Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Mercado espera inflação de 3,93% em 2017 e expansão de 0,50% para PIB

 Pela décima semana consecutiva, o mercado reduziu a projeção de inflação medida pelo IPCA para o fim de 2017. De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), a mediana de projeções para o avanço do indicador saiu de 4,01% para 3,93%, aproximando¬se da estimativa do grupo Top 5 ¬ que mais acerta as previsões ¬ de 3,89% para o ano.

Para 2018, a expectativa dos analistas para o IPCA também recuou, de 4,39% para 4,36% de aumento. No caso da inflação medida nos próximos 12 meses, a projeção foi cortada de 4,72% para 4,70%. As projeções para a alta do IPCA em maio foram ajustadas de 0,51% para 0,50% pelo conjunto dos economistas, enquanto o grupo Top 5 cortou de 0,50% para 0,49%. Para a inflação em 2018, o Top 5 elevou as estimativas de 4,25% para 4,30%.

Atividade

Os analistas consultados pelo BC elevaram a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 0,47% para 0,50%. Para 2018, a estimativa permaneceu sendo de expansão de 2,50%. Para o desempenho da indústria neste ano, as estimativas foram revisadas de 1,49% para 1,25% de avanço. Em contrapartida, os economistas elevaram a projeção de superávit da balança comercial em 2017 ¬ de US$ 53,30 bilhões para US$ 55,15 bilhões ¬ e de investimento estrangeiro direto no país, que passou de US$ 76 bilhões para US$ 78,50 bilhões.

 

Economia brasileira avança 1,12% no primeiro trimestre, mostra BC

Depois de oito trimestres consecutivo de retração, a economia brasileira dá sinais de saída da recessão. O Índice de Atividade Econômica (IBC¬Br) do Banco Central (BC) fechou o primeiro trimestre de 2017 com alta de 1,12% em relação aos três meses anteriores. Em comparação com o primeiro trimestre de 2016, a atividade registrou alta de 0,29%. Os dados reforçam o discurso oficial de que a economia já deixou o pior para trás e também estão alinhados à avaliação do próprio BC de que o cenário é de retomada gradual ao longo de 2017.

Na sexta¬-feira passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, apontou que a expectativa era de alta do IBCBr superior a 1% no comparativo trimestral. Em março, o IBC¬Br teve baixa de 0,44%, após variação positiva de 1,37% em fevereiro (dado revisado de alta de 1,31%). Nos 12 meses encerrados em março, houve retração de 2,63% na série sem ajuste (baixa de 2,78% no dado ajustado). Devido às revisões constantes do indicador, o IBC¬Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação com março de 2016, a alta foi de 1,05% na série sem ajuste (0,68% com ajuste).

Os resultados vieram melhores do esperado pelos agentes de mercado. A média das projeções feitas por 18 instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data sugeria baixa de 0,99% no mês. As estimativas variavam entre queda de 0,7% a recuo de 1,87%. O comportamento do indicador no mês de março foi influenciado pela queda de 1,9% do varejo, da retração de 2,3% do volume de serviços e por uma baixa de 1,8% da produção industrial.

Para 2017, o mercado trabalha com um crescimento de 0,5% do PIB, o BC estima também trabalha com alta de 0,5%, mesmo percentual do Ministério da Fazenda. Embora seja anunciado como “PIB do BC”, o IBC¬Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços).

A estimativa do IBC¬Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE, por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período. O resultado do PIB será divulgado em 1º de junho.

 

Governo estuda dobrar isenção de IRPF e tributar os dividendos

Depois da liberação dos saques das contas inativas do FGTS, o governo prepara um novo "pacote de bondades" para neutralizar o impacto negativo da aprovação das reformas da Previdência Social e trabalhista. A principal medida em estudo é a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), cuja eventual adoção ajudaria o governo e a base aliada no Congresso nas eleições de 2018.

Para compensar o impacto fiscal bilionário, a contrapartida seria tributar dividendos, que são isentos de imposto. A proposta que circula em um grupo restrito no governo dobra a faixa de isenção do IRPF, dos atuais R$ 1.903 para R$ 4 mil. O impacto fiscal efetivo da medida ainda será calculado, mas ela já conta com restrições dentro da área econômica.

Por outro lado, é vista com bons olhos pelos aliados, que teriam o que levar ao eleitor para justificar seus votos nas reformas. O assunto já foi discutido pelo presidente Michel Temer com deputados e senadores, inclusive do PMDB, com quem manteve conversas reservadas nos últimos dias. A proposta é uma resposta à cobrança de aliados para que o governo faça novo aceno (além da liberação das contas inativas do FGTS) às classes mais populares para proporcionar um discurso aos que voltam às urnas em 2018.

A cobrança ganhou mais corpo no Senado, a quem caberá "chancelar" as reformas trabalhista e previdenciária, para que não retornem à Câmara. Muitos senadores já terão de explicar ao eleitor seu envolvimento com a Justiça, inclusive na Operação Lava¬Jato, e contam com a adoção de medidas positivas pelo governo para justificar o voto favorável às mudanças na aposentadoria, um remédio amargo para a maioria dos brasileiros. Um cacique do PMDB afirma que o governo não pode dialogar, exclusivamente, com "o PIB nacional e a classe política".

Este parlamentar ¬ que tentará se reeleger em 2018 ¬ alerta que o governo precisa acenar aos mais pobres. "Não dá pra recair tudo sobre os nordestinos e nortistas", reclama o pemedebista. "Por que o Funrural não é cobrado do agronegócio, por que as operações desoneradas [como os dividendos] não pagam um pouco dos déficits?", questiona o parlamentar, que se reuniu recentemente com Temer.

Em troca dos votos da bancada do agronegócio, com 220 deputados e 16 senadores, o governo aceitou renegociar as dívidas dos produtores rurais relativas ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), a contribuição previdenciária dos trabalhadores rurais: uma transação estimada em R$ 10 bilhões, com o perdão de juros e multas.

O parlamentar do PMDB reclama que não adianta anistiar parte do Funrural, porque essa "bondade" não alcança grande parte dos brasileiros, muito menos nas regiões Norte e Nordeste, de onde vêm 48 senadores. (Para aprovar a reforma previdenciária, são necessários 49 votos).

