Segunda-feira

O ESTADO DE SÃO PAULO

Imóveis: Mercado dá sinais de melhora após anos de retração

O mercado imobiliário já tem dado os primeiros sinais de recuperação das atividades após anos seguidos de deterioração, mas isso só deverá se converter em um volume mais relevante de investimentos e rentabilidade dos ativos no médio a longo prazos, de acordo com estimativas de consultores e analistas do setor.

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, observa que o cenário macroeconômico brasileiro vem dando indícios contínuos de melhora, como o avanço nos índices de confiança dos consumidores e dos empresários, e a queda da inflação e da taxa básica de juros. Aos poucos, esse quadro contribuirá para o crescimento gradual da efetivação de novos negócios no setor, avalia.

“O Brasil está na UTI, mas parou de piorar. Chegamos ao fundo do poço e agora vamos buscar a recuperação”, disse Agostini durante o Summit Imobiliário, um evento organizado há três anos pelo Estado em parceria com empresas e associações do setor da construção civil. “Está claro que se trata de um movimento de ajustes, tanto nas finanças das famílias quanto dentro das empresas”, complementou.

Agostini chamou atenção para a necessidade de diversificação das fontes de financiamento para a compra e a produção de imóveis. No último ano, houve uma saída líquida de aproximadamente R$ 100 bilhões da caderneta de poupança – principal fonte de crédito imobiliário, ao lado do FGTS –, situação que provocou restrição e encarecimento nos empréstimos bancários. Para o economista, a diversificação dos instrumentos de captação ainda deve levar em conta a transição no perfil comportamental dos investidores.

“Há uma nova geração de jovens sem memória inflacionária, que busca novos investimentos. A tendência é o dinheiro não ir mais tanto para a poupança quanto no passado”, diz Agostini.

O presidente da consultoria Tishman Speyer no Brasil, Daniel Cherman, frisou que o País ainda precisa cumprir algumas etapas para atrair novamente um fluxo relevante de capital estrangeiro para o mercado imobiliário.

Embora os ativos – prédios corporativos, galpões logísticos, hotéis e shopping centers, entre outros – tenham ficado mais baratos no Brasil em meio à crise nacional e à desvalorização do real frente ao dólar, os investidores ainda permanecem cautelosos ao analisar oportunidades de negócios. A volta em massa depende da confirmação da segurança institucional, tema que ficou parcialmente conturbado com o impeachment no ano passado, segundo Cherman.

“Quando houver maior conforto dos estrangeiros com a parte institucional, os investidores vão voltar. Talvez isso possa demorar um pouco, possivelmente até a reforma da Previdência ou as próximas eleições”, observou. O executivo citou também que muitas empresas, fundos e gestores só voltarão ao Brasil depois que o País reaver o grau de investimento. “Já tivemos esse sabor, mas agora nos falta recuperar”, disse.

Na mesma linha, o analista da corretora Itaú BBA, Enrico Trotta, também previu um ano de recuperação lenta para o desempenho operacional das incorporadoras listadas na Bolsa e para o retorno dos investidores que atuam nesse setor. Trotta observou que o capital das companhias está amplamente empregado em terrenos e estoques de imóveis – na planta, em obras ou recém-construídos –, mas esses ativos têm encarado baixa liquidez e negociações com descontos, o que afetou sua rentabilidade.

“Não acho que a velocidade de venda dos estoques de imóveis das incorporadoras vai melhorar tanto, mesmo com a queda da Selic, pois ainda faltará a melhora da renda da população. Para efetivar uma compra, a família precisa ter confiança de que continuará empregada, além de uma poupança de 20% a 30% do valor do imóvel”, ponderou.

Trotta disse que a crise no mercado afetou muito as empresas listadas na Bolsa, que representavam cerca de 10% do Ibovespa em 2010, mas hoje respondem por menos de 2%. “Na nossa visão, o que falta a esse setor para voltar a ganhar relevância em Bolsa é mostrar que os retornos aos investidores podem voltar aos níveis da época dos IPOs, na faixa de 16%”, frisou Trotta, ponderando que hoje estão em torno de 5%.

O líder de Inteligência de Mercado para América do Sul da consultoria Cushman & Wakefield, Gustavo Garcia, disse que, no setor de prédios corporativos, a tendência é que o mercado continue sem o lançamento de novos projetos nos próximos anos, dado o volume grande de obras que foram concluídas recentemente e a quantidade elevada de áreas não alugadas. “Há um novo equilíbrio em andamento. Não esperamos lançamentos nos próximos anos”, estimou.

