Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

FMI faz críticas à relação entre BC e Tesouro

O Fundo Monetário Internacional (FMI) juntou¬se a vários economistas brasileiros nas críticas à atual relação entre o Banco Central e o Tesouro. Em documento sobre a transparência fiscal do Brasil, divulgado quarta¬feira, o FMI questiona a forma utilizada para transferir os lucros e prejuízos registrados pelo BC para o Tesouro e diz que a contabilidade atual dessas operações "torna difícil avaliar a posição fiscal e a dinâmica da dívida do governo central". As críticas estão sendo apresentadas no momento em que o governo concluiu uma proposta de mudança do relacionamento entre BC e Tesouro.

O governo ainda não decidiu se encaminhará a proposta na forma de projeto de lei ou de medida provisória. Os pontos destacados pelo FMI são quase os mesmos que alguns dos principais economistas brasileiros ¬ entre eles o presidente do BC, Ilan Goldfajn ¬ levantaram no ano passado: a transferência para o Tesouro de prejuízos ou ganhos voláteis não realizados ¬ decorrentes da simples reavaliação das reservas internacionais por causa das flutuações cambiais ¬ e a assimetria entre os instrumentos utilizados para compensar as perdas e repassar os ganhos.

Os prejuízos do BC em suas operações são cobertos pelo Tesouro com a emissão de títulos, ao passo que os lucros são creditados pelo BC na conta única do Tesouro. Com o grande acúmulo de reservas internacionais, os resultados do BC se tornaram mais voláteis, devido também às grandes variações cambiais dos últimos tempos. O FMI nota que, desde 2010, os lucros corresponderam, em média, a 1,5% do PIB ao ano, "com grande parte formada por ganhos voláteis não realizados da reavaliação de ativos, em moeda estrangeira".

Como as reservas são contabilizadas pelo BC em reais, quando a moeda brasileira se desvaloriza frente ao dólar o BC registra lucro, pois passa a ter mais reais disponíveis em seu balanço. Ao contrário, quando o real se valoriza, o BC registra prejuízo. Mas este não é um lucro ou um prejuízo efetivamente realizado, pois as reservas não foram vendidas. Mesmo assim, a cada seis meses, o BC transfere o "ganho" ao Tesouro, na forma de depósito na conta única.

No caso de perda, o BC recebe títulos do Tesouro na mesma proporção. O documento diz que "essa assimetria resultou em um crescente estoque de dívida bruta do governo". Para o FMI, "a distribuição de lucros não realizados pelo BC também prejudica a avaliação da dinâmica da dívida". O exemplo dado pelo Fundo é que a dívida líquida pode sofrer forte queda com o aumento dos depósitos em moeda, graças à distribuição dos ganhos não realizados do BC. "Assim, essas operações resultam em flutuações nos ativos e passivos do governo central que não estão vinculadas a variações nos saldos fiscais", diz o documento.

Outras operações do BC, como as intervenções nos mercados de câmbio, inclusive por meio de derivativos, podem resultar em prejuízos e ganhos. Os custos ou lucros das operações de swaps cambiais são refletidos mensalmente como despesa com juros na conta de juros do governo central. "Isso complica a avaliação da dinâmica da dívida e do custo da dívida pública", diz o FMI.

Consultado pelo Valor sobre o documento, o BC observou que a situação institucional da autoridade monetária é distinta do padrão internacional, pois aqui o Banco Central não é independente em termos orçamentários e financeiros, sendo uma entidade do setor público. Por isso, as estatísticas fiscais são diferentes. Para o BC, a maioria dos pontos abordados pelo FMI acerca do relacionamento entre o Tesouro e o BC decorre das características do arranjo institucional existente. Mas isso não significa, ressaltou o BC, "que não haja total transparência nas estatísticas fiscais publicadas pelo BC sobre o relacionamento BC e TN".

O BC informou que está trabalhando, junto com o Ministério da Fazenda, em medida legal sobre o relacionamento entre o BC e o Tesouro, "com o objetivo de aprimorar a sistemática atual, mitigando os volumes e a assimetria nos fluxos financeiros entre ambas as entidades, em conformidade com as melhores práticas internacionais".

O projeto, que já foi concluído, fará duas mudanças principais, de acordo com autoridades ouvidas pelo Valor: acabará com a assimetria dos instrumentos para compensar os prejuízos e para repassar lucros do BC e definirá um piso para o volume de títulos públicos detidos pelo banco. Além disso, criará o depósito remunerado, que será usado para enxugar a liquidez do mercado no lugar das operações compromissadas.