A ideia de aumentar a faixa de isenção do IRPF vem circulando no governo há alguns meses, mas esbarra na resistência dos técnicos. Uma fonte destaca que a ideia de levar a faixa de isenção para R$ 4 mil eliminaria contribuintes que ganham muito acima da renda média nacional. Em 2015, a renda per capita do brasileiro foi de R$ 1,113 mil. "Seria uma medida regressiva", diz a fonte, ponderando que o Brasil já é conhecido por ter uma estrutura tributária que penaliza os mais pobres.

A retomada da tributação de dividendos, por sua vez, já foi discutida no governo Dilma Rousseff, na gestão de Joaquim Levy na Fazenda. A tese não prosperou diante da forte resistência do Congresso à elevação de impostos. Na proposta em discussão no governo Temer, essa nova tributação atingiria inclusive os chamados sócios¬cotistas, que recebem seus vencimentos na forma de dividendos.

Existe, ainda, nessa questão uma controvérsia sobre bitributação, já que as empresas já pagam imposto sobre o lucro, por meio do IRPJ e da CSLL. No entanto, muitos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de países desenvolvidos no qual o Brasil tem interesse em ingressar, têm tributação sobre dividendos. Estudos dos economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Sérgio Gobetti e Rodrigo Orair, em 2015, apontavam potencial de ganho de mais de R$ 40 bilhões com essa medida, considerando uma alíquota de 15% sobre essa renda.

Paralelamente, a tributação de dividendos também poderia ser um caminho para fechar uma das brechas já utilizadas na chamada "pejotização", quando pessoas físicas são transformadas em empresas. Há muitos casos em que trabalhadores são contratados como sócios¬cotistas e recebem seus salários na forma de dividendos, deixando de pagar o imposto de renda e de recolher a contribuição previdenciária. Contudo, há ceticismo na área econômica sobre o real potencial arrecadatório da medida e se ela realmente seria suficiente para compensar a forte perda de arrecadação com a elevação agressiva da faixa de isenção do imposto de renda da pessoa física.

 

Investimento só vem forte após definição eleitoral, diz Arminio

Incertezas políticas, sobretudo em relação à sucessão presidencial, criam um cenário de baixa visibilidade que afeta a retomada da atividade econômica. "Depois de uma recessão profunda seria de se esperar uma recuperação mais forte, mas isso não acontece quando se tem tanta incerteza", diz Arminio Fraga, ex¬presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos.

Em entrevista ao Valor, Arminio avalia que "esse governo está fazendo até bastante, apesar do toma lá da cá de cargos e favores que ainda parece existir, coisas do Brasil velho que quebrou". No momento, a despeito do aumento da confiança e do avanço na aprovação de reformas importantes, o país "está engatinhando".

Ou, como ele reforça, a economia está "meio em compasso de espera", aguardando maior clareza sobre o governo que sairá das eleições de 2018. O cenário político que se desenha é polarizado. "De um lado Lula com o PT e seus satélites mais radicais, e do outro uma direita conservadora, até hiperconservadora.

Em tese haveria um bom espaço para uma candidatura de centro, hoje personificada no Doria (João Doria, prefeito de São Paulo)". O Lula que se candidataria agora não seria o mesmo que venceu as eleições de 2002, com o slogan "Lulinha Paz e Amor". Seria, pelas próprias circunstâncias, um homem raivoso, vingativo. E isso assusta, diz.

Para Armínio, um governo reformistas, de centro, competente, seria a melhor alternativa para o Brasil e poderia dar início a um longo ciclo de crescimento. Abaixo, a íntegra da entrevista:

Valor: Como o senhor está vendo a conjuntura? A economia parou de cair e a retomada é evidente?

Arminio Fraga : Os sinais ainda são muito frágeis, mas em geral recuperação começa assim. Os empresários estão assustados. Depois de uma recessão profunda seria de se esperar uma recuperação mais forte, mas isso não acontece quando se tem tanta incerteza. Além disso, há muitas empresas com capacidade ociosa. E os setores mais naturais para liderar, que estariam no topo da lista, como a infraestrutura, são lentos por natureza.

Valor: O sr. se refere à incerteza política, sucessória, da Lava¬Jato?

Arminio : Principalmente a sucessão presidencial, mas também o geral. Sobre o que vai acontecer com a própria composição do Congresso, com a estrutura partidária, quais as reformas que serão aprovadas nos próximos trimestres. Agora não há muita visibilidade. No ano que vem essas coisas vão ficar mais claras, mas se para o bem ou para o mal, ninguém sabe. Eu, pelo menos, não sei.

Valor: Mas hoje já é clara a retomada do crescimento?

Arminio : O problema é que o hoje está sendo influenciado por um amanhã nebuloso. Deveria estar havendo boa recuperação, com apoio da política monetária, que está dando sua contribuição. Mas dificilmente vai ser uma grande festa da recuperação, até as incertezas começarem a desaparecer de forma boa. Não basta desaparecer e o país vai continuar numa linha populista ou o Brasil velho continuar vivo, apesar de todo o horror que estamos vendo e que deveria ser, talvez, uma chance única de mudança. Uma mudança de regime institucional e ético. Mas não há garantia de que vai acontecer.

Valor: Uma mudança de regime não teria que vir de uma ampla reforma política?

Arminio : Em parte, mas acho que tem que ir além. Tem que ser uma mudança de costumes também.

Valor: Isso não é mais difícil?

Arminio : É mais difícil, mas a mudança institucional ¬ no caso, a política ¬ ajuda. Seria um passo importante, por exemplo, reduzir bastante o número de partidos.

Valor: A preocupação com uma eventual candidatura do ex-¬presidente Lula faz parte desse quadro nebuloso a que você se refere?

Arminio : Com certeza. Ele certamente é um político conectado com pelo menos parte importante do eleitorado, que tem boas lembranças da época dele, que foi por sua vez um período em que alguns astros se alinharam. Primeiro, ele próprio era um problema que ele pôde resolver. E fez isso basicamente jogando fora o programa do PT e trazendo Palocci, Meirelles e equipe. Depois ele se beneficiou de um 'boom' de preços de commodities e também da situação que permitiu um 'boom' de crédito. Foi uma fase boa e ele merece crédito por isso. Mas antes mesmo do fim do primeiro mandato, ele já patrocinou um desvio de rota bastante radical, que só ficou claro depois. Já estavam ali as origens da Nova Matriz que arruinou o país.

Valor: Teme¬-se que o Lula de hoje seja diferente do 'Lulinha Paz e Amor' do passado e seja, pelas circunstâncias, raivoso, vingativo?

