Sexta-feira

Média e alta rendas puxam os lançamentos de imóveis no 3º tri

A demanda de imóveis para as rendas média e alta - estimulada por redução de juros e pela maior oferta de crédito habitacional - continuou a dar o tom do desempenho operacional do setor de incorporação no terceiro trimestre. Enquanto Cyrela, Even Construtora e Incorporadora, EZTec e Trisul elevaram o Valor Geral de Vendas (VGV) lançado, as companhias focadas na baixa renda como Direcional Engenharia e MRV Engenharia apresentaram volumes menores.

Entre as empresas com foco na baixa renda, Tenda foi a única que lançou mais do que no terceiro trimestre de 2018. RNI Negócios Imobiliários não apresentou produtos ao mercado. Considerando-se apenas a parte própria das incorporadoras nos empreendimentos, as oito companhias lançaram, em conjunto, R$ 4,852 bilhões, de julho a setembro, com alta de 28% na comparação anual.

As vendas líquidas tiveram expansão 35,2%, para R$ 4,319 bilhões. “O desempenho das incorporadoras de média e alta renda veio em linha com o que esperávamos. As vendas de lançamentos estão super fortes e as de estoque estão boas. Cyrela foi o destaque do trimestre”, diz o analista de mercado imobiliário do Itaú BBA, Enrico Trotta.

Outro analista setorial afirma que as perspectivas para as empresas do segmento são bastante positivas para o quarto trimestre. Em relatório, o Credit Suisse ressaltou que os lançamentos da Cyrela foram uma “surpresa bem-vinda”, enquanto as vendas de estoque também foram positivas. Na avaliação do banco de investimentos, se a demanda continuar a crescer, a Cyrela poderá operar a níveis superiores a R$ 4 bilhões por ano, o que tem potencial para adicionar valor às ações da companhia.

A Cyrela divulgou lançamentos totais (incluindo a parcela dos sócios nos projetos) de R$ 1,777 bilhão, no trimestre, com incremento de 93,6%. Em nove meses, o VGV chegou a R$ 4,411 bilhões. Se considerada somente a parte própria lançada pela incorporadora fundada por Elie Horn, houve alta de 76%, para R$ 1,244 bilhão de julho a setembro. No trimestre, Even elevou lançamentos em 87%, para R$ 239 milhões. Na Trisul, a alta apresentada foi de 3,6 vezes, para R$ 338 milhões.

O crescimento do VGV lançado pela EZTec foi de 128%, para R$ 242 milhões. Em nove meses, o VGV da EZTec chega a R$ 949 milhões e, considerando-se a apresentação do EZ Parque da Cidade, feita no quarto trimestre, os lançamentos chegam a R$ 1,525 bilhão. As vendas líquidas da EZTec tiveram incremento de 186%, no trimestre, para R$ 343,2 milhões. O Credit destaca que a velocidade de vendas de estoques da companhia atingiu a marca de 18,2%, a maior desde o segundo trimestre de 2013.

 Apesar do crescimento expressivo de 28% dos lançamentos do trimestre, houve uma desaceleração da alta, ao longo do ano, ante o intervalo equivalente de 2018. No acumulado de janeiro a setembro, as oito incorporadoras aumentaram o VGV apresentado ao mercado em 44%. De julho a setembro, houve desaceleração nos lançamentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

No caso da mineira MRV, a paralisação na concessão de financiamento à produção dos projetos do programa pela Caixa Econômica Federal, de 26 de julho a 20 de setembro, resultou na queda de 3% dos lançamentos, para R$ 1,63 bilhão. A suspensão desses financiamentos e do repasse dos recebíveis dos clientes para a Caixa resultou da falta de recursos da União para a fatia de subsídios anteriormente prevista para as faixas 2 e 3 do programa.

Houve mudança da regra, e a obrigatoriedade de a União contribuir com esses subsídios foi retirada. Já a Tenda aumentou seu VGV lançado em 32%, para R$ 761,4 milhões no trimestre. A incorporadora apresentou seu primeiro projeto na Região Metropolitana de Fortaleza. No entendimento do Credit Suisse, a Tenda poderá compensar as margens mais baixas com maiores lançamentos. Segundo analistas, enquanto houve alguma frustração com os resultados da MRV, os da Tenda surpreenderam positivamente.

