Segunda-feira

Concessionárias terão alívio em outorgas

O Ministério dos Transportes deve publicar nesta semana portaria para disciplinar a repactuação dos pagamentos de outorgas das concessões aeroportuárias do Galeão (RJ), Guarulhos (SP), Brasília, Confins (MG), Viracopos (SP) e São Gonçalo do Amarante (RN).

A portaria prevê a antecipação pelos consórcios de parte do valor de outorga, com posterior carência de pagamento, ou então a redução do valor das parcelas posteriores do contrato.

Cada concessionária vai apresentar um plano de repactuação. O caso mais crítico é o da RioGaleão, que tem como sócios a Odebrecht Transport e a Changi, em que o valor da outorga anual supera a receita bruta. A empresa tem até abril para quitar pouco mais de R$ 900 milhões ou terá suas garantias executadas pela Anac.

 

Volume de distratos da Cyrela em 2016 foi o maior da história

O volume de distratos da Cyrela em 2016 foi o maior da história, revelou nesta sexta¬feira (24) o co-presidente da companhia Raphael Horn. No início de fevereiro, a companhia havia informado ao Valor que a incorporadora teve distratos de R$ 2,3 bilhões no ano passado e R$ 6,1 bilhões no acumulado de três anos. Em teleconferência com analistas e investidores, Horn ressaltou que a Cyrela espera que as reformas da economia sejam aprovadas pelo governo “de forma contundente” e destacou a importância da redução da taxa de juros para a recuperação do setor de incorporação.

O co-presidente afirmou que a saída da crise é lenta, mas que espera melhora da situação no fim do segundo semestre. “O ânimo está melhor, mas a realidade do setor não melhorou muito”, disse. Ele afirmou que a incorporadora tem conseguido vender estoques prontos, mas que as entregas têm se concentrado em regiões em que há volume expressivo de distratos. O problema com estoque pronto tende a ser mais difícil no Rio de Janeiro neste ano, afirmou.

Tecnisa

A Cyrela afirmou ver “com bons olhos” o aumento de capital da Tecnisa e a entrada na chamada de recursos anunciada ontem pela companhia, mas ainda avalia se participará, disse Horn. A Tecnisa fará aumento de capital de até R$ 150 milhões, por subscrição privada. No ano passado, a Cyrela fez aporte de R$ 75 milhões na Tecnisa e ficou com 13,62% do capital da empresa.

A companhia teve impacto líquido positivo de R$ 10,7 milhões no resultado em decorrência do investimento da Tecnisa. Tamanho De acordo com o empresário, a Cyrela tem como estratégia diminuir seu tamanho e transformar o estoque em caixa. “Vemos com bons olhos enxugar a empresa um pouco e melhorar a rentabilidade”, afirmou.

Ele ressaltou que gerar caixa possibilita reduzir a dívida, pagar dividendos e comprar terrenos. A companhia vai manter participações em joint ventures com foco nos públicos de média e alta renda, desde que sejam “compactas, enxutas e rentáveis”, disse Horn.

 

Expectativa para inflação em 2017 cai para 4,12%, aponta Focus

Continuam a cair as projeções para a inflação deste ano, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC). A nova rodada de ajustes ocorre após a prévia dos preços para março ter tido a menor alta para o período desde 2009. A mediana das estimativas para o avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de 4,15% para 4,12%. Há apenas um mês, a projeção era de inflação de 4,36%.

Entre as estimativas dos analistas Top 5, que mais acertam as projeções, a mediana de médio prazo caiu ainda mais, de 4,20% para 4,08% de alta. Em 12 meses, a previsão para o aumento do IPCA passou de 4,56% para 4,55%. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA¬15 subiu 0,15%, a menor taxa para o período desde 2009, quando foi de 0,11%.

Após esse resultado, a expectativa para o IPCA de março abrandou de uma alta de 0,25% para 0,23% no Focus. Há um mês, estava em 0,31%. Para 2018, o mercado em geral continua a prever inflação de 4,50%. O grupo Top 5 estima 4,30%. Quanto à Selic, ambos os grupos mantiveram suas previsões.

