Quarta-feira

VALOR

FMI lança alerta sobre alto endividamento e risco de crise de solvência

Os riscos para a estabilidade financeira no curto prazo estão contidos, mas existem vulnerabilidades que podem levar a novos choques no futuro, caso ocorra a piora das condições macroeconômicas, afirmou o diretor do departamento monetário e de mercado de capitais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Tobias Adrian, durante coletiva on-line sobre o relatório de Estabilidade Financeira Global do fundo.

Segundo o economista, uma das maiores preocupações atualmente se relaciona ao alto nível de endividamento de governos, empresas e indivíduos, como uma consequência não intencional das medidas para amortecer os impactos da crise relacionada à pandemia. Conforme Adrian, "medidas extraordinárias de afrouxamento de políticas monetárias e um suporte fiscal maciço" foram essenciais conter esses riscos.

O diretor do FMI afirmou que os principais bancos centrais expandiram seus balanços em mais de US$ 7,5 trilhões até o momento. Essa atuação das autoridades "estabilizou os mercados financeiros, impulsionou o sentimento do investidor e manteve o fluxo de crédito", disse Adrian. As medidas agressivas de política monetária e fiscais, no entanto, tiveram como consequências não intencionais o reforço de algumas vulnerabilidades financeiras, que "representam ventos contrários à recuperação".

Há, por exemplo, uma persistente desconexão entre os mercados financeiros, com alta de preços dos chamados ativos de risco, apesar da fraqueza da economia real em várias regiões do mundo. Adrian alertou que, caso as expectativas de retomada da atividade sejam frustradas, isso poderia levar a um movimento de reprecificação de ativos. "Se a recuperação econômica for mais lenta que o esperado, o otimismo dos investidores pode sumir", ponderou. Nesse cenário, uma maior aversão ao risco pode levar a um aperto das condições financeiras e impactar, sobretudo, países emergentes e aqueles com nível de renda mais baixa.

Conforme o diretor do FMI, as políticas de emergência ajudaram a evitar uma onda de falências no início da crise, mas também levaram a uma forte elevação do peso da dívida corporativa. Em um cenário de crise de liquidez, trazida, por exemplo, por uma frustração com a retomada ou ainda eventos geopolíticos, entre outros riscos, esse endividamento que atingiu novas máximas em alguns setores, "pode se tornar uma crise de solvência no futuro".

Uma nova crise de liquidez pode facilmente se transformar em insolvências, especialmente se a recuperação econômica demorar", aponta o FMI. Vulneráveis De acordo com o relatório do FMI, seis de 29 países sistemicamente importantes tiveram grande elevação de vulnerabilidades nos setores corporativo, bancário e soberano. "Os governos tiveram de aumentar os déficits fiscais para prover suporte a empresas e famílias. Ao mesmo tempo, bancos e outras instituições financeiras tiveram que comprar mais papéis dos governos.

Olhando para a frente, a capacidade fiscal para oferecer mais suporte pode se tornar limitada", apontou o documento. Na avaliação do diretor-assistente do departamento monetário e de mercado de capitais do FMI, Fabio Natalucci, há ainda uma outra consequência não intencional relacionada às instituições financeiras não bancárias. "Instituições não bancárias, como gestoras de ativos e seguradoras, agora têm um papel mais importante nos mercados de crédito, incluindo os segmentos de maior risco", disse. O diretor-assistente do FMI acrescentou, contudo que "fragilidades, como descasamento na gestão de liquidez das carteiras de crédito e maior exposição ao risco de crédito, permanecem". Essas vulnerabilidades indicam que, "se houver um choque, o problema vai se propagar com mais velocidade pelo segmento não bancário, o que pode se espalhar por todo o sistema financeiro".

O FMI tem realizado testes de estresse baseados nos cenários adversos póspandemia para avaliar os sistemas financeiros de diversos países e regiões. Segundo Adrian, os testes mostram que o sistema global no geral está seguro e preparado para absorver futuro choques. Há, no entanto, diferenças entre os países.

 "Alguns mercados emergentes, por exemplo, podem enfrentar uma descapitalização de bancos em cenários futuros adversos", apontou o diretor do FMI. "As maiores instituições globais são mais estáveis, mas os bancos europeus, embora estejam preparados para novos choques, estão mais vulneráveis do que nos EUA", comentou.

Setor bancário

O problema, considerou o economista, é que muitas instituições já tinham problemas com níveis de inadimplência antes mesmo da crise da pandemia. "O sistema global bancário entrou na crise atual com mais capital e níveis de liquidez do que na crise de 2008, na nossa avaliação o sistema global em geral está seguro e pode absorver futuras perdas. Mas há alguns bancos em algumas regiões mais vulneráveis, ligadas a fraquezas existentes antes da pandemia, como alta inadimplência."

