jato.

A ANTT informou que prestará esclarecimentos ao TCU. Em nota, sustentou que, ao constatar inexecuções que são de responsabilidade da concessionária, “aplica as penalidades previstas em contrato e os fatores de redução tarifária, no momento das revisões/reajustes anuais”.

A agência afirmou que sete concessionárias respondem a processos de apuração de inadimplência, que podem levar à caducidade do contrato. Nos demais casos, acrescentou, as inexecuções “têm causas diversas e complexas, como licenças ambientais, problemas com desapropriações e divergências nas soluções de engenharia das obras”.

A MSVia informou que tem operado a BR-163 (MS) apesar dos “pesados desequilíbrios contratuais” que entende não lhe serem imputáveis e que “foram reconhecidos pelo governo”.

“A concessionária ajuizou, no ano passado, ação de reequilíbrio do seu contrato de concessão solicitando sua revisão ou, alternativamente, a sua rescisão por culpa do poder concedente”, afirmou, em nota.

A Triunfo disse que suas operadoras “sempre perseguiram o cumprimento dos contratos de concessão e que algumas obras não foram executadas por razões alheias à vontade das mesmas”.

A empresa alegou que a Concebra foi prejudicada “com a quebra de confiança contratual pelo não financiamento do BNDES (uma promessa governamental na ocasião do leilão)”. E reclama que um reajuste de 10% no pedágio, devido à redução do número de mortes na rodovia, não foi aplicado em 2017 pela ANTT.

A Via 040 reiterou que fará “devolução amigável” de sua concessão. “O pedido está em análise pela ANTT e deverá ser celebrado um aditivo contratual com novas obrigações da concessionária até que seja realizado um novo leilão.”

A ECO101 disse que “enfrentou problemas conjunturais, como todas as demais concessões” do governo Dilma, como a crise econômica, que alterou, por exemplo, “a matriz do tráfego estimado para essas rodovias e a forma de financiamento anunciada antes dos leilões pelo BNDES”.

Segundo a empresa, dos fatores que comprometeram o cronograma das obras na BR-101, foi mais significativo o atraso na liberação de licenças ambientais.

A Arteris, responsável pela Autopista Litoral Sul, pontuou “que todas as obras de seus contratos ou estão em andamento ou estão devidamente reprogramadas”.

A Rota do Oeste informou que os serviços de duplicação (e obras contíguas) foram paralisados ao se esgotarem as tentativas de reequilíbrio do contrato de concessão, “diante de diversos eventos, inclusive a não obtenção do financiamento de longo prazo, contrariando compromisso firmado à época do leilão da concessão por parte do governo”.

A ViaBahia alegou que o governo está descumprindo o contrato, pois “deveria ter revisado a obrigação de duplicação condicionada [ao tráfego], que já reconheceu como inexequível, há 5 anos.”

A Eco-050 (ex-MGO) sustenta estar em dia com as suas obrigações e que, conforme aditivo celebrado com o governo, a duplicação da BR-050 “deverá ocorrer até 30 de junho de 2020”.

 

Novo programa de habitação dará 'voucher' para comprar, construir ou reformar casa própria

 A população de baixa renda que está nos municípios com até 50 mil habitantes será o foco do governo no novo programa habitacional que será lançado no lugar do Minha Casa Minha Vida. O modelo funcionará com um sistema de “voucher”, em que as famílias receberão recursos para comprar, construir ou reformar a casa própria.

O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, antecipa ao Estadão/Broadcast que o público potencial do programa é de famílias com renda de até R$ 1,2 mil mensais em média, mas o valor exato será definido de acordo com a região.

Segundo Canuto, o novo modelo usará como referência as 133 regiões intermediárias reconhecidas no País pelo IBGE. Esse recorte já segrega municípios com características semelhantes entre si. Por isso, cada uma dessas regiões intermediárias terá um valor máximo de renda familiar para que o beneficiário seja elegível ao recebimento do voucher. O objetivo é contemplar aquelas que não têm renda suficiente para ter acesso a crédito.

Além desses critérios, o governo ainda vai priorizar a população que vive em domicílios precários nos meios urbanos. A maior parte deles está justamente nos municípios com até 50 mil habitantes. Segundo o ministro, um em cada cinco cidades nessa faixa populacional no Nordeste tem domicílios precários. São 114.591 lares sem condições adequadas de habitação em 1.610 cidades.

Após definir os municípios que serão alvo do programa, o governo enviará técnicos para fazer uma pesquisa de campo sobre o mercado imobiliário local e identificar o tipo de voucher necessário – para comprar imóvel usado, reformar ou até construir uma nova casa – e o valor. Tudo será feito “na surdina”, afirma Canuto, para evitar que o movimento gere especulação imobiliária, aumentando os custos do programa e prejudicando o mercado como um todo.

“Identificado isso, vou para a última fase do processo seletivo. Eu sei quais são os vouchers que cabem naquele município, qual é a minha disponibilidade orçamentária e financeira. Em cima desse universo eu defino quantos vouchers vou focar para cada cidade e aí eu vou para as famílias”, diz o ministro.

As famílias serão selecionadas com base no Cadastro Único, base de dados que já é usada no Bolsa Família e que receberá alguns ajustes para servir de referência ao novo programa. A ideia, segundo Canuto, é realizar duas seleções ao ano. Todo o modelo está sendo desenhado em conjunto pelos ministérios do Desenvolvimento Regional, da Economia, da Cidadania e Casa Civil.

A primeira seleção deve ocorrer já no primeiro semestre do ano que vem, prevê o ministro. Mas ainda não há previsão de verbas para os vouchers no Orçamento de 2020. Segundo apurou o Estado, o Ministério da Economia ainda está trabalhando para buscar espaço e implementar a proposta.

Aspectos operacionais sobre como o dinheiro do voucher será repassado e como será feita a fiscalização para evitar mau uso dos recursos ainda estão sendo estudados pela equipe do governo. O programa também deve ter um novo nome – guardado a sete chaves e que deve ser anunciado apenas pelo presidente Jair Bolsonaro.

Valor do benefício

De acordo com Canuto, o governo evitou estipular um valor médio para o voucher porque a ideia é atender à real necessidade das famílias. Há regiões, como na Amazônia, em que a dificuldade logística para a entrega de materiais de construção acaba encarecendo uma construção. “A gente não vai enganar a família dando um voucher que ela não consiga construir”, garante.