Por causa do passado recente de manipulação de estatísticas, no início o governo espera utilizar o mecanismo de forma parcimoniosa. Posteriormente, poderá seguir o caminho dos demais bancos centrais e usá¬-lo como instrumento normal de controle da liquidez.

 

As chances de o Copom acelerar o corte de juro

O Banco Central sinalizou que, entre as alternativas que avalia na reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, está uma nova aceleração dos cortes da taxa básica de juros, provavelmente para 1,25 ponto percentual. A outra possibilidade é manter o ritmo atual, de um ponto.

Os analistas econômicos se apegaram sobretudo à segunda hipótese, mais cautelosa. Julgando pela média das projeções do mercado para a Selic no fim do mês, de 10,23% ao ano, menos de 10% dos economistas do mercado apostam em corte mais forte de juros. Será que eles estão subestimando as chances de um BC mais "dovish"? Desde a reunião do Copom de abril, uma parte do mercado financeiro vem lendo as mensagens do colegiado pelo lado mais conservador.

No comunicado daquele encontro, o BC telegrafou, pela primeira vez, que poderia cortar com mais força os juros básicos. Alguns analistas muito influentes, porém, a princípio entenderam que o Copom sinalizava que havia riscos simétricos no seu cenário e, dessa forma, poderia tanto acelerar o ritmo de baixa de juros, para 1,25 ponto, quanto reduzi¬lo, para 0,75 ponto. Isso apesar de a distribuição de riscos listada pelo BC pender para o lado positivo.

A ata da reunião do Copom de abril, divulgada uma semana depois, indicou com mais clareza que o cenário é assimétrico, ou seja, que há chances de o ritmo de corte continuar em um ponto percentual ou de ser intensificado ¬ não de diminuir o ritmo. Mesmo com essa mensagem mais explícita, porém, uma parte dos analistas entendeu que essas considerações se aplicavam apenas às condições da reunião de abril, e não seriam uma sinalização para decisões futuras do Copom. Na verdade, são as duas coisas.

A mensagem do Copom se aplicava às condições da reunião de abril, mas também revelava a lógica que vai governar os passos seguintes de política monetária. Sob as circunstâncias econômicas da reunião do Copom de abril, era possível pisar no acelerador, mas as incertezas presentes no mesmo encontro recomendavam não ir com tanta sede ao pote. Mas essa não é uma situação que se encerra na reunião de abril.

A ata revela como o BC vai reagir às condições futuras que se apresentarão na reunião de maio. Tecnicamente, é o que os especialistas chamam de função reação do Banco Central. Se o Copom vai, de fato, pisar mais uma vez no acelerador, portanto, dependerá dos novos dados e informações que forem surgindo até o fim do mês.

Hoje, muito provavelmente, o diagnóstico do BC não está fechado, nem poderia ¬ ainda há um bom tempo até a reunião e, até lá, muita coisa pode acontecer. Além do mais, a decisão é tomada apenas na reunião do Copom. A essa altura, portanto, o melhor que os analistas podem fazer é tomar conhecimento do que o BC está de olho e especular sobre como o colegiado vai reagir às novas informações.

O BC tem destacado que as decisões futuras dependem da evolução da atividade econômica, de suas projeções de inflação e das expectativas de inflação do mercado financeiro. De forma geral, esses fatores, que já autorizavam um corte de juros mais alentado em abril, estão mais favoráveis. O IPCA¬15 de abril, por exemplo, ficou em 0,21%, abaixo da média do projetado pelo mercado.

A atividade saiu-¬se um pouco pior que o antecipado: a produção industrial de abril caiu 1,8%, mais do que o recuo de 0,9% prevista pelos economistas. As expectativas de inflação do mercado para 2018 recuaram também, de 4,41% para 4,3%, desde a reunião do Copom de abril. Ela deve ser interpretada com alguma cautela, pois essa queda reflete, em boa medida, especulações do mercado de que a meta de inflação de 2018, hoje definida em 4,5%, vai ser revista. O BC tem dito que a meta de 2018 não vai mudar.