Arminio : Sim. Tem o do primeiro mandato até a saída do Palocci. Depois tem o Lula dos numerosos e importantes companheiros de governo que estão presos ou processados. O José Dirceu, o Palocci, todos os tesoureiros, líderes, presidentes do partido, líderes do partido na Câmara... Esse Lula hoje está reagindo como uma fera acuada. E aí vem o medo de ele voltar. Além de ter patrocinado uma estratégia completamente ruinosa e um modelo político corrupto, algo completamente inaceitável, que ele não inventou, mas certamente aprofundou. Voltando agora ele traria essa dimensão da raiva, que assusta. Até porque está de fato, no meio de um tiroteio danado. Esse é um cenário complicado, que preocupa. Porque ele vai apelar para como as pessoas se sentiam durante os dois mandatos dele, sem levar em conta que ele próprio patrocinou o desastre que veio a seguir.

Valor: O sr. acha que o Lula seria um candidato forte? Arminio :

É difícil dizer se seria um forte candidato para segundo turno, eventualmente até com chance de ganhar. Hoje parece difícil que alguém que no fundo estava por trás de tudo o que aconteceu ¬ a própria Dilma também foi escolha dele, que deu no que deu ¬ imaginar que ele possa se eleger outra vez. Mas não dá para descartar. Pelo visto o país caminha para uma polarização. De um lado Lula, com o PT e seus satélites mais radicais, do outro uma direita conservadora, até hiperconservadora. Em tese haveria um bom espaço para uma candidatura de centro, hoje personificada no Doria (João Doria, prefeito de São Paulo).

Valor: Isso é ruim?

Arminio : Acho natural e saudável que um país desigual e assustado como o nosso tenha um partido radical de esquerda e outro bem conservador à direita. Deveria ter um Partido Verde também. Mas o que vai surgir no centro está difícil de prever. Agora, não é tão radical a conclusão de que uma boa candidatura de centro tenderia a ganhar. É razoável trabalhar com essa hipótese. Embora veja muitos problemas na área econômica, imensos, a se resolver, na área política esse cenário é relevante e desejável.

Valor: Que governo seria esse?

Arminio : Um governo reformista. O Brasil precisa das duas coisas: de um governo que ofereça, que fale de oportunidades, e que garanta igualdade de oportunidades. Também tem que ter uma rede de proteção social boa, nesse lado o Brasil evoluiu bastante, mas sobretudo tem que ter um Estado que entregue mais e seja capaz de produzir mais oportunidade e mais igualdade de oportunidade. Aí tem um espaço enorme e acho que o Doria vem ocupando esse espaço. Valor: O sr. mencionou a redução do número de partidos. Não estamos indo na direção contrária? Agora tem o Partido Novo, que quer atrair Luciano Huck como candidato à presidência...

Arminio : É. Conheço bem o partido, tem origem no Rio. É mais liberal, mas que talvez não explicite tanto essa dimensão e que fala em eficiência e honestidade, que não é mais do que obrigação.

Valor: Ingressaria nesse partido?

Arminio : Não. Não tenho nenhuma intenção de me filiar ao PSDB nem ao Novo. Tenho simpatia pelo Novo, tenho muitos amigos no PSDB e em outros partidos também. Mas não tenho esse plano.

Valor: Seu nome foi mencionado como possível candidato à presidência...

Arminio : Isso foi o Larry Summers [economista americano, ex-¬secretário do Tesouro], em um seminário em Harvard, onde ele foi extremamente generoso comigo e, no final, soltou essa ideia da cabeça dele. Não foi nada combinado comigo. Eu teria dito a ele que não dissesse isso, porque eu não tenho esse plano, essa ambição.

Valor: Não está nos seus planos?

Arminio : Não. Me preparei a vida inteira para colaborar mais na área econômica. Me interesso por outras áreas, até estudo ¬ li muito sobre educação, hoje em dia tenho lido mais sobre saúde ¬ como exercício pessoal de interesse em áreas que têm grande importância. Mas nessa altura da vida já investi muito e gosto muito dos assuntos gerais da área econômica, eventualmente até poderia colaborar. Estou também muito consciente das minhas limitações, não dá para fazer tudo ao mesmo tempo.

Valor: A reforma da Previdência tende a ser um assunto também para os próximos governos? Terá que passar por mais mudanças do que o Congresso está disposto a aprovar?

Arminio : Acho. Essa claramente não vai ser 'a' reforma. Isso aí já é um dado: vai ter que ter outra. A outra eu acho que deveria ser um grande repensar de temas tributários, trabalhistas e previdenciários, que formam um bolo só.

Valor: Uma nova rodada de reformas?

Arminio : Sim. Em algum momento, se o Brasil eleger um presidente com uma cabeça reformista, com mandato para isso, essas coisas estão muito conectadas.

Valor: Mas a trabalhista não está sendo feita e de forma até ousada?

Arminio : Ela promete. Não estudei o detalhe mais fino pra ter uma opinião forte. No geral o mercado de trabalho é afetado pelos impostos elevados que incidem sobre a folha. Qualquer imposto gera algum tipo de distorção ou efeito redistributivo, e não só os impostos que oneram a folha. Se você desenhar uma Previdência que pare em pé do ponto de vista atuarial, com regras de transição, provavelmente vai sobrar buraco fiscal a ser coberto. Cabe perguntar se ele deve ser financiado com mais imposto na folha ou através de outros.

Valor: E o mercado de trabalho do setor público?

Arminio : Deveria passar por uma mudança radical. Quem fez concurso, fez sabendo que ia ter uma certa trajetória de remuneração que incluía um pacote de aposentadoria, estabilidade. Essas eram as regras do jogo. Dentro do possível elas deveriam ser mantidas. Quem se aposentou ou quem trabalhou no setor privado, no regime da CLT, e contribuiu para Previdência, também está sendo chamado a arcar com parte do custo da inviabilidade fiscal do sistema atual. Então, nesse ponto, não é diferente da outra. Mas uma coisa mais radical, de transformar as aposentadorias do setor público, hoje, em uma coisa já parecida com o setor privado é demais, não? Tem que ter uma certa lógica, uma certa proporcionalidade, sabendo que daqui para frente os modelos vão ser iguais para o setores público e privado. O setor público vai ter que continuar a atrair gente de alto nível, com uma estrutura de cargos e salários bem desenhada.

Valor: O funcionalismo público não deveria ser afetado pelos ciclos econômicos como o setor privado?