Os juros baixos e com perspectiva de se manterem por longo tempo, como na Europa, comprimem as margens do setor bancário e representam desafios para a reconstrução dos colchões de proteção e para a lucratividade. "Isso representa um vento contrário para as instituições, que vão demorar mais tempo para reconstruir os 'buffers' com a lucratividade menor", disse Adrian.

Conforme o diretor do FMI, diante das vulnerabilidades, as autoridades em todas as regiões no mundo "devem dar sequência às respostas [à crise] cuidadosamente". O economista recomenda que as políticas de suporte à economia sejam mantidas para assegurar a sustentabilidade da recuperação econômica e afastar os riscos financeiros. Junto com as medidas de estímulo, os governos precisam também aprimorar as regulações prudenciais, que possam evitar o crescimento das vulnerabilidades no futuro.

 

BNDES aprova nova rodada de suspensão de pagamentos de empréstimos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, na última semana, a possibilidade de suspender temporariamente pagamentos de empréstimos contratados por empresas de setores econômicos específicos e microempreendedores em operações de microcrédito, além de Estados e municípios que possuem operações automáticas contratadas com o banco por meio de instituições financeiras parceiras. O valor total das parcelas suspensas poderá superar R$ 2 bilhões.

A medida é uma atualização do "standstill" (como é conhecida a suspensão de pagamentos no mercado) já realizado pelo BNDES neste ano, que suspendeu R$ 12,4 bilhões em pagamentos, beneficiando 29 mil empresas onde trabalham quase 2 milhões de pessoas. Esta primeira ação também beneficiou 56 entes públicos (Estados e municípios) que tiveram seus pagamentos de financiamentos suspensos no valor de R$ 3,9 bilhões

“A nova medida possibilitará a suspensão das prestações tanto em operações contratadas diretamente com o BNDES quanto em indiretas, realizadas por meio de instituições financeiras credenciadas. Desta vez, os clientes do setor público que possuem operações indiretas automáticas com o banco poderão solicitar a suspensão dos pagamentos de amortização e juros que seriam realizados de outubro a dezembro de 2020. Já os microempreendedores que possuem operações do BNDES Microcrédito poderão suspender seus pagamentos por seis meses”, diz a nota, divulgada pelo banco de fomento.

As empresas que possuem operações diretas ou indiretas não automáticas também poderão suspender pagamentos por seis meses. Estão elegíveis os seguintes setores econômicos: atividades esportivas e de recreação e lazer; audiovisual; edição; hotéis; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; construção de embarcações e estruturas flutuantes; transporte metro-ferroviário de passageiros; aeroportos; navegação de apoio; tecidos, artigos de armarinho, vestuário e calçados; confecção de artefatos do vestuário e acessórios; impressão e reprodução de gravações; fabricação de móveis e indústrias diversas; e comércio de outros produtos em lojas especializadas.

Esses segmentos foram selecionados com base na lista de setores mais impactados pela pandemia elaborada pelo Ministério da Economia, na análise de dados mais recentes da variação da arrecadação dos setores e na análise setorial do BNDES. As empresas passíveis de obter o benefício poderão solicitá-lo até o dia 30 de novembro de 2020.

Nas operações diretas, o pedido de suspensão deve ser encaminhado ao BNDES. Em operações indiretas, a interrupção deverá ser negociada com o agente financeiro que concedeu o financiamento. O prazo total do crédito será mantido e não haverá a incidência de juros de mora durante o período de suspensão.

 

FOLHA

Governo prorroga por dois meses corte de jornada e salário

O governo federal autorizou a prorrogação por mais 60 dias do programa de suspensão de contratos e corte de jornada e salário, totalizando oito meses.

De acordo com nota da Secretaria-Geral da Presidência da República divulgada na noite desta terça-feira (13), o decreto será publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (14).

"Diante do cenário atual de crise social e econômica, e com a permanência de medidas restritivas de isolamento social, faz-se necessária a prorrogação, mais uma vez, do prazo máximo de validade dos acordos", diz a nota.

O programa que visa evitar demissões em massa durante a pandemia da Covid-19 foi instituído em 1º de abril. Quando foi criado, a ideia era que a suspensão de contrato fosse válida por até dois meses e a redução de jornada, três.

A ampliação do prazo do programa já foi feita duas vezes anteriormente. Em julho, Bolsonaro publicou um decreto permitindo que os acordos tenham validade por até quatro meses.