Também tem enfatizado que o que importa são as suas próprias projeções de inflação, que não necessariamente precisam andar sempre junto com as do mercado. Ao longo do tempo, a tendência é elas convergirem. Mesmo assim, a queda das expectativas do mercado tem um conteúdo qualitativo relevante: elas mostram confiança de que o BC será capaz de entregar até mesmo metas mais ambiciosas.

Em resumo, o cenário econômico é favorável, a questão são as incertezas citadas pelo Copom que aconselharam cortar apenas um ponto em abril. Na ata, são listados quatro fatores de risco ao cenário inflacionário, que incluem do ambiente internacional à recuperação da atividade. Mas parece não haver muita dúvida de que o principal deles é a aprovação da reforma da Previdência Social.

Muitos, no mercado, acham que há um percentual máximo de diluição da reforma que seria aceita pelo BC, ou um passo em especial na tramitação do projeto que daria segurança de que seria de fato aprovada no Congresso. O que o BC comunicou na ata é que essa reforma é "fundamental para a sustentabilidade das conta públicas". Em meados de 2016, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, enfatizava que, mais do que uma medida ou outra, o relevante é a percepção dos agentes de que a dívida vai se estabilizar, e os reflexos disso nos prêmios de riscos e preços de ativos.

O que conta, portanto, será a própria percepção do mercado sobre o que é uma reforma consistente. Hoje, o consenso é que, se mantiver 70% ou 75% da reforma, será muito bom. Se aprovar menos do que 50%, o cenário fica desfavorável. Percentuais entre 50% e 70% poderiam ter sinais mistos. A questão seria como os prêmios de riscos e ativos vão reagir a esse cenário intermediário.

Quando o BC poderá se sentir mais confortável? É difícil prever. Se a reforma estiver aprovada, a fatura estará resgatada. Mas a experiência mostra que, mesmo antes de passar pelo plenário, pode se consolidar a visão de que será aprovada. No caso do impeachment, por exemplo, a votação no Senado apenas sacramentou o que estava certo. Algo parecido ocorreu com a emenda que impõe um teto para o aumento dos gastos. Ou seja, ainda não dá para descartar as chances de as incertezas se dissiparem antes da reunião do Copom do fim do mês.

 

Avanço da Previdência não blinda câmbio e juros no país

A aprovação do texto-¬base da reforma da Previdência não conseguiu blindar os mercados de câmbio e juros no Brasil da turbulência que afetou ontem commodities, câmbio e renda fixa em todo o mundo. O dólar fechou em alta de 0,73%, a R$ 3,1824, máxima em dois meses. No mercado de juros da BM&F, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro que vence em janeiro de 2021 avançou para 10,01% no ajuste, contra 9,96% na quarta¬-feira.

O movimento foi ditado pela onda de vendas no setor de matérias¬primas, com a liquidação liderada pelo petróleo, em queda de quase 5%. Não à toa, moedas mais correlacionadas aos preços de produtos básicos encabeçaram as perdas globais. Foi o caso do peso colombiano e do rublo russo.

A despeito do ajuste negativo, analistas ainda acreditam que o cenário para mercados de maior risco segue benigno. Sinais de sustentação da economia chinesa, leituras melhores de índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) em vários mercados emergentes e juros ainda baixos no mundo desenvolvido compõem um pano de fundo que ainda deve beneficiar moedas e renda fixa de mercados como o Brasil.

Numa evidência disso, um índice do Morgan Stanley que mede a demanda global por risco continua acima de +2. De acordo com estrategistas do banco, esse patamar indica recorrente demanda por ativos vistos como voláteis, mas com retornos mais elevados. O índice VIX ¬ espécie de termômetro do "medo" de Wall Street ¬ nas mínimas em vários anos corrobora essa percepção.

Um índice do Barclays que mede o grau de incerteza com relação ao câmbio emergente subiu 0,84% ontem, mas ainda segue próximo de mínimas em um mês e meio. É outro indicador que esfria especulações de uma onda de vendas nessa classe de ativos. A resiliência desses mercados passará por novo teste hoje, quando será divulgado o relatório do mercado de trabalho americano referente a abril. Números mais fortes tendem a fortalecer a expectativa de nova alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, BC americano) no próximo mês.