 

VALOR

Cenário econômico mundial continua com risco negativo, diz FMI

A nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, fez um breve resumo ontem dos objetivos a serem perseguidos pela instituição em sua gestão, iniciada neste mês. Boas práticas nas relações multilaterais, governança dos bancos centrais, políticas inclusivas e atenção às mudanças climáticas estão entre as questões a serem defendidas pelo Fundo junto aos países-membros.

 Segundo Georgieva, o cenário econômico mundial continua precário e com riscos negativos, refletindo as ameaças da guerra comercial e do aumento da vulnerabilidade financeira. Ela disse que é crescente o risco de que a guerra comercial transborde para a política monetária, cambial ou para o setor financeiro, ameaçando a estabilidade financeira global e comprometendo o avanço dos ganhos econômicos.

 Para a executiva, é preciso encontrar soluções para as disputas comerciais, inclusive removendo distorções domésticas e fortalecendo o sistema de comércio multilateral. Políticas domésticas devem buscar economias mais resilientes, adaptáveis e com mais inclusão. “Trabalhando juntos, formuladores de políticas podem construir pontes para um crescimento seguro que beneficie todas as pessoas.”

Segundo Georgieva, mesmo com as ações dos bancos centrais, a perspectiva de crescimento econômico em 2020 ainda é frágil. “Políticas domésticas e reformas devem reforçar a resiliência e endereçar mudanças sociais para assegurar sustentabilidade, inclusive crescimento e emprego”, afirmou. “Para proteger o crescimento e mitigar os riscos, é imperativo reduzir a incerteza atual, resolvendo as tensões entre fronteiras e reduzindo as barreiras comerciais”, afirmou.

Para ela, ter uma coordenação da taxação internacional que preserve as reformas pós-crise, a regulação financeira global e previna que um endividamento excessivo dos países de baixa renda pode reforçar a confiança. “Os formuladores de política devem garantir uma rede global de segurança financeira adequada com um forte Fundo em seu centro, que continue a apoiar os países necessitados.”

Georgieva disse que o FMI está desenvolvendo uma ampla agenda para aprimorar seus conselhos sobre questões monetárias e macrofinanceiras. Também está olhando para as práticas de governança dos bancos centrais e trabalhando numa nova estrutura de transparência para os BCs. O Fundo também continua buscando opções para que os países reforcem o crescimento inclusivo e ajudem a reduzir a desigualdade e a pobreza, com o objetivo de garantir oportunidade para todas as pessoas contribuírem e dividirem os benefícios da atividade econômica.

“Gastos sociais adequados, eficientes e fiscalmente sustentáveis são a chave para um crescimento econômico inclusivo, e nós estamos trabalhando para operacionalizar a estratégia adotada recentemente de envolvimento do fundo em gastos sociais.” “O Fundo foi criado para promover a cooperação monetária internacional e para ajudar os países a resolver disputas monetárias e cambiais. Nós vamos continuar a fornecer uma solução única, rigorosa, imparcial e consistente em termos multilaterais”, disse Georgieva.

E alertou ainda: “Os países devem evitar manipular as taxas de câmbio com o objetivo de obter um equilíbrio efetivo de ajuste de pagamentos ou uma vantagem competitiva injusta”. A diretora-gerente do FMI cobrou ainda dos formuladores de política que intensifiquem esforços para combater as mudanças climáticas. “A mudança climática é uma crise global”, disse. “Em resposta à cobrança por mais envolvimento de muitos membros, o FMI está avançando nos trabalhos sobre mudanças climáticas, incluindo ajuda aos membros para cumprir seu compromisso com o Acordo de Paris.”

A diretora-geral do Fundo disse haver “forte vontade” para seguir adiante com o plano de recuperação acordado em junho do ano passado, quando o FMI ainda estava sob o comando de Christine Lagarde, mas frisou que tal passo só será dado após conhecer os detalhes da política econômica a ser implementada na Argentina. “Estamos muito interessados em ver qual será o marco político que se estabelecerá e, quando soubermos, poderemos continuar a conversa”, disse.

A declaração ocorreu na véspera da reunião entre o FMI e a equipe econômica do governo de Maurício Macri, que estará representada pelo ministro da Fazenda, Hernán Lacunza, e o presidente do Banco Central argentino, Guido Sandleris. Sobre o Brexit, Georgieva disse que sem um acordo pode haver um impacto sobre o PIB do Reino Unido de 3,5% “ou mais”. Até mesmo uma saída com acordo teria um impacto relevante, de 2% do PIB, de acordo com a executiva. “Mesmo com um acordo, o Brexit também tem suas implicações, que já estão sendo absorvidas, já que esse acordo está sendo construído há três anos”, afirmou há pouco.