Arminio : No fundo, essa discussão remete à estabilidade. Hoje tem muita gente com estabilidade que normalmente não deveria ter. O setor público deveria ter a flexibilidade para se adaptar às necessidades de uma sociedade que evolui. Agora, em alguns casos é preciso algum tipo de proteção.

Valor: O sr. está falando no caso de carreira típica de Estado, militares, por exemplo?

Arminio : Sim. Aí teria que pensar, ver que carreira se desenha. Mas de novo: simplesmente cortar aposentadoria vai atrair menos gente para essa carreira.

Valor: Segundo dados oficiais 0,1% dos contribuintes detém 43% da renda do 1% mais rico. O país continua com uma brutal concentração da riqueza.

Arminio : É impressionante. Mas no mundo inteiro há essa discussão hoje do top 1%, do top 0,1%. Nos países que participam mais da economia mundial, que não é o nosso caso, quem consegue inventar uma coisa boa vende no mundo inteiro e ganha muito. As maiores empresas do mundo por valor de mercado como a Amazon, Facebook, Microsoft, Apple, todas vendem para o mundo e isso também tende a concentrar a renda. Hoje é bem aceita toda a discussão suscitada pelo Piketty [Thomas Piketty, economista francês autor do "O Capital no século XXI"], mas sabe¬se que uma parte grande dessa concentração veio pelo patrimônio imobiliário, que valorizou muito nas grandes cidades. No Brasil tem muito patrimônio adquirido por roubo. Esse é inaceitável. Tem também o patrimônio adquirido por um roubo um pouco mais sofisticado, que são os abençoados pelo Estado, que sempre tinham no Brasil e em outras partes do mundo também uma relação carnal, como diriam os argentinos, com o Estado, com os governos.

Valor: E tem o sistema tributário perverso, não?

Arminio : O Brasil tem ainda distorções enormes no sistema tributário. A renda do capital é pouco tributada. Hoje os mais ricos se beneficiam de uma alíquota relativamente baixa e, especialmente, de um diferimento quase que eterno através de fundos fechados. Uma ideia é que, se isso fosse mantido, o que é questionável, pelo menos deveria existir algo como uma 'conta de investimento' para os mais pobres terem o mesmo benefício.

Valor: O que mais?

Arminio : A terceirização é uma ideia excelente, deveria ser totalmente livre. Mas não deveria ser motivada por economia tributária e sim por questões de eficiência. Hoje no Brasil não é assim. Por exemplo, a chamada 'pejotização' me parece uma loucura. Tem muita gente que ganha muito bem e paga pouquíssimo imposto criando uma pessoa jurídica praticamente individual e se beneficiando do Simples ou do lucro presumido. Isso está totalmente errado! Tem ainda o MEI (Micro Empreendedor Individual), uma " pejotização" simplificada para os de renda mais baixa. Essa é uma área também carente de discussão. A tributação por grandes setores no Brasil também é bastante desigual. A indústria paga muito mais do que os serviços, não tem sentido. Que esquerda é essa que estava na cama com o empresariado e que patrocina essa estrutura tributária?

Valor: Se não há visibilidade, como fica o crescimento?

Arminio : Vamos separar o cíclico do mais estrutural. Há grande espaço para a recuperação cíclica.

Valor: Mas sem gerar emprego?

Arminio : Pode gerar, deveria gerar sim, algo natural após uma queda de 10% no PIB, com desemprego a 13%. Agora, uma vez que saia da recessão, quanto consegue crescer? Sempre acreditei que o Brasil, mesmo com as questões demográficas tendo mais e mais peso, deveria ser capaz de crescer uns 4% ao ano sem muita dificuldade, arrumando a casa. Talvez mais.

Valor: Esse é o PIB potencial?

Arminio : É um PIB potencial com reformas. Tem espaço enorme para melhorar. É a coisa do copo cheio e o copo vazio. Sou tipicamente dos que olham o copo cheio. Vejo um problema fiscal gigante, que está sendo resolvido aos poucos ¬ ou seja, o governo optou por um ajuste gradualista, defasado no tempo, que é enorme. Isso precisa acontecer. Mas tem todo um outro lado, de arrumar a economia para mobilizar capital, aumentar a produtividade, que é uma festa. Dá para fazer muita coisa boa. Algumas estão na mesa.

Valor: O sr. refere às reformas?

Arminio : Sim. A reforma trabalhista, o setor de petróleo que evoluiu bem, infraestrutura, marco regulatório para mobilizar capital privado. E tem gente falando já em alguns aspectos importantes da reforma tributária ¬ começar pelo PIS/Cofins, depois ir pro ICMS, que também é ótima ideia. Aliás, se juntarmos a infraestrutura e a reforma da tributação indireta, você tem as peças para o Brasil pôr em curso um enorme programa de se integrar a si próprio. É um tema de que eu já falava em 2014, mas que nem por isso deixou de ser importante. Seria uma fronteira de crescimento fantástica, provavelmente tão importante quanto integrar o Brasil ao resto do mundo.

Valor: O sr. falava nas duas recuperações, a cíclica e a mais estrutural. A cíclica pode ser a ponte para 2019, para um novo governo?

Arminio : A cíclica traria um certo alívio. É a ponte para amenizar o que é uma situação desesperadora para um número enorme de pessoas. É bom a gente não se esquecer que não só são aqueles que estão desempregados e suas famílias, mas os que estão com medo de perder o emprego também.

Valor: Na sua opinião, se a sucessão for resolvida por um governo de centro, abre¬se uma avenida de possibilidades, é isso?

Arminio : Abre, para um governo reformista, competente e disciplinado. Aí pode ser o início de um longo ciclo. Mas o quadro geral é muito frágil. Mesmo tudo dando certo o país vai estar com uma dívida [pública bruta] acima de 80% do PIB, talvez 90%. A corda foi esticada ao extremo no Brasil. Ao extremo. Mas, enfim, o país ia para o abismo a galope, parou e virou. Pelo menos agora está olhando na direção certa.

Valor: Ter o investimento como motor da retomada do crescimento de maneira estrutural, isso só depois da sucessão presidencial?

Arminio : É isso. Uma parte da recuperação cíclica induz o investimento. Mas para a taxa de investimento pular para 22% do PIB e ser de melhor qualidade, seria um esforço maior que não ocorre há muito tempo. Em qualidade, nunca ocorreu.

Valor: A macroeconomia está no caminho certo? Inflação em queda e juros caindo na velocidade correta?