O risco é de mais altas dos juros dos Treasuries (títulos do Tesouro americano), o que aumentaria o diferencial de taxas a favor do dólar e, por tabela, daria fôlego extra à moeda americana. Não bastasse o "payroll", a presidente do Fed, Janet Yellen, e o vice¬presidente do banco, Stanley Fischer, têm falas programas para hoje. Do lado doméstico, ainda que não tenha impedido a depreciação do câmbio, a vitória do governo ao obter a aprovação do texto¬base da reforma da Previdência ajudou a amortecer a alta do dólar e também dos juros.

Para Italo Lombardi, estrategista do Crédit Agricole em Nova York, o resultado da votação ¬ 23 votos a favor ante 14 contrários ¬ gerou algum otimismo de que o projeto passará pela Câmara dos Deputados. "O texto que se tem hoje representa cerca de 65%, 70% da força original da proposta, o que é um patamar aceitável para o mercado", afirma Lombardi.

Eduardo Suárez, um dos chefes de estratégia para América Latina do Scotiabank, alerta que, sem a reforma, as taxas de juros de mercado do Brasil sofreriam forte alta, o que levaria o Banco Central a interromper o ciclo de afrouxamento monetário. Mesmo com a aprovação da reforma, porém, o juro brasileiro ainda não convergiria para os de seus pares regionais, devido à baixa taxa de poupança e ao que ele classifica como "insegurança institucional”.

 

Planalto prepara 'Refis' para dívidas das empresas com órgãos federais

O governo está na fase final de elaboração de um projeto para permitir a renegociação de dívidas de empresas com autarquias, fundações e a Procuradoria-¬Geral Federal (PGF) em moldes semelhantes, mas um pouco mais flexível, ao do Programa de Regularização Tributária (PRT), em tramitação no Congresso. A ideia em discussão é de mandar uma proposta por medida provisória, embora essa estratégia ainda possa ser alterada.

A expectativa, segundo uma fonte do governo informou ao Valor, é que esse programa, no formato atual dos técnicos, possa gerar de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões em receitas para os cofres federais neste ano. Na proposta em finalização, está previsto algum desconto nos encargos (juros, multa de mora e outros), mas os percentuais ainda estavam sendo definidos.

As dívidas que poderão ser renegociadas são com instituições como Agência Nacional de Petróleo (ANP), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), entre outros órgãos públicos. Por exemplo, poderão ser parceladas multas não pagas decorrentes do não cumprimento das exigências de conteúdo local por empresas do setor de petróleo ou por não cumprimento de exigências de compensações determinadas nas concessões de licenciamento ambiental do Ibama.

A medida terá caráter geral, beneficiando pequenos e grandes devedores de agências reguladoras. Somente a Oi e a Petrobras, gigantes em seus setores, poderiam juntas regularizar e parcelar em torno de R$ 30 bilhões devidos aos seus reguladores, de acordo com dados públicos das empresas. Na semana passada, foi anunciada uma MP para socorrer diretamente a Oi, trocando esse tipo de dívida por investimento e permitindo um parcelamento a ser sugerido pela própria empresa.

Mas essa proposta, que contava com alguns focos de resistência pela dificuldade de se transformar dívida em investimento, pode acabar sendo superada pela alternativa de caráter mais geral em preparação. De acordo com a fonte, essa MP ajudará a melhorar as condições financeiras de muitas empresas, que ainda estão com nível de endividamento elevado, e ainda ajudará a reforçar o caixa do governo, que está à procura de receitas para poder fechar suas contas com menor contingenciamento de gastos. "Isso permitirá desalavancar as empresas, fazer uma limpeza nos balanços delas, abrindo mais espaço para as empresas retomarem os investimentos, além do impacto fiscal", defende a fonte.

"É um volume relevante de recursos que pode dar algum fôlego para as empresas", acrescentou. O governo ainda não definiu se vai permitir a renegociação de dívidas acumuladas até o fim do ano passado ou até o primeiro trimestre de 2017. Se for levado a cabo, não será o primeiro parcelamento desse tipo.

Em 2010 e 2013, houve duas aberturas de parcelamento extraordinário, que tinham a possibilidade de redução de encargos sobre as dívidas, que chegaram a até 100% em alguns casos, no pagamento à vista dos débitos. A ideia de renegociar dívidas não tributárias de empresas tem uma versão incluída no polêmico relatório do deputado Newton Cardoso Jr (PMDB¬MG).

