Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Conjunto de sinais melhores na economia pode ajudar reformas

A recuperação da atividade ainda não se firmou completamente, mas algumas notícias mais favoráveis começaram a aparecer nas últimas semanas, uma tendência que tende a se repetir nas próximas. O resultado do PIB no primeiro trimestre a ser anunciado deverá ser positivo, a inflação segue baixíssima ou em terreno negativo e os juros tendem a cair com mais força.

Num momento em que a Câmara dos Deputados se prepara para votar a reforma da Previdência, um quadro mais favorável na economia pode ser de alguma ajuda para um governo com uma popularidade muito baixa. "Seria bom o sistema político, nas votações à frente, enxergar o enorme espaço da recuperação cíclica nos próximos 18 meses com inflação e juros baixos", diz o economista¬chefe da Tullett Prebon, Fernando Montero.

Ele lembra que o PIB no primeiro trimestre deve mostrar a primeira reação desde 2014 ¬ o Índice a Atividade Econômica do Banco Central (IBC¬Br), espécie de prévia do PIB, mostrou alta de 1,1% em relação ao quarto trimestre, feito o ajuste sazonal.

O resultado do PIB será divulgado em 1º de junho e, "um dia antes, o BC deverá cortar a Selic em 1,25 ponto percentual, encostando¬a num dígito", nota Montero. A expectativa dominante hoje é de que a taxa cairá de 11,25% para 10%, e cresceram as apostas de que os juros vão encerrar o ano abaixo de 8%, diz. O próprio Montero projeta uma Selic de 7,75% ao ano em dezembro, o Bank of America (BofA) Merrill Lynch aposta em 7,5%, o Itaú Unibanco, em 7,25% e o Fibra, em 7%.

Ontem, os números de abril do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que as admissões superaram as demissões em quase 60 mil postos de trabalho, um número superior às expectativas do mercado. "Esse mesmo mês de abril de 2016 tinha registrado uma destruição líquida de 62.844 empregos", observa Montero, notando que, na indústria, houve a primeira criação de vagas para esse mês em quatro anos e, em serviços, a primeira em três anos.

É verdade que o quadro para o mercado de trabalho continua bastante adverso, com a taxa de desemprego tendo alcançado 13,7% no primeiro trimestre, o equivalente a 14,2 milhões de trabalhadores desocupados. O próprio Caged de abril revela uma perda de 34 mil vagas na série com ajuste sazonal calculada pela Tullett Prebon. Ainda assim, Montero enxerga um "retrato razoável para o emprego, uma das últimas variáveis a responder ao ciclo econômico, especialmente considerando o nível de ociosidade na economia".

E, desde dezembro, a perda de vagas tem diminuído em termos dessazonalizados. A forte queda da inflação é outro fator favorável. Os índices de preços têm surpreendido seguidamente para baixo, mostrando um quadro inflacionário sob controle. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode ter alta inferior a 4% neste ano, confortavelmente abaixo da meta de 4,5%.

A combinação de uma recessão cavalar com juros altos enfim quebrou a inércia inflacionária. Para completar, os preços de alimentos também tem ajudado, devendo ter uma alta muito pequena no ano, graças à supersafra agrícola. Essa inflação cadente vai permitir ao BC cortar mais os juros e, na visão de grande parte dos analistas, acelerar a redução da Selic. Há também obviamente uma melhora do poder de compra dos trabalhadores.

Em relatório, o economista¬chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, enfatiza o bom resultado do Índice Geral de Preços ¬ 10 (IGP¬10) de maio, com queda de 1,1%. O comportamento foi favorável no atacado, no varejo e no componente de custos da construção, ressalta ele. "A primeira boa notícia é que contratos indexados a IGPs estão sendo reajustados abaixo da meta de inflação medida pelo IPCA. Um componente relevante da inflação via indexação está caindo e vai puxar a média para baixo."

