Quinta-feira

Juros mais baixos deixam financiamento imobiliário 30% mais barato

O achatamento da taxa básica de juros Selic pode até ter castigado o investidor da renda fixa, mas trouxe boas notícias para quem quer ou precisa comprar um imóvel. O ambiente de juros mais baixos estimulou as instituições financeiras a reduzir as taxas dos financiamentos imobiliários. Se em 2017 cobravam-se, em média, 11% de juros, hoje os principais players do mercado praticam taxas abaixo de 7%.

Para se ter uma ideia do impacto que isso representa, a plataforma de intermediação imobiliária Kzas simulou o financiamento de um imóvel de R$ 500 mil em dois cenários: com juros de 10,5% e 6,99%. Em ambos, a entrada é de R$ 100 mil e o saldo restante é financiado em 30 anos. No primeiro cenário, o mutuário paga uma parcela inicial de R$ 4.630,43. No segundo, esse mesmo empréstimo começa com prestação de R$ 3.369,60.

Como os bancos exigem que a primeira parcela do financiamento comprometa no máximo 35% da renda familiar, antes esse imóvel de R$ 500 mil era acessível a uma família que ganhasse pelo menos R$ 13,3 mil. Agora, a renda mínima necessária passou a ser de R$ 9,6 mil.

“Essa redução da faixa de renda exigida em quase 30% não é brincadeira. Em última análise, é como se o imóvel passasse a custar 30% menos”, diz Eduardo Muszkat, cofundador e CFO da Kzas.

Ao mesmo tempo, pelos cálculos da plataforma, os juros mais baixos permitem que aquela família com renda de R$ 13,3 mil hoje possa financiar um imóvel de R$ 700 mil – ou seja, um ganho de poder de compra de 40%. “Com juros mais baixos, famílias que não tinham acesso ao financiamento passam a ter, e as que já tinham podem fazer compras melhores”, diz ele.

Um empurrão e tanto para o mercado imobiliário

O ano de 2019 foi muito produtivo para o mercado imobiliário. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que as transações tiveram um crescimento de 37% sobre 2018, quando se iniciou uma resposta mais vigorosa à crise de 2014 e 2015. Para 2020, a previsão da entidade era de alta de 20% sobre 2019… até que surgiu o coronavírus.

Em março deste ano, incorporadoras e consumidores puxaram o freio de mão, tentando compreender a gravidade do cenário, e o mercado ficou paralisado por dois meses. “Mas, em maio, os compradores pessoa física já retomaram a busca pelo imóvel, e o primeiro semestre de 2020 registrou alta de 24% sobre o mesmo período de 2019”, diz Cristiane Portella, presidente da entidade.

Ela destaca que aqueles consumidores e empresários que não foram diretamente impactados pela pandemia prosseguiram com seus planos originais de compra. E, com a quarentena, passaram a valorizar ainda mais a qualidade da moradia. “Agora, a redução dos juros coloca mais pessoas no jogo e vai intensificar os negócios”, diz.

Por parte de quem investe no mercado imobiliário, o ambiente de juros menores também catalisa a compra de propriedades. Com a Selic em 2% ao ano, a perspectiva de ganhos maiores no longo prazo está em ativos de risco, como ações, e em imóveis.

“O investidor sabe que, com a queda na taxa de juros, os preços dos imóveis logo subirão. Então, ele quer se adiantar e comprar antes da alta”, diz Muszkat.

Pandemia não acabou, mas bancos estão mais confiantes

Nos primeiros meses da pandemia, o grau de incerteza era tamanho que financiar um imóvel se tornou inviável. Afinal, como assumir um compromisso financeiro de tão longo prazo quando a própria continuidade do emprego é uma incógnita?

Muszkat reconhece que o cenário não mudou completamente e, enquanto a perspectiva de emprego de algumas pessoas melhorou, a de outras até se deteriorou. Mas ele aposta que, no médio e longo prazo, as oportunidades serão maiores que os riscos e a demanda vai voltar.