Essa inclusão, entretanto, não foi negociada com o governo, que não gostou de forma geral do relatório de Cardoso. A reportagem procurou a Advocacia¬Geral da União (AGU), à qual está vinculada a PGF, mas não obteve um dado consolidado sobre as dívidas das empresas com as instituições federais até o fechamento dessa edição.

Uma das potenciais beneficiárias da medida, a Petrobras, de acordo com seu balanço mais recente, tinha R$ 11,9 bilhões de multas com a ANP discutidas na Justiça ou em arbitragem. São valores referentes a participações especiais (pagamentos sobre o lucro em campos de exploração) e por descumprimento em normas como a do conteúdo local mínimo.

A estatal também tem débitos de R$ 4,1 bilhões com o Ibama. Já a Oi tem dívidas com o governo de $ 20,2 bilhões, sendo que cerca de R$ 14 bilhões são não tributárias, que entrariam no escopo da MP.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Mercado de imóvel corporativo deve se recuperar em até 3 anos, diz Engebanc

O mercado brasileiro de escritórios corporativos já passou pelo pior momento, mas pode levar até três anos, dependendo da região, para se recuperar da mais severa recessão em décadas. Os investidores ainda estão cautelosos em lançar novos projetos, apesar da sinalização de juros menores e dos primeiros sinais de melhora da confiança.

Na cidade de São Paulo, cujo estoque corporativo de 5,1 milhões de metros quadrados corresponde a 50% do total nacional, a recuperação dos preços deve ocorrer primeiro em zonas empresariais mais centralizadas e desenvolvidas.

Isso inclui Faria Lima, Itaim, Jardim Paulistano, Jardins, Paulista, Pinheiros e Vila Olímpia, conforme estudo desenvolvido pela consultoria imobiliária Engebanc Real Estate. A companhia gerencia e supervisiona projetos, além de fazer avaliações de propriedades, tendo entre os clientes empresas como Petrobras, grandes bancos e redes de varejo.

Isso deve incentivar a migração de inquilinos para eixos ainda em desenvolvimento, incluindo Berrini, Chácara Santo Antônio, Morumbi, Roque Petroni e Santo Amaro, cujos preços são mais acessíveis. "Essa expansão vai demandar mais investimentos em infraestrutura", diz o presidente da Engebanc, Marcelo da Costa Santos.

Segundo ele, a cidade é hoje a mais competitiva no segmento de escritórios corporativos entre as capitais na América do Sul, mas corre o risco de ficar para trás sem um planejamento urbano estratégico. "São Paulo é mais sofisticada e tem um mercado mais estruturado que as capitais vizinhas, mas se não agir agora pode perder essa competitividade nos próximos 10 anos", ponderou Costa.

No primeiro trimestre, a Engebanc calcula que preço médio do metro quadrado em São Paulo caiu de R$ 88,60, no quarto trimestre do ano passado, para R$ 87,80, embora as desocupações tenham caído para 30 mil metros quadrados, ante 74 mil metros quadrados de outubro a dezembro.

Desde o começo da crise, proprietários vêm adotando uma postura mais flexível na negociação de contratos, a fim de evitar o aumento dos níveis de vacância, enquanto inquilinos aproveitam os preços menores para transferir seus escritórios para empreendimentos de melhor padrão.

Segundo Costa, esse movimento, conhecido como 'flight to quality', deve ser o principal motivador de demanda neste ano. Nos três primeiros meses, as ocupações atingiram 85 mil metros quadrados em imóveis A+/A, ante apenas 12 mil metros em B+/B.

Como resultado, a taxa de disponibilidade de escritórios de alto padrão em São Paulo caiu de 24,8% para 23,9%, mesmo com a entrada de 65 mil metros quadrados em novos empreendimentos. No segmento B+/B, por outro lado, a taxa de disponibilidade subiu de 18,8% para 19% na mesma base de comparação, mesmo sem chegada de novos estoques.

Para o mercado carioca, a perspectiva é de que haja um espaço maior para redução de preços, dada a crise econômica vivida pelo Estado do Rio de Janeiro. "A economia carioca é baseada em petróleo e o Estado está quebrado, então a flexibilização dos proprietários vai ser fundamental para garantir a permanência dos inquilinos e atrair nova demanda", explicou Costa.

No primeiro trimestre, o preço médio do metro quadrado de escritórios corporativos no Rio de Janeiro caiu para R$ 96,83, de R$ 97,70 no quarto trimestre de 2016. Mas as locações superaram o total de desocupações pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2015, em 30 mil metros quadrados.