Arminio : Estamos no caminho certo, mas lento. Tenho dito isso publicamente: teria sido melhor um ajuste fiscal mais forte na cabeça. Daria mais espaço ainda para o Banco Central [cortar os juros]. O BC eu acho que está ótimo, está fazendo o trabalho dele. Valor: A inflação está domada? Arminio : A inflação está bem. Pudera, com uma recessão dessas.

Valor: O sr. não parece pessimista.

Arminio : Não estou. Estou preocupado. Se quem entrar em 2018 vier com ideias tortas, vai arrebentar tudo. E vai se arrebentar também.

 

Banco Central prepara o mercado para o fim de ajuste na Selic

A taxa básica de juros ainda tem um percurso relativamente longo de queda pela frente, mas o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já começou a preparar o mercado financeiro sobre como será o fim do atual ciclo de afrouxamento monetário no país. Para analistas econômicos do setor privado, o mais provável é que o BC termine o atual ciclo de baixa de juros no segundo semestre com movimentos suaves, como virou tradição na última década.

O BC encerrou três dos últimos quatro ciclos de afrouxamento monetário com cortes de 0,25 ponto percentual. Mas, como desta vez o Copom está intensificando os cortes com o objetivo de antecipar o ciclo de distensão, em tese aumentam as chances de um fim um pouco menos suave. Poderia ser um movimento final de 0,5 ponto percentual, como ocorreu em 2009, ou até maior do que isso.

O Copom começou a preparar o mercado financeiro para o fim do ciclo de distensão monetária na ata da sua reunião de abril. "O ritmo de flexibilização monetária dependerá da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação", afirma o documento, sinalizando que acelerações nos cortes em prazos mais imediatos devem levar a uma desaceleração mais adiante.

Desde outubro de 2016, o Copom cortou os juros básicos da economia em três pontos percentuais, de 14,25% ao ano para os atuais 11,25% ao ano. O consenso do mercado hoje é que o ciclo de distensão acabe em outubro, quando a taxa básica Selic chegaria a 8,5% ao ano, depois de um corte final de 0,25 ponto percentual. Essa previsão pressupõe que, no fim do mês, o Banco Central corte os juros em um ponto percentual, como fez em abril.

Mas, nos últimos dias, um número crescente de analistas passou a prever que o BC vai intensificar ainda mais o ritmo de baixa, adotando cortes de 1,25 ponto percentual em maio. Também ganha força entre os analistas a tese de que os juros podem cair abaixo de 8,5% ao ano.

A economista¬chefe da ARX Investimentos, Solange Srour Chachamovitz, acha possível até mesmo um corte de 1,5 ponto, depois que saíram dados mais favoráveis para a inflação e que mostram lenta recuperação da economia. Para tanto, porém, seria preciso a reforma da Previdência Social passar em votação de primeiro turno na Câmara dos Deputados. Mas a economista prevê que, mesmo que intensificar o corte de juros neste mês, o BC deverá optar por um fim do ciclo de afrouxamento mais suave, com uma desaceleração nos movimentos finais, ainda que o último deles seja de 0,5 ponto ou mesmo de 0,75 ponto.

"Acabar o ciclo de uma forma muito brusca daria a sensação de que alguma coisa ruim obrigou o Copom a interrompê¬lo", diz Solange. "O risco é o mercado entender que o BC exagerou na dose e que, mais adiante, seria preciso subir os juros de novo." O BC tem lembrado que o quanto os juros caem neste ciclo de distensão depende de suas próprias avaliações sobre a conjuntura econômica, incluindo projeções de inflação e a atividade econômica, mas também de suas estimativas sobre a taxa de juros estruturais, ou seja, aquela que coloca a economia em equilíbrio e estabiliza a inflação.

"Quando próximo da taxa estrutural, o Banco Central deve ir mais devagar", afirma Eduardo Canto, gestor da Aria Capital. "Por isso a tendência natural é o ciclo de distensão monetária terminar com suavidade." Quanto mais o BC antecipa o ciclo de distensão, porém, menos sobra para cortar ¬ e maior a chance de um fim menos suave. Se o BC cortar os juros em 1,25 ponto no fim deste mês, por exemplo, restaria apenas 1,5 ponto para os juros chegarem aos 8,5% ao ano, percentual em que os analistas enxergam o fim do ciclo de afrouxamento.

Nesse caso, o Banco Central já teria que dar mais detalhes na reunião deste mês sobre como planeja terminar o ciclo, a não ser que sinalize que os juros vão cair abaixo de 8,5% ao ano. Mas, de forma geral, o BC tem mudado mais o ritmo de cortes do que o tamanho do ciclo.

 

BNDES sinaliza fim de provisões altas de crédito

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não tem expectativa de 14novos aumentos "relevantes" na provisão para crédito, segundo o diretor de controladoria Ricardo Baldin. O aumento das provisões foi um dos destaques negativos do banco no primeiro trimestre, que apresentou um lucro líquido de R$ 373 milhões, 76% menor que o resultado de R$ 1,598 bilhão apurado em igual período do ano passado. "Chegamos bem perto do limite de provisionamento. Não temos expectativa de incrementos relevantes neste ano. A provisão está bastante confortável para o índice de inadimplência que temos".

As despesas com provisão para risco de crédito subiram de R$ 871 milhões no primeiro trimestre de 2016 para R$ 3,3 bilhões nos três primeiros meses deste ano. A superintendente de controladoria do BNDES, Vania Borgerth, destacou que as provisões são mecanismos contábeis que não envolvem a saída de caixa e podem ser revertidas. Segundo o BNDES, do montante da provisão de R$ 3,3 bilhões registrada no primeiro trimestre, entre 30% e 40% são relativos às empresas que tiveram seus ratings rebaixados para nível H.

O banco destacou que a queda no nível de atividade levou à deterioração de alguns créditos nas operações diretas e à revisão de ratings de determinados grupos. Por isso, fez um reforço nas provisões.

 

BB espera crescimento maior da carteira de crédito para empresas

O Banco do Brasil (BB) está, por enquanto, mais perto do piso de suas projeções para a carteira de crédito, que preveem crescimento de 1% a 4% neste ano. Porém, a instituição pode ficar no ponto intermediário dessa faixa, dependendo do comportamento das operações com pessoa jurídica, segundo Bernardo Rothe, gerente-¬geral de relações com investidores do BB. A estimativa do banco para a carteira de pessoa física é de crescimento de 4% a 7%.