O mercado vê o juro caindo a 9% até o fim deste ano e a 8,50% no encerramento de 2018. O Top 5 estima juro a 8,50% até o fim de 2017, taxa que deve ser mantida até o fim do ano que vem. Atualmente, a Selic está em 12,25%. Quanto à atividade, o Focus mostra uma ligeira alteração na estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 0,48% para 0,47%.

Para 2018, a previsão para a atividade econômia continua em 2,50% de expansão. Na semana passada, o Ministério da Fazenda reduziu a estimativa para o crescimento deste ano de 1% para 0,50%. Para 2018, a projeção é igual à do mercado, de 2,50%.

 

Confiança do consumidor tem maior nível desde fim de 2014, aponta FGV

Puxado pela melhora das expectativas, em especial as relativas às finanças das famílias, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 3,5 pontos em março, alcançando 85,3 pontos, o maior nível desde dezembro de 2014, quando atingiu 86,4, informa a Fundação Getulio Vargas (FGV). É a terceira alta consecutiva do indicador, que subiu 4,8 pontos na comparação com março de 2016.

 “A sondagem de março confirma a retomada da trajetória de alta da confiança do consumidor, interrompida por um forte ajuste no sentido contrário ao final do ano passado. O resultado continua sendo conduzido principalmente pela melhora das expectativas. Apesar disso, notícias favoráveis à retomada da economia, como a desaceleração da inflação, a queda dos juros e a liberação de recursos de contas inativas do FGTS, podem levar a uma alta mais consistente das variáveis que medem a situação corrente dos consumidores ao longo dos próximos meses”, afirma Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora da Sondagem do Consumidor.

Em março, as expectativas melhoraram mais que as avaliações sobre o momento atual. O Índice de Expectativas (IE) avançou 5,1 pontos, para 95,7 pontos, o maior desde fevereiro de 2014 (100,7). O Índice da Situação Atual (ISA) teve alta de 1,2 pontos, para 71,5 pontos, o maior nível desde agosto de 2015 (71,8). As avaliações sobre o quadro econômico atual melhoraram pelo terceiro mês consecutivo.

O indicador que mede a satisfação dos consumidores com a situação econômica local subiu 2,0 pontos para 77,8 pontos, o maior nível desde fevereiro de 2015 (80,1). Já o Indicador de percepção com a situação financeira da família ficou relativamente estável, ao passar de 65,6 para 65,9 pontos. Os consumidores também estão mais otimistas em relação às perspectivas futuras.

O indicador que mede o grau de otimismo em relação à situação econômica em geral alcançou o segundo maior nível da série iniciada em setembro de 2005 (115,4). Dentre os quesitos integrantes do ICC, no entanto, foi o indicador de perspectivas sobre as finanças familiares que mais contribuiu para a alta do ICC deste mês, ao subir 5,8 pontos, para 94,3 pontos, o maior nível desde outubro de 2014 (96,4).

Este otimismo parece refletir a expectativa de aceleração do processo de desalavancagem das famílias, sob a influência de inflação e juros mais baixos e entrada de recursos anteriormente não previstos do FGTS. A melhora da confiança ocorreu em todas as faixas de renda. Destaca¬se a recuperação dos consumidores com renda familiar mensal entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00, cujo índice subiu 5,1 pontos em relação ao mês anterior, influenciado por melhores expectativas em relação à situação financeira das famílias e um maior ímpeto de compras. A sondagem do consumidor de março coletou informações de 2.042 domicílios entre os dias 2 e 22 de março.

 

S&P e Fitch devem manter perspectiva negativa do país

A Moody's surpreendeu analistas e o próprio mercado ao alterar a perspectiva da nota de crédito do Brasil, de negativa para estável, mas é pouco provável que as outras duas grandes agências de classificação de risco ¬ S&P Global e Fitch ¬ acompanhem a decisão. Fonte com conhecimento do tema vai um pouco mais longe ao dizer que, talvez, a Moody's tenha se precipitado e que justificar a melhora da perspectiva da nota brasileira neste momento seria uma tarefa difícil.

Especialmente diante dos primeiros reveses sofridos pela reforma da Previdência ¬ a mais importante porque afeta a trajetória da dívida pública. Apenas seis dias após melhorar a perspectiva da nota brasileira, a própria Moody's voltou à questão quando o governo indicou que retiraria Estados e municípios da reforma da Previdência.