 

Economia não reage como o esperado

Não fosse o agronegócio, que supera as melhores expectativas, não haveria muito o que comemorar na economia neste início de ano, segundo os economistas. O setor de serviços segue caindo, o varejo não reage e a indústria esboça recuperação abaixo do esperado.

As últimas semanas ainda foram marcadas pelo governo revisando, para pior, as contas públicas. Anunciou um contingenciamento de R$ 42 bilhões para manter o rombo de R$ 139 bilhões neste ano. Também elevou a previsão de déficit em 2018, de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões.

O economista Nelson Marconi reuniu dados de indústria, varejo e serviços, retirou as oscilações ao longo do tempo (os chamados efeitos sazonais) e concluiu: “Não dá nem para dizer que há recuperação, mas uma estabilização num patamar baixo: estamos andando de lado no fundo do poço e, olhando para a frente, não há nada no cenário que mude isso”, diz ele.

Na verdade, na semana passada, o cenário mudou um pouco, mas para pior. O Placar da Previdência do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que a reforma previdenciária, carro-chefe do ajuste fiscal, hoje não seria aprovada no Congresso. “O mercado viu que há um gap entre a expectativa e a realidade política: o humor piorou e a vamos ter de ir corrigindo as projeções”, diz Evandro Buccini, economista-chefe da gestora de recursos Rio Bravo.

Para Mônica de Bolle, economista e pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional e colunista do jornal, o Brasil vai crescer zero em 2017, sinal claro de que o País carece de ajustes de curto prazo. “O governo nunca fez ajuste de curto prazo, pelo contrário, até gastou mais e cobriu com o dinheiro da repatriação: o problema fiscal continua ali”, diz.

Para Mônica, o governo não poderia ter dado reajustes salariais aos servidores e já deveria ter cortado todas as desonerações. “Houve erro de cálculo e Fernando Henrique Cardoso tem uma frase para definir isso: todo mundo entra no governo achando que é dono do seu destino, mas não é assim na prática”, diz ela.

No espectro de projeções, na ponta otimista está a MB Associados, empresa de análise econômica, que projeta 1% de crescimento em 2017, com altas em todos os trimestres. “Estamos, sim, no topo das projeções, no lado mais otimista”, diz José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio da MB.

A MB leva em consideração um setor estratégico que chama a atenção de todos os analistas neste início de ano: o agronegócio. “Os sinais da recuperação, claramente, não estão nos números que já saíram dos centros urbanos, mas na safra agrícola e em suas consequências”, diz Mendonça de Barros.

Segundo o economista, os dados já disponíveis mostram que a safra será muito maior do que se previu e ainda terá uma produtividade excepcional. “Seus efeitos positivos estão acontecendo no interior e se misturam a bons resultados já divulgados de alguns setores, como o químico e o de máquinas e equipamentos, e vai aparecer na balança comercial de março, pois as exportação agrícolas podem crescer até 20%, mesmo com o problema da carne”, diz ele.

Mendonça de Barros tem também uma lista de evidências de melhoras que já teriam ocorrido em março, mas que ainda não foram oficialmente retratadas nos dados: recuperação na venda de carros, redução no estoque de imóveis, recuperação no setor de supermercados e indicações claras de descompressão de crédito, com a redução do endividamento das famílias e das empresas.

 

Inflação em queda dá sinal verde para BC reduzir mais os juros

Os preços de transportes caíram e a inflação oficial do Brasil perdeu ainda mais força em março, encostando na meta do governo e deixando o caminho aberto para o Banco Central intensificar o afrouxamento monetário na próxima semana.

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a alta a 0,25 por cento, de 0,33 por cento em fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa é a leitura mais baixa para meses de março desde a alta de 0,21 por cento verificada em 2012.

Já no acumulado em 12 meses até o mês passado, o índice registrou avanço de 4,57 por cento, contra 4,76 por cento no mês anterior. Com isso o IPCA fica muito próximo do centro da meta oficial de inflação, que é de 4,5 por cento com margem de 1,5 ponto percentual.

A alta nos 12 meses até março é a mais fraca desde agosto de 2010, quando o IPCA avançou 4,49 por cento.