Outra boa notícia, segundo Gonçalves, é que a forte queda dos preços no atacado passará, ao menos em parte, para os índices ao consumidor. Montero também ressalta o impacto positivo da safra deste ano para a economia, que deve ser 26,2% maior que a do ano passado. "A quarta estimativa do IBGE para a safra de 2017 aponta 233,1 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas.

Isso equivale a um ganho de 48,4 milhões de toneladas ante a safra de 184,7 milhões de 2016 ou mais 233 kg de grãos por brasileiro", compara ele, lembrando que o Brasil exporta um pouco mais da metade de sua safra ¬ foram cerca de 100 milhões de toneladas em 2016. "A infraestrutura, entretanto, dificultará escoar esse tamanho salto em volume e, até mesmo, estocá¬lo. Essa fenomenal oferta agrícola despejará boa parte ao mercado interno que, assim, terá que consumi¬la."

No PIB, essa supersafra foi a principal responsável pelo crescimento registrado no primeiro trimestre, segundo os analistas. É possível que haja uma variação negativa da agropecuária no segundo trimestre, depois da expansão superior a dois dígitos esperada para o setor a no período de janeiro a março, mas o segmento continuará a ajudar nos demais trimestres, assim como a queda da inflação e os juros menos altos, diz Montero.

"Um bom primeiro trimestre e o encaminhamento das reformas pode garantir a confiança no segundo semestre." Se a reforma da Previdência não passar ou for muito diluída, os analistas apontam o risco de reversão da melhora da economia, especialmente pelo impacto sobre a confiança. A retomada da atividade, porém, ainda não engatou um ritmo forte. Em abril, a expectativa é que vários indicadores venham fracos, em parte por causa do menor número de dias úteis. Foram 18 neste ano, e além disso houve a greve geral no dia 28. Em 2016, abril teve 20 dias úteis.

A produção de veículos, por exemplo, recuou 3,9% em relação a março, segundo o ajuste sazonal da MCM Consultores , com base nos números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A herança estatística negativa deixada pelo recuo da produção industrial em março, de 1,8% sobre fevereiro, também deve atrapalhar os números de atividade do segundo trimestre.

O carregamento estatístico ficou em ¬1,2%, o que quer dizer que, se a indústria não crescer nada em relação ao nível de março, haverá uma queda no segundo trimestre de 1,2% em relação aos três meses anteriores. Desse modo, indicadores relativos ao segundo trimestre poderão mostrar resultados contraditórios, com uma alta num mês sendo sucedida por um recuo no mês seguinte.

Alguns analistas veem a possibilidade de um PIB negativo de abril a junho, embora várias outras projeções apontem para estabilidade ou pequena alta. Nas próximas semanas, porém, haverá alguns resultados importantes, como o do PIB do primeiro trimestre e a queda mais forte da Selic, num momento em que os deputados discutem a reforma da Previdência, considerada fundamental para tornar viável o cumprimento do teto de gastos e para garantir a sustentabilidade das contas públicas. Montero ressalta outro ponto.

"Como e quão rápido reagirá a demanda é o reverso da questão sobre quanto poderão cair os juros. A chave é que temos dois problemas ¬ juros astronômicos e demanda anêmica ¬ que juntos fazem uma solução. O que nos permite juntar esses dois problemas para ver quanto um cancela o outro é a inflação baixa, que atesta a grande ociosidade e libera os juros."

 

Poder de compra já é maior e pior da crise passou, diz Meirelles

A queda da inflação registrada nos últimos meses já levou a um aumento do poder compra dos brasileiros, disse ontem o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. "A inflação que até um ano atrás era próxima de 10% ao ano, [no acumulado de] 12 meses até abril agora fechou em abril, [no acumulado de] 12 meses em 4,08%, abaixo da meta", disse Meirelles. "Isso faz com que o poder de compra das pessoas aumente. Já aumentou cerca de 3% porque a inflação cai e o salário tem maior poder de compra."