 A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional afirmou que o acordo entre Estados Unidos e China, chamado pelos governos dos dois países como “fase 1”, pode amenizar os efeitos negativos sobre o crescimento econômico mundial. As medidas anunciadas na sexta-feira passada, segundo ela, podem reduzir o impacto negativo previsto sobre o PIB global em 2020 de 0,8 ponto para 0,6 ponto percentual. Em entrevista concedida na manhã de ontem, Georgieva classificou como “positiva” a notícia de acordo do Reino Unido para deixar a União Europeia, embora ainda espere por mais informações sobre o teor desse entendimento.

 

Taxas futuras renovam mínimas à espera de corte agressivo da Selic

Nem mesmo a queda dos juros futuros para as mínimas históricas, embutindo a expectativa de um corte mais agressivo da Selic no Brasil, foi o bastante para promover uma nova reprecificação das ações. Um dia recheado de notícias - e um ambiente de continuidade de incertezas - aqui e no exterior levou o Ibovespa a anotar nova queda e o dólar a registrar mais uma alta.

No fim de um dia instável, o Ibovespa teve pequena baixa de 0,39%, aos 105.016 pontos, uma recuperação moderada em relação à mínima de 104.827 pontos, mas ainda mais longe das máxima históricas, acima dos 105 mil pontos. O dólar comercial fechou cotado a R$ 4,17, alta de 0,40%, no maior patamar em quase três semanas e consolidando o real entre as moedas de pior desempenho ante 33 divisas globais.

O fortalecimento do cenário de cortes mais robustos da Selic, no entanto, derrubou as taxas do mercado de juros, uma das medidas mais importantes de risco. Na sessão regular, a taxa do contrato de DI mais longo, para janeiro de 2025, saiu de 6,21% para 6,09%, enquanto a do contrato para janeiro de 2023 cedia de 5,50% para 5,41%.

Segundo analistas, os investidores ainda tendem a embolsar lucros conforme avança o Ibovespa porque o mercado de ações, até aqui, já registrou importantes ganhos - o índice chega ao último pregão da semana em alta de 1,14%, enquanto já avança no acumulado do ano 19,49%. Nesse caso, ruídos na frente local e, principalmente, o receio em relação ao nível de desaceleração global servem de argumentos para o investidor buscar alguma proteção, conforme o mercado ensaia um novo rali.

Numa outra ponta, o dólar comercial se fortalece contra o real sempre que as apostas de Selic mais baixa se renovam porque isso comprime o diferencial de juros em relação a economias desenvolvidas - tirando, assim, a atratividade do mercado brasileiro contra outros ativos considerados menos arriscados.

Ontem, comentários do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em encontro reservado com investidores em Washington ajudaram a reforçar a tese de que a autoridade está realmente preparada para seguir reduzindo a taxa básica de juros. Campos Neto disse, em evento organizado pelo J.P. Morgan nos EUA, que os leilões de dólares são feitos para atender a uma demanda do mercado à vista, mas que a autoridade monetária pode atuar na outra ponta, caso necessário, se notar algum fluxo extraordinário. “Isso é um fato novo porque o BC vende, mas nunca falou em comprar. É um novo elemento na equação”, diz Marcelo Giufrida, gestor da Garde Investimentos.

Se internamente os investidores esperam continuidade no afrouxamento monetário, lá fora a tendência é semelhante. Novos dados do índice de produção industrial dos Estados Unidos apontaram ontem para uma tendência de desaquecimento da economia, depois de apontar queda de 0,4% em setembro, abaixo das expectativas médias do mercado, que esperavam uma baixa menor, de 0,2%.

As incertezas na frente internacional, onde há dúvidas também sobre a negociação de saída ordenada do Reino Unido da União Europeia (Brexit) e sobre o acordo comercial preliminar entre China e EUA, ainda são tão presentes que as ações não conseguiram se aproveitar de uma reprecificação provocada pela forte queda dos juros futuros. A queda dos DIs, sobretudo os vértices mais longos, endossam a melhora na percepção de risco e o consequente aumento da atratividade da renda variável.