Os resultados tanto para o mês quanto para o acumulado bateram exatamente com a mediana das expectativas em pesquisa da Reuters.

“A inflação em 2017 está em ladeira abaixo. A inflação representa o momento que vivemos e as pessoas não estão comprando. O consumo é inibido muito pelo desemprego, ambiente econômico e renda menor”, disse a economista do IBGE Eulina Nunes, destacando que essa é a primeira vez desde 2012 que o IPCA fica abaixo de 5 por cento por dois meses seguidos.

O dado de março derivou principalmente da queda de 0,86 por cento de Transportes, após os preços subirem 0,24 por cento em fevereiro. O destaque foi a gasolina, uma vez que o preço do litro ficou em média 2,21 por cento mais barato.

Também registraram queda de preços os grupos Comunicação (-0,63 por cento), Artigos de residência (-0,29 por cento) e Vestuário (-0,12 por cento).

Na outra ponta, os preços de alimentos e de bebidas voltaram a pressionar no mês, com alta de 0,34 por cento, devolvendo parte do recuo de 0,45 por cento em fevereiro.

O maior impacto individual para cima foi registrado pela energia elétrica, de 0,15 ponto percentual no índice, após avanço de 4,43 por cento no mês.

O grupo Habitação foi diretamente afetado pelo movimento, exibindo alta de 1,18 por cento em março — a mais elevada variação de grupo.

Por sua vez a inflação de serviços, considerada prioritária pelo BC para a política monetária, desacelerou com força a 0,33 por cento em março, contra 0,84 por cento em fevereiro.

Será com esses dados que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá na próxima semana para decidir sobre a política monetária.

Depois de já ter cortado a taxa básica de juros em 2 pontos percentuais, para os atuais 12,25 por cento, o cenário de inflação e recuperação ainda lenta da atividade é propício para o aumento do ritmo de corte a 1 ponto percentual.

Em seu Relatório Trimestral de Inflação, o BC passou a ver inflação menor em 2017, de 4 por cento, e também informou que poderia fazer uma “intensificação moderada” no ritmo de corte dos juros básicos.

Na pesquisa Focus do BC junto a economistas a expectativa é de que o IPCA encerre 2017 com alta de 4,10 por cento, ficando em 4,5 por cento em 2018. Para a Selic, os entrevistados passaram a ver a taxa a 8,75 por cento no fim deste ano.

 

VALOR ECONÔMICO

Mercado reduz expectativa para inflação neste ano e em 2018

Os agentes do mercado financeiro continuaram a reduzir a expectativa para a inflação e para taxa de juros neste ano e, desta vez, cortaram também a previsão para o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2018, após 36 semanas com a estimativa estacionada em 4,50%. De acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC), a projeção para a alta do IPCA em 2017 saiu de 4,10% para 4,09%, quinto recuo consecutivo.

Para 2018, a estimativa passou de 4,50% para 4,46% de aumento. A previsão para o IPCA de abril foi de 0,40% para 0,31% de elevação. Destoando das demais projeções, o prognóstico de 12 meses subiu de 4,57% para 4,60% de elevação. A nova revisão nas estimativas ocorre após o bom resultado do IPCA de março, que desacelerou a alta para 0,25%, e no momento em que o BC se prepara para decidir sobre a taxa de juros, na quarta¬feira.

No Focus, a projeção para a Selic no fim deste ano caiu de 8,75% para 8,50%. Alcançado esse nível, a taxa permanece assim até o fim de 2018, esperam os analistas. Para a reunião de quarta¬feira, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza o juro em 1 ponto percentual, para 11,25% ao ano.

Os analistas Top 5 de médio prazo, que vinham prevendo uma inflação abaixo da do mercado em geral, desta vez fizeram um ajuste para cima na projeção deste ano, de 4,08% para 4,11%. Para 2018, contudo, a expectativa para a inflação foi revisada de 4,30% para 4,25%. Eles também projetam o juro em 8,50% ao fim deste ano e do próximo.

 

Com afrouxamento da meta, ajuste fiscal vai ficar para depois das eleições de 2018

O governo anunciou na sexta-¬feira que decidiu afrouxar o ajuste das contas públicas no próximo ano, sinalizando com isso que um esforço fiscal mais rigoroso somente será feito a partir de 2019, quando o próximo presidente da República estiver no poder. O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a ser enviado ao Congresso Nacional nos próximos dias, propõe que o déficit primário do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) em 2018 ¬ ano de eleições gerais no país ¬ seja elevado em R$ 50 bilhões, em relação ao que constava do projeto de LDO para 2017, preparado pelo governo Temer em julho de 2016.

