Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

Dólar tem maior alta em um dia desde maxidesvalorização do real

 Em apenas oito horas, o mercado de câmbio brasileiro voltou 18 anos no tempo, mais precisamente para janeiro de 1999, quando o real sofreu sua maxidesvalorização. A crise política que mergulhou o Brasil em novo momento de profunda incerteza fez o dólar subir 8,06% nesta quinta¬feira, para R$ 3,3836. É a maior alta diária desde 15 de janeiro de 1999, quando a cotação disparou 11,10%, no dia em que foi anunciada a mudança do regime de câmbio para flutuante. Ontem, o dólar havia fechado a R$ 3,1313, depois de chegar a tocar R$ 3,08 nesta semana. Com tamanha pressão, o mercado espera uma onda de revisões para cima nas estimativas para o dólar. O Credit Suisse deu o pontapé inicial.

O banco suíço revisou de R$ 3,20 para R$ 3,50 a expectativa para o dólar em três meses. Para 12 meses, a estimativa saiu de R$ 3,50 para R$ 3,70. Essa taxa embute expectativa de que o dólar se aprecie mais 9,4% ante o fechamento desta quinta. Ao longo de todo o dia, operadores chamaram atenção para a falta de liquidez no mercado. Com todos os investidores correndo para tomar dólar, o custo da moeda disparou. Isso atraiu exportadores, que aproveitaram para internalizar recursos parados no exterior no então período de dólar mais fraco. Mas esses fluxos no máximo impediram que o dólar subisse ainda mais.

O operador de uma tesouraria relata estrangeiros “desesperadamente” na ponta de compra, tentando proteger posições na renda fixa, que sofreram tombos históricos nesta quinta. Na máxima, o dólar subiu 8,85%, para R$ 3,4083. O alívio frente a esses patamares veio na esteira das quatro ofertas líquidas de swap cambial tradicional realizadas pelo Banco Central. No total, a autoridade monetária injetou no mercado US$ 4 bilhões. É a maior colocação de liquidez em um só dia desde a sessão de 18 de junho de 2013, quando o BC vendeu ao todo US$ 4,51 bilhões via swaps. Na ocasião, o câmbio operava sob forte estresse vindo do exterior, em meio à sinalização do então presidente do Federal Reserve (Fed, BC americano) Ben Bernanke de que o BC americano começaria a reduzir a disponibilidade de liquidez.

Nas mesas de operação, os comentários ao longo do dia eram sobre a JBS ter comprado moeda estrangeira ontem e também em dias anteriores. Na BM&F, a posição líquida comprada em dólar por parte de empresas não financeiras quase dobrou. A aposta que ganha com a alta do dólar saiu de 13.880 contratos no fim da segunda¬-feira para 23.240 ontem. Na quarta, a alta foi de 31% em relação à terça. A posição atual equivale a uma aposta líquida na alta do dólar de US$ 1,162 bilhão. Do grupo de empresas não financeiras fazem parte algumas grandes companhias exportadoras com mesas próprias de operação. A JBS é conhecida no mercado por sua presença ativa nas negociações.

 

Ibovespa fecha em queda de 8,80% e tem volume recorde, de R$ 20 bi

Em meio às incertezas em relação à continuidade do governo de Michel Temer e à aprovação das reformas estruturais, o mercado de ações teve um dia de pânico. O Ibovespa encerrou o pregão com queda de 8,80% aos 61.597 pontos, com movimento recorde histórico, de R$ 20,4 bilhões. A previsão dos estrategistas é que os próximos dias devem ser de bastante volatilidade no mercado financeiro.

Segundo a B3 (ex¬BM&FBovespa), foi alcançada a marca histórica de 3.107.723 negócios no segmento Bovespa. O recorde anterior havia sido de 2.582.718 negócios, registrado em 27 de outubro de 2014. Logo pela manhã, quando o Ibovespa atingiu 10,47% de baixa, aos 20 minutos de pregão, o sistema de limitação de perdas da bolsa ¬ conhecido como “circuit breaker” ¬ foi acionado, e as negociações ficaram suspensas por 30 minutos.

A última vez em que o mecanismo disparou foi em outubro de 2008, em meio às turbulências globais que começaram com o colapso das hipotecas nos Estados Unidos. De acordo com operadores, até que haja uma definição precisa sobre o cenário político e sobre as reformas estruturais, a bolsa de valores deve continuar registrando bastante instabilidade. O relator da reforma trabalhista em duas das três comissões do Senado, Ricardo Ferraço (PSDBES) suspendeu a tramitação do projeto no Senado Federal.

