Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Cyrela pretende participar da capitalização da Tecnisa

A Cyrela pretende participar do novo aumento de capital da Tecnisa, o que permitirá manter sua fatia de 13,62% na incorporadora de Meyer Nigri. No fim de março, a Tecnisa anunciou aumento de capital de R$ 150 milhões. A data limite para a subscrição das ações da companhia é 28 de abril. Em junho do ano passado, a Tecnisa havia anunciado capitalização de R$ 200 milhões. Na nova operação, o controlador da Tecnisa, Meyer Nigri, e sua família se comprometeram a subscrever, no mínimo, um total de 28.297.938 ações, somando R$ 73,575 milhões, mantendo sua participação, de quase 50% na companhia.

A subscrição pela Cyrela de 7.858.174 ações, ao preço de R$ 2,60 por papel, depende do cumprimento desse compromisso por Nigri e família. Durante a divulgação dos resultados de 2016, a Cyrela informou que participaria do aumento de capital da Tecnisa desde que alguns detalhes fossem acertados. Na ocasião, nenhuma das duas companhias divulgou quais eram esses detalhes. A capitalização da Tecnisa prevê a subscrição de um total de 57.692.307 ações. Ontem, foi aprovado o primeiro aditivo ao acordo de acionistas da Tecnisa.

O aditivo fica em vigor enquanto a participação da Cyrela na companhia de Nigri for de pelo menos 7,5%. A Cyrela terá de aprovar compra de terrenos e lançamentos fora do Estado de São Paulo. No caso de lançamentos em São Paulo, a aprovação da Cyrela é necessária só quando a alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido da Tecnisa superar 35%. No fim do ano passado, a alavancagem da Tecnisa medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido era de 61,7%. Se os R$ 150 milhões do aumento de capital tivessem entrado no caixa da companhia no quarto trimestre, a alavancagem cairia para 46%.

A Tecnisa terá de apresentar, em 30 dias, planos para renegociação de dívidas de curto e médio prazos e para venda de ativos não estratégicos. O plano de ação sobre fluxo de caixa, referente à comercialização de ativos, deve ser submetido à aprovação do conselho de administração. As despesas gerais e administrativas da Tecnisa deverão ser limitadas a R$ 45 milhões em 2019. Em 2020, o limite para essas despesas será de R$ 40,5 milhões em 2020. No ano passado, a Tecnisa reduziu as despesas gerais e administrativas em 32%, para R$ 113 milhões.

 

Vendas de cimento recuam 4,4% em março, aponta sindicato

 As vendas de cimento apresentaram recuo de 4,4% em março, com 4,7 milhões de toneladas, na comparação com igual mês de 2016, informou nesta segunda¬feira o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic). No primeiro trimestre, segundo a entidade que reúne os fabricantes no país, o volume comercializado alcançou 12,9 milhões de toneladas, o que representou retração de 8% comparado com mesmo período do ano passado.

Em 12 meses, de abril de 2016 a março deste ano, as vendas acumuladas somaram 56,2 milhões de toneladas, número 10,2% menor do que nos 12 meses anteriores (abril de 2015 a março de 2016). Na comparação por dia útil, o volume comercializado de cimento no país no mês passado apresentou queda de 2,1% em relação a fevereiro e de 8,3% em relação a março de 2016.

O presidente executivo do Snic, Paulo Camillo Penna, disse, por meio de comunicado, que já é possível identificar uma suave desaceleração no ritmo de queda da demanda do cimento. “Conseguimos perceber alguns avanços no cenário econômico no país que tendem a contribuir para o aumento no consumo do produto.”

Segundo o executivo, já se percebe maturação de projetos, tais como o Programa Minha Casa, Minha Vida, a liberação de recursos das contas inativas do Fundo da Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a ampliação do valor do imóvel para aquisição com recursos do FGTS, assim como a retomada das obras paralisadas. Ele mencionou também quedas nas taxas de juros e de inflação, contribuindo para um ambiente econômico mais favorável no país.