Com essa decisão, o governo mostra que não quer se comprometer com uma meta em 2018 que exija um ajuste fiscal mais forte, que pode significar corte mais agressivo de despesas ou aumento de tributos. Por isso, preferiu ampliar o déficit. Há estudos mostrando que a política fiscal costuma ser mais frouxa em anos eleitorais. O governo Temer parece não ter fugido à regra. Assim, a meta do governo central para o próximo ano passará de um déficit de R$ 79 bilhões, prevista em julho do ano passado, para déficit de R$ 129 bilhões ou 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

O resultado será apenas R$ 10 bilhões melhor do que o previsto para este ano. Ou seja, o esforço fiscal será muito pequeno. Em 2017, com a previsão do governo de crescimento da economia de apenas 0,5%, o déficit previsto para o governo central é de R$ 139 bilhões ou 2,1% do PIB, contra R$ 160,3 bilhões registrado em 2016 ou 2,56% do PIB ¬ o esforço será, portanto, de R$ 21,3 bilhões ou 0,46 ponto percentual do PIB. Em 2018, com a economia crescendo 2,5%, de acordo com a previsão oficial, o esforço fiscal será de R$ 10 bilhões. Já para 2019, o governo projeta um déficit primário para o governo central de R$ 65 bilhões ou 0,8% do PIB.

O déficit previsto é quase a metade do definido para 2018. Isso significa que o ajuste fiscal terá que ser equivalente a 1 ponto percentual do PIB ¬ um esforço sem dúvida considerável para o primeiro ano do próximo presidente. É importante observar que, na previsão anterior, feita em julho, não haveria déficit primário em 2019. Com a nova programação, no primeiro ano do novo governo, o Brasil terá o seu sexto déficit primário consecutivo, mesmo com um forte ajuste fiscal.

Para 2020, o governo Temer projeta um superávit primário de R$ 10 bilhões para o governo central ou 0,1% do PIB. O esforço fiscal que o futuro presidente terá que fazer em seu segundo ano de governo também será expressivo, equivalente a 0,9 ponto percentual do PIB. Assim, dois anos de ajuste muito duro aguardam o próximo governo.

A projeção para o desempenho fiscal de Estados e municípios em 2020 também é bastante ambiciosa. Eles deverão apresentar superávit primário de R$ 16,6 bilhões ou 0,2% do PIB. Assim, todo o setor público apresentaria um superávit primário de 0,3% do PIB ou R$ 23,2 bilhões ¬ o primeiro depois de seis anos. O governo não divulgou, na sexta, o texto do projeto da LDO para 2018 nem os anexos que tratam da meta fiscal. Por isso, não foi possível saber qual é a trajetória prevista pela área econômica para a dívida pública bruta e líquida nos próximos anos, que resultará do afrouxamento fiscal.

Na apresentação sobre a LDO, divulgada pelo Ministério do Planejamento, há um destaque para a evolução da despesa primária da União em proporção do PIB. O gráfico divulgado mostra que os gastos atingiram um pico de 22,73% do PIB em 2015, caindo para 20% em 2016. A previsão é que, neste ano, eles ficarão em 19,1% do PIB, passando para 18,9% do PIB em 2018, 18,3% do PIB em 2019 e 17,8% em 2020. Com isso, o governo quer mostrar que as despesas estão sendo reduzidas. Esse movimento, no entanto, é possibilitado por duas variáveis.

Pelo teto da despesa, que impede que elas aumentem mais do que a inflação. Em segundo lugar, com um maior crescimento real da economia, as despesas deverão mesmo cair em proporção do PIB. Outro dado importante do documento é a previsão de que a receita da União em 2018 será, em proporção do PIB, inferior à registrada em 2017. Mesmo com a economia crescendo 2,5% no próximo ano, contra 0,5% neste ano.

 

Recessão ainda afeta a receita, afirma Meirelles

O governo trabalha com a previsão de que a receita da União em 2018 será menor do que a deste ano, em proporção do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo com o crescimento maior da economia. No próximo ano, a expansão econômica foi estimada pelo governo em 2,5%, mas a arrecadação total ficará em 20,5% do PIB. Neste ano, com crescimento de apenas 0,5%, a previsão é que a receita ficará em 20,6% do PIB. Duas variáveis explicam esse comportamento, de acordo com explicação dada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao Valor.