“Estamos no meio do caminho, mas o cenário vai melhorar em 12 meses, quando teremos uma visão mais positiva do que será a economia no Brasil e no mundo”, acredita o cofundador da Kzas.

Para os bancos, a pandemia também é uma situação delicada. Afinal, o risco de inadimplência não pode ser ignorado, mesmo que o financiamento seja garantido pelo próprio imóvel do mutuário.

“O banco não é uma imobiliária. Ele não quer receber o imóvel, e sim o dinheiro”, diz Miguel de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). “Como não sabiam quem corria o risco de perder o emprego, as instituições ficaram bem mais seletivas na concessão do crédito. E, com juros mais baixos, suas margens foram espremidas.”

No entanto, o mercado começa a fazer uma leitura de que o pior da pandemia já passou e, para os bancos, a avaliação é de que o financiamento passou a ter uma relação risco-retorno mais interessante no médio prazo. Afinal, durante os longos 30 anos em que o mutuário está preso àquela relação, a instituição pode oferecer outros produtos financeiros a ele. E se no meio do caminho o devedor se tornar inadimplente, há certa “gordura” para vender o imóvel com desconto, já que a dívida em aberto será menor que a contratada.

“Com juros baixos, governos injetando liquidez na economia e perspectiva de reaquecimento do mercado, o setor financeiro já está enxergando que o mercado de crédito imobiliário vai se expandir. Com isso, novos players começam a entrar no segmento, e isso já está derrubando as taxas”, afirma Muszat. “A média caiu de 7% para 6,5% do mês passado para cá.”

A maior competição no setor traz também novas possibilidades para o consumidor, que hoje pode escolher entre financiamentos prefixados, indexados à TR ou ao IPCA. Neste mês, o Itaú lançou uma opção que é corrigida pela variação da caderneta de poupança, mais taxa fixa de 3,9% ao ano.

Tendência dos preços é de alta

Luis Barone, sócio-diretor da gestora Ativa Wealth Management, diz que os preços dos imóveis já estão subindo e isso é uma decorrência natural da queda da taxa de juros.

“Taxa de juros e preço de imóveis são grandezas inversamente proporcionais. Isso acontece porque a precificação do imóvel se dá pela renda que ele pode gerar ao longo do tempo, com aluguéis. Quando você desconta esse aluguel no tempo por uma taxa de juros menor, o desconto do aluguel futuro fica pequeno e, consequentemente, o valor do imóvel fica maior”, explica.

Há também explicações mais práticas para esse viés de alta. As incorporadoras vêm acelerando o ritmo de lançamentos que estavam represados, mas o potencial aumento da demanda promete ser ainda maior.

“A demanda ainda está longe do pico. Muitos compradores estão inseguros para assumir esse compromisso, pois ainda não têm uma perspectiva financeira estável, de emprego e renda”, diz Muszat. “Mas, partindo das premissas de que os juros não vão subir e o mercado tende a melhorar, há muito espaço para os preços subirem. Além disso, os custos de terrenos e insumos já aumentaram, e esses são outros motores para aumentos de preço.”

Cristiane Portella, da Abecip, diz que os preços ainda não voltaram aos patamares anteriores à crise de 2014-2015. São Paulo vem apresentando a melhor retomada: já devolveu 88,8% das perdas, enquanto a média nacional é de 79%.

Nos últimos doze meses, a entidade calcula que os imóveis acumularam valorização média de 10%, chegando a 15% no mercado paulista. E prevê que esse ritmo se manterá. “Com a taxa Selic a 2%, um ativo que se valoriza 10% é um ótimo investimento”, afirma Portella.

 

Alta do juro de longo prazo é alerta sobre risco fiscal, diz Tesouro

A explosão do endividamento público, efeito colateral da política de combate aos efeitos da crise da pandemia, colocou o Tesouro Nacional numa prova do fogo: financiar mais de R$ 800 bilhões junto ao mercado, num momento em que há muitas dúvidas sobre o futuro das contas públicas do país e em que a taxa de juros nunca foi tão baixa.