“Se lá (na Amazônia) custar o dobro do voucher (do Estado) de São Paulo), que seja. Vão ser (casas) mais caras? Provavelmente sim. Mas não por isso deixarão de ser feitas”, afirma o ministro.

O objetivo, segundo ele, é retirar o intermediário do programa e permitir que os beneficiários participem do processo de escolha da casa. Assim, eles poderão decidir onde é melhor morar, como querem a casa, de acordo com alguns parâmetros dados pelo governo e respeitando o valor do voucher. “O beneficiário vai ser o dono do crédito”, diz.

Uma das críticas feitas ao Minha Casa, Minha Vida é de que muitos empreendimentos foram construídos em lugares isolados, dificultando deslocamentos e até deixando famílias sem atendimento médico ou escolar. “A gente aprendeu com o passado”, assegura o ministro.

Além disso, o novo desenho deve resolver outro problema, que é a convivência forçada entre os beneficiários de um mesmo empreendimento do Minha Casa, Minha Vida. Agora, dependendo do número de contemplados em um município, quem receber o voucher poderá se associar para construir um prédio ou um condomínio, mas isso será opcional.

Outras vantagens do novo modelo, na visão de Canuto, são a possibilidade de atender a um número maior de regiões e famílias e a maior efetividade do gasto. “Nosso indicador principal não é a quantidade de unidades habitacionais construídas, mas é se realmente conseguiu dar uma moradia, mudar a condição em que ela estava”, afirma.

Critérios adicionais para ajudar a definir prioridades estão sendo estudados. Há ideias de dar preferência aos vouchers, por exemplo, para mães com filho até três anos. O ministro garante, porém, que a metodologia será “clara” e “transparente”.

No Minha Casa, as seleções das famílias eram feitas pelas prefeituras, num processo que já foi alvo de ressalvas feitas diversas vezes por órgãos de controle.

O governo federal também negocia com as prefeituras a possibilidade de cessão de terrenos para que as famílias construam suas casas. Para o ministro, esse ponto não deve ser um gargalo porque as próprias prefeituras terão interesse em auxiliar num programa que ajudará a dinamizar a economia.

Num momento de forte restrição de recursos, o ministro alerta que o programa foi desenhado para priorizar quem mais precisa e que as cidades com mais de 50 mil habitantes “ficarão para um segundo momento”.

Financiamento

O governo identificou que as famílias com renda acima do valor médio de elegibilidade para voucher (R$ 1,2 mil) geralmente conseguem ter acesso a crédito, mas não nos custos cobrados pelo mercado. Para essa população, a ideia é continuar subsidiando uma parte do financiamento para a aquisição da casa própria, como já é feito em algumas faixas do Minha Casa, Minha Vida.

“A ideia é que o desconto para poder entrar no financiamento e o desconto na taxa de juros sejam feitos pelo FGTS”, diz o ministro. Não haverá mais qualquer subsídio do Tesouro Nacional para essa parcela da população. A fonte de recursos para o financiamento, porém, não necessariamente continuará vindo do FGTS.

“Há uma tentativa de fazer com outras fontes também. Mas isso está sendo discutido. Como é um financiamento, tem um retorno. Isso pode ser trabalhado com o mercado, não necessariamente por um fundo público”, afirma Canuto. A maior variedade na oferta de fonte de recursos, porém, ainda vai depender da análise dos bancos.

 

VALOR

Compulsório liberado pelo BC fica ‘empoçado’ e não vira crédito

A maior parte dos quase R$ 20 bilhões em depósitos compulsórios liberados pelo Banco Central para os bancos em julho acabou empoçada no sistema financeiro, sem atingir os desejados efeitos de ampliar o crédito e movimentar a economia. A avaliação é do próprio Banco Central, que calcula que apenas R$ 5 bilhões se transformaram em crédito, segundo balanço feito pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, em audiência realizada há algumas semanas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

O empoçamento de recursos nos bancos cria um desafio a mais para o programa do Banco Central de fazer uma substancial redução no volume de depósitos compulsórios da economia, que em agosto somavam R$ 442 bilhões. A lógica do BC é extrair valor de recursos que estão “escondidos” na economia, cuja liberação não cria despesa fiscal.

Questionado pelo Valor, o Banco Central não forneceu detalhes sobre como constatou que apenas R$ 5 bilhões dos compulsórios foram transformados em crédito. Em julho, quando os recursos dos compulsórios foram liberados, o total de crédito bancário encolheu R$ 6,5 bilhões; em agosto, aumentou R$ 35 bilhões.

As estatísticas oficiais revelam, porém, que quase a totalidade dos recursos liberados sob a forma de depósitos compulsórios foi absorvida pelo próprio BC, por meio das chamadas operações compromissadas. A liberação dos compulsórios foi o principal fator que causou a expansão de liquidez na economia em julho, com um impacto de R$ 19 bilhões. No mesmo mês, o BC recolheu R$ 32 bilhões nas operações compromissadas.

A expansão das compromissadas, por sua vez, levou ao aumento da dívida bruta do governo. Isso significa que, além de não estimular o crédito, a liberação de quase R$ 20 bilhões de compulsórios pesou em um dos principal indicadores fiscais do paí. O impacto foi de cerca de 0,3 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) na dívida bruta em julho, que naquele mês fechou em 79% do PIB (em agosto, foi para 79,8% do PIB). Especialistas ouvidos pelo Valor explicam que não surpreende que os recursos liberados pelo BC não tenham virado crédito.

“A variável fundamental para criar crédito não é a liberação de compulsórios, é a demanda das famílias e empresas para se endividar”, afirma o economista José Júlio Senna, ex-diretor do BC e chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Ele lembra que na Europa e outras partes do mundo os juros estão negativos, mas nem por isso as empresas estão tomando crédito.

“As empresas vivem o ‘debt overhang’”, diz, referindo-se a uma situação em que as empresas estão tão endividadas que não querem tomar novos empréstimos. O Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado na semana passada pelo Banco Central, mostra que no Brasil as pessoas físicas estão com índices de endividamento relativamente altos além de sofrerem com o elevado comprometimento de renda com o pagamento de juros.

As empresas vivem uma situação parecida, segundo o documento. Senna diz que, apesar de não ser um determinante para a expansão do crédito, a liberação de compulsórios é positiva. “O compulsório tem um impacto semelhante aos impostos no spread bancário”, diz. “A redução dessa distorção ajuda na queda dos juros cobrados aos tomadores finais de crédito.” No caso de compulsórios sobre depósitos a prazo, como os que foram liberados em julho, o impacto é menor porque os recursos que ficam retidos no BC são remunerados. O ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo de Freitas afirma que é natural que a liberação dos compulsórios vá levar a um aumento das operações compromissadas. “Só não levaria a um aumento das compromissadas se o Banco Central baixasse também os juros”, explica.