Em nota, Samar Maziad, analista sênior para ratings soberanos, afirmou que embora a exclusão dos governos regionais da reforma seja considerada um evento negativo, as atenções estão voltadas na proposta que será aprovada e implementada. "Medidas como o estabelecimento de idade mínima mais elevada e uma nova metodologia para calcular os benefícios são fundamentais para apoiar os esforços de consolidação fiscal do governo." O economista Alexandre Pundek avalia ser quase "inimaginável" que a S&P e Fitch venham a mexer no rating antes que a reforma da Previdência seja aprovada.

"Ninguém mais acompanha a Moody's agora, pois ficou mais claro que pode haver muita diluição das medidas." Segundo ele, o volume de reservas superior à divida externa foi determinante para o grau de investimento em 2008, mas dessa vez o fator para qualquer mudança de rating será a volta do equilíbrio fiscal.

Segundo Pundek, que foi responsável pelo monitoramento das relações entre agências de rating e o Banco Central entre 1997 e 2012, sem dúvida a economia brasileira hoje está em melhor forma do que há dois anos e a mudança de perspectiva feita pela Moody's seria compatível com isso. Mas a sustentabilidade dessa melhora estaria diretamente ligada à trajetória fiscal e, por consequência, à reforma da Previdência ¬ e a diluição desse esforço acenderia uma luz amarela. "Os últimos eventos podem ter preocupado a Moody's e levantado a questão se não teria se precipitado, mas é difícil mensurar isso."

Carlos Kawall, economista¬chefe do Banco Safra, avalia que a aprovação da reforma da Previdência seria compatível com a estabilização da perspectiva da nota brasileira e que o outlook positivo ¬ ou o que chama de "viés de alta para o rating" ¬ não viria antes das eleições de 2018. Ele lembra que a variável que guia a classificação do Brasil é a relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB), que continua subindo tanto pelo déficit primário quanto pela falta de crescimento.

O ex-¬secretário do Tesouro diz que, até as eleições, a melhor coisa que o país pode conseguir é uma perspectiva estável das três agências ¬ e isso só após aprovada a reforma da Previdência. Para ele, seria um ganho atacar a idade mínima de aposentadoria, mesmo com algumas concessões que certamente serão feitas. "O futuro dirá se a Moody's foi precipitada".

Da parte do governo, o movimento da Moody's foi visto com bastante otimismo. E, de fato, há apenas duas semanas o cenário parecia de alguma forma mais auspicioso. Com o tom mais ameno do banco central americano ao indicar um ritmo gradual de elevação de juros, existia uma certa euforia nos mercados emergentes. Os 35,6 mil empregos formais criados em fevereiro levaram o presidente Michel Temer a afirmar que seria muito provável que o país volte a ter o selo de bom pagador.

No fim daquela semana, a operação Carne Fraca da Polícia Federal impôs um duro revés ao cenário, apimentado por ruídos políticos, com a percepção de que o governo talvez tenha que fazer mais concessões do que o esperado para a aprovação da reforma da Previdência, além do placar considerado apertado na votação do projeto sobre terceirização. Na última sexta¬feira, o CDS, espécie de seguro contra o calote da dívida, passou de 240 pontos, após chegar a 213 pontos uma semana antes ¬ menor nível desde janeiro de 2015.

A S&P Global reafirmou o rating do Brasil em fevereiro e a Fitch em novembro ¬ ambos duplo BB com perspectiva negativa, ou dois níveis abaixo do grau de investimento. Para a S&P, a despeito dos progressos observados no governo, como a aprovação do teto para os gastos públicos, pressão fiscal dos governos regionais e fraqueza econômica apontam para um ajuste longo e prolongado. O diretor da Fitch, Rafael Guedes, disse que a agência monitora riscos de diluição da reforma da Previdência.

Já a Moody's justificou a revisão da perspectiva para estável citando estabilização econômica, convergência da inflação à meta, números mais positivos da Petrobras e melhora na perspectiva fiscal. Se a reforma da Previdência não for aprovada, diz Kawall, a agência pode ter que voltar atrás.

