Quinta-feira

VALOR

Tesouro vê janeiro atípico e dívida pública alcança os R$ 5,059 tri

Janeiro foi um mês marcado pela volatilidade. No cenário doméstico, a curva de juros apresentou alta nas taxas, reagindo a fatores como a possível renovação do auxílio emergencial.

A avaliação foi feita pelo Tesouro Nacional em documento que acompanhou a divulgação da dívida pública federal, que subiu 0,99% no mês passado em relação a dezembro e somou R$ 5,059 trilhões.

Em fevereiro, os juros voltaram a refletir a preocupação fiscal. De acordo com o Tesouro, ainda que a vacinação tenha avançado em diversos países, a descoberta de variantes da covid-19 trouxe apreensão aos mercados e uma nova deterioração no cenário externo no primeiro mês do ano.

Já no ambiente interno, pesaram “as expectativas em relação à política monetária” e as “discussões sobre a prorrogação do auxílio emergencial e seu impacto nas contas públicas”. No mês, as emissões totalizaram R$ 155,35 bilhões, enquanto os resgates foram de R$ 148,54 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 6,81 bilhões.

O coordenador-geral de operações da dívida pública, Luis Felipe Vital, destacou que o volume de colocações em janeiro foi recorde para o período. Além disso, pela primeira vez na série histórica foi registrada emissão líquida no mês, que tipicamente concentra maiores vencimentos.

Em relação ao prazo dos títulos, a secretaria chamou atenção para uma melhora no perfil das emissões. No mês, houve redução do percentual a vencer em 12 meses (de 27,6% em dezembro para 27,1%). O prazo médio apresentou leve alta, de 3,57 para 3,61 anos.

O Tesouro destaca ainda a queda no custo médio do estoque, que está no menor nível da série histórica. Uma novidade foi a publicação dos dados da reserva de liquidez, que, em janeiro, apresentou redução, em termos nominais, de 8,58%, passando de R$ 881,28 bilhões para R$ 805,68 bilhões.

Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve aumento de 8,84%. Vital reforçou que o colchão é suficiente para fazer frente aos vencimentos de mais de seis meses da dívida, dando tranquilidade à gestão. O Tesouro pontua ainda que o indicador “pode sofrer variações expressivas ao longo dos meses, em especial daqueles com volumes elevados de vencimento”. As variações são “previstas” e “antecipadas na estratégia de financiamento da dívida pública”.

Questionado sobre o efeito do noticiário recente, inclusive com a troca do comando da Petrobras pelo presidente Jair Bolsonaro, nos mercados, Vital destacou que houve um aumento nas taxas de juros, principalmente mais longas, mas pontuou que isso não necessariamente é um problema para o Tesouro. “Em alguns momentos, quando temos elevação na taxa de juros, isso aumenta o apetite de alguns investidores por títulos mais longos”, afirmou.

Na segunda-feira, após as mudanças na petroleira, foi observada uma deterioração nos mercados, mas com recuperação parcial já na terça, acrescentou. Com aumento do apetite de investidores, a secretaria pode alcançar alguns objetivos, como alongar e diversificar as emissões. “Temos visto o comportamento dos mercados de forma bastante saudável”, afirmou.

Segundo os técnicos, fevereiro tem sido marcado pela recuperação no mercado externo, com avanços nas discussões de pacotes fiscais em algumas economias e nas campanhas de vacinação, produzindo uma melhora na percepção de risco de emergentes. A situação no Brasil, no entanto, é diferente.

O CDS de cinco anos do Brasil teve performance pior do que dos pares, “principalmente em função das preocupações sobre a trajetória fiscal e o avanço da agenda de reformas”. “No mercado doméstico, os juros também refletiram a preocupação com o fiscal, apresentando alta nos prazos mais longos”, diz o Tesouro.

Vital afirmou que não está prevista nenhuma alteração na programação de leilões, mas que o Tesouro vem adaptando sua estratégia de emissões às condições de mercado. Assim, pode alterá-la. Ele frisou que o principal desafio do país segue sendo a questão fiscal. “É a questão preponderante no apetite dos investidores”, afirmou. “Daí a necessidade de avançarmos no ajuste das contas públicas e na agenda de reformas.”

 

IPCA-15 reforça expectativa de inflação acima da meta

A alta de 0,48% do IPCA-15 em fevereiro ficou praticamente em linha com as projeções do mercado e mostrou evolução mais tranquila dos serviços, mas não mudou a percepção, agora mais difundida entre analistas, de que a inflação deve superar a meta de 3,75% em 2021.

A prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste mês foi divulgada ontem pelo IBGE. Segundo economistas, a valorização de commodities e a taxa de câmbio depreciada seguirão como fontes de pressão nos próximos meses, ao passo que as medidas de inflação subjacente, mais sensíveis à atividade econômica e à taxa básica de juros, ainda estão em patamar incômodo para o Banco Central.

Por isso, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) comece a elevar a Selic em breve. A desaceleração frente a janeiro, quando o IPCA-15 aumentou 0,78%, foi influenciada principalmente pela deflação de 4,2% nas contas de luz, devido à mudança para a bandeira amarela em fevereiro. Sozinha, a tarifa de eletricidade residencial foi responsável por 0,33 ponto percentual da descompressão do “índice cheio”, observa Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil do Barclays.