As declarações foram feitas na tarde de ontem a jornalistas após uma palestra a empresários, executivos e políticos em um evento chamado de Conexão Empresarial, ligado ao Lide Empresarial, ocorrido à tarde em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Meirelles citou a queda dos preços como um dos resultados das medidas que o governo de Michel Temer (PMDB) vem adotando com o intuito de reequilibrar contas públicas e dinamizar a economia. Incluiu entre as medidas uma série de iniciativas, pontuais e estruturais, entre elas a reforma da Previdência, que o Planalto espera que seja votada até o fim do mês no plenário da Câmara Federal.

Meirelles procurou apresentar um balanço positivo e reforçar a ideia de que o país já superou o pior da crise econômica, apesar de conviver ainda com um de seus mais persistentes e duros efeitos: o desemprego. O país vive um pico histórico de desemprego, com mais de 14 milhões de pessoas nas estatísticas. Mas em abril, pela primeira vez em mais de dois anos, houve mais vagas de trabalho abertas do que fechadas. "No mês de abril, o desemprego já caiu um pouquinho. Com o tempo isso vai ser cada vez mais percebido", disse.

"Nós acreditamos que em cerca de dois anos nós vamos ter índices de desemprego se aproximando daquilo que tivemos nos últimos anos." Em sua apresentação, Henrique Meirelles, pinçou uma das medidas defendidas pelo Planalto para, segundo o ministro, ajudar a melhorar o nível de produção. Tratam¬se de novas regras em estudo na chama Lei da Migração para facilitar e incentivar a vinda para o Brasil de profissionais estrangeiros com alta qualificação. É uma fórmula, afirmou o ministro, bastante usada por "economias mais dinâmicas".

"Principalmente países como Austrália, Canadá, Cingapura já têm programas de atração de mão de obra de alta qualidade há muitos anos. Então nós vamos entrar nessa fase." Ele não deu mais detalhes sobre como estão as discussões dessas medidas no governo. Aos jornalistas, Meirelles também falou da ideia cogitada pelo governo e noticiada pelo Valor no início da semana de dobrar para R$ 4.000 a faixa de renda que passaria a ser isenta de Imposto de Renda.

Seria uma forma de atenuar críticas às reformas da Previdência e trabalhista. Embora o presidente Michel Temer tenha admitido anteontem que a ideia seja cogitada, o ministro descartou que o tema esteja na pauta. "Isso não está em discussão no momento. Foram, de fato, ideias ventiladas. O presidente mencionou isso em uma circunstância", disse. Ele admitiu que isso seria positivo para uma parcela da população. "Por outro lado, precisa ver o custo disso para a economia, para a sociedade". E insistiu: "No momento não há um plano concreto de se fazer nada [a respeito disso]."

 

Construtoras perdem R$ 582 milhões

Os resultados do primeiro trimestre apresentados pelas incorporadoras de capital aberto apontam que, apesar da melhora dos dados operacionais, a receita setorial caiu e o resultado líquido piorou. Com a queda acumulada de lançamentos nos últimos anos, o número de obras diminuiu bastante, resultando em menos composição da receita, que passou a ser mais dependente da venda de unidades já prontas.

O indicador continua a refletir também distratos elevados, ainda que menores, em decorrência de menos entregas. Nos próximos trimestres, receita e resultados líquidos tendem a continuar pressionados por volume pequeno de obras, pelos estoques elevados e pela revenda de unidades distratas com margens menores. Espera¬se que, no próximo ano, o desempenho operacional seja beneficiado por taxas de juros menores e pela inflação mais baixa.

Há quem diga que, em função da contabilidade do setor, com composição da receita à medida que a construção avança, melhoras mais expressivas nos balanços podem ocorrer somente a partir de 2019. De janeiro a março, CR2, Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Gafisa, Helbor, João Fortes, MRV Engenharia, PDG Realty, Rodobens Negócios Imobiliários (RNI), Rossi Residencial, Tecnisa, Tenda, Trisul e Viver Incorporadora tiveram prejuízo líquido consolidado de R$ 582,4 milhões, 40% maior do que a perda registrada um ano antes, conforme levantamento do Valor DATA.

