Sexta-feira

Banco Central vê inflação ‘absolutamente tranquila’

O Banco Central (BC) considera absolutamente tranquilo o cenário de inflação e avalia que as pressões recentes sobre os preços devem ficar circunscritas a este ano, sem contaminar o próximo. O quadro favorável à manutenção dos juros baixos é confirmado por um conjunto de projeções de inflação que mostra uma trajetória de preços abaixo ou próxima da meta até 2023. “A mensagem geral é que estamos tranquilos”, disse o presidente Roberto Campos Neto na entrevista coletiva de divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

No documento, são apresentadas projeções e análises qualitativas sobre o cenário macroeconômico que embasam as suas decisões sobre juros. Neste ano, alguns fatores específicos vêm empurrando para cima os preços, disse Campos. Entre eles, a alta de preços em reais de commodities e o aumento do consumo provocado pelo auxílio emergencial. “Não entendemos que isso vá contaminar as inflações futuras”, sustentou.

“O Banco Central tem uma situação de absoluta tranquilidade em relação à inflação.” O diretor de política econômica, Fabio Kanczuk, reforçou a mensagem, dizendo que, dada a ociosidade da economia, é “muito improvável” um repasse da inflação de 2020 para 2021. Ele destacou que, entre os diversos cenários que constrói para projetar a trajetória de inflação, o BC vem olhando atualmente mais para aquele que leva em conta a taxa de juros do boletim Focus e o câmbio constante.

Nesse caso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seria de 2,1% em 2020, 2,9% em 2021, 3,3% em 2022 e também 3,3% em 2023. O horizonte relevante para a política monetária inclui 2021, principalmente, e em menor grau 2022. Nos dois anos, a inflação a ser alcançada é de 3,75% e 3,5%, respectivamente. Ou seja: em ambos os casos, a variação dos preços ficaria abaixo da meta. Somente em 2023, que ainda não faz parte do horizonte relevante, a inflação superaria um pouco a meta (3,25%). O risco maior, mostra o documento, é a inflação ficar muito baixa.

A chance de a inflação furar o piso da meta deste ano, que é de 2,5%, são de 76%, mostra uma das projeções apresentadas no RTI. Por outro lado, o risco de estourar o teto da meta, de 5%, são próximas de zero. No documento, o BC ainda revisou a sua projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 6,4% para 5%.

De acordo com Kanczuk, tanto a autoridade monetária quanto os economistas em geral estão se surpreendendo positivamente com a velocidade de retomada da atividade no Brasil. “Há surpresas em quase tudo”, afirmou. A má notícia, segundo ele, vem do consumo do governo, em função de ajustes metodológicos feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para captar os efeitos da pandemia.

Para 2021, a estimativa é de alta de 3,9%, maior do que o projetado pelo Ministério da Economia (3,2%) e pelo mercado (mediana de 3,5%, de acordo com o Focus). “É um cenário de crescimento bom”, afirmou Kanczuk. Mas, mesmo assim, deverá levar um bom tempo para a economia curar as feridas criadas na pandemia.

Para Kanczuk, provavelmente apenas em 2022 a atividade econômica retornará ao nível anterior à crise atual. O Banco Central também apontou alguns riscos que estão no caminho da recuperação econômica. Um deles é se a economia vai se sustentar depois de cessado o pagamento de benefícios emergenciais pelo governo. Durante a pandemia, a população passou a poupar mais. A reversão dessa poupança para o consumo poderá ajudar mais adiante. Outro risco é a trajetória das contas fiscais. “É preciso que haja confiança”, lembrou o presidente do Banco Central.

O BC anunciou uma mudança nas projeções de inflação que divulga nos seus documentos. Em vez das projeções que levam em conta as taxas de câmbio constante e a prevista pelo mercado, vai publicar apenas uma em que o dólar é atualizado pela diferença entre a inflação doméstica e internacional (a chamada paridade do poder de compra, ou PPC).

As mudanças, segundo Kanczuk, vão valorizar as projeções mais relevantes para a política monetária. O BC promete complementar com informações que vão permitir ao mercado calcular o quanto a inflação responde a variações nos juros e câmbio. Kanczuk disse que diferença entre o cenário com o PPC e o com o câmbio constante é de 0,1 ponto percentual no horizonte relevante para as decisões sobre juros.

