Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Mesmo com queda da Selic, juro de bancos cairá pouco

Esperada redução do spread deve ser lenta O efeito da queda da Selic para a taxa cobrada nos empréstimos concedidos pelos bancos não é imediato e leva um tempo para se materializar. Além disso, a redução do spread bancário ¬ diferença entre as taxas de captação e a cobrada pelos bancos nas concessões de crédito ¬ não depende apenas da evolução da taxa básica, mas de uma série de outros fatores como inadimplência e o cenário econômico.

Em 2012, a queda da Selic, que chegou à mínima histórica de 7,25%, foi acompanhada pela forte expansão do crédito liderada pelos bancos públicos para impulsionar a economia. Mas o momento atual é outro. Os bancos estão mais cautelosos em aumentar os empréstimos após dois anos de recessão econômica e vêm de um cenário de pico de inadimplência nas carteiras. De outro lado, os bancos públicos estão passando por um momento de ajuste e não têm folga de capital para uma forte expansão da carteira. Isso deve influenciar a evolução do spread.

Para o Deutsche Bank, um dos motivos para a resiliência das margens líquidas de intermediação dos bancos, a despeito da queda da Selic, é a falta de competição no setor bancário no Brasil. Em janeiro, houve um aumento de 2 pontos percentuais do spread da carteira de crédito livre, em que os bancos podem definir as taxas de juros, para 41,7 ponto percentual.

Isso aconteceu após dois meses consecutivos de queda do spread e justamente no mês em que o Banco Central acelerou o ritmo de corte da taxa Selic, para 0,75 ponto percentual. Essa variação reflete uma alta de 1,2 ponto da taxa de juro média dos empréstimos, contra uma queda de 0,8 ponto do custo de captação de recursos dos bancos.

Segundo analistas, como o saldo da carteira não cresceu, até caiu 1,5% no segmento com recursos livres, não houve a entrada de um grande volume de concessões novas a taxas mais baixas para ter um efeito sobre o estoque. O executivo de um grande banco diz acreditar que a alta do spread médio em janeiro não deve ser uma tendência, devendo cair ou no máximo ficar estável neste ano.

"A queda do spread vai ser lenta, mas ele deve cair na medida em que superarmos a recessão", diz Flavio Castello Branco, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Um estudo realizado pelo economista da CNI, com dados de 2015, mostra que o spread no Brasil está muito acima da média mundial, com o país à frente de outros mercados emergentes, como Colômbia e Rússia.

O economista da CNI acredita que crédito direcionado a determinados segmentos, como agrícola e imobiliário, a taxas mais baixas explicam parte dessa diferença. "Com isso, sobram menos recursos disponíveis para a carteira de crédito livre [que os bancos podem emprestar a taxas de mercado], o que faz com que as taxas desses empréstimos sejam mais elevadas", diz. Segundo estudo do Banco Central, considerando o crédito livre total, o spread médio de 2011 a 2016 foi de 26,2 pontos.

A inadimplência respondeu por 46,6% do total, a participação do lucro veio em seguida, com 27,48%, acompanhada de impostos (18,32%) e custo administrativo (4,58%), compulsórios, encargos e despesa com o Fundo Garantidor de Créditos (2,67%). Entre as medidas estudadas pelo BC para reduzir o custo do spread, que fazem parte da agenda de reformas microeconômicas, estão a mudança no crédito direcionado, a discussão sobre mecanismos para se diminuir o risco de crédito que passa pela questão do aumento das garantias, o fortalecimento do cadastro positivo, central eletrônica de registro de duplicatas, revisão da lei de falências e melhora do cadastro positivo.

 

Câmbio ampara cenário de aceleração de corte dos juros

Investidores globais consolidaram apostas em alta de juros nos EUA amanhã. Mas, se esse movimento fortaleceu o dólar nas últimas semanas, também ampliou as chances de uma correção de baixa na moeda americana caso o Federal Reserve (Fed, BC americano) apenas confirme as expectativas. Alguns fundos de índice (ETF, na sigla em inglês) atrelados à moeda americana já mostram investidores dispostos a pagar mais caro para se protegerem de uma desvalorização do dólar.

Na prática, isso indica que o mercado vê mais riscos de um ajuste de baixa na moeda após ser confirmada a alta de juros nos EUA. O economista e estrategista do Crédit Agricole para a América Latina, Italo Lombardi, diz que o Fed precisa adicionar elementos mais fortes ao comunicado da decisão de quarta¬feira para que o dólar volte a ganhar força. O padrão do Fed, porém, tem sido de subir juros de forma "dovish" (evitando sinais ainda mais contundentes de aperto monetário), avalia Lombardi.