Esse quadro tem provocado um forte aumento dos juros de longo prazo e também uma elevação no prêmio de risco cobrado pelos investidores que compram os títulos públicos emitidos pelo Tesouro, tanto os prefixados (LTN e NTN-F) quanto as LFTs, papéis indexados à taxa Selic.

Para o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, e o subsecretário responsável pela dívida, José Franco de Morais, que conversaram nesta quarta com o Valor, o aumento no prêmio dos títulos deve ser encarado como “um ajuste nos preços relativos”, algo “transitório”. E afirmam que não há qualquer sinal de disfuncionalidade que justifique uma intervenção no mercado.

Mas ambos reconhecem que, quando se olha para os juros futuros negociados na B3, o que se vê é um claro sinal de preocupação com o futuro que precisa ser amenizado. “Esse prêmio e essa inclinação da curva são alertas de que a gente precisa endereçar a questão da volta ao processo de ajuste de conta”, diz Funchal.

Quando a gente vê o aumento do endividamento, e estamos no meio desse debate, precisamos dar um passo à frente na consolidação fiscal, sair da pandemia e retornar a agenda de consolidação fiscal, nessa transição você tem esses movimentos que pressionam”, acrescenta. Funchal, aliás, foi bastante enfático na defesa do teto de gastos e contra flexibilizações nesse instrumento.

“Eu tenho uma visão binária em relação ao teto, porque ele se baseia muito em credibilidade. Uma flexibilização leva a outra flexibilização. Nós trabalhamos sem flexibilização, tem que seguir estritamente o teto”, afirma, destacando que outro caminho provavelmente elevaria mais os juros e colocaria um freio no crescimento da economia, que ele vê de forma otimista. Leia a seguir os principais pontos da entrevista ao Valor.

Não é comparável a 2002

Muita gente compara o que está acontecendo com 2002, mas é uma situação distinta. Naquela época, a LFT não era marcada a mercado e, de um dia para o outro, houve um normativo para acelerar a marcação. Isso causou todo o estresse, porque muita gente perdeu dinheiro. Logo depois veio a eleição, o risco Lula, e isso gerou um risco maior de insolvência. Agora não há risco de insolvência. Ninguém está falando disso. O que está acontecendo é que a necessidade de financiamento aumentou.

A LFT sempre foi um papel importante de financiamento para o Tesouro. Mas, desde o fim do ano passado, a demanda pela LFT vem diminuindo. Estamos numa situação nova, com a taxa Selic baixa. Nos últimos dois ou três meses, quando o Tesouro aumentou o volume dos leilões, o prêmio da LTN foi abrindo, o que faz sentido. É um movimento de reprecificação de ativos.

O prêmio da LTN 2024, que era de 4 pontos-base, chegou a 24 pontos-base. Isso não tem nada a ver com risco de insolvência, é um ajuste natural dos preços. Depois de março, abril, houve uma preferência muito forte dos investidores pelas operações compromissadas, que são operações bem menos voláteis. Para o título do Tesouro se tornar mais atrativo, tem que pagar mais que a compromissada, que paga 100%, no caso da operação no overnight e de três a seis meses. A de 45 dias paga 100,5% do CDI. A LFT ficou parada durante esses dois ou três meses e, há duas semanas, esse movimento de ajuste começou.

Com o prêmio das LFTs aumentando, o detentor do título sofre, mas o papel se torna mais atrativo para quem está com compromissadas ou em LTNs. O movimento de ajuste é transitório e isso vai se estabilizar em algum novo nível. A parte de cota negativa ocorre durante o período de ajuste, até o mercado achar esse novo patamar.

Piora dos fundamentos

O prêmio da LTN reflete os fundamentos. Você tem um aumento de despesa, tem uma necessidade de emissão, aumento de endividamento e toda essa expectativa em relação ao futuro. Quando a gente vê o aumento do endividamento — precisamos dar um passo à frente na consolidação fiscal, sair da pandemia e retornar a agenda de consolidação fiscal —, acontecem esses movimentos que pressionam os juros.