 

Fluxo externo para renda fixa ensaia melhora

Dados preliminares do Banco Central sobre o fluxo de recursos externos indicam que março pode interromper uma série de sete meses de saída de investimento em renda fixa. O resultado ainda não garante que o investidor estrangeiro esteja retornando para esse mercado de forma consistente, após a redução de posições deflagrada pela perda do grau de investimento pelo país. Mas dá uma ideia do potencial de melhora caso a esperada aprovação das reformas econômicas se concretize.

Em março até dia 22, os investimentos de estrangeiros em renda fixa brasileira tanto aqui quanto no exterior somaram US$ 1,787 bilhão. Se o resultado for mantido até o encerramento do mês, o saldo mais do que compensaria a saída de US$ 1,780 bilhão de fevereiro. O resultado de março é o primeiro positivo desde julho de 2016 (US$ 427,3 milhões) e o maior desde novembro de 2015 (US$ 5,345 bilhões). Os números são coerentes com a maior demanda de investidores por renda fixa emergente como um todo, após a sinalização do Federal Reserve (Fed, BC americano) de aperto monetário gradual.

Os fundos de bônus de mercados emergentes registraram, na semana finda em 22 de março, o maior ingresso líquido em 35 semanas, de acordo com dados da EPFR, consultoria que acompanha fluxos para fundos de investimento em todo o mundo. Tanto os fundos de bônus de emergentes em moeda forte quanto os em moeda local receberam mais de US$ 1 bilhão na terceira semana de março. "Esse movimento reflete a incerteza sobre os juros americanos e a velocidade com que as taxas devem subir no futuro", afirma a consultoria.

Esse reforço nos fluxos se dá em meio a uma nova rodada de busca por retorno entre investidores globais, justamente após o Fed reiterar a velocidade gradual no processo de normalização das condições monetárias americanas. Esse cenário coloca os bônus brasileiros entre os principais candidatos a ganhos. Entre 13 mercados emergentes, os títulos locais carregam juro real implícito de 6% ao ano, quase o dobro do segundo colocado, os papéis da Rússia.

A melhora da perspectiva do "rating" brasileiro pela Moody's, ocorrida no mesmo dia da decisão do Fed (15 de março), acabou corroborando o bom momento para a renda fixa doméstica. E não por acaso, a volta dos estrangeiros aos títulos daqui ocorreu num período em que investidores ampliaram apostas de corte de juros pelo Banco Central, movimento que elevou o carrego positivo dos papéis.

Várias casas estrangeiras, entre elas BNP Paribas, Citi, Bank of America (BofA) e HSBC, consideram ou passaram a considerar corte de 1 ponto percentual da Selic em abril e maio, com a taxa básica indo para perto de 9% ou abaixo disso até o fim do ano. Em outro sinal benigno, o saldo dos fluxos para renda fixa nos últimos 12 meses indica alguma desaceleração no ritmo de saídas, num vislumbre de que o pior pode ter ficado para trás.

Em 12 meses até março, a renda fixa ainda perde US$ 23,754 bilhões, mas menos que o déficit de US$ 25,916 bilhões de fevereiro e bem abaixo do rombo de US$ 30,809 bilhões em 12 meses até novembro passado. Para Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Associados que acompanha setor externo, os fluxos para portfólios de forma geral continuam pressionados pelos efeitos dos sucessivos rebaixamentos da nota de crédito soberano do Brasil, com o país colocado em grau especulativo pelas três principais agências de risco. "As incertezas quanto aos rumos da política fiscal e quadro político, atuam no sentido de saída, enquanto que a perspectiva de enfrentamento das reformas estruturais e volta da estabilidade política, atuam no sentido de atração de capital", acrescenta.

Esse viés positivo, porém, sofreu abalo na semana passada, diante da escalada de incertezas justamente sobre a capacidade do governo de aprovar as reformas fiscais. Um profissional de tesouraria de um banco estrangeiro notou saída de recursos da renda fixa e do mercado acionário nos últimos dias, embora em volumes que não sugerem fuga de capital. "A combinação entre ruído político em torno da reforma da Previdência e os escândalos envolvendo o setor de carne definitivamente reduziu o entusiasmo do mercado", diz Alvise Marino, analista do Credit Suisse em Nova York.