Mesmo assim, a taxa de disponibilidade no Rio de Janeiro subiu para 31,9% nos três primeiros meses do ano, ante 31% no quarto trimestre, tendo em vista a entrega de 61 mil metros quadrados em novos prédios, conforme a Engebanc.

GALPÕES INDUSTRIAIS E LOGÍSTICOS

Em outra frente, o segmento de galpões industriais e logísticos deve continuar sentindo os efeitos da crise nos próximos meses. Apenas no primeiro trimestre, as desocupações superaram as locações em todo o país em 128 mil metros quadrados.

Consequentemente, a taxa de disponibilidade subiu 1 ponto percentual ante o quarto trimestre, para 26,4%. E, não fossem os atrasos nas entregas de empreendimentos novos, a alta teria sido maior, de 1,5 ponto percentual, apurou a Engebanc.

"Com o desemprego em alta, há queda em consumo, o que se reflete em menos estoques e menor necessidade de espaço para armazenagem", afirmou o diretor de serviços industriais e logísticos da Engebanc Real Estate, Abiner Oliveira.

Diferentemente dos escritórios corporativos, os inquilinos neste segmento estão preferindo preços mais baixos a instalações mais sofisticadas, destacou Oliveira.

São Paulo respondeu por 75% das locações de galpões industriais e logísticos em todo o país entre janeiro e março, embora as devoluções no Estado tenham ficado 50% acima da média histórica, atingindo 150 mil metros quadrados no período, segundo o levantamento.

No Rio de Janeiro, que vive uma crise de segurança, as devoluções de galpões somaram 93 mil metros quadrados nos três primeiros meses do ano, o que elevou a taxa de disponibilidade em 5,4 pontos percentuais, para 24,6%.

"Rio de Janeiro estava mais resiliente durante Olimpíadas, mas é muito dependente de óleo e gás e tende a sangrar mais que SP nos próximos 18 a 24 meses", alertou Oliveira.

 

EXAME

Caixa volta a suspender financiamento mais barato de imóvel

A Caixa voltou a suspender a contratação de financiamentos pela linha de crédito imobiliário Pró-Cotista, que oferece taxa de juros mais baixas para quem é cotista do FGTS. A linha financia imóveis novos de até 1,5 milhão de reais em todo o país, imóveis usados de até 950 mil reais em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, e imóveis usados de até 800 mil reais nos demais estados até o final do ano.

O banco afirma em nota que, atualmente, os recursos disponíveis da modalidade são suficientes apenas para atender as propostas de financiamento que já foram recebidas pelo banco.

A Caixa já registrou falta de recursos para a linha em setembro e em março do ano passado. Contudo, o banco afirma que a suspensão é novamente temporária, já que devem ser liberados mais recursos para complementar os recursos da linha nas próximas semanas.

O Ministério das Cidades confirma, em nota, que está em tramitação uma edição de ato normativo que permite o remanejamento de recursos do plano de aplicação de recursos do FGTS para aporte de 2,54 bilhões de reais na linha Pró-Cotista. O ato deverá ser publicado ainda neste mês.

 

Crédito ficará menos arriscado, diz Itaú

 Com crescimento de 18% no lucro no primeiro trimestre do ano, o Itaú está otimista. O banco projeta crescimento do PIB em 2017, depois de dois anos de recessão. Além disso, a inflação dá sinais de redução.

Segundo Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores do banco, 2017 será um ano de transição, com uma retomada gradual de crescimento. Ele falou com jornalistas em teleconferência para apresentação dos resultados do período.

Com isso, o banco prevê uma retomada de crédito no ano. A carteira de crédito total deverá crescer de 0% a 4% no ano. No Brasil, a projeção é que a carteira tenha de uma queda de 2% até crescimento de 2%, com alta concentrada no segundo semestre.

Para pessoa física, o cartão de crédito e o crédito imobiliário devem puxar o crescimento. Já entre as empresas, as linhas de capital de giro devem trazer o aumento.

O cenário mais favorável também se reflete no corte da taxa básica de juros e, consequentemente, das taxas de crédito. A taxa básica Selic deverá fechar o ano em 8,25%, de acordo com as projeções do banco, em comparação a taxa de 13,75% de 2016.