Mesmo assim, lembrou que as projeções para 2017 apontam para uma queda entre 5% a 7% nas vendas do setor. Caso isso se confirme, disse, será o pior nível de capacidade ociosa da história do setor, próxima de 50%. O consumo aparente de cimento (vendas no mercado interno mais importações) somou 4,8 milhões de toneladas em março, 3,8% a menos que no mesmo mês do ano anterior. No acumulado de 12 meses, a queda atingiu 10,2% sobre o período de abril de 2015 a março de 2016.

 

Renegociação de empréstimos bate recorde nos bancos

Enquanto o crédito no país passa por uma contração histórica como consequência da crise, uma outra linha não para de crescer no balanço dos bancos brasileiros: a das dívidas renegociadas. O saldo de empréstimos que tiveram o prazo ou as condições modificadas diante da dificuldade dos clientes em pagar as parcelas alcançou R$ 416 bilhões no fim de 2016, alta de 37% no ano, de acordo com dados do Banco Central.

O volume é recorde e representa 13% do saldo total de crédito no país, que encerrou o ano passado em R$ 3,1 trilhões ¬ queda de 3,5%. Nas linhas para pessoas físicas, de cada R$ 100 em créditos, R$ 15 passaram por algum tipo de refinanciamento, de acordo com o BC. Na carteira de empresas, os refinanciamentos representam 11,7% do total.

O BC inclui nessa conta tanto as renegociações convencionais, que envolvem o alongamento de prazos, troca de modalidades e revisão de custos, como as chamadas operações reestruturadas ¬ quando a instituição financeira abre mão de parte do principal e não só dos juros. Apesar do aumento, os bancos veem a situação sob controle. Em tempos de crise, renegociar dívidas virou parte até de estratégia de marketing.

O Santander colocou recentemente no ar uma campanha na qual informa ter promovido renegociações com mais de 1 milhão de clientes. A iniciativa em muitos casos partiu do próprio banco, que telefonou para os devedores apresentando condições mais favoráveis, de acordo com a propaganda. "Quanto antes identificamos o problema com o crédito, mais fácil resolvê¬lo", afirma Antonio Pardo de Santayana Montes, vice¬presidente executivo de riscos do Santander.

Outras instituições também investiram para estimular o processo de renegociação. O Banco do Brasil (BB) criou um portal na internet específico para esse tipo de operação, que desde 2014 já refinanciou R$ 4,14 bilhões, entre dívidas de pessoas físicas e pequenas e médias empresas. No total, a carteira de créditos renegociados dos quatro maiores bancos de capital aberto ¬ Itaú Unibanco, BB, Bradesco e Santander ¬ aumentou 21% no ano passado, para pouco mais de R$ 80 bilhões, de acordo com informações dos balanços.

"As carteiras refinanciadas cresceram e precisam ser acompanhadas de perto, mas a reação dos bancos brasileiros em geral surpreendeu positivamente", afirma o executivo do Santander. Ele compara o momento atual do país ao vivido na Europa, onde o aumento da inadimplência que se sucedeu à crise financeira provocou sérios problemas para os bancos da região.

As operações de refinanciamento de dívidas se acentuaram no país a partir de 2015. Empresas que tiveram recuo na receita em consequência da queda nas vendas viram o endividamento se multiplicar em relação à geração de caixa, tornando o serviço da dívida impagável. O mesmo ocorreu com as pessoas físicas que perderam o emprego e, junto com ele, a capacidade de honrar as prestações dos financiamentos.

Em alguns casos, nem mesmo o alongamento de prazos e a concessão de um prazo de carência foram suficientes para evitar o calote. A incorporadora PDG Realty entrou com pedido de recuperação judicial pouco mais de seis meses depois de obter um acordo com os bancos credores, que previa até a liberação de dinheiro novo para a companhia. O grande receio de parte dos analistas é o de que os bancos estejam apenas "pedalando" dívidas que não serão pagas mesmo em condições mais amigáveis.