Esse prêmio e essa inclinação da curva são o alerta de que a gente precisa endereçar a questão da volta ao processo de ajuste de conta. Com todo esse ruído que nós tivemos nas últimas duas semanas, a curva de juros aumentou quase 100 pontos base. A inclinação da curva de juros tem uma razão basicamente fiscal. Se o cenário ficou mais incerto nas últimas duas semanas, isso se reflete na curva de juros.

Leilões de títulos

Quando o Tesouro faz um leilão, a curva de juros fica pressionada e se torna mais inclinada também. Temos que pagar um déficit mais elevado e estamos fazendo uso do caixa e novas emissões. O tamanho da dívida aumentou e os leilões também têm de ser condizentes com o tamanho da dívida. É um problema que não é enfrentado apenas no Brasil. O leilão de Treasuries também tem gerado ruídos e o Tesouro americano emite o título que é reserva mundial. Estamos testando novos limites [em relação à oferta de títulos].

A transferência de R$ 325 bilhões do Banco Central ajuda, mas isso não significa que todos os problemas estão resolvidos. Com as condições mais favoráveis, o Tesouro Nacional pode aumentar as ofertas. O leilão do dia 10 de setembro foi o maior porque as condições estavam boas já na semana anterior, quando foram vendidas 15 milhões de LTN para 2024. Mas, depois da emissão, o cenário fiscal e o mercado internacional pioraram bastante.

O cenário mudou bastante após o leilão. Eventuais intervenções Se a gente vier com uma situação como a de março, em que seja necessária atuação, lembre que agora tem um novo player no mercado que é o Banco Central — a PEC da Guerra o autorizou a atuar no mercado secundário. Estamos falando de situações hipotéticas. Se chegarmos em situações semelhantes àquela, que seja necessário atuação, tem alguns passos a serem tomados.

Primeiro, o Tesouro reduz lotes dos leilões. Segundo, pode eventualmente cancelar leilões, até chegar numa atuação. Por mais que o caixa do Tesouro esteja em situação acima do limite prudencial, é limitado. O BC tem outro caixa que é ilimitado. Nessa situação, o que valeria mais a pena? O Tesouro atuar ou deixar para o BC, que teve essa autorização do Congresso. Mas são situações hipotéticas.

É importante mencionar que existe forte coordenação entre Tesouro e BC e que se chegar a situação como aquela vamos sentar e debater. Na parte longa da curva os preços estão fechando. [A inclinação da curva] é a questão do fundamento, se a ponta da curva está subindo é fundamento, em função do fiscal, é o alerta que a gente está falando. Se tem alguma disfuncionalidade, o BC está fazendo o monitoramento dele, se tiver que atuar é por alguma disfuncionalidade, não porque está subindo. Aí vai conversar com a gente. O Banco Central que tem esse controle. Ainda não teve nenhum movimento de vir conversar conosco para isso. Então está controlado. Se tiver, o bom é que agora o BC tem instrumento para tomar as devidas precauções, caso haja alguma disfuncionalidade. Ele não fará sem falar com a gente. Sempre haverá uma coordenação.

Teto de gastos

Tenho uma visão binária em relação ao teto, porque ele se baseia muito em credibilidade. Uma flexibilização, leva a outra flexibilização. Nós trabalhamos sem flexibilização, tem que seguir estritamente o teto. A flexibilização não é caminho, perde credibilidade e tem impacto econômico ruim e vai crescer menos. A gente precisa mostrar que está de volta ao trilho por causa do aumento do endividamento. Nosso papel é alimentar a certeza e reduzir a incerteza. É muito importante que a gente primeiramente mostre que ano que vem de fato a gente vai voltar a seguir a regra fiscal em que você trava o crescimento de despesas, esse é o primeiro ponto que reduz a instabilidade.

Segundo ponto é mostrar a sustentabilidade de médio prazo. Aí, quando fala da sustentabilidade, precisa avançar com a reforma do pacto federativo, que tem reforço importante para o teto de gastos e a gente está no meio da discussão. Como a gente não tem gordura para queimar em termos fiscais, não tem espaço para errar. Assim, qualquer movimento no debate, que é razoável debater soluções, o mercado fica mais nervoso, traz uma insegurança: poxa, o que vai acontecer?