“Com a redução na percepção de risco, podemos cobrar menos por crédito”, afirmou Kopel. Ele disse que, com o “trabalho perene” do banco em conjunto com o Banco Central e outras instituições, “o crédito vai caber mais no bolso das pessoas”.

Inadimplência

Com a retomada da economia, o risco de inadimplência também deverá diminuir, acredita Kopel, ainda que esse índice tenha subido no primeiro trimestre.

A inadimplência de curto prazo, de 15 a 90 dias, subiu de 2,5% no trimestre anterior para 3,2%. Dentro desse parâmetro, um dos índices que mais cresceu foi em relação a grandes empresas, que subiu de 0,7% para 2,0% no trimestre. Segundo o banco, “o aumento foi observado principalmente em alguns grupos econômicos do setor de infraestrutura”.

Já a longo prazo, superior a 90 dias, o índice se manteve estável em relação ao trimestre anterior, em 3,4%. Considerando apenas grandes empresas, o índice subiu de 1,3% para 1,6%.

De acordo com o diretor, o sobe e desce na inadimplência de grandes empresas é esperado, já que as empresas demoram a se reestruturar e a vender ativos para poder pagar suas dívidas. “Mas esse número não está fora do que esperávamos e estamos muito bem provisionados para fazer frente a esse aumento”, disse.

Risco de calotes

Apesar do aumento na inadimplência no trimestre, o banco acredita que esse cenário deverá melhorar durante o ano. Como efeito, o banco diminuiu sua provisão para devedores duvidosos no trimestre, uma reserva para casos de calotes.

As despesas com provisão foram de R$ 5,4 bilhões, queda de 7,4% em comparação ao trimestre anterior e de 31,1% em relação ao primeiro trimestre de 2016.

Em 2016, essas despesas foram uma das principais razões para a queda de 7,4% no lucro do banco. As reservas para cobrir calotes somaram R$ 26,15 bilhões em 2016, 9,7% a mais que em 2015. No entanto, em 2017 esse valor deve cair com a melhora da inadimplência.

Com a crise econômica, muitas empresas atrasaram o pagamento dos empréstimos. Além disso, grandes companhias, como a Oi e a Sete Brasil, entraram em recuperação judicial e irão renegociar suas dívidas, afetando o resultado dos bancos no ano passado.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Seca e crise minam a confiança de consumidor nordestino

A crise econômica combinada com a seca prolongada derrubaram a confiança do brasileiro que vive na região Nordeste. O Índice de Nacional de Confiança (INC) do consumidor nordestino atingiu no mês passado 48 pontos, aponta a pesquisa feita pelo Instituto Ipsos para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Foi o pior resultado mensal para a região, desde que a pesquisa começou a ser feita em 2005. O indicador varia de zero a 200 pontos. Abaixo de 100 pontos indica pessimismo e acima de 100 pontos, otimismo.

Das cinco regiões acompanhadas pelo instituto, a região Nordeste registrou o nível mais baixo de confiança e apenas na região Centro-Oeste a confiança cresceu em abril, sustentada pelo bom desempenho do agronegócio.

Na avaliação do economista da ACSP, Emílio Alfieri, o péssimo desempenho do Nordeste pesou no fraco resultado do INC nacional. Pelo quarto mês seguido, o indicador recuou e fechou abril em 66 pontos, ante 71 pontos de março e praticamente no mesmo nível de um ano atrás (64 pontos).

“As denúncias generalizadas abalaram a confiança do consumidor e a impressão que ficou é de que ninguém presta”, observa o economista.

Ele ressalta que os indicadores nacionais mostram que os entrevistados estão mais inseguros em relação ao emprego (59% em abril ante 56% em março) e a parcela daqueles que consideram ruim a sua situação financeira atual ainda é elevada: 57%.

Nesse cenário pessimista, 27% acreditam a sua situação financeira pessoal deve piorar nos próximos meses.

Diante da piora do índice de confiança, apurado a partir de 1.200 entrevistas feitas em todo o País na primeira quinzena de abril com brasileiros de todas as classes sociais, a ACSP decidiu reavaliar as projeções para o desempenho varejo restrito, que não inclui as vendas de veículos e materiais de construção.

Alfieri diz que a perspectiva era de estabilidade em relação a 2016, quando as vendas caíram 6,2%. Agora, no entanto, a entidade projeta  um recuo entre 1,3% a 1,4%. Se a projeção se confirma, será o terceiro ano seguido do varejo no vermelho.

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