A receita líquida caiu 16%, para R$ 3,539 bilhões, incluindo a receita de incorporação da JHSF. Direcional, Even, Helbor, RNI e Tecnisa reverteram o respectivo lucro líquido do primeiro trimestre do ano passado em prejuízo líquido. PDG continuou a responder pela maior perda do setor, mas reduziu seu prejuízo em 32,7%, para R$ 276 milhões.

Cyrela e EZTec apresentaram queda do lucro líquido. Apenas MRV, Tenda e Trisul tiveram ganhos líquidos superiores na comparação anual. MRV e Tenda são as principais incorporadoras com atuação no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. As companhias lançaram e venderam mais no primeiro trimestre do que no mesmo período de 2016 e registraram queda nos distratos, considerando¬se a parcela própria das incorporadoras nos empreendimentos.

Sem incluir JHSF, os lançamentos do setor cresceram 29% na comparação anual, para R$ 2,785 bilhões, e as vendas contratadas líquidas aumentaram 6,9%, para R$ 2,761 bilhões. Os distratos tiveram queda de 21,7%, para R$ 1,827 bilhão. As rescisões corresponderam a 40% das vendas brutas das incorporadoras, patamar abaixo dos 47,5% do primeiro trimestre do ano passado.

Ainda não se pode falar em reaquecimento da demanda, mas de melhora ante uma base fraca de comparação, afetada pelo cenário pré¬impeachment da então presidente Dilma Rousseff. "Nem de longe, temos de volta os patamares de 2011 e 2012", diz um analista.

A ausência de regulamentação para os distratos continua a pesar, negativamente, na decisão de lançamentos. "Como ainda não há regulamentação dos distratos, estamos desmotivados a lançar produtos para a classe média", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emílio Fugazza, durante a divulgação dos resultados.

A companhia, que não apresentou projetos no primeiro trimestre, vai direcionar os próximos lançamentos para as classes média alta e alta. Durante divulgação dos resultados, incorporadoras informaram que, em abril, o desempenho de vendas foi prejudicado pelos feriados. Em teleconferência, o copresidente da Cyrela, Raphael Horn, disse que o mês foi "desastroso para o setor", mas que espera vendas melhores em maio e junho.

As incorporadoras continuam a cortar pessoal e a apresentar despesas gerais e administrativas menores, mas esses custos ainda representam parcela relevante da receita, o que pressiona as margens. A Tecnisa, por exemplo, reduziu o quadro de funcionários em mais de 50% nos últimos 18 meses e, no início de abril, devolveu outro andar do prédio em que está sediada. Vale lembrar que a retomada dos lançamentos não significa contratação, já que a obra só começa a sair papel efetivamente meses após o início das vendas.

No trimestre, a margem bruta consolidada dos setor foi de 20,8%, abaixo dos 22,6% de janeiro a março de 2016. A rentabilidade menor reflete também a revenda com descontos de unidades distratadas. A queda não foi mais acentuada devido à economia de custos que vem sendo obtida pelas incorporadoras. Os balanços apontaram também que ainda há necessidade de provisões para contingências de distratos, problemas cíveis relacionados a empreendimentos antigos e a questões trabalhistas.

Na avaliação de analistas, o ponto mais positivo dos balanços foi a geração de caixa, situação que deve ter continuidade ao longo do ano. A principal razão para o setor ter gerado caixa foi a redução do volume de obras, devido ao pico de entregas em 2016, e não o repasse dos recebíveis dos clientes para os bancos.

Entre as companhias que geraram caixa no período estão Cyrela, Even, MRV, RNI e Tecnisa. A dívida líquida do setor foi reduzida em 2,2%, para R$ 17,092 bilhões. Ainda assim, a alavancagem consolidada medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido teve aumento expressivo, passando de 54,4% para 72,7% na comparação anual.