"Acreditamos que os bancos tenham adotado essa estratégia com o intuito de preservar os retornos em 2016 e alcançar suas metas de lucro anuais; porém, ela apenas adiará a deterioração na qualidade dos ativos", escreve a agência de risco S&P Global, em relatório. Os bancos não promovem as renegociações apenas para ajudar seus clientes. As operações ajudaram a conter a alta nos índices de inadimplência em meio à crise.

A taxa de financiamentos em atraso fechou 2016 em 3,7%, pouco acima dos 3,4% registrados um ano antes, segundo o BC. O próprio Santander destacou em sua publicidade que o refinanciamento das operações com os clientes ajudou o banco a ter uma inadimplência menor que o dos concorrentes privados. Mas analistas afirmam que a inadimplência, por si só, não é a melhor forma de comparar a qualidade dos ativos dos bancos.

Para dar uma dimensão mais ampla do tamanho do risco do crédito no país, o BC trouxe um novo indicador em seu Relatório de Estabilidade Financeira mais recente: o índice de "ativos problemáticos". A medida vem sendo desenvolvida globalmente pelo Comitê de Basileia. O modelo brasileiro de ativos problemáticos engloba os financiamentos em atraso há mais de 90 dias, as operações de crédito reestruturadas e as classificadas entre os níveis de risco "E" e "H", que exigem maior provisão.

Os créditos reestruturados passam pelo que o Banco Central chama de "período de cura" de doze meses. Em média, cerca de 30% dessas operações voltam a atrasar. Por esse cálculo, o estoque de ativos problemáticos no sistema financeiro subiu de 6,42% para 7,94% no ano passado, um avanço bem maior que o do índice de inadimplência convencional. No curto prazo, o BC espera que a exposição a esses ativos mantenha tendência crescente, principalmente pelo aumento dessas operações na carteira de crédito a empresas.

Quando os processos de renegociação começaram, já havia uma expectativa de piora na economia, mas a recessão acabou se revelando mais severa e longa do que o inicialmente esperado. Por isso, já é dado como certo nos bancos que parte das dívidas terá de passar por uma nova rodada de renegociação. Mas depois do crescimento nos últimos dois anos, a carteira está perto de atingir o pico, segundo o diretor de um grande banco de varejo. "As novas safras de créditos renegociados já têm registrado um desempenho melhor", afirma. Os indicadores também sinalizam que a situação tende a melhorar.

Do lado das empresas, o número de pedidos de recuperação judicial caiu de 409, no primeiro trimestre do ano passado, para 322 nos três primeiros meses de 2017, de acordo com a Serasa Experian. A queda da Selic também reduz o peso do endividamento sobre as companhias, em especial as de maior porte.

Para o BC, o aumento dos ativos problemáticos não representa ameaça para a estabilidade financeira porque os bancos já contabilizaram as perdas para a maior parte das operações. No fim do ano passado, os bancos tinham provisões sobre 83% do total dessa carteira.

 

Preços de ativos no Brasil sugerem cautela, diz banco americano

Os investidores com exposição ao Brasil devem ser cautelosos, já que os preços de ativos parecem elevados dados os riscos crescentes no país, adverte o banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH). Em nota divulgada nesta segunda¬-feira, o BBH diz que o cenário econômico "continua pobre", enquanto o quadro político tem mostrado deterioração. "O presidente [Michel] Temer teve algum sucesso com as reformas estruturais, mas os seus esforços começam a diminuir", afirma o BBH.

O banco lembra que Temer conseguiu apoio no Congresso para aprovar no fim do ano passado a regra que limita a expansão dos gastos públicos federais. "No entanto, a popularidade de Temer (e, por extensão, a de seu partido, o PMDB) está em níveis recordes de baixa", diz a nota, avaliando que a austeridade fiscal, a recessão em curso e investigações sobre corrupção são os principais fatores trabalhando contra Temer.