 

'Mercado ainda tem como cenário básico a aprovação da reforma da Previdência'

O ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências, Gustavo Loyola, destaca que os ativos financeiros devem ter volatilidade nas próximas semanas, enquanto ocorrem as negociações em torno da reforma da Previdência no Congresso. Para ele, o recuo do governo ao retirar os servidores municipais e estaduais da reforma abre espaço para que todas as corporações reivindiquem sair das novas regras. No entanto, o cenário de referência ainda é de aprovação da medida, com mudanças significativas para o sistema.

Valor: O noticiário tem ficado carregado em torno da reforma da Previdência. Como o senhor vê as perspectivas de tramitação no Congresso e a reação dos mercados?

Gustavo Loyola: A situação complicou um pouco mais a partir do momento em que o governo recuou na questão dos servidores estaduais e municipais. Abriu a porteira para todas as corporações reivindicarem ficar fora da reforma. O ponto forte da reforma era que incluía todo mundo.

Valor: E qual o efeito disso?

Loyola: Sabemos que essas corporações são muito fortes no Congresso e aparentemente alguns parlamentares não têm muito compromisso com a ideia da reforma. Para eles, parece que está tudo muito bem. Tem muita gente falando que a Previdência não tem déficit, algo que é totalmente equivocado. E tem quem acredite. Alguns deputados preferem não enfrentar uma agenda popular. Alguns achavam, no governo do PT, que era preciso fazer a reforma e agora, na oposição, dizem que não precisa mais. E tem deputados que se dizem da base mas tem comportamento dúbio. O governo deu um sinal de fraqueza com esse recuo. Por isso, o mercado azedou.

Valor: Como fica o cenário de referência do senhor?

Loyola: Nosso cenário, aqui na Tendências, conta com aprovação da Previdência, mas é inegável que as coisas ficaram um pouco mais nubladas, com o tempo mais carregado. O governo passou sinal de que está disposto a ceder, bastando para isso fazer pressão suficiente.

Valor: Até que ponto o recuo do governo compromete o cenário ou pode alterar as expectativas?

Loyola: Depende muito de como vai refletir na reforma. Não apenas se vai ser aprovada ou não, mas qual a reforma que será aprovada. Se for fraca demais, não consegue restaurar a confiança e os investidores vão ter percepção de que uma crise fiscal é iminente. Em algum momento, terá de ser reconhecido com o sistema não é sustentável. Basta saber se isso ocorrerá em um momento de crise ou não.

Valor: O que seria uma reforma fraca demais?

Loyola: Não adianta ter uma solução apenas temporária e ter de fazer outra reforma daqui dois ou três anos. Se não houver reforma, é inevitável que o custo da Previdência vai aumentar e a carga tributária terá de subir.

Valor: E quais os pontos irrevogáveis? Muito se discute sobre a idade mínima de 65 anos, mas quais outros fatores são relevantes?

Loyola: É fundamental a questão da unificação das regras de aposentadoria dos funcionários do setor público e privado. Isso é uma fonte de grande equilíbrio. Há também o fim das aposentadorias especiais e a distinção entre homens e mulheres. Esta é uma reforma que foi bem estruturada e, infelizmente, começa a ser desfigurada antes da hora. Não é algo que seja mortal, não quer dizer que esteja tudo perdido, mas gera preocupação.

Valor: Os preços dos ativos já refletem esse risco de enfraquecimento da reforma?

Loyola: Creio que não. Os mercados ainda têm como cenário básico a aprovação da reforma. Não se formou uma percepção de que a reforma não vai ser aprovada. Há quem aceite que não vai ser como o governo propôs inicialmente, mas ainda vai ser algo importante. O que vai determinar tudo isso é o desenrolar do processo no Congresso nas próximas semanas e o mercado fica nessa expectativa. Nem levam os preços para um lado de maneira definitiva, nem para o outro.

Valor: Houve precipitação do mercado em precificar a aprovação da reforma da Previdência?

Loyola: Eu acho que o mercado não precificou como certa, precificou com grande chance. Os sinais são esses. A realidade é que os mercados vão ter de se adaptar à realidade de dura negociação política com várias corporações. A tendência é de volatilidade, com atenções voltadas para a política. Já as notícias da economia são boas. A inflação está bem comportada e temos boas novidades em concessões. O que não ajuda são essas dificuldades para a reforma.