Se o BC não usasse as compromissadas para recolher os recursos que foram liberados por meio de compulsórios, os juros básicos da economia cairiam abaixo da meta definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Freitas lembra que recentemente o BC retomou os cortes na taxa básica de juros, o que favorece o crédito, mas ele pontua que o apetite das empresas e famílias para se endividar é importante. “A queda da taxa Selic favorece o crédito, mas a expectativa dos agentes econômicos é importante para que esses juros mais baixos impulsionem a economia.”

Alguns especialistas preveem que o Banco Central possa liberar o equivalente a 4% do PIB em depósitos compulsórios nos próximos dois anos. No sistema atual de administração de liquidez, que é feita por meio de operações compromissadas, isso provocaria uma alta no mesmo montante na dívida bruta. Esse impacto não ocorreria, no entanto, se a liquidez fosse absorvida por meio de depósitos voluntários, um novo instrumento de gerenciamento de liquidez que o BC sugeriu criar em projeto de lei que tramita no Congresso Nacional.

 

Guerra comercial e desapontamento com Fed podem levar mundo para recessão, diz Pimco

Existem duas situações que podem lançar o mundo em uma recessão: a piora da guerra comercial e uma decepção com o Federal Reserve, o banco central americano, afirmou, em entrevista ao Valor, Joachim Fels, consultor econômico global da Pimco, uma das maiores gestoras do mundo com US$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão.

“Devemos nos preocupar com dois riscos chaves, que podem levar o mundo para uma recessão. O primeiro, claramente, é uma escalada do conflito comercial entre Estados Unidos e China. O segundo é o Fed desapontar, ou seja, se não cortar tanto as taxas quanto os mercados estão precificando.”

Na Pimco, Fels lidera o fórum cíclico trimestral da gestora, que reúne nomes como o do ex-presidente do Fed, Ben Bernanke, Jean-Claude Trichet, ex-presidente do Banco Central Europeu, e Gordon Brown, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, entre outros notáveis. A casa trabalha com a possibilidade de o Fed cortar a meta da taxa dos Fed Funds mais quatro vezes até 2020, com duas reduções ainda neste ano. Apesar dos riscos elevados, Fels afirma que o cenário base da Pimco prevê a continuidade da expansão da economia global.

O motivo para isso é que os bancos centrais em todo o mundo têm afrouxado suas políticas monetárias, o que deve fornecer sustentação para uma retomada “mais para o segundo semestre do ano que vem”. Mas, alerta o especialista, “estamos entrando no período mais perigoso de todo o atual ciclo”.

O conselheiro econômico da Pimco comparou a situação de desaceleração econômica com o momento no qual um avião entra em modo de aproximação para descida. É um período que, “se a aeronave reduz demais a velocidade ou muda de maneira errada o ângulo de descida, pode cair”.

Embora veja o mundo em uma espécie de encruzilhada, que pode levar tanto à recuperação quanto à recessão, Fels diz que o Brasil pode estar perto de uma janela de oportunidades, se conseguir levar adiante reformas, como a da Previdência e a tributária. “São exatamente os tipos de reformas necessárias para, em primeiro lugar, atrair mais capital, com recursos internacionais de investidores, e também para dar suporte à demanda e produção domésticas.” Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Valor: O mundo caminha para uma recessão?

Joachim Fels: Estamos entrando no período mais perigoso do atual ciclo de expansão econômica, que agora já dura mais de dez anos. Nós estamos entrando em uma fase muito difícil e perigosa. E a razão é a desaceleração do crescimento global. A economia mundial está entrando agora no que poderíamos chamar de janela de fraqueza, que é quando a expansão começa a desacelerar para uma espécie de ‘stall speed’, ou seja, uma velocidade de aproximação de descida, de modo semelhante quando um avião diminui a velocidade para pousar. O problema é que se a aeronave reduz demais a velocidade ou muda de maneira errada o ângulo de descida pode cair. É um momento crítico no qual a economia global está entrando agora. Esse é um período em que a vulnerabilidade para a economia e os mercados financeiros será elevada. A questão é para onde essa janela de fraqueza vai nos levar? Quero dizer, trata-se de um caminho para a recessão? Ou vamos entrar no rumo de uma recuperação? Nosso entendimento é que vamos ter uma recuperação ao longo de 2020, mais especificamente a partir do segundo semestre do próximo ano. Esse é nosso cenário base. Isso porque estamos vendo os bancos centrais ao redor do mundo afrouxando as políticas monetárias. E acho que vamos ver ainda mais afrouxamentos pelos bancos centrais globais, incluindo o Fed nos próximos trimestres. Então, eventualmente, esse movimento deve levar a alguma recuperação na economia global. Mas os riscos são muito altos. E se você está voando em ‘stall speed’ ou se a economia está crescendo em ‘stall speed’ não é preciso muito para derrubá-la para uma recessão. Acredito que os próximos trimestres serão muito desafiadores. Haverá elevadas incertezas e elevados riscos de recessão.

Valor: O que então poderia dar errado e levar a economia global a uma recessão?

Fels: Acho que há dois fatores sobre os quais devemos nos preocupar mais, são dois riscos chaves, que podem levar o mundo para uma recessão. O primeiro, claramente, é o conflito comercial entre Estados Unidos e China, se ocorrer uma escalada futura. Ou seja, se as tarifas americanas continuarem a subir ou forem aplicadas em mais importações [do país asiático] e a China responder, desvalorizando sua moeda mais agressivamente. Esse cenário pode mergulhar o mundo em uma recessão. Esse talvez seja o maior risco atualmente que estamos enfrentando. Mas o segundo risco é o Fed desapontar. Ou seja, se o BC americano não afrouxar a política monetária, se não cortar tanto as taxas quanto os mercados estão precificando. Isso é um risco que pode disparar uma venda generalizada nos mercados acionário e de crédito. O aperto das condições financeiras pode levar a economia americana a uma recessão. O mercado precifica no momento três ou quatro cortes de taxas pelo Fed até o próximo ano. É por isso que os mercados têm estado relativamente bem e os spreads de crédito estão muito apertados, muito estreitos. É porque há uma expectativa embutida de um afrouxamento mais agressivo. Então, se o Fed não seguir o roteiro, se desapontar cortando menos do que o mercado precifica há o risco de o colapso dos mercados levar a uma recessão.