Segundo o ministro, a recuperação da receita tem uma defasagem em relação ao crescimento da economia. Como a recessão econômica foi a pior registrada no na história do Brasil, as empresas acumularam muitos créditos contra o fisco e, no primeiro momento, deverão usá¬los para reduzir os pagamentos de tributos. "A recessão ainda está impactando a receita", afirmou.

Além disso, explicou Meirelles, a arrecadação deste ano está sendo elevada por conta das receitas extraordinárias, como os leilões das hidrelétricas e pela regularização dos ativos mantidos por brasileiros no exterior, a chamada repatriação. "Será necessário fazer um esforço muito grande de arrecadação no próximo ano para compensar isso", explicou. O ministro destacou o fato de que a despesa primária da União (não inclui o pagamento de juros das dívidas) continuará em uma trajetória de queda, em proporção do PIB, nos próximos anos.

Em 2015, os gastos atingiram 22,73% do PIB. A previsão do governo é que, em 2018, eles ficarão em 18,9% do PIB e em 17,8% do PIB em 2020. "As despesas estão caindo fortemente", disse. "O processo de consolidação fiscal está em curso".

 

IPCA em queda complica cumprimento do teto ano que vem

Ainda que bastante comemorada pelo governo, a rápida e expressiva desaceleração da inflação nos últimos meses deve criar uma dificuldade adicional para o cenário fiscal em 2018. Embora o governo projete que o IPCA encerre o ano em 4,3%, a inflação acumulada nos doze meses até junho, parâmetro para correção do teto para a despesa pública, deve ser de 3,8%, de acordo com as projeções do boletim Focus do Banco Central. Assim, depois de um crescimento de 7,2% em 2017, a despesa do governo só poderá aumentar 3,8% em 2018. Já a correção do salário mínimo, que indexa parcela importante da despesa primária, deve ser maior, de 4,15%, projeção do Focus para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Para economistas, mesmo com esse crescimento pequeno da despesa, a lenta reação da atividade econômica e da arrecadação dificultam ajuste mais rápido das contas públicas. Na sexta¬feira, o governo anunciou que a meta de déficit primário do setor público consolidado para 2018 foi revista de R$ 79 bilhões para R$ 131 bilhões. Para Fernando Rocha, sócio da JGP Gestão de Recursos, esse é mais um dado a mostrar que a trajetória de recuperação das contas públicas será mais difícil do que imagina o mercado.

Rocha já estimava um déficit primário de R$ 127 bilhões para o governo central, "o que não minimiza o fato de que foi uma revisão grande", diz ele. "E essa conta ainda considera R$ 50 bilhões em receitas extraordinárias", reforça. No cenário do Instituto Fiscal Independente (IFI), também será preciso um volume expressivo de arrecadação não recorrente. Já contando com o teto do gasto e crescimento da receita em linha com o PIB, o déficit primário de 2018 seria de R$ 163 bilhões.

Para cumprir a trajetória de melhora gradual das contas públicas, estima Fabio Klein, da Tendências Consultoria, será preciso pelo menos R$ 40 bilhões ao ano em medidas adicionais do lado da receita e do gasto. Para ele, a revisão da meta surpreendeu pela magnitude, mas o governo não parece querer correr o mesmo risco de 2017, no qual a meta foi traçada com base em cenário mais positivo para a atividade, que não se concretizou e levou a um contingenciamento de R$ 42 bilhões.

Mesmo assim, diz ele, o governo não deve conseguir cumprir o déficit primário de R$ 139 bilhões neste ano e vai registrar um rombo de R$ 148 bilhões. "O ponto importante é ter déficits menores a cada ano, reduzindo o impulso fiscal", diz. "Idealmente, o ajuste precisaria ser mais rápido", diz Rocha, da JGP. Entre as medidas de curto prazo que o governo poderia tomar, afirma, está o fim do abono salarial, que tem um custo de cerca de R$ 20 bilhões ao ano, além de mudança da regra de reajuste do salário mínimo. Sem isso, diz, o gasto com Previdência continuaria a aumentar muito acima da inflação, mesmo com a reforma, o que comprimiria demais as outras despesas.