Em agosto, ficou estabelecido que o prazo poderia ser de até seis meses. Agora, o limite vai a oito meses.

O prazo do acordo será limitado a dezembro deste ano, não podendo se alongar para 2021.

Cada trabalhador atingido pelo corte tem direito a uma compensação parcial em dinheiro paga pelo governo.

 

BNDES admite excedente em crédito a folha de pagamento e estuda realocação

Mesmo após ajustes feitos pelo Congresso, a linha de crédito para financiar a folha de pagamentos continua com excedente. Com isso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estuda realocar esse dinheiro em outros tipos de empréstimos.

A informação foi dada nesta terça-feira (13) pelo diretor de participações, mercado de capitais e crédito indireto do banco de fomento, Bruno Laskowsky.

Ele participou de audiência pública realizada pela comissão mista de monitoramento da situação fiscal e da execução orçamentária e financeira das medidas de combate ao coronavírus.

Laskowsky falou sobre o Pese (Programa Emergencial de Suporte a Empregos), que tem um total de R$ 17 bilhões de recursos para serem emprestados para financiar a folha de pagamento de empresas por até quatro meses.

Até agora, segundo dados do Banco Central atualizados em 6 de outubro, foram liberados R$ 6,26 bilhões a 125.753 empresas —2.371.912 empregados tiveram os salários cobertos.

O valor é apenas 15,6% dos R$ 40 bilhões disponibilizados na linha de crédito. O governo e o BC admitiram, em diversas ocasiões, que o programa teve baixa adesão e que um dos motivos era a obrigatoriedade de se manter o funcionário no quadro por período igual ao financiado.

Com as incertezas geradas pela crise, muitos empresários preferiram demitir a pegar o empréstimo.

A Folha mostrou também que, segundo relatos de donos de empreendimentos, a alta quantidade de documentos e garantias exigidos pelos bancos, além da demora para aprovar a solicitação, dificultaram o acesso à linha.

A estimativa inicial do programa era de que atingisse 1,4 milhão de empresas e contemplasse 12 milhões de pessoas.

“De fato, existe aqui um excedente da linha... Podemos discutir um pouco mais, mas o fato é que uma parte dessa linha está indo para o Peac Maquininhas”, disse Laskowsky, em referência ao programa de crédito via adiantamento de recebíveis.

O diretor do BNDES comentou o plano ao responder uma sugestão de Silas Santiago, gerente de políticas públicas do Sebrae Nacional, de que parte dos recursos do Pese fosse destinada a outras linhas de crédito.

“De qualquer jeito, é uma boa sugestão, a gente pode até realocar. Obviamente, isso aqui implica discussões com o Tesouro, com o Ministério da Economia, mas, seguramente, é um dos movimentos a serem feitos”, ressaltou.

Laskowsky comentou ainda as perspectivas de concessão de crédito via maquininhas e afirmou que deve impactar um número grande de empresas.

Ele elogiou ainda outro programa voltado a pequenas e médias empresas, o Peac-FGI, que já emprestou R$ 60 bilhões com recursos garantidos.

“E, como BNDES, a gente está muito convicto de que a nova rodada de financiamento do Brasil, além do financiamento tradicional, se dará pelo modelo de seguros e garantia de crédito”, afirmou, citando a possibilidade de alavancagem do modelo e a capacidade de atingir um número “expressivo de empresas” com risco menor ao sistema bancário.

O diretor contrapôs o mecanismo à antiga política do banco de subsidiar taxa de juros. “Isso teve um impacto de algumas distorções na economia e, provavelmente, foi um dos motivadores, ou uma das explicações, do nível de inflação do país”, afirmou.

Laskowsky afirmou que, apesar de o Peac-FGI terminar no fim do ano, o banco deve continuar atuando no programa de garantias após esse período.

O comentário foi uma resposta a uma das propostas levantadas na audiência, do senador Esperidião Amin (PP-SC), de adotar juro zero para ajudar na recuperação de microempresas e MEIs (microempreendedores individuais).

Segundo o senador, o modelo funciona em Santa Catarina há cerca de oito anos. “Eu acho que nós criarmos esse modelo em nível nacional daria um dinamismo para atender aqueles que têm mais dificuldade em operar no sistema financeiro tradicional.”

Laskowsky também comentou as dificuldades de acesso a crédito por pequenas e médias empresas. “Ela tem que ter um embasamento, tem que ter condições para que o próprio negócio persista. O crédito existe na medida em que a empresa também tenha condições de existir, se não a soma é zero”, afirmou.