 

‘Se houver disfunção, BC vai atuar nela’ , diz Campos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu a possibilidade de pedir a extensão da prerrogativa de comprar títulos e ativos no mercado, prevista na PEC do Orçamento de Guerra. Ele, no entanto, disse que não é o momento para se discutir isso e lembrou que até agora o BC não usou o instrumento. “É uma prerrogativa do Legislativo se vai estender ou não”, disse. “Como não foi usada [a compra de títulos e ativos], ainda achamos que é cedo para fazer essa pergunta. Se entendermos que [é preciso estender a intervenção], podemos pedir para o Legislativo. Mas não é o nosso cenário hoje.”

Campos salientou que essa possibilidade só será acionada em caso de disfuncionalidade do mercado e não como instrumento de política monetária, para promover maior crescimento econômico e assim afetar a inflação, cujas previsões são de ficar abaixo da meta para até 2022. Para ele, a subida dos juros futuros é decorrente de uma maior preocupação em relação à sustentação da questão fiscal e sobre política de saída dos estímulos dados na pandemia. “Entendemos que uma coisa está ligada a outra. [A alta dos juros futuros] não é um fenômeno de expectativa de inflação”, disse.

“A PEC de Guerra entendemos como instrumento estabilizador de mercado, não de política monetária. Entendemos que temos outros instrumentos”, acrescentou. Segundo Campos Neto, a lógica de intervenção nos juros é a mesma do câmbio. “Não temos como prever qual é o gatilho que vai gerar a intervenção. Acompanhamos o dia a dia. Entendemos que tem um prêmio que se acentua com incerteza fiscal. Uma disfunção pode ocorrer e entendemos que, se houver uma disfunção, o BC vai sim atuar nela”, afirmou.

Ele reforçou a mensagem fiscal que vem sendo dada há algum tempo, de que é preciso manter o regime vigente. Ou seja, é preciso manter o teto de gastos e voltar à normalidade no ano que vem. Segundo o chefe do BC, o “forward guidance” (sinalização de juro baixos por um bom tempo) pode ser retirado, caso se perceba um agravamento dos riscos fiscais. “Não estamos dispostos a correr riscos ligados à questão fiscais”, disse.

Campos Neto foi questionado sobre a possibilidade de o BC eventualmente adotar um arcabouço de política monetária semelhante ao do Fed, o banco central americano, mirando uma média de inflação ao longo dos anos. Segundo ele, o BC não considera “a adoção de nada parecido com o Fed, pelo menos no curto prazo”. Ele ainda detalhou mensagem a respeito de limites que questões prudenciais estariam impondo a novos cortes de juros. “Não dissemos que o prudencial inibe [corte de juros], dissemos que recomenda cautela. Estamos olhando como o mercado se adapta a essa mudança de juros, afirmou, reforçando que o espaço para novas quedas da Selic “é pequeno ou nulo”.

A baixa demanda por Letras Financeiras do Tesouro (LFT) pode ter implicações prudenciais “se desequilibrar a indústria de investimentos”, afirmou. “O que entendemos agora é que não é esse o processo que está em curso. O mercado está pedindo mais prêmio para rolar a dívida do governo”, disse, para depois mencionar fala do secretário do Tesouro, Bruno Funchal, em entrevista ao Valor. “O secretário do Tesouro deu uma entrevista recentemente dizendo que ele entende que isso é função do medo de um possível desequilíbrio fiscal”, disse, destacando, no entanto, que “esse é um tema do Tesouro, não do BC”.

 

Cenário econômico global 'é um pouco menos sombrio' do que se esperava, diz FMI

A perspectiva econômica global não é tão sombria quando esperado há apenas três meses, afirmou nesta quinta-feira (24) o porta-voz do FMI (Fundo Monetário Internacional), citando dados econômicos melhores do que o esperado da China e de outras grandes economias.

Entretanto, Gerry Rice diz que o cenário global geral permanece desafiador como resultado da pandemia de coronavírus e de seu impacto sobre muitos setores econômicos.

A situação continua "precária" em muitos países em desenvolvimento e mercados emergentes, excluindo a China, disse ele, destacando que o FMI também está preocupado com o aumento dos níveis da dívida.

Rice também afirmou que o FMI está pressionando para que G20 –grupo das principais economias– prorrogue uma iniciativa que adia os pagamentos do serviço de dívida bilateral por países mais pobres para além do final do ano.

Rica afirmou que o FMI também está pedindo que os credores do setor privado participem da iniciativa de alívio da dívida, que teve acordo de líderes do G20 em abril.