“Vejo um movimento de realização de lucros pressionando o Ibovespa depois das altas consecutivas. O investidor tem aproveitado para embolsar lucros. Alguns imbróglios políticos aqui envolvendo o PSL e o governo trazem um frio na barriga, pensando na base do governo e na aprovação da reforma da Previdência, mas não chega a ser algo tão preocupante no momento”, afirma Rodrigo Marcatti, sóciodiretor da do escritório autônomo Veedha Investimentos. “Se não estivermos falando de crise maior, as quedas abrem, inclusive, mais oportunidade de compra.”

 

BC adota tom favorável a mais redução de juros

O tom usado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em encontro fechado com investidores ontem, em Washington, foi considerado positivo em relação à retomada do crescimento, mas ainda mais favorável ao cenário de novos cortes de juros. Segundo relatos de participantes, brasileiros e estrangeiros, ele enfatizou que a desvalorização do real não tem contagiado a inflação, dinâmica que se reflete, claramente, no comportamento dos juros futuros, cujas taxas têm recuado, inclusive nos prazos mais longos.

O presidente do BC também disse estar muito confortável com a inflação projetada na última ata do Copom, de 3,6% - e comentou que, depois de ter sido criticado por profissionais de mercado, muitas casas estão revisando para baixo suas projeções e convergindo para o cenário traçado pelo BC.

Campos disse que o quadro de crescimento no mundo ainda é bem preocupante. Embora o cenário central continue sendo o mesmo, um risco de cauda, que passou a alimentar o debate sobre o uso de novas ferramentas de estímulo, ganhou força. No caso do Brasil, ponderou, há razões para acreditar em retomada.

Ele citou indicativos positivos vistos mais recentemente no setor de construção e melhora na oferta de crédito, além de projetos de infraestrutura. O presidente do BC aproveitou o encontro, promovido pelo J.P. Morgan, para reafirmar sua estratégia de atuação no câmbio. Segundo relatos dos participantes, Campos disse que, da mesma forma que atuou vendendo dólares, como fez recentemente, o BC pode entrar comprando, caso haja algum fluxo extraordinário, para evitar grande volatilidade no mercado.

Dado que há uma expectativa grande com a participação de capital externo no leilão do pré-sal, marcado para novembro, essas declarações acabaram fortalecendo o dólar ontem, segundo avaliação dos participantes.

Segundo esses interlocutores, Campos teria dito estar confortável com o nível atual de reservas internacionais e voltou a explicar que o BC tem atuado no mercado à vista porque é ali que há algum tipo de pressão. Uma das razões é que a tendência de as companhias pagarem antecipadamente suas dívidas - por conta dos juros mais baixos - acaba gerando demanda maior por dólares à vista.

 Campos ressaltou que o câmbio está se depreciando, mas, mesmo assim, o prêmio de risco no mercado de juros está diminuindo, o CDS (Credit Default Swap, métrica paralela de risco-país), caindo e a curva longa, tornando-se mais achatada. Ele repetiu que o BC não tem nenhum estigma sobre usar qualquer instrumento no câmbio e que é muito importante entender como o câmbio afeta o prêmio de risco e as expectativas de inflação. Neste momento, segundo ele, o BC vê um movimento muito mais saudável que no passado.

 

Brasil poderia crescer 1,54% neste ano se não fossem choques, diz Campos Neto

O Brasil poderia crescer 1,54% neste ano se não tivesse sido afetado por alguns choques importantes, segundo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Ele aponta que a projeção atual da pesquisa Focus é de expansão de 0,87% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas poderia ter crescido mais se não fossem os impactos de 0,18 ponto porcentual da crise na Argentina, 0,29 ponto da desaceleração global e de 0,20 ponto do desastre da barragem de Brumadinho (MG).

Os dados constam da apresentação de Campos Neto na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. O evento é fechado à imprensa, mas o BC divulgou os slides usados pelo presidente. Na apresentação, Campos Neto também aponta que a produção industrial brasileira tem uma correlação significativa com a produção dos principais parceiros comerciais, que está em queda mais firme.

Ele apresenta ainda gráficos sobre os fluxos de saída de recursos de emergentes e a posição líquida das reservas internacionais brasileiras. “Há expectativa de recuperação econômica. O IBC-Br mostra melhora recente”, diz. O dirigente do BC informa ainda que há um processo de democratização dos mercados de capitais, com o número de investidores na bolsa de valores superando 1,3 milhão recentemente.

