Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Fiesp envia carta ao BNDES e afirma que 'melhorou o diálogo'

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) enviou no mês passado uma carta ao BNDES com oito pontos de avaliação e sugestões sobre as políticas de crédito do banco. No documento, além de voltar a cobrar a queda no crédito do banco, em especial no ano passado, a entidade aponta problemas como a elevação dos custos de financiamento. A entidade também faz alguns elogios, por exemplo, às medidas de ampliação de financiamento para micro, pequenas e médias empresas e de capital de giro, ainda que também cobre ajustes para aumentar a eficácia dessas ações.

Segundo o vice¬presidente e diretor do departamento de competitividade da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, o documento é a base para uma agenda de discussões que foi iniciada com o banco. Para ele, a instituição estatal tem se mostrado disposta a buscar soluções com o setor industrial. "Melhorou o diálogo. Fomos bem recebidos na semana passada pela diretoria do banco", disse Roriz, que diz querer conseguir um entendimento em torno de pontos da agenda apresentada para serem anunciados em um encontro do setor industrial paulista em maio.

"A recuperação do setor privado não virá por acaso, e o estímulo para que isto aconteça deverá ter a participação de vários atores públicos e privados, e é fundamental que o banco de fomento brasileiro seja um dos protagonistas neste processo", diz a carta. A entidade patronal, que no início do ano já vinha criticando fortemente a queda nos desembolsos do banco, avalia que o cenário ainda aponta para a continuidade dessa trajetória negativa, o que demandaria iniciativas para reverter o processo. "A provável redução nos desembolsos futuros para indústria de transformação, tanto pela queda nas consultas quanto pela queda mais acentuada nas aprovações pode dificultar a retomada do crescimento do país", diz.

Para a Fiesp, a nova política operacional do banco elevou o custo médio dos financiamentos, por conta da redução do limite de financiamento com Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que em algumas linhas caiu de 80% para 30%. Por isso, pede que os limites anteriores sejam retomados.

Na carta, enviada antes do anúncio da Taxa de Longo Prazo (TLP), a entidade criticava a ideia de vincular o juro do banco à NTN¬B, título público atrelado à inflação. Segundo Roriz, mesmo com a queda na TJLP anunciada junto com a mudança de fórmula a partir de 2019 no fim de março, a crítica se mantém.

Na visão dele, a mudança vem na hora errada, pois as aprovações de crédito levam pelo menos um ano e, sob as novas condições, que adicionariam risco de longo prazo, as empresas não teriam interesse de tomar crédito. "Nesse ponto, nós temos uma discordância importante com o banco", disse.

O documento da indústria avalia positivamente as novas regras para o crédito às micro, pequenas e médias empresas. "Essas medidas poderão incentivar novos projetos de investimento em todos os setores da economia, se os recursos forem efetivamente disponibilizados", diz o texto, citando a ampliação do limite do cartão BNDES para 2 milhões e o maior limite de faturamento (R$ 300 milhões anuais), para acesso aos recursos.

A Fiesp, contudo, pede que o banco flexibilize algumas questões nesse segmento, permitindo por exemplo que o cartão BNDES financie saneamento financeiro das empresas e cobrando dos agentes repassadores para inibir reduções de limites para as empresas. A entidade, aliás, também critica o aumento dos spreads das instituições financeiras que utilizam recursos do BNDES. Outra demanda apresentada é a flexibilização temporária da exigência de certidão negativa de débito (CND) para que as empresas possam tomar recursos com os bancos. Esse prazo seria de um ano.

A medida, contudo, não depende do BNDES e, por isso, de acordo com Roriz, também está sendo negociada com a Fazenda. "Fatores limitadores das operações do BNDES com as MPMEs, como falta de CND, dificuldades com bancos repassadores e elevados spreads bancários demandam atenção e correções", diz o documento. Outro elogio apresentado pela entidade foi a elevação do orçamento do Progeren, a linha de capital de giro do banco, anunciada no fim do no ano passado.

"Foi uma medida acertada, mas existem problemas de acesso ao recurso que precisam ser resolvidos com brevidade. Se não houver recuperação do crédito, as empresas estarão sujeitas a problemas ainda mais sérios, como interrupção das suas atividades, o que gerará ainda mais desemprego, queda da renda, do consumo e da arrecadação tributária", diz o documento.

 

O ajuste histórico da Selic conduzido pelo Copom

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) cortará a taxa Selic pela 5ª vez consecutiva nesta quarta¬feira. Com isso, praticamente irá zerar o ciclo de aperto monetário que, em sua última fase, elevou a taxa básica brasileira de 11% a 14,25% ao ano ¬ maior nível em uma década. O ciclo de alívio monetário em curso desde outubro do ano passado já reduziu a taxa Selic em dois pontos, aos atuais 12,25% ao ano.

A prevalecer a opinião da maioria dos analistas e a sinalização da curva de juros na BM&F para o resultado do encontro de hoje, a ser anunciado a partir das 18h, a taxa básica cairá mais um ponto, para 11,25% ao ano. E o ciclo de baixa passa a acumular três pontos, variação ligeiramente inferior aos 3,25 pontos colecionados no ciclo de aperto monetário disparado em outubro de 2014.