 

BC quer ancorar expectativas mais amplas

Depois de ancorar as expectativas de inflação de economistas e operadores do mercado, o Banco Central (BC) ainda trava uma batalha para colher progressos definitivos no convencimento de empresas e consumidores de que o país volta a ter maior moderação nos reajustes de preços da economia.

A inflação esperada pelos consumidores para os próximos 12 meses caiu de 7,6% em fevereiro para 7,5% em março, depois de ter atingido um pico de 11,4% no começo de 2016, segundo o indicador de Expectativas de Inflação dos Consumidores coletado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar dos significativos avanços, as expectativas de consumidores ainda não recuaram aos níveis de 6% observados até 2010, na gestão de Henrique Meirelles no BC, quando a instituição acumulou um histórico de cumprimento das metas anuais de inflação.

Desde que Ilan Goldfajn assumiu a presidência do BC, em junho de 2016, a instituição tem sinalizado que o seu objetivo é ancorar as expectativas no sentido amplo, e não apenas dos segmentos mais especializados do mercado financeiro. Os consumidores e, sobretudo, as empresas têm um papel mais direto na dinâmica da inflação. "Na prática, são as empresas que definem os preços na economia", explica o professor Eduardo Zilberman, do Departamento de Economia da PUC¬Rio.

Não há pesquisa semelhante com expectativas de empresas. O Banco Central afirma, nos seus documentos oficiais, que depois de manter os juros altos para ancorar as expectativas, agora pode ser mais flexível na condução da política monetária. Mas a ancoragem plena das expectativas de inflação de consumidores e empresas ainda deverá levar alguns meses para ser concluído. "Até o fim do ano, as expectativas dos consumidores deverão cair para cerca de 6%", afirma o economista Pedro Costa Ferreira, do Ibre/FGV.

Segundo ele, as expectativas dos consumidores de renda mais alta, que costumam ser mais bem informados, já estão em 6% ¬ e normalmente eles são um indicador de onde caminharão as expectativas gerais. Mesmo se cair, a inflação esperada pelos consumidores seguiria acima da meta de inflação de 4,5% definida para 2017 e 2018. Embora fosse desejável índices mais baixos, historicamente os consumidores e firmas têm uma percepção de inflação mais alta do que a realmente medida, mesmo em países desenvolvidos.

O primeiro passo no ancoramento das expectativas de inflação foi nas projeções do boletim Focus, mas esse progresso não foi suficiente para o BC acelerar a distensão monetária. Esse grupo costuma ter um raciocínio mais sofisticado, mas nem sempre reflete o que ocorre com as expectativas de quem move as engrenagens da economia.

O passo seguinte foi o ancoramento das expectativas de inflação implícitas em títulos públicos. Na sexta¬-feira, Ilan apresentou gráficos numa aula inaugural na FGV que mostram que, no começo de 2016, as expectativas de inflação por esse termômetro chegaram à faixa entre 8% e 9%. Hoje, estão ancoradas em percentuais perto de 4,5%. As expectativas de consumidores também tiveram ganhos, sedimentando a visão do BC de que havia espaço para juros menores. Mas, em geral, elas caem mais devagar porque são muito influenciadas pela inflação passada.

As expectativas de inflação de consumidores subiram a partir do começo de 2013, passando de 6% para 7,5%, com um surto inflacionário cujo símbolo maior foi a alta do preço do tomate. Tiveram impulso novo no começo de 2015, depois que a inflação corrente subiu puxada pela alta das contas de luz. Levar as expectativas mais amplas exatamente para a meta será um trabalho hercúleo. Não é fácil até em países com inflação baixa.

Uma pesquisa mostra que, na Nova Zelândia, pioneira na adoção do regime de metas, o empresariado superestima a inflação de forma recorrente. Suas expectativas são muito influenciadas pelas compras em supermercados e visitas aos postos de gasolina. Mas esse pode ser um sinal de que as coisas andam bem por lá. Zilberman pondera que, com a estabilidade de preços, as empresas não teriam muitos motivos para gastar tempo e dinheiro prevendo a inflação.

O ex¬presidente do Fed Alan Greenspan definia a estabilidade de preços como uma inflação baixa ao ponto de empresas e pessoas não levá¬la em consideração ao tomar decisões econômicas, como consumo e investimento.

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