Valor: Quantas vezes o Fed vai cortar as taxas daqui para frente na avaliação da Pimco?

Fels: Acho que é provável que o Fed entregue o que o mercado espera. Achamos que é muito provável que o Fed faça um novo corte de 25 pontos-base neste mês. Também acreditamos que o BC vai cortar em dezembro. Com essas duas reduções, seriam quatro desde que recomeçou a afrouxar. E nós avaliamos que há grande possibilidade de o Fed cortar mais duas vezes no próximo ano. Uma das razões para isso é que a pressão inflacionária subjacente está ainda muito baixa. O último relatório de emprego nos EUA mostrou uma desaceleração bem significativa do crescimento da remuneração média por hora trabalhada, apesar de termos uma taxa de desemprego de 3,5%, a menor em 50 anos. E, importante também notar que a taxa de expansão do PIB dos EUA recuou para algo em torno de 1% na primeira metade do ano. Essa é a “velocidade de aproximação de descida” que mencionei antes. Por isso, acho que o Fed vai querer comprar mais seguro e estar mais protegido contra uma recessão.

Valor: O sr. acha que os bancos centrais globais vão conseguir administrar um pouso suave para a economia mundial?

Fels: Bem não estou tão certo quanto a um pouso suave para a Europa. Na verdade, a Europa já está em uma rota de pouso difícil. Quero dizer, apesar de a região não estar em recessão, já há sinais de um pouso turbulento. A Alemanha, a maior economia do bloco, já está em uma recessão técnica, no segundo trimestre o PIB se retraiu e, no terceiro trimestre, provavelmente, será negativo também. E o crescimento na Europa, como um todo, desacelerou para abaixo de 1%. Está, na verdade, perto de zero. Então não é preciso muito. Eu diria que a economia global e particularmente a Europa e a China têm tido uma desaceleração intensa. Ou seja, não chamaria isso de um pouso suave. Ok, apesar de ser um pouso turbulento, ainda não chamaria de recessão. No caso dos EUA, nosso cenário base é que a economia americana não deve cair em uma recessão. Mas, de novo, isso requer que não tenhamos uma deterioração futura no conflito comercial. E que o Fed faça o que é necessário.

Valor: O que o Sr. acha de uma coordenação entre políticas monetária e fiscal, conforme tem sido defendida por várias vozes no momento?

Fels: Nós achamos que é muito provável que nos próximos anos haverá uma coordenação de políticas monetária e fiscal em vários países. Não estou falando dos EUA, especificamente, mas de maneira genérica. Estamos em uma situação em que a política monetária em vários países tem muito pouco espaço para atuar com um afrouxamento. Vários têm taxas perto de zero ou negativas e os balanços dos BCs já estão muito grandes. É provável que uma coordenação do gênero ocorra quando a próxima recessão surgir. Ninguém sabe exatamente quando será, mas se e quando tivermos a retração nós vamos precisar de formas adicionais de estímulos, porque as políticas monetárias já estão muito esticadas. Então é muito provável que a política fiscal se torne mais ativa. No passado recente, já dissemos que a política fiscal será a nova política monetária. Isso no sentido de que será o único instrumento efetivo que resta para dar suporte à demanda na próxima recessão. Mas isso no geral. Falando em Estados Unidos, mais especificamente, é pouco provável que o Fed e o governo cooperem de maneira mais próxima em relação à política fiscal. O Fed é independente e tem interesse em manter essa independência. E também não está claro como o Fed conseguiria cooperar com a Casa Branca e o Congresso. Isso porque, frequentemente nos EUA, temos um governo dividido [considerando o Congresso também], ou seja, o Fed cooperaria com quem? Isso não é claro. Além disso, o Congresso é normalmente lento em implementar ações de política fiscal, ainda mais se houver um partido dominando a Câmara e outro o Senado. Então acho que nos EUA a possibilidade de uma cooperação entre política monetária e fiscal é, provavelmente, a menor entre as economias avançadas. É muito mais provável ver isso ocorrer no Japão, por exemplo, e na Europa. No Japão, na verdade, isso já está ocorrendo. Porque o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), apesar de formalmente independente, tem uma meta para a curva de yield. Eles têm uma política de controle da curva de yield para manter o yield de 10 anos perto de zero. Isso basicamente é um convite ao governo fazer mais política fiscal, porque o BoJ está garantindo que, se o governo emitir mais dívida e fizer uma política fiscal mais expansionista, o yield de 10 anos vai continuar onde está. Mais recentemente, com o pacote do Banco Central Europeu, podemos argumentar que um convite similar foi feito. O BCE fez um aceno para que os governos façam mais política fiscal, com o anúncio de que a instituição vai manter um programa de compras de ativos sem prazo para acabar. A autoridade europeia vai comprar 20 bilhões de euros por mês em títulos soberanos da região e reinvestir os vencimentos. Isso é algo que chamamos de um QE [afrouxamento quantitativo] infinito. Apesar de estarmos caminhando em uma direção de maior cooperação entre políticas monetária e fiscal, acho que os EUA estão ainda bem longe disso. Nos Estados Unidos poderia ser feito apenas indiretamente, com o Fed retomando o QE na próxima vez que as taxas estiverem perto de zero. E, talvez, o Congresso ou o governo eventualmente aceitem ter uma política fiscal [mais expansionista].

Valor: Quais as chances de o Fed reiniciar um programa de compras de ativos?

Fels: O Fed, na verdade, vai retomar a expansão do balanço em 30 de outubro. Mas não chamaria isso de um QE. Não é uma compra de ativos em larga escala com meta específica de afrouxar as condições monetárias. É mais uma tentativa de reduzir as tensões no mercado de financiamento interbancário de curto prazo e a volatilidade nesse mercado que emergiu nas últimas semanas. O Fed quer aumentar o nível de excedente de reservas. Mas é um ajuste técnico e não uma ação de política monetária. O objetivo é que o mercado de curto prazo funcione de maneira tranquila e os bancos tenham liquidez o bastante para evitar os picos nas taxas do chamado ‘money market’. O nível das reservas ficou muito baixo. Mas esperamos um anúncio do Fed em 30 de outubro, além do corte de taxa, de que vai começar a expandir o balanço com compras de T-bills [títulos de curtíssimo prazo do governo americano], além de papéis com vencimentos ao longo da curva. Mas esse é um programa pequeno e gradual para responder à volatilidade no mercado de financiamento interbancário.