Além disso, o volume de emissão de debêntures em 12 meses deve chegar em R$ 200 bilhões em 2019 e R$ 220 bilhões em 2020. Sobre política monetária, ele reforça que a “consolidação” de cenário benigno deve levar a novos cortes na taxa básica de juros. “A consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”, aponta Campos Neto.

O dirigente do BC reforça a mensagem do Comitê de Política Monetária (Copom), de que “os próximos passos da política monetária” dependem de outros fatores, como atividade econômica, balanço de riscos e projeções e expectativas de inflação. Segundo ele, a conjuntura econômica atual “prescreve política monetária estimulativa”, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

Da mesma forma que pode atuar vendendo dólares, como fez recentemente, o BC pode entrar comprando, caso haja algum fluxo extraordinário, para evitar grande volatilidade no mercado, afirmou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nesta quinta-feira. O comentário foi feito durante evento que reuniu representantes do mercado financeiro, tanto brasileiros quanto estrangeiros, promovido pelo J.P. Morgan, ocorrido a portas fechadas.

Segundo interlocutores presentes ao encontro, Campos teria dito estar confortável com o nível atual de reservas internacionais e voltou a explicar que o BC tem atuado no mercado à vista porque é ali que há algum tipo de pressão. Uma das razões é que a tendência de as companhias pré-pagarem suas dívidas, dado o quadro de juros mais baixos, acaba gerando uma demanda maior por dólares à vista.

Campos Neto ressaltou que o câmbio está se depreciando, mas, mesmo assim, o prêmio de risco no mercado de juros está diminuindo e o Credit Default Swap (CDS), métrica paralela de risco-país, está caindo. Ele repetiu também que o BC não tem nenhum estigma sobre usar qualquer instrumento no câmbio e que é muito importante entender como o câmbio afeta o prêmio de risco e as expectativas de inflação. Neste momento, de acordo com ele, o BC vê um movimento muito mais saudável do que no passado.

O dirigente da autoridade monetária voltou a explicar que as intervenções feitas recentemente no mercado de câmbio não buscam ajustar o nível de reservas internacionais, que ele considera adequado, mas, sim, atender à percepção de que o mercado vinha demandando muito mais dólares à vista.

Pelos relatos de participantes do encontro, Campos Neto lembrou que o custo de carregar esse “seguro” diminuiu e que a atuação feita pelo BC, portanto, não teve a ver com uma preocupação em reduzir o tamanho das reservas. Ele reiterou, no encontro, que o BC não tem qualquer estigma em relação a diferentes maneiras de atuar no mercado.

 

Queda dos juros é estrutural, diz documento do Ministério da Economia

A queda das taxas de juros no Brasil é estrutural, de acordo com o documento “Muito Além da Previdência: A Economia nos primeiros nove meses de governo”, divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia. “Por décadas, os juros no Brasil se mantiveram elevados, muito acima dos vigentes em países de mesmo estágio de desenvolvimento.

No atual governo, os juros estão no nível mais baixo da história recente, convergindo para os padrões internacionais. Trata-se de uma importante vitória, resultante do acerto da política econômica adotada”, diz o texto. “Importante nesse movimento não é apenas a redução em si, mas a forma como foi alcançada. Esse resultado foi uma queda estrutural”, acrescenta. Segundo o documento, três políticas contribuem para essa trajetória de queda: o controle das despesas públicas; a redução substancial do direcionamento de crédito e ampliação do crédito livre (levando a um aumento na potência da política monetária); e a redução da meta de inflação.

A nota da SPE aponta que há uma queda simultânea da taxa de juros de títulos de longo prazo com a inflação implícita (oculta) nesses papéis. “Observa-se uma queda substancial da taxa de juros longa, alcançando o mínimo histórico. Além disso, observa-se de forma concomitante a queda da inflação esperada, o que indica a sustentabilidade da queda dos juros”, comenta o texto, criticando o processo de redução dos juros entre 2011 a 2013. “[Na ocasião], a inflação esperada não acompanhou o movimento de queda dos juros e essa se tornou insustentável. No atual governo, diferentemente, a redução dos juros reais é resultado de políticas monetárias e fiscais estruturais, sendo, portanto, sustentável”, afirma a SPE.

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho, concorda com a leitura de que a queda nos juros brasileiros tem caráter estrutural. “Pena que demoramos muito para baixar, e vamos pagar caro por isto. O nosso crescimento ou retomada do ritmo econômico pré crise foi retardada por termos sido muito conservadores no estabelecimento das taxa de juros, tanto que há três anos a inflação tem ficado abaixo do centro da meta”, disse Roriz.