Ao falar da reforma da Previdência, o BBH diz que recentes relatos da imprensa sugerem que o governo vai fazer concessões à sua proposta. Com a crescente oposição no Congresso, Temer deve apresentar uma nova proposta em 18 de abril, cortando cerca de 20% da economia estimada com o projeto inicial. "O plano original projetava economias de R$ 678 bilhões ao longo dos próximos dez anos."

O BBH aponta as dificuldades na economia, lembrando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta crescimento de 0,2% neste ano e de 1,5% em 2018. Indicadores do primeiro trimestre, porém, sugerem um "possível retorno" ao terreno positivo nos três primeiros meses do ano, diz o banco. As pressões inflacionárias, por sua vez, estão em queda, levando o IPCA a acumular variação de 4,57% nos 12 meses até março, o nível mais baixo desde agosto de 2010, e um nível próximo aos 4,5% da meta perseguida pelo Banco Central (BC).

O cenário marcado por inflação em baixa e atividade fraca abre espaço para ampliar o corte dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, reduzindo a Selic em 1 ponto percentual, e não mais em 0,75 ponto, como fez nos dois encontros anteriores. Hoje, os juros estão em 12,25% ao ano.

Para o BBH, Temer apertou a política fiscal, mas melhoras adicionais são difíceis até que a economia se recupere. O banco espera que o déficit nominal (que inclui gastos com juros) fique em 9% do PIB em 2017 e 8% do PIB em 2018, depois de atingir 10,4% do PIB em 2015 e 9,1% do PIB em 2016. No entanto, haveria um risco de números piores, dada a fraqueza da economia e a crescente oposição à reforma da Previdência.

"De fato, as estimativas orçamentárias do governo acabaram de ser revisadas", nota o BBH, lembrando que a previsão do déficit primário do governo federal em 2018 passou de R$ 79 bilhões para R$ 129 bilhões, com pouca melhora ante a projeção de um rombo de R$ 139 bilhões neste ano. Ao tratar das contas externas, o BBH diz que o Brasil tem uma vulnerabilidade externa muito baixa, dado o volume de reservas, de US$ 370 bilhões, e o fluxo elevado de investimentos diretos no país (IDP).

O BBH também analisa o comportamento dos ativos brasileiros. A moeda brasileira, por exemplo, deixou de ter um desempenho tão melhor que o da média do mercado, segundo o banco. Em 2016, o real se valorizou 22% em relação ao dólar, a melhor performance entre os mercados emergentes, à frente dos 20% do rublo russo, dos 13% do rand sul¬africano e dos 6% do peso colombiano. Já em 2017 a moeda brasileira acumula alta de 3% no ano, atrás dos 11% do peso mexicano, dos 7% do rublo e dos 6% do won sulcoreano.

O BBH avalia que as ações brasileiras, que tiveram um desempenho "estelar" em 2016, devem manter o desempenho abaixo da média do mercado registrado neste ano. Em 2016, o índice MSCI para o Brasil subiu 57% (em dólares), enquanto o índice geral para mercados emergentes teve alta de 7%. Neste ano, o MSCI Brazil subiu 9,9%, menos que os 11,6% do indicador para mercados emergentes.

 

Juros caem com cenário benigno para inflação

A semana marcada pela decisão de política monetária do Banco Central começou com firme queda nas taxas de juros de mercado. O noticiário de inflação, a percepção de que a atividade segue fraca e a trégua no ambiente político deram o tom na renda fixa, combinação que acabou reduzindo prêmios de risco também no câmbio. Investidores aproveitaram para montar posições "baratas" com um BC possivelmente mais agressivo no corte de juros. Esse movimento elevou a cerca de 20% a probabilidade de redução de 1,25 ponto percentual da meta Selic amanhã.