Para o saldo das operações com empresas, a projeção é queda de 1% a 4%. A carteira de crédito orgânica interna do banco recuou 9,2% no intervalo de 12 meses encerrado em março, chegando a R$ 633,27 bilhões. O saldo de pessoa física cresceu 1,6%, enquanto o de pessoa jurídica recuou 19,6%.

De acordo com Rothe, o BB tem notado crescimento na originação de crédito a pessoa física, mas o desempenho da carteira de pessoa jurídica ficou abaixo do esperado no trimestre. "Na parte originação, temos visto estabilidade de desembolso no segmento de micro, pequenas e médias empresas e nossa expectativa é de crescimento no segundo semestre", disse. Já para a carteira de grandes clientes, a tendência é de estabilização no ano. Se esse segmento surpreender e mostrar crescimento, a expectativa do BB é ficar mais perto do ponto médio do "guidance", disse Rothe.

Por outro lado, o executivo afirmou que a tendência do banco é direcionar parte das operações com grandes empresas para o mercado de capitais. Em resposta a analistas, Rothe afirmou também que o caso específico de uma grande empresa que teve impacto na inadimplência do banco no primeiro trimestre deve migrar para a carteira de créditos renegociados. Na quinta, o BB informou que se tratava de uma grande empresa do setor de telecomunicações que está em recuperação judicial. O banco não revelou o nome, mas a única que se enquadra na definição é a Oi.

Rothe afirmou ainda que as receitas de tarifas devem encerrar o ano dentro do "guidance" fornecido pela instituição, que prevê crescimento entre 6% a 9%. No primeiro trimestre, o banco registrou um crescimento de 12,3% em receitas de tarifas, que somaram R$ 6,11 bilhões, mas a base de comparação com o mesmo período do ano passado não era tão forte, observou. Em relação às despesas administrativas, o BB disse que a tendência é que a alta fique próxima do piso do intervalo do "guidance", que indica alta de 1,5% a 4,5%.

 

Juros reagem a sinais de atividade fraca

O mercado financeiro começa a semana com as atenções voltadas para o IBCBr de março, que pode fortalecer o movimento visto nos últimos dias de migração de apostas para nova aceleração do ritmo de queda da taxa Selic. A divulgação do índice ¬ considerado uma "proxy" do Produto Interno Bruto (PIB) ¬ vem após dias de sensível baixa dos juros de mercado, trajetória que aparentemente não chamou atenção do Banco Central.

O Haitong projeta queda de 1,2% do IBC¬Br em março ante fevereiro, com ajuste sazonal. No fim da tarde de sexta¬feira, os juros futuros negociados na BM&F voltaram às mínimas recordes atingidas pela manhã, em meio à interpretação de que o presidente do BC, Ilan Goldfajn, não se preocupou em "segurar" apostas em um Copom mais agressivo.

A repetição do tom das declarações de Ilan sinaliza que o BC não parece incomodado com especulações no mercado sobre nova surpresa na política monetária. "O BC escolheu não segurar um mercado que está indo para corte de 1,25 ponto", diz um gestor. O resultado desse entendimento pôde ser visto na curva de taxas de Depósito Interfinanceiro (DI). O posicionamento dos agentes já embute 62% de probabilidade de corte além de 1 ponto percentual da Selic no próximo dia 31.

Na quinta¬feira, essa chance era de 50%. O Itaú Unibanco ainda vê corte de 1 ponto da Selic em maio, mas admite possibilidade de redução mais intensa "em caso de votação favorável à reforma da Previdência ainda este mês". O J.P. Morgan avalia que a votação da reforma ainda em maio combinada com sinais de atividade econômica mais fraca poderá levar o BC a antecipar o ciclo de afrouxamento monetário, com queda de 1,25 ponto já no fim do mês. O banco de Wall Street diz que a atividade econômica no segundo trimestre parece "mais morna" que no primeiro.

Mas mesmo o debate em torno de corte de 1,25 ponto já começa a ceder algum espaço para discussões sobre uma ação ainda mais ousada do BC. Na semana passada, houve mais relatos nas mesas de operação sobre um declínio de até 1,5 ponto da Selic. A inclusão dessa possibilidade nos debates se deu na esteira da vitória do governo na Câmara dos Deputados, onde parlamentares rejeitaram, com ampla margem favorável ao Planalto, destaque apresentado pelo PT sobre vedações a Estados que aderirem ao regime de recuperação fiscal.

A retomada da queda dos juros de mercado garantiu aos detentores de títulos prefixados a melhor semana em três meses e meio. Com base em dados intradiários da sexta¬feira, o índice IRF¬M subiu 0,67% no período, maior alta desde a semana finda em 27 de janeiro (1,75%). O IRF¬M é um índice da Anbima que representa a evolução, a preços de mercado, de uma carteira com Letras do Tesouro Nacional (LTN) e Notas do Tesouro Nacional¬Série F (NTN-F).

(NTN¬F). O mercado de câmbio também registrou ganho expressivo. O real subiu 1,67% na semana passada, maior alta para o período desde dezembro. A cotação do dólar caiu a R$ 3,1228. O fortalecimento do real turbinou o chamado carrego positivo da renda fixa brasileira em moeda estrangeira. A NTN¬F com vencimento em 2027 já retorna 2,54% em maio, melhor desempenho para um papel de dez anos entre 12 mercados emergentes.

 

Cyrela espera redução de estoques a partir de 2018

 A Cyrela espera redução de estoques prontos a partir de 2018, segundo o diretor de relações com investidores e finanças estruturadas, Paulo Gonçalves. Os estoques de unidades concluídas da companhia têm aumentado. A dificuldade de repasses dos recebíveis dos clientes para os bancos e a queda das vendas brutas são os principais gargalos para a diminuição dos estoques em ritmo mais acelerado, de acordo com Gonçalves.

“Sentimos melhora em relação ao crédito concedido pelos bancos, mas ainda não significativa”, disse o executivo. Segundo ele, as taxas de juros começam a ser reduzidas para o consumidor final. A Cyrela teve distratos de R$ 500 milhões no primeiro trimestre, em linha com os do quarto trimestre e com os do mesmo período do ano passado.

Em 2016, a incorporadora registrou as maiores rescisões de vendas no segundo e no terceiro trimestres. Gonçalves disse que está otimista em relação à definição de regras para os distratos. O executivo afirmou ainda que a Cyrela está “bastante seletiva” na compra de terrenos.