Valor: Mas quanto o Fed precisa para o colchão de reservas excedentes?

Fels: O Fed descobriu há algumas semanas que o colchão de reservas excedentes que eles achavam que era necessário [para manter a liquidez no mercado interbancário] precisava ser maior porque durante um período do mês grandes pagamentos de impostos são feitos. Nesses momentos a liquidez seca. Provavelmente, são necessários mais US$ 200 bilhões a US$ 250 bilhões para o colchão de reservas excedentes. O Fed tem adicionado algo em torno de US$ 75 bilhões diariamente [em operações repo]. Ok, mas isso ocorre dia após dia. Com o tempo, a demanda vai subir. O Fed precisa levar isso em conta, que a demanda por está subindo em um ritmo significativamente alto.

Valor: O cenário internacional será um obstáculo para o Brasil retomar o crescimento?

Fels: Havia falado sobre a janela de fraqueza para as economias globais, mas no caso do Brasil, e também para outros mercados emergentes, nós podemos talvez falar sobre uma janela de oportunidades. É uma janela de oportunidades para prosseguir com reformas domésticas, que podem reduzir a dependência do Brasil e outros emergentes da economia e comércio globais. Acho que essa janela está amplamente aberta, particularmente no Brasil, no momento. A reforma da Previdência parece estar à beira de ser aprovada e uma reforma tributária sendo discutida. Esse seria o próximo passo. Essas são exatamente os tipos de reformas necessárias para, em primeiro lugar, atrair mais capital, recursos internacionais de investidores, e também para dar suporte à demanda e produção domésticas. É sempre o caso de não apenas estimular a demanda, mas também da necessidade de criar incentivos para investimentos produtivos. O Brasil tem feito muitos estímulos domésticos para a demanda. Acho que as reformas têm como objetivo retomar o investimento. Então acho que essa é uma conjuntura muito interessante. No momento, a economia global está enfraquecendo e o conflito comercial se intensificando. Isso, obviamente, são más notícias para os mercados emergentes, incluindo o Brasil, se o ambiente global se deteriorar. Mas, ao menos, vocês têm uma conjunção de políticas, na qual algumas reformas parecem que vão acontecer. Se ocorrerem, será bem importante também para nós que o cenário para os mercados emergentes se torne mais construtivo.

Valor: As eleições presidenciais americanas no próximo ano representam um risco atualmente?

 Fels: Sim, é um risco adicional que se soma àqueles que já mencionei. Estamos indo em direção a um ano de elevada incerteza política nos EUA. E há duas razões para isso. A primeira é o imprevisível processo de impeachment [aberto na Câmara dos Deputados dos EUA contra o presidente Donald Trump]. A segunda é a escolha do candidato dos Democratas. Haverá incerteza até, pelo menos, a primavera [do Hemisfério Norte] no ano que vem, até março, abril ou mesmo maio, antes que saibamos qual será o candidato democrata. Alguns dos nomes na corrida pela candidatura democrata tem propostas [econômicas e regulatórias] relativamente radicais. Acho que será uma fonte de volatilidade e de incerteza para os mercados. Acredito que exista uma grande chance de o escolhido ter, em alguma medida, propostas mais radicais do que outros candidatos do partido no passado. Mas, no momento, é realmente difícil, diria quase impossível, prever o resultado dessa corrida.

Valor: Há risco de a escolha de um candidato democrata com postura menos moderada levar a uma queda dos mercados?

Fels: Não há um líder claro na disputada pela nomeação, então teremos de esperar até, ao menos, março, quando teremos uma “superterça”, com primárias do partido Democrata ocorrendo em vários Estados americanos. Os participantes do mercado têm ficado preocupados com algumas propostas apresentadas pelos concorrentes, como tributação sobre patrimônio e elevação de impostos. Mas algo que é preciso ter em perspectiva é que para essas políticas se tornarem realidade é preciso que o próximo presidente tenha uma “supermaioria” no Senado. Acho improvável que os democratas consigam uma supermaioria, o que significa ao menos 60 cadeiras. Ou seja, mesmo se os EUA tiverem um presidente com visões, de algum modo, mais extremas isso não significa que essas visões vão se tornar realidade. Não é impossível, mas é pouco provável que um dos partidos tenha maioria tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.

Valor: Qual o cenário base para o processo de impeachment de Trump?

Fels: A Câmara provavelmente vai aprovar o impeachment, mas o Senado vai vetar. Nos parece o resultado mais provável no momento. Os democratas conquistaram a maioria na Câmara, mas os republicanos detêm a maioria no Senado. Nos parece que, até o momento, não vai parecer nenhuma informação nova que possa ser revelada [e mudar o quadro].

 

J.P. Morgan rebaixa previsão para Selic para 4,50%, no fim de 2019

O J.P. Morgan anunciou a revisão das projeções para a taxa Selic e espera, agora, mais dois cortes neste ano de 0,5 ponto percentual (p.p.) cada, de forma que a taxa encerrará 2019 em 4,5% ao ano — hoje, ela está em 5,5% e há mais duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O último corte previsto pela casa no atual ciclo de afrouxamento monetário seria de 0,25 p.p. no próximo ano.

Dessa forma, segundo relatório do banco, o juro básico da economia deve cair para 4,25% até fevereiro de 2020, período em que deve durar o ciclo atual de reduções do juro no Brasil. A previsão anterior era de que o ciclo se encerrasse com a Selic em 4,75%. “Continuamos prevendo um gradual aperto do ciclo até o fim do ano que vem, com altas de 0,25 p.p. nas últimas três reuniões do ano.

No nosso modelo, a Selic converge para a faixa dos 5% até o fim do ano que vem para recompor o núcleo de inflação que deverá subir de alguma forma”, disse o banco, em relatório a clientes. O J.P. Morgan afirma ainda que as perspectivas para a economia doméstica permanecem únicas, porque o Produto Interno Bruto (PIB) falhou em acelerar de forma consistente, como ocorreu em outros momentos de recuperação no passado. “Mas a aprovação da reforma da Previdência e o compromisso contínuo do governo com a melhora das regras fiscais atuais reduziram significativamente o prêmio de risco no Brasil”, afirmou o banco.