A gente fiscalmente precisa mostrar que está de volta ao trilho. E por conta dessa situação do debate necessário traz alguma insegurança e aí de fato cada semana pode ter um ruído, aumenta o prêmio, e aumenta a curva. É nosso papel trazer essa tranquilidade e falar que o caminho é esse e mostrar nossa direção. As despesas da pandemia ficarem a 2020 é um ponto fundamental. Executando isso, automaticamente, o orçamento de 2021 seguindo a regra do teto, a gente volta para o mesmo nível de despesa que tinha pré-pandemia.

A gente precisa mostrar que precisa fazer isso, que é fundamental fazer essa trajetória para trazer mais credibilidade e ancorar as expectativas. Reformas Precisa avançar nas reformas. Teve momento bom que foi o envio da reforma administrativa, que afeta as expectativas. Mas a gente precisa ter um controle de despesa hoje. A reforma administrativa não é suficiente, a gente precisa avançar com o pacto federativo para ter um nível de credibilidade bem ancorado e desempinar a curva.

O debate do pacto é sobre o fortalecimento do teto. À medida que a gente vai discutindo e ficando mais claro qual o nosso rumo fiscal e avançando nas reformas, a incerteza vai diminuindo e a curva vai desempinando. Nosso papel é reduzir ruído e trazer luz ao debate tecnicamente. Quanto mais informações a gente conseguir contribuir para o debate as decisões serão tomadas de forma mais adequada.

A gente observou que tem um programa emergencial em andamento, esse debate está em paralelo com o pacto federativo. O pacto é fundamental para fortalecer o teto, para ter uma regra fiscal relevante, para manter o juro baixo, que é base para retomada econômica. A gente precisa avançar nas reformas, principalmente no pacto federativo. Em paralelo, tem discussão de novas políticas públicas, sociais.

Para isso, para nova política social, é preciso ter clareza que é preciso discutir redução de gastos para além do que está no pacto federativo como foi apresentado no ano passado e está sendo discutido pelo relator. Uma coisa é pacto federativo para fortalecer a regra, trazer credibilidade, outra coisa é novas políticas públicas que a gente tem que discutir formas de financiamento.

Qualidade do gasto

[O fortalecimento do teto] é momento importante para se avançar na discussão de qualidade do gasto. Vamos fazer uma reflexão, a gente teve ondas fiscais no Brasil e nunca foi pelo lado da qualidade do gasto. A gente sempre: aumentou gasto, emite dinheiro, aí vem inflação. Depois aumentou gasto, aumentou a carga tributária e o Brasil tem hoje a segunda maior carga tributária da América Latina. Depois aumentou dívida, não tem mais para onde aumentar dívida.

A gente não quer fazer inflação porque é pior para todo mundo, é pior para os mais pobres, é antissocial. A gente não quer aumentar a carga tributária porque afeta diretamente a retomada da economia e o emprego. A gente não quer aumentar nossa dívida, porque a gente não consegue e porque aumenta o risco, o juro e diminui a capacidade de fazer investimento.

É um momento fundamental para avançar e discutir qualidade, tanto pelo lado da despesa quanto pelo lado da receita. Se gente não for pela linha da qualidade do gasto, repetindo os erros do passado, país vai continuar não crescendo como no passado e ter problema fiscal como no passado. É isso que a gente quer? Ou a gente vai encarar um debate duro, muito duro, mas não debater isso é pior. Retorno ao teto e retomada Vamos usar o exemplo do auxílio emergencial. Essa política não foi para gerar PIB. Pode ter gerado, mas não é para isso. A gente sabe que política assim é voo de galinha, é pior estruturalmente.

A política é para corrigir falha de mercado decorrente de as pessoas terem que ficar em casa e por isso tinha que ter suporte do Estado para elas. Tem efeito no crescimento? Tem, porque está dando dinheiro e afeta consumo. Mas tem custo claro que é de aumento de endividamento do país e que está chegando em nível bastante crítico. Quando se olha os relatórios, houve aumento da massa de renda, mas ainda tem taxa de poupança.