 

Programa habitacional deve lançar aluguel social

O governo se prepara para lançar, nos próximos dias, um novo programa habitacional para viabilizar os chamados alugueis sociais. Segundo fonte ouvida pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a ideia é fornecer mais uma possibilidade de acesso à casa própria pela baixa renda. Com a iniciativa, o Executivo faz um afago às camadas mais baixas da população em um cenário em que precisa aprovar medidas consideradas impopulares como a Reforma da Previdência Social.

O Programa Nacional de Habitação dos Alugueis Sociais, elaborado em conjunto o Secovi¬SP (Sindicato de Habitação), deve começar a funcionar no próximo ano, mas o Ministério das Cidades já está preparando toda a parte normativa para conseguir atender a esse calendário. Pelo esboço do novo programa, as construtoras farão um contrato com o governo federal em que será definido o número de casas que serão construídas e a que taxa de remuneração. O contrato será feito por 10 ou 20 anos e as moradias serão destinadas à população de baixa renda.

Durante esse período, o governo remunera as construtoras que, ao fim do contrato, se quiserem, poderão revender o imóvel para outro cliente. Não deverá haver custo repassado para o beneficiário. A iniciativa será bancada com recursos orçamentários. Uma reserva de dinheiro deve ser inserida no Orçamento de 2018. O aluguel social será mais uma opção para o acesso à moradia.

O programa Minha Casa, Minha Vida continuará operando. Mas, a avaliação é de que, como o custo do aluguel social é menor, será possível melhorar a condição de vida de um número maior de pessoas em um prazo menor, oferecendo essa opção. Por outro lado, a medida ainda ajuda a estimular o setor da construção civil, um dos que mais empregam no país.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Fundos imobiliários se recuperam e sinalizam a retomada do setor

Após o fraco desempenho entre 2013 e 2015 devido à crise econômica, os fundos de investimento que aplicam recursos no setor imobiliário esboçaram recuperação em 2016 e podem oferecer ganhos mais expressivos aos investidores neste ano.

Com cotas negociadas em Bolsa, esse tipo de aplicação rendeu em média 32,3% no ano passado, conforme o índice Ifix, que reflete o desempenho dos fundos imobiliários mais negociados. Em 2017, acumulam retorno de 10,5% até a sexta-feira passada (12).

A volta dos rendimentos atraentes nesse segmento está diretamente relacionada a sinais recentes de possível retomada da economia, como o ciclo de redução da taxa básica de juros (Selic) iniciado em outubro de 2016.

Na prática, a queda dos juros afetou a rentabilidade das aplicações de renda fixa, levando os poupadores a buscar opções de investimentos mais rentáveis.

Os fundos também reagem à expectativa de uma melhora no mercado imobiliário. Entre os especialistas, o consenso é que o pior momento já passou, mas há desafios a serem enfrentados.

"Após um período de forte queda, a previsão é de estabilização no preço dos imóveis. Mas isso deve acontecer se a crise política não influenciar a recuperação econômica", afirma o economista Luiz Calado, autor do livro "Imóveis" (Editora Saraiva).

ALTERNATIVA

Com aplicação de recursos em escritórios, shopping centers, agências bancárias, hospitais e hotéis, entre outros empreendimentos, os fundos imobiliários são uma alternativa mais barata para quem deseja investir em imóveis - em alguns casos, a aplicação mínima é de apenas R$ 100.

O investidor pode lucrar com a valorização das cotas na Bolsa, processo igual ao de compra e venda de ações. Entretanto, assim como ocorre com as ações, os preços também podem cair.

Outra vantagem é que muitos fundos oferecem rendimento mensal, isento de Imposto de Renda para pessoa física. "É uma opção de geração de renda com foco na aposentadoria", diz Mauro Calil, especialista em investimentos do banco Ourinvest.

Para reduzir riscos, especialistas recomendam optar por carteiras diversificadas, compostas por imóveis de diferentes setores e regiões.

Com a crise, muitas empresas reduziram o quadro de funcionários e optaram por espaços menores, levando a um aumento no número de imóveis vagos.

"No Rio de Janeiro, por exemplo, construíram muitos prédios, mas como a economia não teve o 'boom' esperado com o pré-sal e a Olimpíada, os imóveis ficaram sem inquilino e, consequentemente, os preços caíram", afirma André Lassance, da XP Investimentos.

Como os imóveis ficaram relativamente mais baratos, o investidor voltou a prestar atenção nesse investimento, com perspectiva de ganhos no longo prazo, à espera da ecuperação da economia.

VACÂNCIA

O cenário otimista esperado para fundos imobiliários não vale para todas as aplicações. A regra básica é pesquisar a qualidade e a localização do imóvel antes de investir neste tipo de produto.

"Ainda há fundos com alta vacância", diz Anita Scal, sócia da área de investimentos imobiliários da Rio Bravo.

No caso dos fundos que investem em shoppings, a valorização depende do movimento varejista. Contratos de aluguel têm uma parcela fixa e uma variável, atrelada ao faturamento dos lojistas.

Mas o varejo não tem exibido sinais positivos.

Em março, as vendas caíram pela 24ª vez na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo o IBGE. E, endividados, 25% dos paulistanos não iriam presentear mães neste domingo (15), segundo a FecomercioSP.

Produtos que investem em agências bancárias também merecem atenção redobrada.

Com a tendência de fechamento de agências, o retorno dos fundos imobiliários no segmento pode deixar a desejar, aponta Raul Grego, analista da Eleven Financial.

"O potencial de valorização e pagamento de dividendos no longo prazo é maior para fundos que investem em shoppings e edifícios comerciais", afirma o analista.

Grego também vê boas oportunidades em prédios comerciais: "Há ativos excessivamente desvalorizados".

Enquanto o setor vivia seu auge, em 2012, houve excesso de oferta de imóveis, lembra Demetrios Freitas de Araujo, analista da Rio Bravo Investimentos.

 

Fatia da casa financiada por banco cai a menor nível em 10 anos

O percentual do valor do imóvel financiado pelos bancos atingiu o menor nível em dez anos, em uma combinação de mais cautela das instituições na concessão de crédito e incertezas em relação ao preço das propriedades.

O indicador LTV (Loan-to-value, em inglês), que mede a fatia do valor do imóvel que, em média, foi financiada por bancos, recuou para 58,2% em março -menor nível desde 2007, quando a parcela era de 56,4%. Em seu ápice, em 2014, o índice atingiu 65,4%.

Isso significa que, em março, um imóvel avaliado em

R$ 100 mil teria R$ 58,2 mil financiados por bancos.