 

Banco Central revisa estimativa de queda do PIB em 2020 de 6,4% para 5%

O Banco Central (BC) revisou sua projeção para o tombo da economia brasileira em 2020 e passou a estimar uma queda de 5% no Produto Interno Bruto (PIB). A previsão está no relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira, 24.

A expectativa anterior da instituição, divulgada em junho, era de uma queda maior no nível de atividade neste ano, de 6,4%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços do País, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

A revisão foi feita em meio à pandemia do coronavírus, que interrompeu, temporariamente, a atividade econômica ao redor do mundo e gerou desemprego. Nos últimos meses, porém, indicadores mostram uma retomada da produção e das vendas.

O BC avaliou que indicadores sugerem uma recuperação parcial "com padrão similar à que ocorre em outras economias, onde os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos".

"A recomposição da renda e os demais programas do governo vêm permitindo que a economia brasileira se recupere relativamente mais rápido que a dos demais países emergentes", acrescentou.

De acordo com a instituição, a nova projeção para o PIB deste ano considera "crescimento acentuado" da atividade no terceiro trimestre, "influenciado pelas medidas governamentais de combate aos impactos econômicos da pandemia e pelo retorno gradual a patamares de consumo vigentes antes do período de isolamento social".

"Apesar do forte recuo da atividade no segundo trimestre, o conjunto de indicadores disponíveis mostra que a retomada da atividade econômica após a fase mais aguda da pandemia, ainda que parcial, está ocorrendo mais rapidamente do que antecipado, contribuindo para a elevação da estimativa de crescimento anual", informou o BC.

De acordo com o BC, a partir do último trimestre do ano, "vigora incerteza acima da usual sobre o ritmo da recuperação" e, por isso, "espera-se arrefecimento da taxa de crescimento, associado, em parte, à diminuição esperada de transferências de recursos extraordinários às famílias [redução no valor do auxilio emergencial de R$ 600 para R$ 300]".

O Banco Central estimou um crescimento de 3,9% para o PIB brasileiro em 2021. Esse valor está acima da expectativa do mercado financeiro, que prevê uma alta de 3,5% para a economia brasileira no ano que vem.

"Essa perspectiva está condicionada ao cenário de continuidade das reformas e de manutenção do atual regime fiscal, assegurando o equilíbrio de longo prazo das contas públicas, e pressupõe arrefecimento da pandemia, com gradativa elevação da mobilidade e volta progressiva aos padrões de consumo vigentes antes do período de distanciamento social", informou a instituição.

Inflação

O BC também informou que a sua estimativa de inflação para 2020, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou de 2,4% (em junho deste ano) para 2,1%.

A previsão considera a trajetória estimada pelo mercado financeiro para a taxa de juros e de câmbio neste ano e no próximo.

Em outro cenário, que considera taxa de juros (Selic) e câmbio estáveis, a previsão do Banco Central para a inflação oficial deste ano subiu de 1,9% para 2,1%.

As previsões do BC estão abaixo do piso da meta de inflação. Neste ano, a meta central de inflação é de 4% e terá sido oficialmente cumprida se o IPCA oscilar de 2,5% a 5,5%.

O BC repetiu que a inflação ao consumidor deve subir no curto prazo. "Contribuem para esse movimento a alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade", avaliou.

Para 2021 e 2022, no cenário de mercado (Selic e câmbio projetados pelos bancos), o Banco Central projetou uma inflação de 2,6% e 3,1%, respectivamente. Em junho, as duas projeções estavam em 2,6%.

O mercado prevê que a inflação oficial fique em 1,99% este ano e em 3,01% em 2021.

Taxa de juros

Sobre a taxa básica de juros, que está na mínima histórica de 2% ao ano, o BC informou que o "espaço remanescente para utilização da política monetária (novos cortes de juros), se houver, deve ser pequeno".

"Consequentemente, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal [comportamento das contas públicas]", acrescentou.

Os economistas do mercado financeiro estimam que a taxa básica de juros permanecerá no atual patamar de 2% ao ano, a mínima histórica, até outubro de 2021 - quando subiria para 2,5% ao ano.

A expectativa é dos economistas das instituições financeiras é de que a taxa Selic avance para 2,88% ao ano em janeiro de 2022, para 3% ao ano em fevereiro e para 3% ao ano em março daquele ano.

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