 Imagino que, mesmo com o fim do auxílio emergencial em dezembro, essa massa de poupança vai dar algum fôlego ainda para o ano de 2021, alguns meses. Mas em algum momento a gente tem que voltar para normalidade. O lado bom é que, quando vê frequência das notas fiscais, atividade econômica, ICMS, eu já vejo uma normalidade. No último mês, média das notas fiscais no varejo está 10% acima do mesmo período do ano passado.

O ICMS de agosto também está acima. Eu vejo um lado bastante positivo. Agora, vai ter um novo normal. Tem incerteza, por isso tem desvio padrão grande nas previsões de crescimento deste ano e do ano que vem. A gente tem que ver aos poucos a reação. Tem muita incerteza de fato, mas estou otimista com a retomada.

 

IPCA-15 surpreende e economistas elevam projeção para o IPCA de 2020

A pressão de alimentos é avaliada como temporária e insuficiente para alterar o cenário de permanência dos juros em patamar baixo por um longo período, mas levou economistas a prever inflação um pouco maior em 2020. Após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de setembro – que subiu 0,45%, acima das expectativas do mercado –, ao menos quatro instituições elevaram suas estimativas para a alta do IPCA neste ano, que agora estão acima de 2%.

O dado divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE, em conjunto com a desvalorização cambial ocorrida nas últimas semanas, fez a equipe econômica do UBS passar a projetar alta de 0,5% para o IPCA fechado deste mês, ante 0,3% anteriormente. Como resultado, a previsão para a inflação anual também subiu 0,2 ponto, a 2,1%, apontam os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos em relatório enviado a clientes.

Segundo Volpon e Ramos, o maior desvio em relação à projeção de 0,34% do banco suíço para o aumento do IPCA-15 ocorreu nos preços de bens comercializáveis. Os alimentos no domicílio subiram 1,96%, e artigos de residência, 0,79%. O UBS esperava taxas de 1,45% e 0,25% para esses dois conjuntos de preços, respectivamente.

Itens comercializáveis com alguma relação direta com a trajetória do dólar representam cerca de 30% da cesta de consumo do IPCA, observam os economistas. “Esse grupo mostrou aceleração da inflação em 12 meses, de 3% em meados em 2019 para 5,3%, seguindo a depreciação de 40% do real no período”, mencionam Volpon e Ramos.

O indicador fechado de setembro deve acelerar para 0,55%, estima Fabio Romão, da LCA Consultores, com inflação maior em alimentos e combustíveis. Em seus cálculos, o grupo alimentação e bebidas vai avançar de 1,48% para 1,93% entre a prévia e o IPCA, ao passo que a parte de transportes deve registrar alta de 0,89%, também acima do 0,83% observado no IPCA-15.

Após conhecer o resultado de hoje, Romão passou a prever aumento de 2,4% para a inflação em 2020. O número anterior era 2,2%. A pressão localizada de alimentação e bebidas não deve gerar mudanças na condução da política monetária, mas aponta para inflação um pouco maior este ano, na avaliação do banco ABC Brasil.

A equipe econômica da instituição trabalha com alta de 2,2% para o IPCA no período agora, ante 1,8% anteriormente. “Não há sinais de contaminação para outros grupos e as expectativas para os próximos anos seguem ancoradas”, afirma o economista Daniel Guilherme de Lima.

“Apesar da pressão de curto prazo em alimentação no domicílio, o quadro qualitativo da inflação continua benigno, com serviços, preços industriais e administrados rodando a taxas muito baixas, sendo que os dois últimos devem encerrar o ano com alta acumulada inferior a 1%, e serviços com avanço pouco acima de 1%”, ressalta Lima.

De acordo com os economistas do Bradesco BBI, que também passaram a prever IPCA um pouco mais alto em 2020, a economia brasileira ainda tem elevado nível de capacidade ociosa, além da necessidade de continuar o processo de consolidação fiscal assim que a pandemia permitir. Esses dois fatores devem ajudar a manter os números de inflação comportados, dizem os economistas Dalton Gardimam, Ricardo Mauad e Bernardo Keiserman.