Os dados, da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), consideram os empréstimos concedidos com recursos da poupança.

Essa fatia média financiada está bem abaixo do limite anunciado pelas instituições financeiras, que chega a 90% nos bancos públicos. E também é inferior à faixa considerada saudável pelo mercado, que é de 70% a 80%, afirma Alberto Ajzental, professor da escola de economia de São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas).

A desvalorização recente dos preços de imóveis ajuda a explicar a redução, diz. Um banco que financie 80% do valor de um imóvel de R$ 100 mil está emprestando ao comprador R$ 80 mil. Se o preço do imóvel recuar para R$ 80 mil, na prática a instituição financeira estaria financiando 100% do valor do imóvel.

"Uma situação em que uma das partes [o comprador] não tem nada a perder não é saudável", ressalta.

Isso mesmo em um contexto em que o crédito concedido tem como garantia a alienação fiduciária, na qual a propriedade é do banco durante o financiamento, tornando a retomada mais ágil em caso de inadimplência.

Ajzental lembra que manter um imóvel não é interessante para o banco. "Há pouca margem para liquidar o imóvel sem ter prejuízo. Ele vai ter que vender muito barato para conseguir um comprador", ressalta o professor.

Combinado com a queda de preços, a própria crise econômica fez com que os bancos restringissem o crédito.

"Deveria haver na carteira percentuais de financiamento mais agressivos, que não são mais concedidos. Os bancos estão mais cautelosos."

Os valores total financiados recuaram 7,8% no primeiro trimestre, para R$ 10,06 bilhões, segundo a Abecip.

RETOMADA

Do lado do comprador, as condições econômicas minam a confiança para assumir uma dívida de longo prazo, como é o caso do financiamento imobiliário.

"O consumidor não está procurando se endividar demais. Ele se preocupa em ter uma entrada maior e uma dívida menor", afirma Gilberto Abreu, presidente da Abecip.

A leitura é parecida com a de Michael Viriato, professor do laboratório de finanças do Insper: "Se o comprador não tem emprego ou se tem receio de perder o emprego, ele tem menos confiança de assumir uma dívida de longo prazo".

"Mas, em tese, ele vai tentar financiar o máximo que conseguir", diz Viriato.

O cenário só vai melhorar quando os dois principais pilares do mercado imobiliário, crédito e emprego, voltarem a dar sinais de recuperação.

"Essa parcela financiada só deve aumentar no ano que vem. A taxa de juros caindo, a inflação controlada e a melhora no emprego devem levar a um crescimento nessa taxa", afirma Viriato.

Para Abreu, da Abecip, a tendência é que os bancos emprestem mais a partir de 2018, com um cenário de juros menores, inflação controlada e criação de emprego.

 

O GLOBO

Retomada de imóveis financiados cresce 80% e bate recorde em um ano

O atraso no pagamento das prestações de financiamento tem feito muitos mutuários perderem seus imóveis. O número de retomadas saltou 80,9%, em um ano, somente na Caixa Econômica Federal, que controla cerca de 70% do crédito imobiliário do país. Segundo o banco, em 2015, foram retomados 8.775 imóveis. Já no ano passado, o número passou para 15.881. Em dois anos, 26,6 mil pessoas perderam suas casas. Na prática, com três meses de mensalidades em atraso, o banco pode emitir uma notificação e em até seis meses o bem pode ser leiloado.

O banco não precisa iniciar um processo judicial para retomar o imóvel, quando se trata de alienação fiduciária. Por isso, ao primeiro sinal de que não vai conseguir fazer o pagamento em dia, é preciso correr e pedir uma renegociação explica Lízia Jacintho, presidente da Associação de Mutuários (AmuRio).

De acordo com dados do Banco Central, mais de 233 mil contratos de financiamento estavam com três mensalidades em atraso, em março. O engenheiro Almir Carvalho, de 62 anos, tinha uma situação econômica confortável quando assinou contrato de 25 anos para financiar a casa. O pagamento foi feito em dia por 10 anos, mas com a aposentadoria sua renda caiu 20%, e ele atrasou quatro parcelas.

Fiz um esforço para pagar o atrasado. O próprio gerente da Caixa orienta para evitar a perda do imóvel e todo investimento que fez até ali, ainda que tenha que vender o imóvel ou fazer uma troca disse Almir.

O aumento da inadimplência foi acompanhado pelo volume 9,2% menor de crédito, em março, segundo a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Em 12 meses, o recuo é de 26,7%.

Contratos com seguro podem ser salvos

A renegociação da dívida com o banco é a primeira providência para evitar a perda definitiva do imóvel . O ideal, segundo advogados, é que o contato seja feito sem que haja parcelas em atraso e, dependendo do caso, é possível recalcular o saldo devedor aplicar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na transação(veja as orientações na tabela acima).

Sugerimos que o mutuário leia o contrato com atenção porque muitos não sabem, por exemplo, que possuem o seguro SGHab, e ele cobre até 36 meses prestações em caso de desemprego ou redução salarial. É preciso fazer uma comunicação ativa ao agente financeiro orienta a advogada Lízia Jacintho.

A maioria dos financiamentos são realizados em 30 anos, mas a quitação, pelo cliente, acontece em média em 12 anos (equivalente a 36% do prazo total), segundo dados da Caixa.

Em algumas renegociações, o banco aumenta o prazo e reduz a prestação. Se a pessoa já está atrasada embute nas prestações no final. A outra solução é entrar com algum tipo de ação para travar este tipo de leilão diz o advogado especializado em direito imobiliário Hamilton Quirino.

A Caixa informou que mais de 90% dos contratos renegociados são liquidados dentro do prazo e que os dados demonstram a preocupação dos clientes em cumprir com suas obrigações, mesmo em dificuldade financeira.

Depoimento: advogado José Alfredo Lion, do escritório Lion Advogados

Para assinar o contrato, o consumidor tem que ter certeza de que vai conseguir cumprir. Mas isso é difícil porque são financiamentos muito longos, geralmente de 30 anos. Hoje, a pessoa tem recursos, mas depois fica desempregada, ou sofre uma redução de renda, tem problemas de saúde. O consumidor deve abrir a negociação, mas não deve assinar se as condições não forem boas. O mutuário também pode recorrer à Justiça e o Poder Judiciário está bastante sensível. O processo pode ser uma ação revisional de contrato, baseada na teoria da imprevisibilidade, ou seja, em eventos que não poderiam ser previstos mas que impediram o pagamento.

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