“Além disto o nível da nossa dívida em relação ao PIB hoje poderia sem bem melhor, pois o nosso PIB estaria maior e os juros excessivos se somaram a nossa dívida aumentando o déficit nominal. O governo poderia ter pago muito menos juros neste período”, completou o empresário.

Para ele, a elevada ociosidade da economia (expressa não só nos indicadores de desemprego, mas também no uso da capacidade instalada), da ordem de 4% do PIB, e o bom comportamento da inflação corrente e esperada justificam o processo de queda da taxa Selic. “Confirmada essas expectativas para o IPCA em 2019 e 2020, serão quatro anos com a inflação ficando abaixo da meta de inflação, fato que, aliado à ociosidade da economia, mostra que o BC foi extremamente conservador e demorou para promover a queda da taxa Selic”, aponta.

O balanço econômico do governo Bolsonaro divulgado ontem destaca também uma redução no chamado déficit fiscal estrutural, que retira da conta eventos não recorrentes (como receitas de leilões) e os efeitos do ciclo econômico, que caiu nos 12 meses encerrados em junho para 1,28% do PIB, ante 1,43% do PIB no fim de 2018. “A variação positiva de 0,16 ponto percentual do PIB no resultado primário estrutural nos primeiros seis meses do ano é um indicativo importante do compromisso do governo com a agenda de ajuste fiscal estrutural. E a velocidade dessa melhora nas contas públicas irá aumentar à medida que sejam aprovadas medidas que promovam a desindexação e a desvinculação do orçamento, que permitirão conter o crescimento das despesas obrigatórias”, aponta o texto.

O secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse ao Valor que o principal destaque da economia nesses nove meses de governo é o aumento da participação privada e redução do tamanho do Estado. Segundo os cálculos da pasta, o PIB privado em 12 meses até junho cresceu 1,69%, enquanto o PIB dos governos caiu 1,56%. “Nossa leitura é que graças à saída do setor público que temos certeza de que não temos um voo de galinha”, disse Sachsida, acrescentando que, quando o governo lidera o crescimento, esse processo se interrompe assim que o dinheiro público acaba.

O secretário fez questão de comentar a questão do aumento da desigualdade de renda mostrada pelo IBGE. Para ele, esse movimento reflete “políticas econômicas erradas entre 2006 e 2016”, que teria gerado transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos por conta de subsídios dados às grandes empresas. Sachsida disse que o foco do governo é a redução da pobreza e que a queda na desigualdade seria uma consequência da redução do tamanho do Estado e das transferências de renda para setores mais abastados.

 

FOLHA

País gera 157,2 mil vagas formais em setembro, maior resultado para o mês desde 2013

Mais uma vez, a reação do mercado de trabalho surpreendeu analistas e foi comemorada pelo governo. Foram geradas 157.213 vagas com carteira assinada no país em setembro.

O número superou a mediana das estimativas feitas por economistas ouvidos pela agência Bloomberg de 129.902 postos formais.

O saldo é o melhor resultado para o mês desde 2013, quando foram criados 211.068 contratos de trabalho formais.

“Estamos mudando o Brasil para melhor”, escreveu Jair Bolsonaro no Twitter.

Na mensagem, ele destacou que o Nordeste foi a região que mais gerou emprego, com a oferta de 57.035 vagas.

Em agosto, quando foram criadas 125 mil vagas, o resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) também foi acima do esperado. O levantamento mostra o comportamento do mercado de trabalho formal (com carteira assinada) na iniciativa privada.

Para o Ministério da Economia, a geração de empregos apresenta sinais de recuperação em compasso com a atividade econômica.

O desempenho é, na avaliação da Secretaria de Política Econômica, fruto da política econômica liberal do governo.

O balanço de contratações formais vem se mostrando mais aquecido do que no ano passado. No acumulado de janeiro a setembro, o saldo de vagas abertas é de 761.776, sendo que no mesmo período do ano anterior foram gerados 719.089 novos empregos com carteira assinada.

Durante sua live semanal nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que sua intenção é diminuir o desemprego no país para 10 milhões até 2022.