 

ESTADÃO

IPCA 2020 salta para 2,47%. Entenda o impacto da alta da inflação nos investimentos

O boletim Focus desta terça-feira (13) trouxe uma mudança para a previsão da inflação em 2020. No relatório do Banco Central, a mediana das expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deu um salto de 2,12% para 2,47%, motivado pela alta no preço dos alimentos. Em quatro semanas, já é a terceira vez que o indicador é revisado para cima. As previsões para os próximos três anos, no entanto, seguem as mesmas: 3% para 2021, 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023.

Nos investimentos, a escalada da inflação no curto prazo pode afetar principalmente as operações de renda fixa e fazer com que os papéis atrelados à taxa de juros ou o CDI percam ainda mais atratividade – é o caso de alguns títulos do Tesouro e CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), por exemplo. Isso acontece porque além de a Selic estar nas mínimas, em 2%, eles ainda perdem para a expectativa de inflação para 2020.

“O Brasil chegou em uma situação de juro real [Selic menos inflação] negativo”, afirma Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos. “Hoje há um aumento muito forte de investidores indo para o mercado de capitais e aceitando tomar mais risco para buscar rentabilidade.”

“Deixar claro que o mercado de ações tem uma volatilidade muito maior, então o investidor tem que conhecer bem o perfil de risco”, diz.

Essa também é a visão de Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. “É uma mudança de expectativa bem de curto prazo, só para 2020, então a influência nos portfólios deve ser pequena”, afirma. “Em resumo, quem tem títulos atrelados à inflação vai ganhar um pouco mais que a expectativa e quem tinha prefixados vai ter um ganho real um pouco menor.”

Como se proteger da inflação alta

Mesmo que a expectativa de alta na inflação seja para o curto prazo, diversificar é a palavra-chave para se proteger de eventuais sustos ligados ao IPCA. Quando o assunto é renda fixa, categoria mais impactada pela variação do índice de preços, existem uma série de papéis que podem ajudar a ganhar com a alta do indicador.

“Um jeito de se proteger é investir uma parcela dos recursos em papéis remunerados em juro real, que são atrelados a uma taxa fixa, mais a variação do IPCA. O investidor pode fazer isso por meio de CDBs, prefixados, Letras de Crédito Imobiliário (Letras de Crédito Imobiliário) e Certificados de Recebíveis Agrícolas e Imobiliários (CRAs e CRIs), por exemplo”, diz Simone Albertoni, analista de produtos da Ágora Investimentos. “Existem fundos de investimento que também compram ativos que pagam a inflação.”

Contudo, isso não significa que o investidor deve abandonar os demais títulos, como o Tesouro Selic. “Apesar de ficar com juro real negativo, esse é um investimento que não tem tanta volatilidade quanto os indicadores atrelados ao IPCA”, diz Albertoni. “Ter uma parcela de inflação na carteira sempre foi necessário e nunca vai deixar de ser.”

 

Retomada é desigual; só 4 de 14 setores já recuperaram perdas, aponta estudo

O impacto negativo na economia provocado pela covid-19 parece começar a se dissipar. Mas o início da retomada tem sido extremamente desigual. Estudo realizado pelo Itaú Unibanco, obtido com exclusividade pelo Estadão, indica que hoje apenas 4 dos 14 setores analisados conseguiram superar a freada brusca gerada pela pandemia no nível de atividade do País.

Por esse termômetro da retomada, apenas o agronegócio, algumas áreas da construção civil, o setor de alimentos e nichos que operam com tecnologia, como os aplicativos de entrega e empresas de vendas online, convivem hoje com demanda acima ou similar às registradas no início do primeiro trimestre – antes, portanto, da adoção de medidas de restrição.

No meio do caminho, no entanto, já há setores que ensaiam recuperação, como o de vestuário e de eletroeletrônicos, mas ainda sem conseguir se reorganizar para dar conta da demanda, que nesses casos esquentou antes do esperado pelo mercado.

Forçados pela crise, os empresários tomaram crédito, cortaram funcionários e ampliaram a ociosidade de suas fábricas, esperando por longa e duradoura queda nas encomendas. Mas após chegar ao “fundo do poço”, em abril, o consumo voltou a dar sinais de aquecimento em maio, em boa parte beneficiado pelo dinheiro do auxílio emergencial. Isso pegou as empresas com estoques baixos e capacidade limitada de reação, já que naquele momento operavam com 50% a 60% da capacidade do primeiro trimestre.