A chance majoritária, de 80%, ainda diz respeito a um declínio de 1 ponto do juro básico. Operadores chamaram atenção para o fato de a inflação projetada pelo mercado na pesquisa Focus ter vindo abaixo de 4,5%. O documento mostrou taxa estimada de 4,46%, ante 4,50% da divulgação anterior. O alívio das projeções de inflação na Focus teve influência ainda no mercado secundário de títulos públicos, do qual são extraídas taxas de inflação implícita. A inflação implícita acumulada até agosto de 2018, por exemplo, caiu a 4,08% ao ano, ante 4,17% da sexta¬feira.

A inflação corrente também deu argumentos para o mercado cogitar chances de um Copom ainda mais agressivo. A primeira prévia de abril do IGP¬M teve deflação de 0,74%, mais intensa que a queda perto de 0,4% que chegou a circular no mercado. "Há todo um conjunto de informações que não deixa dúvida alguma de espaço para o BC acelerar a queda da Selic", diz Paulo Celso Nepomuceno, da Coinvalores, lembrando que a atividade econômica fraca e a inflação surpreenderam para baixo.

No fim do dia, a taxa de juros com vencimento em julho de 2017 ¬ que reflete apostas para as reuniões do Copom de abril e maio ¬ teve ajuste de 10,79% ao ano, frente a 10,854% na sexta-feira. O dólar caiu 0,38%, para R$ 3,1378. A expectativa de queda dos juros segue expressa nas estratégias de alguns fundos de investimento. A equipe de gestão do fundo multimercados Paineiras Hedge FIC FIM, acredita que o juro real neutro poderá cair ainda mais, com a taxa real devendo ficar abaixo do patamar neutro diante da necessidade de estímulo à economia.

"Se a expectativa de inflação de longo prazo se situar entre 4% e 4,5%, a taxa de juros nominal neutra poderá se situar ligeiramente abaixo de 9%", dizem os profissionais. A equipe de gestão do fundo Verde FIC FIM, encabeçada por Luis Stuhlberger, mantém recomendação em juro real mais baixo, mas elevou posição comprada em dólar ante o real, citando aumento da percepção de risco derivada das dúvidas fiscais.

"O governo perdeu a batalha da comunicação, e a resistência da população à reforma parece crescente", dizem os gestores, que veem o mercado como "complacente" às incertezas com a aprovação da reforma da Previdência. O fundo retorna 2,59% no acumulado de 2017, contra CDI (taxa de juros de referência entre bancos) de 3,03% no mesmo período.

 

Inadimplência chega a 40% da população adulta

Levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que, no fim de março, 59,2 milhões de brasileiros estavam inadimplentes. Na comparação com dezembro, 900 mil nomes foram incluídos nesse cadastro. Em termos percentuais, 39,36% da população adulta, entre 18 e 95 anos, está com o nome sujo.

O presidente da CNDL, Honório Pinheiro, disse que, na comparação com setembro de 2016, quando o indicador atingiu 59 milhões de inadimplentes, a estimativa apresentou pequenas quedas, ficando entre 58 milhões e 59 milhões. "Temos um número elevado de desempregados, o que contribui para a inadimplência, e a realidade política também interfere na econômica", afirmou Pinheiro.

 

Ajuste fiscal vai ajudar reformas micro, diz Pinho de Mello

João Manoel Pinho de Mello assumiu há dez dias a chefia da Assessoria Especial de Reformas Microeconômicas do Ministério da Fazenda e está de olho nos rumos das reformas macro. Para ele, a aprovação da reforma da Previdência e o avanço da reforma trabalhista poderão ajudar muito o seu trabalho de conduzir medidas que vão ajudar a melhorar a produtividade na economia e, dessa forma, auxiliar no crescimento do PIB do Brasil. "Eu acho que elas são cruciais", disse Pinho de Mello ao Valor.