“A gente vai, se Deus quiser, terminar 2022 com menos de 10 milhões de desempregados”, afirmou. Durante a campanha, a equipe de Bolsonaro prometia gerar 10 milhões de empregos.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em setembro, apontam que o desemprego atinge 12,6 milhões de brasileiros. Por isso, o governo estuda medidas para estimular a criação de vagas formais de trabalho.

Tradicionalmente, o período entre agosto e outubro concentra a maior parte de contratações de temporários para produzir as demandas das festas de fim de ano. Depois, principalmente em dezembro, o resultado costuma ser negativo por causa da dispensa desses trabalhadores.

Mesmo assim, o mercado de trabalho em 2019, segundo o Caged, continua na tendência de superar o ano anterior.

Ao anunciar o resultado positivo de setembro, o Ministério da Economia ressaltou que, pela primeira vez no ano, todas as 27 unidades da federação apresentaram aumento de vagas formais de trabalho.

Além disso, os dados mostram que sete setores geraram emprego em setembro. São eles: serviços (64.533 vagas), indústria de transformação (42.179), comércio (26.918), construção civil (18.331), agropecuária (4.463); atividade extrativa mineral (745) e administração pública (492).

Após o Nordeste, região gerou emprego em setembro, os melhores resultados foram verificados no Sudeste (56.833 vagas), Sul (23.870), Centro-Oeste (10.073 vagas) e, por último, Norte (9.352).

Os dados do Caged também dão uma amostra do nível salarial das contratações.

A média na admissão em setembro foi de R$1.604,60, o que representa uma queda em relação aos R$ 1.616,60, número verificado em agosto e corrigido pelo índice de preços medido no mês. Em termos reais (levando em conta a inflação no período), houve uma redução de 0,74%.

Esse recuo foi puxado pelos setores de indústria de transformação e de serviços industriais de utilidade pública.

 

TRIBUNA DO NORTE

Rio Grande do Norte cria 2.485 vagas de emprego formal em setembro

O mercado de trabalho no Rio Grande do Norte criou, no mês de setembro passado, 2.485 vagas com carteira assinada. O saldo decorre de 13.344 admissões contra 10.859 demissões. Esse foi o melhor resultado para o nono mês do ano desde 2015, quando foram criadas 3.646 novas vagas.

Foi o quatro mês seguido com saldo positivo na geração de empregos formais, revertendo o quadro negativo registrado nos primeiros cinco meses deste ano no Estado, e seguindo a tendência nacional de recuperação. No Brasil, foram gerados 157.213 empregos formais. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram antecipados nesta quinta-feira (17), pelo Ministério da Economia.

O resultado de setembro representa uma variação de 0,59% em relação ao mês anterior. No acumulado de 2019 foram criados 2.040 novos postos, com variação de 0,48% comparando ao estoque do ano anterior. De janeiro a setembro deste ano as admissões somaram 113.037 e as demissões 110.997. Este ano, é a primeira vez que o saldo no ano fica positivo. Em agosto, apesar da recuperação do mercado de trabalho potiguar entre junho e agosto, o saldo ainda era negativo em 642 vagas – decorrente de 99.032 admissões e 99.674 demissões. O acumulado dos últimos 12 meses soma 148.595 admissões e 144.575 demissões, com saldo positivo de 4.020 (0,95%).

Ao analisar o mês de setembro nos últimos oito anos, têm-se o melhor resultado em 2012, com geração de 5.283 de novas vagas no mês em referência, e o resultado mais baixo foi em 2017 (1.642).

No Estado, o segmento com maior abertura de vagas em setembro foi a Agropecuária, com 1.637. Em seguida, o setor de Serviços, com 381, e a Indústria de Transformação, com 235. O quarto segmento com maior volume de geração de novas vagas foi a Construção Civil, com 196; seguido pelo da Indústria Extrativa Mineral, com 35.

O comércio gerou apenas 7 novas vagas; e administração pública, 3. O setor de Serviços Industriais de Utilidade Pública foi o único com saldo negativo de -9, o total de desligamentos (35) foi maior que o de admissões (26). Em agosto, o único setor a registrar saldo negativo no Estado tinha sido o Comércio, com -24 vagas.

 

ESTADÃO

Clareza sobre acordo para o Brexit trará alívio à economia global, diz presidente do Banco Mundial

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, disse na quinta, 17, que a clareza sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, reforçará as perspectivas de crescimento global, ajudando tanto os países ricos quanto os em desenvolvimento. “Se houver clareza nessa perspectiva, isso ajudará bastante o ambiente de crescimento”, disse Malpass a repórteres durante as reuniões anuais, em Washington, do FMI e do Banco Mundial, depois que a UE e o Reino Unido anunciaram terem chegado a um acordo provisório.

Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), chamou o acordo de “boa notícia”, e disse esperar que a vontade de concluir o acordo “seja mantida no geral”.

Georgieva disse que o FMI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido aumentaria de 3,5% a 5% menos se saísse da União Europeia sem um acordo, enquanto tal medida deve reduzir 0,5% do PIB da União Europeia.

Mesmo com um acordo, o PIB britânico deve cair 2%, disse Georgieva, embora tenha destacado que grande parte desse impacto já foi absorvido por conta do longo período desde a votação do Reino Unido para deixar o bloco em 2016.

 

Governo adia reforma tributária e prioriza redução de R$ 30 bi em gastos

O governo vai deixar para depois o envio da proposta de reforma tributária e focar sua ação no Congresso Nacional para aprovar um pacote de redução de cerca de R$ 30 bilhões de despesas.

O desenho de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Emergencial está sendo fechado para garantir o cumprimento do teto de gastos (mecanismo que limita o crescimento de despesas à inflação) nos próximos dois anos.

Com dificuldade para articular uma ampla agenda de reformas até o fim do ano, agravada pelo racha no único partido que compõe oficialmente a base do governo, o PSL, a equipe econômica decidiu enxugar o pacote de medidas estruturais que será enviado ao Congresso após a aprovação da Previdência, prevista para a próxima terça-feira.

Uma das principais apostas para destravar a economia, a simplificação dos impostos vai ficar para um segundo momento. E, mesmo assim, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve enviar a reforma tributária fatiada. A primeira fase vai focar na fusão do PIS e Cofins.

Além da PEC Emergencial, a tributária foi ultrapassada na lista de prioridades pela reforma administrativa – mudanças nas carreiras e salários dos servidores. A ideia é flexibilizar a regra de estabilidade para permitir demitir com mais facilidade os novos servidores.

O governo também vai disparar um conjunto de ações por medida provisória (MP). Como revelou o Estadão/Broadcast, a equipe econômica vai acabar com multa adicional de 10% sobre o FGTS em demissões sem justa causa (o valor é arrecadado pelo governo e transferido ao fundo, o que consumiria R$ 6,1 bilhões dentro do limite de despesas da União), congelar as progressões de servidores do Executivo nas carreiras (com economia de R$ 2 bilhões), redirecionar os recursos do Sistema S para bancar despesas de qualificação e suspender novas contratações do Minha Casa Minha Vida.

A PEC Emergencial deverá contar com um ajuste da regra de ouro (instrumento que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes, como salários) e a suspensão dos repasses constitucionais do Fundo de Amparo ao Trabalhador ao BNDES. A proposta conterá medidas de ajuste (chamadas de gatilhos) a serem disparadas por um período de dois anos depois da sua aprovação.

A PEC do Pacto Federativo – uma proposta para tirar as “amarras”do Orçamento – apelidada de “DDD” vai desvincular (retirar os carimbos), desindexar (remover a necessidade de conceder automaticamente reajustes) e desobrigar gastos no Orçamento. As duas vão tramitar em Casas diferentes. Uma para Câmara e outra para o Senado. Mas diante da crise no PSL a expectativa é que a PEC DDD não tenha condições de avançar, porque mexe em temas sensíveis e impopulares.

O governo chegou a indicar que enviaria a PEC Emergencial por meio de um senador, mas agora ela pode entrar pela Câmara. O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), autor de uma proposta semelhante que já tramita na Casa, alerta que um texto duro como esse só tem chances de ser aprovado na Câmara. “Em ano de eleições municipais, quem é próximo a prefeito e vereador, são os deputados.”

“Não tem ordem, todas são relevantes. Precisa de solução para tudo e esperamos que Câmara e Senado em conjunto possam colaborar”, avisou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se reuniu com Guedes e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para discutir a agenda que será enviada.

Maia ainda rebateu o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, que disse que a reforma tributária não seria aprovada rapidamente por falta de acordo no setor produtivo. “Peço desculpas ao meu amigo Mansueto, mas ele está errado. O acordo que a gente precisa é com a sociedade. O setor produtivo é parte do sistema, mas as pessoas precisam entender que há uma distorção muito grande, sendo que alguns setores não pagam imposto e outros pagam demais”, disse.

 

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