Na pesquisa Valor de projeções para a Selic neste mês e em dezembro de 2017 e 2018, 42 de 44 economistas de mercado contam com a taxa de 11,25% em vigor a partir desta quinta¬feira. Os dois analistas que não estão com a maioria esperam cortes de 1,25 ponto e 0,75 ponto no Copom de hoje. As projeções para a taxa básica da economia no fim deste ano variaram de 8% a 9,75%, sendo que 86% dos entrevistados concentram suas apostas entre 8% e 9%. Ambas as taxas indicam, portanto, que o processo de corte do juro está chegando à metade. Se 2017 for encerrado com Selic a 8%, o Copom ainda deverá cortar a taxa em mais 3,25 pontos; se o ano terminar em 9%, o corte que faltará equivale a 2,25 pontos.

Os dois ajustes são expressivos e instalarão a estrutura de juro no Brasil em um patamar que podemos considerar inédito se for prolongado. A Selic nominal comparável à do fim do ciclo atual foi observada entre maio de 2012 e outubro de 2013. Contudo, há ao menos uma diferença crucial entre os dois momentos ¬ em 2012, o Banco Central do 1º mandato da ex-presidente Dilma Rousseff arrastou o juro a 7,25% com um represamento importante da inflação que estourou mais adiante, justificando, inclusive, a política de "realismo tarifário" adotada por Joaquim Levy, ministro da Fazenda em 2015, quando Dilma cumpria o primeiro ano do 2º mandato ¬ interrompido em 2016 pelo impeachment.

 

Investidor aguarda pista sobre tamanho do alívio monetário

A decisão de política monetária do Copom desta quarta-¬feira é aguardada sob muitos aspectos, mas sobretudo pela expectativa ¬ ou torcida ¬ de que o Banco Central dê pistas mais claras sobre o orçamento do atual ciclo de distensão monetária. Desde o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado no fim de março, os mercados voltaram a se deparar com notícias benignas do lado dos preços e reduziram, assim, suas estimativas para o IPCA.

Ao mesmo tempo, a atividade tem decepcionado, aumentando a urgência por alívio nos custos de financiamento. Veja os principais pontos esperados para o comunicado do Copom.

Atividade econômica: O Copom deve reiterar avaliação já trazida no último RTI de que a atividade econômica tem dado sinais mistos, mas compatíveis com estabilização da economia no curto prazo. A atmosfera no mercado, porém, ainda é de desânimo com os indicadores, o que pode abrir espaço para interpretações mais "dovish" (inclinadas a corte de juros) de citações do Copom sobre o estado da economia.

Desde a divulgação do RTI, no fim de março, o mercado conheceu números da produção industrial de fevereiro, que decepcionaram ao mostrar crescimento de apenas 0,1% sobre janeiro, com ajuste, bem abaixo da taxa de 0,5% projetada por analistas. Nesta manhã saem dados do setor de varejo, que vão desapontar se revelarem crescimento abaixo de 0,5%, taxa estimada por economistas consultados pelo Valor Data.

Orçamento de cortes: A interpretação do mercado é de que o RTI foi claro ao sinalizar redução de um ponto percentual da Selic no Copom de hoje, por meio da introdução do termo "moderada" ao se referir à possibilidade de intensificação do alívio monetário. As indicações sobre o tamanho do ciclo, porém, não pareceram tão claras e podem surgir no comunicado desta noite. O colegiado pode novamente trazer discussão sobre a taxa real de juros de equilíbrio como fator que determinará a extensão do ciclo de queda da Selic.

Um dos elementos que mexem com o juro real estrutural é a expectativa para as contas públicas, que pode ser textualizada no comunicado do Copom, num momento em que preocupações do lado fiscal voltaram a incomodar os mercados. Embora seja menos provável que o BC cite claramente debate sobre meta de inflação, investidores podem ler no documento referências a esse tema, que poderão vir através de referências à queda das projeções de inflação.

Projeções de inflação: A expectativa é que as estimativas do BC para a inflação venham em linha com os números publicados no RTI. No documento, o Copom indicou que o IPCA poderia ficar em 4,0% em 2017 e 4,5% no ano seguinte, tomando como base juros e câmbio informados no Boletim Focus, o que era conhecido anteriormente como "cenário de mercado".

No caso de atualização das estimativas, o Copom daria subsídios para o mercado especular sobre o espaço para os futuros cortes da meta Selic. Desde a publicação do RTI, as projeções de mercado para a inflação e a taxa básica de juros têm sido ajustadas para baixo. Nesta semana, o Focus mostrou que o IPCA esperado para 2018 ficou abaixo de 4,5% pela primeira vez após 36 semanas.

Cenário externo: O sinal de alerta com os riscos vindos do exterior é outro ponto que deve ser reiterado no comunicado do Copom. No RTI, foi enfatizado que "o cenário ainda é bastante incerto". A autoridade monetária destacou também as dúvidas em torno da sustentabilidade do crescimento destacou também as dúvidas em torno da sustentabilidade do crescimento econômico global e da manutenção dos níveis correntes de preços de commodities, que podem ser reforçadas diante do aumento das tensões geopolíticas dos últimos dias. Desde a divulgação do RTI, os preços do petróleo mostraram bastante instabilidade, em decorrência do atrito entre Estados Unidos e Rússia, após ofensiva americana na Síria.

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