A expansão da alavancagem resultou de o patrimônio líquido do setor ter encolhido 26,8%, como consequência do prejuízo líquido de parte das companhias. A PDG, que pediu recuperação judicial, foi a empresa que mais contribuiu para a redução do patrimônio líquido do setor.

A companhia encerrou o trimestre com patrimônio líquido negativo em R$ 3,67 bilhões, ante o valor positivo de R$ 1,939 bilhão do fim de março de 2016. A Viver, também em recuperação judicial, tem patrimônio líquido de R$ 537,9 milhões. O patrimônio líquido da Gafisa continuou positivo, mas teve queda de 48,7%, para R$ 1,562 bilhão, devido à cisão da Tenda.

 

Apesar de sinal melhor no Finame, consultas ao BNDES aprofundam queda

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez questão de frisar ontem que há um conjunto de sinais de curto prazo apontando para perspectiva de melhora no nível da atividade econômica do país. Um desses sinais seria a melhora nas aprovações na linha do Finame.

Os dados relativos ao desempenho do primeiro quadrimestre ainda mostram que as consultas ¬ primeira etapa no pedido por recursos e termômetro do apetite das empresas por novos investimentos ¬ ainda estão longe de decolar. Em abril, as consultas ao banco de fomento totalizaram RS$ 6,316 bilhões, menos da metade do observado em abril do ano passado, R$ 14,836 bilhões, segundo série mensal disponibilizada pelo banco, a preços constantes. A queda foi de 57,4% nessa comparação.

Pela mesma série, é possível observar que, na comparação com março deste ano, quando somaram R$ 11,491 bilhões, as consultas em abril caíram 45%. No acumulado entre janeiro e abril, as consultas somaram R$ 27,477 bilhões, 27% abaixo dos quatro primeiros meses do ano passado. Já os desembolsos somaram R$ 21,4 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, 15% abaixo de igual período de 2016.

Apesar do resultado, o BNDES destacou que há redução no ritmo de queda dos desembolsos, já que na primeira metade do ano passado a queda foi de 42%, enquanto no segundo semestre de 2016 o tombo foi menor, de 28%. Agora, segundo o banco, a queda de 15% no primeiro quadrimestre manteve a tendência de suavização do recuo. Mas o discurso do banco ainda não encontra eco completo no mercado.

Nelson Rocha Augusto, presidente do Banco Ribeirão Preto, afirmou que os dados divulgados ontem mostram "um quadro horroroso" da demanda por crédito e da atividade, apesar de apontarem o início de uma recuperação dos investimentos, principalmente no setor agrícola. "Os números foram muito feios", diz, a respeito de dados como a queda de 15% nos desembolsos nos quatro primeiros meses do ano e o tombo de 27% nas consultas na mesma comparação.

Para o economista, esses números "não trazem qualquer surpresa" e refletem a crise que "vem se arrastando há três anos". Os dados divulgados ontem pelo banco mostram que o recuo das consultas foi puxado pela infraestrutura. Em abril, as consultas para esse setor totalizaram R$ 2,175 bilhões.

O valor é 69% a menos do que observado em abril do ano passado (R$ 7,019 bilhões) e 66,4% inferior ao de março deste ano (R$ 6,474 bilhões). Entretanto, no caso da indústria, as consultas somaram R$ 1,808 bilhão em abril deste ano. O valor é 64,8% acima de março deste ano (R$ 1,097 bilhão), mas é 61,1% inferior ao de abril do ano passado (R$ 4,656 bilhões). No caso da agropecuária, as consultas somaram R$ 1,172 bilhão, 17,6% abaixo de março (R$ 1,424 bilhão); e 10,7% inferior às de abril do ano passado (R$ 1,313 bilhão).