"Nós vivemos um processo de ajuste muito forte. Essa agenda é de longo prazo, mas precisamos chegar no longo prazo vivos. Sem isso [as reformas macroeconômicas], a gente vai se arrastar. Sem fazer o ajuste fiscal, as outras coisas são importantíssimas, mas elas vão ficar muito prejudicadas." O chefe da nova assessoria, criada pelo ministro Henrique Meirelles, ressaltou que a agenda de reformas micro deverá ajudar muito a retomada do crescimento do país.

Mas, sem a reforma da Previdência, o país sofrerá, segundo ele, um "desajuste macroeconômico que não vai desfazer os avanços microeconômicos, mas vai arrefecê¬los muito". "Há a parte de sobreviver e a parte de brilhar. Se nós fizermos as reformas microeconômicas que induzem à produtividade, nós vamos brilhar", disse. "Mas a questão macro precisa ser ajustada. A reforma da Previdência é totalmente imprescindível. Agora, o formato dela será debatido num processo democrático, numa discussão legítima que o Congresso está fazendo."

Pinho de Mello conversou com o Valor após participar de um debate sobre a busca de maior produtividade na economia brasileira durante a Brazil Conference, evento organizado por estudantes brasileiros na Universidade de Harvard com apoio da Fundação Lemann, de bancos e empresas. Ele afirmou que é preciso retomar a agenda da produtividade no Brasil. "O verbo é retomar, porque, nesse caso, ele tem capacidade de união e de poder olhar para trás e ver que essa agenda passou por governos de diferentes partidos." Para o economista, a produtividade estagnou no Brasil por vários motivos. Ele mencionou a legislação laboral "que distorce as decisões no mercado de trabalho".

Outro fator é a "proteção excessiva" do mercado brasileiro através de vários fatores, como a exigência de conteúdo local. Há também fatores tributários. "As empresas deveriam tomar a decisão sobre onde produzir livremente, e não por questões tributárias", afirmou, referindo-se a casos de companhias que buscam se instalar em Estados onde terão mais incentivos do ponto de vista fiscal do que os produtivos. Pinho de Mello questionou ainda o direcionamento e o dirigismo creditício que, de acordo com a sua visão, "distorcem as decisões de alocação de capital".

O excesso de burocracia também está entre os pontos a serem capital". O excesso de burocracia também está entre os pontos a serem combatidos, assim como a infraestrutura precária. "E não haverá hora calma para se fazer as reformas no Brasil. Isso é algo que nós temos que fazer."

Para o assessor da Fazenda, essa hora chegou e já há uma agenda da produtividade em implementação. Ele mencionou a nova política operacional do BNDES, a lei de terceirização, a revisão das regras de conteúdo local no setor de petróleo e os novos arranjos nos leilões de concessões, como no caso das linhas de transmissão de energia. Citou a revisão dos trâmites burocráticos que elevam o custo de fazer negócios no Brasil, o aperfeiçoamento do cadastro positivo e da lei de recuperação judicial.

Outro item é a constituição de um mecanismo para o registro de ativos financeiros como garantia para operações de concessão de credito. Esse ponto foi, segundo ele, implementado com a edição da MP 775, que vai reduzir a taxa de juros que os tomadores de empréstimos devem ao descontar duplicatas. É algo que, segundo Pinho de Mello, deverá reduzir o spread bancário. "Essa MP é importantíssima", afirmou, enfatizando que a medida facilitará a colocação de duplicatas como garantias.

O governo também pretende implementar medidas para facilitar a abertura e o fechamento de empresas, através da integração de vários níveis da administração, e, por fim, melhorar os procedimentos para importação e exportação, tornando¬os mais simples. "Nós temos um caminho longo e duro. Não há bala de prata", disse. "As resistências são, em geral, concentradas e imediatas. Os resultados devem aparecer aos poucos. Mas, se quisermos crescer, temos que criar essa agenda."