“O mercado foi pego de surpresa. E o resultado é que, temporariamente, a demanda por itens como celulares, geladeiras e produtos têxteis supera a capacidade de produção, o que pode levar a riscos temporários de desabastecimento, com impacto imediato no aumento de preços”, afirma o economista do Itaú Unibanco Pedro Renault, responsável pelo relatório.

Descendo até o ponto mais frio do termômetro da recuperação, aparecem a cadeia de turismo, as companhias aéreas e o ramo automotivo. “Nossa conclusão é que, neste momento, o Brasil vive uma retomada assimétrica na atividade econômica, depois de chegar ao ‘fundo do poço’ por volta de abril. Mas é uma retomada que, apesar de surpreender pela velocidade, é ainda repleta de dúvidas”, afirma o economista.

Recuperação

O agronegócio lidera a recuperação. O setor, na verdade, não viu crise na pandemia, favorecido por uma combinação de robustez da demanda global – puxada principalmente pela China –, desvalorização do real, que se aproxima de 40% neste ano, e safra recorde na produção de grãos.

Na sequência, a indústria e varejo de alimentos para consumo em casa tiveram um segundo trimestre de crescimento forte ante 2019, principalmente em itens básicos, como massas e biscoitos. Os dois segmentos foram beneficiados pelo auxílio emergencial, que deverá injetar R$ 321,8 bilhões neste ano na economia, com foco nas pessoas mais vulneráveis.

“Entre os setores quentes, também nos chama a atenção a construção civil, com uma recuperação puxada principalmente pela demanda habitacional, tanto em venda de imóveis novos quanto na reforma dos imóveis antigos, com impactos fortes na demanda da indústria de materiais de construção”, aponta a pesquisadora Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Para ela, a aceleração das reformas durante a pandemia é também reflexo do auxílio emergencial. “Nas classes mais baixas, esse tipo de recurso extra é muito direcionado para a melhoria da habitação. E esse movimento não foi compreendido lá atrás pelo mercado”, afirmou a economista.

Minha Casa Minha Vida

Da mesma forma, a aquisição de imóveis novos também ficou concentrada nos produtos mais econômicos, que integram a faixa do Minha Casa Minha Vida. Dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) apontam que, na capital paulista, as vendas já superam os níveis registrados antes da pandemia.

Em agosto, segundo o Secovi-SP, foram vendidos 6.350 apartamentos novos, 46,3% a mais do que em julho passado e 35% acima de agosto de 2019. Já no acumulado dos 12 meses encerrados em agosto, foram vendidas 48.885 unidades, alta de 17,1% ante os 12 meses anteriores.

 

Economistas do mercado sobem para 2,47% a estimativa de inflação em 2020

Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de preços, em 2020.

O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta terça-feira, 13, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 2,12% para 2,47%. Há um mês, estava em 1,94%. Foi a nona alta seguida do indicador.

A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%, e também do piso do sistema de metas, que é de 2,5% em 2020.

Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, a Selic.

A projeção para o índice em 2021 foi de 3,00% para 3,02%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.

O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,25%.

Na última sexta-feira, 9, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de setembro foi de 0,64%. Em 12 meses, a taxa acumulada está em 3,14%. 

Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2020 foi de 2,23% para 2,77%. Para 2021, a estimativa do Top 5 passou de 3,20% para 3,17%.

PIB

No caso do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), a previsão dos economistas para a retração da economia passou de 5,02% para 5,03%. Com isso, foi interrompida uma sequência de quatro semanas de melhora no indicador. Para 2021, o mercado continuou projetando uma alta de 3,5%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

A expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão. Nos últimos meses, porém, indicadores têm mostrado uma retomada da economia brasileira.

Taxa básica de juros

Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic no fim de 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe que a mediana das previsões para a Selic neste ano seguiu em 2% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar.

A projeção para a Selic no fim de 2021 seguiu em 2,50% ao ano, igual a quatro semanas atrás. No caso de 2022, a projeção seguiu em 4,50% ao ano, igual a um mês antes. Para 2023, permaneceu em 5,50%, mesmo porcentual de quatro semanas atrás.

Em setembro, ao manter a Selic em 2,00% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”, mas “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

Em função disso, conforme o BC, “eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”.

No grupo dos analistas que mais acertam as projeções (Top 5) de médio prazo no Focus, a mediana da taxa básica em 2020 seguiu em 2,00% ao ano, igual a um mês antes. No caso de 2021, permaneceu em 2,00% ao ano, igual a quatro semanas atrás.

A projeção para o fim de 2022 no Top 5 permaneceu em 4,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. No caso de 2023, foi de 4,63% para 4,75%, ante 5,00% de quatro semanas antes.

 

 

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