Já em comércio e serviços, as consultas totalizaram R$ 1,161 bilhão em abril deste ano, 53,5% menores do que as de março (R$ 2,497 bilhões); e 37,2% inferiores às de abril do ano passado (R$ 1,849 bilhão). Apesar dos dados das consultas, Rocha Augusto vê algum início de recuperação nos números, em linha com dados como a alta trimestral de 1,12% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC¬Br).

O principal indício de que o "investimento começa a fazer uma inflexão" foi a alta de 38% das aprovações do Finame, a linha de financiamento de máquinas e equipamentos, entre os quatro primeiros meses deste ano e do ano passado. Esse crescimento, diz, está ligado principalmente à agropecuária e reflete tanto a queda dos juros e da inflação quanto a alta do investimento estrangeiro direto e das expectativas.

Os desembolsos do BNDES Finame, financiamento do BNDES voltado para máquinas e equipamentos, mostraram recuo de 10% nos primeiros quatro meses do ano, ante igual período do ano passado, para R$ 5,468 bilhões. Entretanto, a mesma linha acumulou R$ 6,7 bilhões em aprovações entre janeiro e abril ¬ etapa anterior ao desembolso ¬, alta de 38% em relação ao mesmo período do ano passado.

Apenas em abril, a Finame aprovou R$ 2,1 bilhões em crédito, 50% a mais do que no mesmo mês de 2016, observou o banco. Para o BNDES, estes resultados positivos na linha podem ser considerados como de possíveis sinais de recuperação da economia. O BNDES informou que, sem considerar máquinas agrícolas, ônibus e caminhões, as aprovações de crédito para demais bens de capital saltaram 159% nos quatro primeiros meses do ano, também na comparação com o mesmo período do ano passado.

As operações aprovadas neste segmento somaram quase R$ 2,3 bilhões no primeiro quadrimestre de 2017. Entre os setores que procuraram crédito junto a esta linha de crédito no banco, a indústria de transformação totalizou R$ 1,4 bilhão em empréstimos da Finame aprovados entre janeiro e abril. O valor é quase três vezes maior que os R$ 468,8 milhões registrados nos primeiros quatro meses do ano passado, notou o banco.

Para o BNDES, as aprovações da Finame servem de termômetro dos investimentos que serão feitos na economia no curto prazo, já que costumam se converter em desembolsos rapidamente: a média é de menos de duas semanas. As operações dessa linha são indiretas, com o crédito do BNDES repassado por bancos credenciados, que são os responsáveis pela análise e o risco dos contratos. "O crescimento das aprovações nessa linha sugere um movimento de retomada da ocupação da capacidade instalada das empresas por meio de modernização de maquinário", afirmou o banco.

Para o BNDES, recentemente as expectativas quanto à recuperação da economia brasileira apresentaram alguma melhoria, sugerindo cenário benigno à frente. O banco notou que a inflação oficial, apurada pelo IPCA, "continua a surpreender para baixo", o que "vem reduzindo expectativas de mercado para os níveis de taxas de juros ao final deste e do próximo ano, com efeitos expansivos sobre o investimento e o nível de atividade", avaliou o banco.

Nesse contexto, a instituição espera que a demanda por recursos se recupere gradativamente ao longo do ano. Os desembolsos da linha BNDES Progeren, destinado a financiamento para capital de giro, totalizaram R$ 2,2 bilhões em desembolsos no primeiro quadrimestre do ano, 339% acima de igual período em 2016. Para Rocha Augusto, são injustas as críticas contra a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos, acusada por empresários de "fechar o caixa" da instituição.

"O BNDES teve folga de caixa e até devolveu antecipadamente dinheiro para o Tesouro [R$ 100 bilhões]", diz ele, afirmando que dados do Banco Central e da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) também mostram queda nos empréstimos no período. Para o economista, além do "apetite por crédito", faltam "projetos mais maduros" das próprias empresas e que as reformas propostas pelo governo sejam aprovadas.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Brasil tem menor risco em 28 meses com exterior e indicadores positivos

O risco-Brasil atingiu o menor nível desde dezembro de 2014 e o dólar teve a sexta queda consecutiva com uma melhora do humor no exterior e também com a avaliação de que o país começa a mostrar sinais de que está saindo da recessão.