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Temer admite reduzir meta de inflação a partir de 2019

O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira (10) que a equipe econômica avalia reduzir o centro da meta de inflação a partir de 2019.

O Banco Central tem tido como objetivo manter o IPCA (índice de preços ao consumidor) em 4,5% desde 2005.

A informação foi repassada pelo peemedebista por meio de nota oficial. Segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, o presidente tem acompanhado a queda das projeções de inflação para 2017 e 2018.

"Diante desse cenário favorável, foi informado pela equipe econômica de que a reunião de junho do CMN (Comitê Monetário Nacional avaliará) a possibilidade de alteração do centro da meta de inflação para 2019", disse.

A nota oficial foi divulgada após o presidente ter dito em entrevista à Folha, na sexta-feira (7), que é provável que a meta do governo seja reduzida em razão da queda da inflação.

"Até o fim do ano, isso [a inflação] talvez vá a menos de 4%. Talvez. Nós estaremos habilitados a mudar o centro da meta", disse.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já havia afirmado que a meta poderia ser revista para baixo também para 2018.

Como informou a coluna "Painel", da Folha, Meirelles estudava propor a redução da meta oficial de inflação de 4,5% para 4,25% em 2018 e fixá-la em 4% em 2019.

A meta tem também um intervalo de tolerância, que foi fixado entre o mínimo de 3% e o máximo de 6% para os anos de 2017 e 2018.

As projeções da mais recente pesquisa Focus, divulgada nesta segunda (10), apontam para 2017 inflação de 4,09% e para 2018 IPCA de 4,46%, além da redução da taxa básica de juros dos atuais 12,25% para 8,5% ao ano.

Em 12 meses até março, o IPCA acumula avanço de 4,57%.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

BC deve iniciar ciclo de corte maior no juro

O movimento de desaceleração dos preços e a expectativa de inflação abaixo da meta devem levar o Banco Central a acelerar o corte do juro nesta semana. Economistas acreditam que a taxa Selic cairá um ponto porcentual, para 11,25% na quarta-feira, e o ciclo de desaperto deve continuar até dezembro, quando o mercado prevê taxa de 8,5% ao ano.

Pesquisa do Projeções Broadcast com 72 instituições, mostra que 68 preveem corte do juro de 1 ponto no encontro que termina na quarta-feira, três esperam queda de 1,25 ponto, enquanto uma casa estima retração de 1,50 ponto porcentual.

A previsão majoritária está alinhada aos documentos recentes do BC que mencionaram perspectiva de “intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom”. Em janeiro e fevereiro, a taxa caiu 0,75 ponto. A última vez que juro caiu um ponto foi em meados de 2009, quando o País reagia à quebra do banco Lehman Brothers e ao estouro da crise imobiliária nos EUA.

O grande pano de fundo para o corte mais agressivo do BC é a inflação comportada. Economistas consultados pelo Boletim Focus do BC reduziram a previsão para o IPCA neste ano de 4,10% para 4,09%. O ajuste também afeta o cenário para o próximo ano e, após 36 semanas de previsões estáveis, a estimativa para inflação de 2018 caiu de 4,50% para 4,46%. Com isso, o mercado espera inflação abaixo de 4,50% nos dois anos.

“A queda da inflação foi disseminada, em particular a inflação de serviços, item de especial interesse para as autoridades monetárias”, dizem os economistas do Itaú Unibanco, que preveem corte de 1 ponto. Para eles, há cenário mais otimista para a inflação nos serviços pela piora do mercado de trabalho e pelos preços no atacado, que seguem em queda como resultado do setor agrícola.

Até Michel Temer comemora essa tendência dos preços. Nota do Planalto afirmou que “a reunião de junho do CMN avaliará a possibilidade de alteração do centro da meta de inflação para 2019”. No governo, o corte mais forte pode amenizar parte da pressão sobre o BC. Além disso, a notícia de que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral sobre a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer pode demorar colaborou para o ambiente pró-corte de juros.

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