 

Juros futuros acompanham dólar e fecham em alta

Em um ajuste de posições após cinco pregões consecutivos de queda, os juros futuros encerraram a sessão regular desta terça-feira (15) em firme alta, que se espalhou de ponta a ponta da curva. O avanço das taxas ocorreu em conformidade com a valorização do dólar, que, no Brasil, mostrou-se mais forte do que em outros mercados emergentes.

Os vértices intermediários e longos foram os que observaram maior recomposição de prêmio de risco, em um dia no qual os agentes se atentaram tanto a questões internas quanto externas para realizar lucro.

O sinal de alta dos juros futuros se deu desde o início do dia. A operação da Polícia Federal contra o presidente do PSL, Luciano Bivar, esteve no radar dos investidores na seara interna, enquanto o noticiário internacional indicou cautela quanto ao futuro das relações comerciais sino-americanas, após relatos de que a China teria condicionado comprar produtos agrícolas americanos à retirada de tarifas impostas pelos Estados Unidos desde o início das disputas comerciais.

“Os juros caíram muito nos últimos dias. Qualquer ruído interno ou alta dos rendimentos dos títulos lá fora faz os investidores diminuírem um pouco a posição nos DIs”, afirmou José Raymundo Faria Junior, sócio-diretor da Wagner Investimentos. Para ele, a movimentação em torno do PSL “foi apenas o gatilho para uma realização de lucros nos juros futuros, mas que não tira o viés de queda”.

A perspectiva de que o grau de afrouxamento monetário deve ser ainda mais agressivo do que se esperava tem ganhado força recentemente. A Genial Investimentos é uma das casas que espera que o ciclo de cortes na Selic termine somente em 2020, com o juro básico a 4% e o juro real em níveis próximos de zero. Esse fator, para o economista Tiago Tristão, da Genial, poderia “diminuir o fluxo de moeda estrangeira para a renda fixa, mas o efeito líquido seria incerto”, já que a atratividade do mercado de ações poderia aumentar.

A perspectiva de que os juros continuarão em níveis baixos, contudo, não impediu a realização de lucros nesta terça, nos juros futuros. No fim da sessão regular, às 16h, a taxa do DI para janeiro de 2020 subiu de 4,91%, no ajuste anterior, para 4,917%; a do contrato para janeiro de 2021 passou de 4,57% para 4,61%; a do DI para janeiro de 2023 foi de 5,55% para 5,63%; e a do contrato para janeiro de 2025 avançou de 6,24% para 6,33%.

O presidente-executivo da BTG Pactual Asset Management, Eduardo Guardia, comentou o rumo da Selic nesta terça-feira à imprensa, ao dizer que o juro a 4% “é viável”, a depender do andamento “de tudo, do mundo, do país”. De acordo com o ex-ministro da Fazenda, “a curva de juros já precifica 4,5%”. “Pode ser menos que isso? Pode. Com 4% ou 4,5%, esse seria o principal fator de dinamismo para a retomada econômica”, disse.

Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou seu relatório com as perspectivas para o crescimento econômico mundial, a expansão da economia brasileira deve acelerar de 0,9% este ano para 2% em 2020. O nível de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, contudo, foi revisado para baixo, de 2,4% estimados anteriormente pela instituição.

O FMI, aliás, aponta que a política monetária pode continuar acomodatícia, desde que as expectativas de inflação continuem ancoradas. Ao menos no momento, esse cenário continua intacto. As taxas de inflação implícita, calculadas pela Renascença com base no futuro de cupom de IPCA (DAP), indicavam inflação de 3,59% em 2020, nível bastante inferior ao do centro da meta do BC para o próximo ano (4,0%). No fim de setembro, as taxas de inflação implícita indicavam IPCA em 3,86% em 2020.

Faria Junior, da Wagner Investimentos, nota, ainda, o ligeiro avanço dos rendimentos dos Treasuries diante da menor expectativa de um afrouxamento agressivo na política monetária americana pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA). Os contratos dos Fed funds, compilados pela CME Group, indicavam, na tarde desta terça, 19,7% de chance de duas reduções de 0,25 ponto percentual nos juros até o fim do ano contra mais de 40% observados na semana passada.

Na avaliação da presidente da distrital de São Francisco do Fed, Mary Daly, as duas reduções nas taxas de juros promovidas pelo banco central neste ano devem dar apoio ao crescimento econômico nos EUA, apesar da incerteza no comércio global e do desaquecimento da economia mundial. “Essa acomodação deve ajudar a economia a continuar crescendo para que possamos fazer progresso nas nossas metas de pleno emprego e estabilidade de preços”, disse a dirigente.

 

Seria viável taxa básica de juros chegar a 4%, diz Guardia, do BTG

A reforma da Previdência deve ser aprovada pelo Senado no próximo dia 22, mas ela sozinha é insuficiente para a retomada do crescimento econômico e dos investimentos no país, segundo Eduardo Guardia, sócio do banco BTG Pactual e CEO do BTG Pactual Asset Management. O ex-ministro da Fazenda considera, porém, que a Selic mais baixa terá algum efeito na expansão da atividade, especialmente a partir de 2020.

Em evento com a imprensa, o ex-ministro da Fazenda disse achar viável que a taxa básica de juros da economia caia para até 4% ao ano. Para este ano, o banco estima um crescimento de 0,8% do PIB, chegando a 2% em 2020. “Não dá para cravar, mas 4% é viável. Precisa ver o andamento de tudo, o mundo, o país. A curva de juros já precifica 4,5%. Pode ser menos que isso? Pode. Com 4% ou 4,5% esse é o principal fator de dinamismo para a retomada econômica. É suficiente para voltar a níveis de 3% ou 3,5%? Não, é preciso avançar em algumas áreas.”

Para Guardia, além de atuar como principal gatilho de crescimento da economia brasileira, uma taxa de juros menor cria um ambiente propício para investimentos em renda variável. Em entrevista coletiva, ele disse ver um potencial de deslocamento grande de recursos da renda fixa para ações. Conforme exemplificou, a indústria de gestão de fundos hoje, com cerca de R$ 5,2 trilhões, tem R$ 2,165 trilhões em fundos de renda fixa, enquanto dentro do bolo de R$ 880 bilhões na Previdência, R$ 800 bilhões estão também na opção mais conservadora. “Do total de R$ 5,2 trilhões, praticamente R$ 3 trilhões estão na renda fixa.”

O executivo não fez estimativa do potencial de migração, mas citou que só olhando para a exposição dos fundos de pensão dá para ter uma ideia de quanto a bolsa pode atrair em recursos novos. A média atual está em 18%, considerando-se na conta grandes portfólios como o da Previ, Petros ou Funcep, percentual que já foi, no conjunto, 36% em 2007.