O CDS (credit default swap), que mede o nível de risco de crédito de um país, recuou 0,99% nesta terça-feira (16), para 196,9 pontos. É o menor patamar desde 29 de dezembro de 2014, quando o CDS do país estava em 187,9 pontos.

A queda se deu em linha com a redução do CDS da maioria dos países do mundo. Na América Latina, por exemplo, só Venezuela e Costa Rica viram seu risco-país subir nesta terça-feira.

A melhora no exterior ocorreu apesar de recentes turbulências envolvendo principalmente os Estados Unidos —o presidente americano, Donald Trump, enfrentou polêmicas envolvendo a demissão de um diretor do FBI e o compartilhamento de informações confidenciais com a Rússia.

"Em linhas gerais, as eleições na França acabaram bem, as controvérsias do Trump não têm evoluído e a crise com a Coreia do Norte esfriou. Então esse bom humor no exterior está contando", afirma o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.

Aqui, indicadores positivos sinalizando a recuperação da economia ajudaram a melhorar a percepção de risco dos investidores. Na segunda-feira (15), o Banco Central divulgou que seu indicador de atividade econômica cresceu 1,12% no primeiro trimestre do ano.

É o primeiro crescimento para qualquer trimestre desde os últimos três meses de 2014, quando o IBC-br subiu 0,21%.

Outro dado que trouxe confiança foi o emprego formal, que voltou a reagir em abril. Entre demissões e contratações, foram criadas 59,8 mil vagas com carteira assinada, o melhor resultado para o mês desde 2014.

"A melhora em relação ao Brasil é mais localizada do que no resto do mundo. A recessão praticamente acabou, a inflação em queda permite que a taxa básica Selic caia mais agressivamente, o que provocaria nova melhora no risco-país", avalia Paulo Gomes, economista da Azimut Brasil Wealth Management.

Ele vê espaço para que o risco-país recue para 160 pontos até o fim do ano, caso a nota de crédito do Brasil seja elevada por alguma agência de classificação de risco e as reformas da Previdência e trabalhista sejam aprovadas no Congresso.

Por outro lado, uma derrota na votação da reforma da Previdência ou uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de cassar a chapa Dilma-Temerpoderiam levar o risco-país novamente acima dos 200 pontos.

DÓLAR

O dólar também espelhou a melhora na percepção de risco e recuou pela sexta sessão seguida.

O dólar comercial teve queda de 0,35%, para R$ 3,097, menor valor desde 21 de março. O dólar à vista caiu 0,44%, para R$ 3,091, nível mais baixo desde 22 de março.

O enfraquecimento do dólar acompanhou a desvalorização da moeda americana no exterior. Entre as 31 maiores divisas do mundo, 26 ganharam força ante o dólar nesta terça-feira.

A queda refletiu a preocupação com dados do mercado imobiliário americano, que colocam em dúvida a retomada econômica do país. As novas construções de casas caíram ao menor nível em cinco meses.

A recente polêmica de Trump envolvendo o compartilhamento de informações confidenciais com a Rússia também causou preocupação entre os investidores.

No cenário doméstico, o Banco Central contribuiu para a queda do dólar, ao retomar suas intervenções no mercado cambial. A autoridade monetária vendeu 8.000 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) por US$ 400 milhões. Com isso, sinalizou que deve rolar integralmente os contratos de swaps de junho, de US$ 4,435 bilhões.

BOLSA

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas no mercado, subiu 0,31%, para 68.684 pontos, na sexta alta consecutiva. É o maior patamar desde 21 de fevereiro deste ano.

Das 59 ações do índice, 36 subiram, 20 caíram e três encerraram o dia com os preços inalterados.