Refletindo as tarifas de energia mais baratas, os preços de habitação recuaram 0,74% na medição atual, depois de subirem 1,44% no IPCA-15 de janeiro. Outros grupos que perderam fôlego foram alimentação e bebidas (1,53% para 0,56%), vestuário (0,85% para zero) e saúde e cuidados pessoais (0,66% para 0,46%). Na contramão, os transportes aumentaram de 0,14% para 1,11%, puxados por alta de 3,52% da gasolina.

Com a correção anual de cursos e mensalidades escolares - que, pela metodologia do IBGE, é capturada pelo IPCA em fevereiro -, o grupo educação também avançou, de 0,11% para 2,39%. Os preços do segmento, porém, subiram menos que o previsto pelos analistas, assim como a inflação de serviços total, que passou de 0,18% para 0,51% na comparação mensal.

Na medida acumulada em 12 meses, os serviços aumentaram apenas 1,28%.

Para Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco, a alta mais fraca na parte de educação pode estar relacionada à menor capacidade de repasse de preços no setor, em um ambiente de ensino a distância e de incertezas sobre a economia. “Geralmente, o setor repassa a inflação do ano anterior de forma inercial. E o que se viu é que, mesmo com a inflação de 4,5%, a alta foi menor”, afirma.

“Um dos receios que tínhamos era que a inflação de serviços continuasse avançando e agora ela teve uma boa moderação, mas isso não quer dizer que o IPCA deixará de acelerar”, ponderou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, que destaca o comportamento que ainda desperta atenção dos núcleos e dos bens industriais.

Nos 12 meses até fevereiro, a média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo BC ficou em 3%, ante 2,7% em janeiro. Essas medidas excluem ou reduzem o impacto de preços voláteis sobre o IPCA. A inflação de produtos industriais também ganhou ímpeto, ao avançar de 3,16% para 4,12%.

“Nosso cenário acomodatício para a política monetária caiu por terra. Apesar do resultado dentro do previsto no IPCA-15, o BC vai começar um ciclo de elevação de juros”, afirmou Sanchez, o que, para ele, deve ocorrer em março. Já o IPCA deve aumentar 3,9% no ano, estima a corretora.

Para Daniel Silva, economista da Novus Capital, a evolução dos preços continua contando duas histórias diferentes: a parte de serviços, setor mais afetado pela pandemia, com dinâmica benigna, mas bens industriais bastante pressionados. O saldo líquido entre essas duas forças é uma inflação subjacente ainda elevada em termos históricos e em nível incômodo para o Banco Central, diz Silva.

Segundo o economista, as pressões de custos na indústria têm duas origens: o real não tem se apreciado e, em algumas ocasiões, tem até se enfraquecido ainda mais ante o dólar neste começo de ano. Além disso, as cotações internacionais de commodities agrícolas e industriais estão em ascensão. “Em momentos em que as commodities subiam bastante em dólares, as nossas exportações melhoravam, o que ajudava o câmbio a se apreciar, mas isso não está acontecendo agora”, aponta Silva, o que potencializa o impacto altista na inflação.

Para o Credit Suisse, o aumento das commodities e a desvalorização cambial seguirão como vetores de aceleração para o IPCA, que deve avançar 4,5% em 2021. Em relatório sobre o IPCA-15, o banco afirma que o dado ter ficado abaixo do previsto (0,55%) não altera a visão de que os preços vão continuar sob pressão nos próximos meses.

O desajuste entre oferta e demanda de matérias-primas e insumos para a produção persiste, o que eleva os preços, observa Silva, da Novus. E, mesmo quando esse descasamento temporário terminar, o cenário ainda é de alta dos preços, devido às maiores cotações do minério de ferro, acrescenta. Mesmo a trajetória mais tranquila da inflação de serviços não deve perdurar por todo o ano, avalia o economista, uma vez que atividade do setor não deve permanecer paralisada quando o processo de vacinação ganhar mais tração.

Por isso, a Novus espera que o BC vai começar a elevar a Selic em março, com um ajuste de 0,5 ponto percentual. Mesmo assim, Silva estima que o IPCA vai subir 4,6% no ano. No curto prazo, observa Julia, do Itaú, a gasolina seguirá como maior impacto de alta sobre o IPCA. O combustível deve aumentar 5,45% no índice fechado de fevereiro, estima ela. Para os meses seguintes, no entanto, ainda não há “sinalização concreta” sobre a política de reajustes dos combustíveis após as mudanças na Petrobras.

 

Investimento direto de estrangeiros fica em US$ 1,8 bi em janeiro e não cobre rombo externo

Em um ambiente de incertezas sobre o futuro do Brasil, na esteira da pandemia de covid-19, os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 1,838 bilhão em janeiro, informou nesta quarta-feira, 23, o Banco Central. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 2,654 bilhões.

O IDP engloba investimentos mais duradouros no País, como em uma nova fábrica ou ampliação da capacidade de uma instalação já existente no País.

O ingresso em janeiro ficou abaixo das estimativas apuradas pelo Projeções Broadcast, que iam de US$ 2 bilhões a US$ 3,5 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de janeiro indicaria entrada de US$ 2,8 bilhões.   

 A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 60 bilhões. Este valor foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

O valor em janeiro foi insuficiente para cobrir o rombo nas contas externas de US$ 7,253 bilhões. O resultado de transações correntes, um dos principais do setor externo do País, é formado pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).

 A balança comercial registrou saldo negativo de US$ 1,910 bilhão em janeiro, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 962 milhões. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 4,664 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou negativo em US$ 7,315 bilhões.

A estimativa atual do BC é de déficit em conta corrente de US$ 19 bilhões em 2021. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação, divulgado em dezembro.

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