Em 2018, observa, o índice de correção do teto deve ser menor do que o do salário mínimo, que indexa boa parte da despesa. "Vai ser difícil acomodar o crescimento do gasto da previdência em um cenário de crescimento real zero da despesa total. É desafiador".

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Reformas ineficazes levarão país ao precipício, diz ex-diretor do BC

"Os próximos 20, 30 dias serão um divisor de águas para os próximos anos no Brasil. Ou escolhemos o bom caminho, ou o precipício", diz Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central.

A economia poderá crescer acima de 3% em 2018 caso o governo consiga que a reforma aprovada seja 60% a 70% da proposta original, sem excluir pontos como a idade mínima de 65 anos para aposentadoria, afirma.

"Sem a reforma, a Previdência hoje custa 8% do PIB. Em 2060, essa porcentagem irá para 19%."

Figueiredo diz também que, caso as medidas não sejam aprovadas de forma bem-sucedida, os políticos eleitos em 2018 "serão engolidos pelo processo de piora, como a presidente Dilma."

"Ou resolvemos o problema fiscal, que é insustentável, ou teremos uma descontinuidade. O país não consegue se endividar muito mais", afirma o executivo.

*

Reforma da Previdência

Este é um dos momentos mais importantes da nossa história porque a situação de hoje é a de um país quebrado, só que com um bom horizonte, que são as reformas.

Não dá mais para brincar. Nos últimos dez anos, a relação entre dívida e PIB cresceu de forma brutal, mais de 10, 15 pontos percentuais.

Para que a reforma não seja uma 'meia-sola', é preciso que permaneça ao menos 60% ou 70% da proposta original.

Isso quer dizer que [é preciso incluir] quase obrigatoriamente a idade mínima de 65 anos para os homens e perto disso para mulheres, além de outros pontos.

Com uma boa reforma, melhora muito o problema, e se houver aumento de imposto, será uma coisa muito marginal. Teremos mais crescimento e mais emprego, em uma economia mais produtiva.

Se tivermos uma má reforma, a alta de imposto terá de ser muito maior. E quem mais sofre é a classe mais pobre.

Diante de alguns gastos que crescem sem parar, você comprime outros e vai ter de aumentar muito tributo, o que torna a economia menos eficiente. É uma espiral da qual não se consegue sair.

É pior do que mediocrizar a economia, é levá-la a uma situação de total desequilíbrio estrutural, sem solução, porque a reforma da Previdência já terá ocorrido, e ela é o grande problema, com gastos que crescem muito rápido.

Sem reforma, anualmente, teremos um crescimento nas despesas de R$ 100 bilhões, a partir deste ano. Não dá mais para ser gradualista.

Eleições

Se a economia estiver crescendo pelo menos 2% ou 3% no ano que vem, a chance do país estar em uma boa direção em 2019 é enorme.

Se passar a proposta [deficiente] e a economia ficar ruim, não haverá agenda para uma nova reforma, e sim para a direção oposta.

A oposição não precisa concordar com tudo, mas ser contra uma reforma como essa significa que, se ela ganha em 2018, pegará terra arrasada. Como vai governar assim?

Será engolida pelo processo de piora, como foi o caso da presidente Dilma, quando tentou arrumar [a situação econômica].

Juros

Estamos no caminho de políticas racionais, sustentáveis, com isso o país poderá ter menos altos e baixos e a inflação ficará onde sempre deveria ter ficado, no nível de sua meta, que hoje é 4,5%.

Nada nos faz pensar que o Banco Central não vai cortar a taxa Selic [na quarta-feira, 12] em 100 pontos-base.

Os sinais de inflação estão muito melhores e o Banco Central não se mostrou desconfortável, pelo contrário.

Os juros deverão ir para 8,5% ou 9% até o final de 2017.

Investimentos

Ao longo do segundo semestre de 2016, a confiança melhorou muito. O que se imaginava é que, a partir da melhora da confiança, viesse o resto, e não veio.

Se passarmos por esse divisor de águas [das reformas], provavelmente teremos mais crescimento, e a queda do desemprego, prevista para 2018, poderá ser antecipada.

Recebemos investidores estrangeiros e muitos dizem 'minha próxima operação será no Brasil, mas eu não compro até passar ao menos a primeira parte da reforma'.

O Brasil ainda depende muito de suas pernas.

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