Estrategistas da Icatu Vanguarda já veem o dólar próximo de R$ 3,20 como interessante para posições "táticas" de venda da moeda americana. "Posições através de estruturas de opção podem ser uma maneira de mitigar os riscos de curto prazo", afirmam os profissionais. Ontem, o dólar fechou em leve alta de 0,24%, a R$ 3,1522, mas 1,42% abaixo do pico de R$ 3,1975 registrado na quinta passada. Segundo a pesquisa Focus, o mercado projeta cotação de R$ 3,14 ao fim de abril, taxa que embute uma depreciação de 0,39% do dólar no período.

O enfraquecimento da divisa dos EUA seria mais um elemento a dar suporte à crescente expectativa de aceleração do processo de alívio monetário no Brasil. Ontem, os contratos de juros futuros negociados na BM&F chegaram ao fim do pregão projetando 79% de probabilidade de corte de 1 ponto percentual da Selic em 12 de abril, acima dos 74% da sextafeira. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2018 caiu a 10,01% ao ano, ante 10,07% do ajuste anterior. Mais instituições revisaram para baixo as projeções para o juro básico nos próximos meses.

A Modal Asset Management já vê corte de 1,25 ponto da Selic em abril e maio. O BNP Paribas passou a projetar decréscimo de 1 ponto em cada uma das reuniões do Copom até setembro. O chefe de pesquisa econômica do BNP para a América Latina, Marcelo Carvalho, vê inclusive dois riscos de redução dessa expectativa. O primeiro é de a Selic chegar ao patamar de 8% ainda mais rápido do que o antecipado caso o BC decida cortar o juro numa velocidade "ainda mais rápida" que de 1 ponto.

"O segundo é que a taxa terminal no atual ciclo fique ainda mais baixa do que 8%, à medida que o BC testar novos limites cíclicos e estruturais", afirma, em relatório. Na Focus, a mediana das projeções para a Selic ao fim do ano caiu a 9%, ante 9,25% na semana anterior. Apesar de enxergar espaço para mais alívio monetário, Lombardi, do Crédit Agricole, diz ser plausível esperar os eventos dos próximos 30 dias antes de revisar a projeção oficial, hoje de corte de 0,75 ponto da Selic em abril. O economista da Mapfre Investimentos, Luis Afonso Fernandes Lima, é mais conservador e estima manutenção da velocidade de alívio monetário por ver riscos políticos e ao câmbio.

 

Economista do Ibre está menos otimista com queda da Selic

Os economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) traçam um cenário básico em que os juros cairão a 9,75% ao ano em 2017 e a 9,5% ao ano em 2018, destoando da onda de otimismo que atinge o mercado. A economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre, questiona dois dos pressupostos básicos dos analistas econômicos que acreditam que os juros vão cair rapidamente e de forma tão intensa: a de que os juros de equilíbrio vão recuar e que, devido à profunda recessão, o BC terá que cortá¬los abaixo da taxa de equilíbrio.

"Para chegar aos juros de 8% ao ano que muitos preveem, teríamos que martelar muito nossos modelos", disse ela, em seminário de análise de conjuntura da FGV/Ibre. "É preciso se confirmar um cenário bem otimista." O economista Samuel Pessoa, pesquisador da FGV/Ibre, diz que há muita incerteza sobre o grau de ociosidade da economia, que depende muito da avaliação feita sobre o crescimento potencial do Produto Interno Bruto (PIB).

Uma dúvida relevante é se hoje o nível de ociosidade não é muito baixo e, portanto, será rapidamente preenchido assim que a economia começar a crescer. A previsão da FGV/Ibre é que a economia comece a se recuperar no primeiro trimestre, com um avanço de 0,3%, comparado com o período imediatamente anterior. Esse crescimento seria puxado sobretudo pelo setor agrícola.

Para o ano, a projeção é uma taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,4%. Analisando a condução mais imediata da política monetária, o economista José Júlio Senna, diretor do centro de estudos monetários da FGV/Ibre, disse que é "favas contadas" a aceleração para um ponto percentual no corte de juros básicos da economia pelo BC em abril. Senna lembrou que, na ata da reunião de fevereiro, esse movimento estava mais ligado a uma eventual frustração da estabilização da economia no primeiro trimestre. Os novos dados sobre a inflação, incluindo um IPCA de 0,33% registrado em fevereiro, mudaram essa equação.

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