 Também devido ao IPCA-15 de setembro mais alto do que o previsto, o banco de investimento do Bradesco aumentou a projeção para o avanço do IPCA em 2020, de 1,8% para 2,2%. Para os economistas da instituição, a aceleração dos alimentos deve ser temporária, tendo em vista a elevada volatilidade destes preços.

“Esperamos que os preços da alimentação no domicílio continuem pressionados nas próximas semanas, enquanto a queda nos preços do vestuário registrada nos últimos quatro meses parece estar diminuindo”, diz Roberto Secemski, economistachefe para Brasil do Barclays. A perspectiva de aumento perto de 0,5% para o IPCA do mês atual adiciona riscos de alta na projeção para o ano, por enquanto em 2%, alerta Secemski.

 

Investimentos estrangeiros no país caíram 85% em agosto, diz BC

Os investimentos diretos de estrangeiros no país caíram 85% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2019, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (23) pelo BC (Banco Central).

Esse tipo de investimento é feito por multinacionais e voltado ao incremento de atividades econômicas locais, assim, estabelece um relacionamento de médio e longo prazo das empresas com o país. Historicamente, é uma importante fonte de recursos para o crescimento interno.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o Brasil recebe um menor volume investimento estrangeiro. Além da crise sanitária, o país convive com crises políticas e ambientais, o que também impacta a decisão de investidores.

Em agosto desta ano, as aplicações somaram US$ 1,4 bilhão, ante US$ 9,5 bilhões em agosto do ano passado.

Mesmo na comparação mensal, houve redução. Em relação a julho, quando o país registrou o ingresso líquido de US$ 2,7 bilhões, a queda foi de 48%.

Em junho, o valor chegou a US$ 4,8 bilhões, maior cifra mensal em meio à crise sanitária. O menor valor foi registrado em abril, de US$ 1,15 bilhão.

Para setembro, o BC estima US$ 2 bilhões em investimentos diretos no país. Dados preliminares, até a última sexta-feira (18), mostram que US$ 1,2 bilhão já tinham sido investidos.

“Diferentemente dos investimentos em portfólio [ações e títulos], que são mais voláteis, os investimentos diretos são decisões de longo prazo e são menos impactadas por movimentos pontuais. Assim, a recuperação deve ser mais gradual”, ponderou Fernando Rocha, chefe do departamento de estatística do BC.

No acumulado de 12 meses, os investimentos no país foram de US$ 54,5 bilhões, o equivalente a 3,51% do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se do menor resultado desde agosto de 2010. “Se a estimativa do BC para setembro estiver correta, o acumulado deve chegar a aproximadamente US$ 50 bi”, disse Rocha.

 

Já os investimentos de brasileiros lá fora mostram um movimento oposto. Em agosto, as aplicações líquidas no exterior somaram US$ 1 bilhão, quase o dobro do registrado no mês anterior.

Em julho, os investimentos diretos de brasileiros no exterior foram positivos pela primeira desde fevereiro, com US$ 663,3 milhões.

Com a chegada do vírus ao Brasil, a diferença entre entradas e saídas de investimentos em outros países vinha negativa, o que caracteriza desinvestimento, quando a empresa brasileira retira dinheiro ou fecha as portas da filial no exterior, por exemplo.

As contas externas brasileiras fecharam agosto com resultado positivo em US$ 3,7 bilhões. Este é o quinto mês consecutivo com superávit puxado pela balança comercial, que registrou resultado positivo de US$ 5,9 bilhões, alta de US$ 2,4 bilhões em relação a agosto do ano passado.

A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit (mais exportações que importações) em momentos de baixa atividade doméstica, já que o país importa mais nas épocas de expansão.

Na prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais drástica.

As exportações foram de US$ 17,8 bilhões em agosto, recuo de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações diminuíram 26,8%, para US$ 11,9 bilhões.

O déficit em transações correntes somou US$ 25,4 bilhões (1,64% do PIB) no acumulado dos últimos 12 meses, ante déficit de US$ 32,2 bilhões (2,03% do PIB) no mesmo período do ano passado.

 

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