O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 9,04 bilhões, enquanto a média diária do ano é de R$ 8,108 bilhões.

As ações mais negociadas da Petrobras subiram pelo sexto dia seguido. A alta foi de 0,13%, para R$ 15,70. Os papéis com direito a voto ficaram estáveis em R$ 16,19. No exterior, os preços do petróleo caíram, mas os investidores têm considerado a política de venda de ativos da estatal e seu plano de negócios ao avaliar a companhia, na opinião de José Francisco Gonçalves, do Fator.

Os papéis da Vale subiram nesta sessão, acompanhando a valorização dos preços do minério de ferro. As ações mais negociadas da mineradora subiram 3,22%, para R$ 25,94. Os papéis com direito a voto avançaram 2,29%, para R$ 27,26.

No setor financeiro, os papéis de bancos tiveram resultados mistos. As ações do Itaú Unibanco caíram 0,12%. Os papéis preferenciais do Bradesco subiram 0,16%, e os ordinários tiveram queda de 0,13%. As ações do Banco do Brasil se mantiveram estáveis em R$ 34,75. As units —conjunto de ações— do Santander Brasil caíram 1,83%.

As ações da JBS despencaram 8,62%, após ver sua receita líquida cair 14,3% na comparação anual, para R$ 37,6 bilhões.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

‘Financial Times’ diz que recessão no Brasil está chegando ao fim

O jornal inglês Financial Times publicou na edição desta terça-feira, 16, um caderno especial sobre o Brasil com 11 reportagens. A publicação destaca que a recessão parece estar chegando ao fim, o governo está cortando gastos e as reformas do presidente Michel Temer estão avançando, apesar dos protestos da população e da baixa popularidade do presidente. “O Brasil parece estar se movendo de novo”, afirma o especial, que recebeu o título de “Reinventando o Brasil”.

O especial tem uma série de reportagens, além de entrevistas com a equipe de Temer, incluindo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

O texto principal começa ressaltando que, em São Paulo, na Avenida Faria Lima, “a versão brasileira de Wall Street”, onde estão as sedes de vários bancos de investimento, a animação, que há muito não se via, está voltando. O texto menciona que em quatro meses de 2017 já ocorreram três ofertas milionárias de ações, com destaque para a abertura de capital da companhia aérea Azul, que movimentou US$ 571 milhões.

“Reformas terminam três anos de turbulência e recessão no Brasil”, destaca a publicação, falando que, mesmo com a baixa popularidade de Temer, o peemedebista está conduzindo mudanças na economia que vão ajudar o País a crescer mais no médio prazo. Ao contrário da gestão de Dilma Rousseff, marcada por recessão e inflação em alta, o FT menciona que os índices de preços estão em queda no Brasil e o Banco Central está cortando os juros de forma agressiva.

 “A janela para novas reformas é estreita”, afirma o jornal inglês. A reportagem explica que o País terá eleições gerais em 2018 e em alguns meses o Congresso estará no “modo eleições”, ou seja, a prioridade dos parlamentares será a corrida nas urnas.

Além de reportagens sobre a economia, o Financial Times ressalta no especial que há um esforço no Brasil para se combater a corrupção, tanto pela Polícia Federal como pelo Judiciário. “As instituições do País provaram ser notavelmente resistentes”, afirma o texto. Nas empresas, cresce a preocupação com transparência, destaca a reportagem.

Eleições. O caderno especial tem ao todo 11 reportagens, tratando de temas como a reforma da Previdência, as eleições de 2018, a Operação Lava Jato e as mudanças em curso no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No texto sobre a corrida presidencial, a publicação inglesa destaca que a série de escândalos de corrupção no Brasil aumenta a chance de vitória de candidatos “outsiders”, fora do mundo político, nas eleições do ano que vem. O mais controverso é o deputado Jair Bolsonaro, ressalta o FT. O mais falado no momento é o prefeito de São Paulo, João Doria.

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