 “Estamos falando de 18 pontos de uma indústria de R$ 900 bilhões, R$ 1 trilhão. Se voltar para lá, olha a quantidade de dinheiro só de fundo de pensão que tinha no passado. Quanto vai vir, a velocidade, é difícil ter uma resposta, mas se olha o macromovimento... os EUA não chegaram a 50% [investido pelos fundos de pensão em ações] do dia para noite. Nós estamos entrando no movimento.”

Agenda econômica

Para Guardia, a aprovação das regras de revisão da aposentadoria pública é só a pré-condição para colocar o país de volta ao jogo do crescimento. “Sem a Previdência, não tem teto de gasto, não tem [equilíbrio] fiscal”, disse. “A Previdência é a condição necessária para que possa restabelecer a confiança, mas há uma série de outras coisas na agenda micro, a regulamentação de setores como gás, petróleo, o investimento que está vindo para ferrovias, rodovias e portos.

 Cada discussão leva tempo, o programa de concessões não surgiu hoje.” Guardia disse que, se ainda estivesse no governo, após a pauta da Previdência, privilegiaria as discussões em torno da reforma administrativa, porque ela atacaria mais diretamente os gastos públicos, um dos principais problemas fiscais do país.

O executivo comentou ainda a operação de busca e apreensão da Polícia Federal na sede do BTG Pactual a partir da delação do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, no início deste mês. A ação foi assimilada de forma completamente diferente do evento de 2015, que culminou com a prisão do banqueiro André Esteves.

Segundo Guardia, o investidor entendeu que as denúncias estavam erradas, com Esteves absolvido de todas as acusações. “Aqui não teve nenhum fato novo e o banco já se comunicou por fatos relevantes. Não há nada para dizer além dos fatos relevantes”, comentou Guardia em entrevista coletiva. “A mensagem importante é que o nosso cliente entendeu o que aconteceu, não há nenhum fato novo, nada diferente do que foi divulgado lá atrás. Continuo conversando com clientes, parceiros, fundos de pensão. Vamos continuar crescendo. Não tem impacto no negócio.”

Sobre o alardeado caso do fundo que teve retornos expressivos com apostas em juros, que faz parte da denúncia de Palocci, Guardia enfatizou que a asset do BTG não tinha responsabilidade nenhuma na gestão. Como administrador, o banco calcula a cota, faz a contabilidade do fundo e avalia o enquadramento, mas não cabe a ele se manifestar sobre investimentos e também não participa dos resultados. “A gente não sabe o que o gestor faz. Só pode interferir se o gestor for contra a política do fundo. Se o mandado é negociar juros, compra e venda, ele faz o que quiser.”

 

FOLHA

ARTIGO

Vinicius Torres

Juro chega à mínima histórica, mas falta coragem ou capacidade para investir

Desde a semana passada, a taxa básica de juros no mercado é a mais baixa da história de que se tem registro. Está perto de 1% ao ano e deve ir abaixo disso nas próximas semanas. Trata-se aqui da taxa básica dos negócios com prazo de um ano, descontada a inflação esperada. É uma espécie de piso dos juros de mercado, a taxa no atacadão de dinheiro grosso, digamos.

É uma novidade exótica o Brasil ter juro real perto de zero, mesmo com economia deprimida –por falar nisso, convém verificar suas aplicações de renda fixa mais comuns, que vão render nada ou menos do que isso, pelo próximo ano, ao menos.

Trata-se de novidade desperdiçada, em parte. O país parece um morto de sede que vê água fresca cair e sumir na terra esturricada. Por exemplo, jamais houve condições tão boas, em termos financeiros, para se conceder obras, como estradas e ferrovias, para empresas privadas. No entanto, faltam projetos, regras atrativas e, talvez, perspectiva de que não haverá loucuras econômicas ou regulatórias daqui a alguns anos. O país costuma surtar, como sabemos.

No final dos anos 1990 e começo dos 2000, o governo paulista privatizou (concedeu) um monte de estradas. A taxa real de juros andava pela casa de 15% ao ano (alturas onde andava também, óbvio, a exigência de retorno das concessionárias, que levaram um negócio gordo). Agora, o dinheiro está barato e em tese sobra capital no mundo. Quede os projetos, licitações etc.?

Sim, as estradas de São Paulo já eram boas, passam pelas regiões mais ricas do país, um negócio quase garantido. Não é o caso normal das estradas brasileiras. Além do mais, quem investiria na construção de estradas novas ou quase isso? Ainda assim, estamos jogando fora a água fresca do juro baixo e, afinal, mais de vinte anos de experiência de privatização. Qual o problema?

Sem investimento privado, não haverá quase obra alguma. Este 2019, o investimento federal será o menor deste século. Na lista dos projetos que receberam mais dinheiro até agora (verba empenhada), não há nenhuma grande obra de infraestrutura. Dos vinte maiores orçamentos, seis são militares (compra de caças, de avião cargueiro, controle de espaço aéreo, estaleiros, submarinos, veículos militares).

Dos R$ 18,8 bilhões empenhados até agora, R$ 4 bilhões vão para a Defesa e R$ 5,4 bilhões para a Infraestrutura –desse dinheiro, dois terços vão para apenas para a manutenção de rodovias e a dragagem de um porto. O maior projeto de infraestrutura é uma adutora em Pernambuco (R$ 474 milhões). Depois, a ferrovia oeste-leste, na Bahia (R$ 283 milhões) e um conjunto de obras picadas em saúde e escolas.

É uma tragédia, nota-se mesmo com essa pincelada rápida nos dados. O governo quase não vai investir mais nos próximos anos, por uma conjuntura adversa: há obstáculos fiscais (déficits), econômicos, políticos e ideológicos. Mas não há projetos públicos bastantes para aproveitar os juros baixos com concessões, como se escreve aqui nestas colunas faz quase meia década.

Quanto a investimentos em capacidade produtiva, as empresas podem levantar capital barato no mercado (que de fato tem crescido), mas ainda têm muita capacidade ociosa e medo do futuro, de uma economia cronicamente estagnada. Sim, o crescimento deve melhorar um tico, de agora em diante, com essas taxas de juros historicamente baixas. Mas ainda será uma ninharia, dadas as necessidades.

 

'Mais precisa ser feito' para Brasil manter crescimento econômico, diz FMI

O FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou a projeção do PIB brasileiro em 2019, mas afirmou que "mais precisa ser feito" em termos de reformas fiscais e estruturais para que o país entre de vez em uma rota de crescimento econômico.

A economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, afirmou nesta terça-feira (15) que o Brasil "registrou alguma recuperação e melhora" nos índices econômicos este ano, com destaque para o avanço da reforma da Previdência no Congresso. No entanto, ponderou que as incertezas políticas que envolveram a negociação do projeto refletem de forma negativa nos números do país e que é preciso concluir as reformas para superar a crise.

"A reforma da Previdência está em progresso. Isso é bom mas, isso posto, mais precisa ser feito", disse Gopinath em coletiva à imprensa em Washington. "Esperamos que, com mais reformas, as perspectivas melhorem."

Oya Celasun, chefe da divisão responsável pelo documento Perspectiva Econômica Mundial do FMI, por sua vez, acrescentou que o Brasil cresceu cerca de 1% nos últimos anos e, este ano, "apenas 0,9%."

"Esperamos esse progresso nas reformas fiscais e estruturais para a confiança na economia começar a ser percebida."

Os dados sobre a atividade econômica no Brasil já divulgados para o terceiro trimestre deste ano mostram que a economia segue em trajetória errática, sem sinais de retomada consistente e ainda depende do consumo das famílias e dos setores de comércio e serviços.

Investidores nos EUA, por exemplo, afirmam que têm adiado colocar dinheiro no Brasil porque o andamento das reformas no Congresso não tem se refletido nos índices econômicos e, sem crescimento, avaliam que é melhor não apostar no país agora.

O FMI divulgou nesta terça o relatório "Desaceleração global da manufatura, barreiras comerciais em elevação", no qual aumenta a projeção do PIB do Brasil em 2019 de 0,8% —estimativa em julho— para 0,9% agora. Em 2020, a previsão passou de 2,4% para 2%.

Na esteira da guerra comercial entre EUA e China e a desaceleração da economia global, o Fundo também previu a diminuição do ritmo de crescimento mundial para 3% este ano, o menor patamar desde a chamada Grande Recessão, dez anos atrás. Para 2020, o cenário no mundo é de pequena recuperação, com alta projetada de 3,4%, mas ainda abaixo do crescimento de 2018, de 3,6%.

 

'Esperamos ver dados de setembro para revisar PIB de 2020', afirma presidente do Bradesco

O Bradesco aguarda o desempenho da economia brasileira nos próximos meses para bater o martelo quanto à melhora das suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano, de acordo com o presidente do banco, Octavio de Lazari. "Vamos esperar um pouquinho para ver como vai reagir a economia em setembro, mas a expectativa foi boa e outubro me parece que também. Nosso economista chefe, Fernando Honorato, já está com essa missão e provavelmente (nossa projeção para o PIB) será revisada para esse e o para ano que vem a depender de como a economia andar", disse ele, ao Broadcast, durante a premiação Empresas Mais, promovida pelo Estadão em parceira com o Broadcast.

O Bradesco espera que a economia brasileira apresente expansão real de 0,80% neste exercício e 1,90% no próximo. Ontem, o Itaú Unibanco revisou para cima suas expectativas para o PIB brasileiro. O banco espera que o PIB deste ano cresça 1,0% ante projeção de 0,8% enquanto que a expectativade 2020 saiu de 1,7% para 2,2%.

De acordo com Lazari, as expectativas para a economia brasileira em 2020 são melhores e embutem uma esperança de crescimento mais acelerado do crédito. "Com a taxa de juros no nível em que está e a inflação controlada e, certamente, teremos a aprovação da Reforma da Previdência em novembro e outras reformas que estão vindo, acreditamos que o ambiente econômico e político e a própria confiança dos empresários e dos consumidores estará melhor e o ano que vem teremos possibilidade maior de crescimento", avaliou o presidente do Bradesco.

Nesse cenário, é "natural" esperar uma aceleração do ritmo de crescimento do crédito em 2020, segundo o executivo. As pessoas físicas, conforme ele, seguem impulsionando a expansão das carteiras dos grandes bancos neste ano, enquanto que por parte das pessoas jurídicas a retomada foi postergada para o ano que vem, o que frustrou um pouco o desempenho do crédito neste ano.

"Aquilo que esperávamos de crescimento de crédito para esse ano, que infelizmente acabou não vindo, tendo em vista a expectativa de expansão da economia para 2020, o crédito também deve crescer mais", disse Lazari.

O crédito para pessoa jurídica, conforme ele, está "puxando" o ritmo de crescimento dos empréstimos para baixo, mas deve retomar em 2020. Pesa ainda, lembrou Lazari, um maior volume de operações no mercado de capitais que "tira" negócios do crédito tradicional. "Isso é sadio. O importante é que o conjunto cresça. Não precisa muito desde que seja constante", ressaltou o presidente do Bradesco.

Lazari espera ainda que os desinvestimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acelerem no próximo ano. “Tanto o presidente do BNDES (Gustavo Montezano) quanto o Ministro (da Infraestrutura) Tarcísio de Freitas estão fazendo um trabalho muito bem ajustado. É um trabalho de curto, mas, principalmente, de médio prazo. A pauta está ajustada”, avaliou ele.

A agenda de privatizações do governo Bolsonaro, a despeito da morosidade no BNDES, foi feita de forma organizada, o que, na visão do executivo, deve garantir o sucesso das execuções como por exemplo no setor de óleo e gás, dentre outros. “Ainda poderemos ter algo este ano (de privatizações e desinvestimentos no BNDES), mas o ano que vem essa agenda deve acelerar”, avaliou o presidente do Bradesco.

Sobre uma eventual crise no BNDES, com o pedido de licença do diretor André Laloni, responsável por vender as participações da BNDESPar, Lazari afirmou que o novo presidente do banco de fomento é “jeitoso, correto e coerente” e sabe da importância de tocar essa agenda. “Ele sabe da importância de cumprir essa missão para deixar o BNDES mais leve e vai conseguir reequilibrar isso (venda de participações do banco)”, ressaltou.

Lazari mencionou ainda o trabalho feito pelo secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, e disse que espera uma aceleração das privatizações também por parte do governo. De janeiro a setembro, as privatizações, desinvestimentos, concessões e vendas de ativos naturais da União somaram US$ 23,5 bilhões (R$ 96,2 bilhões). O valor ultrapassou a meta do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse, em janeiro, esperar um número de pelo menos US$ 20 bilhões neste ano.

 

 

 

 

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