“Nestes momentos, o mercado fica irracional. Os próximos dias podem ser de bastante volatilidade”, diz Ari Santos, gerente de mesa Bovespa, da H.Commor DTVM. Segundo profissionais deste mercado, os grandes fundos de investimento encerraram suas posições para atender os critérios de VAR (Value at Risk), que é um método para avaliar o risco em operações financeiras. Sem liquidez na bolsa para todos os fundos, os gestores menores não estariam mudando as carteiras neste momento à espera de novas definições no cenário político.

A interrupção da aprovação das reformas estruturais não era considerada pela maior parte das casas financeiras, o que faz com que novos cenários sejam traçados. A expectativa do estrategista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, é de que o Ibovespa possa recuar até os 50 mil pontos. Apesar do cenário de instabilidade, o estrategista¬chefe da Eleven Research, Adeodato Volpi Netto, diz que o investidor que puder aguardar a estabilidade do quadro político terá oportunidades sem precedentes no mercado financeiro. As ações com as maiores quedas foram as das companhias estatais.

Os papéis ordinários da Eletrobras recuaram 20,97%, a maior baixa do dia, as ações PNB da empresa tiveram queda de 16,96%, os papéis do Banco do Brasil caíram 19,91%. As ações preferenciais da Petrobras tiveram baixa de 15,76% e os papéis ordinários recuaram 11,37%.

Por serem mais líquidas, as ações do sistema financeiro também tiveram forte queda no pregão. Os papéis ordinários do Bradesco recuaram 13%, os papéis preferenciais do banco tiveram queda de 13,11%. As ações do Itaú Unibanco recuaram 9,63% e as ações do Santander tiveram baixa de 11,15%.

Na ponta oposta, as ações das companhias exportadoras, cuja receita é atrelada ao dólar, subiram. A cotação da moeda estrangeira teve alta de 8,06% para R$ 3,383. Os papéis da Fibria tiveram alta de 11,48%, as ações da Suzano Papel e Celulose subiram 9,86% e as ações da Embraer ganharam 2,67%. Além do câmbio, a trajetória de alta dos preços da celulose ajuda a sustentar o desempenho positivo das companhias de celulose. As ações da JBS caíram 9,68% e fecharam em R$ 8,58.

Ontem, o jornal O Globo divulgou que o presidente da JBS, Joesley Batista, teria gravado uma conversa com o presidente Temer em que o presidente daria aval para a compra do silêncio do ex¬presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o operador Lúcio Funaro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizou a abertura de inquérito contra o presidente Temer. Em discurso no final da tarde, o presidente disse que não irá renunciar e que vai se defender no processo aberto no STF.

O presidente afirmou que exige investigação plena e rápida para os devidos esclarecimentos ao povo brasileiro porque a situação de dúvida não pode persistir. “Se foram rápidas as gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução”, disse.

 

Taxas de juros futuros têm altas históricas com pânico no mercado

A renda fixa brasileira teve nesta quinta¬feira um dia para esquecer. As taxas de contratos de depósito interbancário (DI) tiveram altas recordes, a diferença entre os DIs janeiro de 2021 e janeiro de 2019 teve o maior salto em pelo menos uma década, e carteiras que seguem os preços da NTN¬B sofreram a maior desvalorização em dois anos. O pronunciamento nesta tarde do presidente Michel Temer, o qual afirmou que não renunciará, não ajudou a melhorar o ânimo dos investidores.

O caos tomou conta do mercado desde a abertura, com os DIs alcançando limites de máximas na BM&F, o que paralisou o mercado por alguns momentos, mesmo depois de a B3 ter elevado os limites. No mercado secundário, investidores correram para se desfazer de títulos públicos, buscando minimizar as fortes perdas contabilizadas na marcação a mercado desses papéis. A pressão foi tanta que o Tesouro Nacional precisou não só cancelar a oferta de LTN e LFT prevista para esta quinta¬feira como também anunciar leilões de compra e venda de LTN, NTN¬F e NTN¬B para as próximas três sessões.

Nas mesas de operação, a ordem ao longo de todo o dia foi de zeragem de posições. A violência do ajuste decorre justamente do fato de praticamente todo o mercado ter se posicionado na direção de juros para baixo. Na curva de DI, as posições indicaram nesta semana mais de 70% de probabilidade de corte de 1,25 ponto percentual da Selic na reunião do Copom marcada para daqui a duas semanas. Hoje, tanto essa aposta saiu de cena quanto também a de 1 ponto de corte. Na curva, o mercado embute hoje redução de cerca de 0,5 ponto percentual da Selic.

A partir de agora, operadores dizem que até mesmo o curto prazo é difícil de traçar. Em momentos como esse, posições mais seguras sempre são as mais demandadas ¬ como aplicações em LFT e operações compromissadas. Com as ofertas extraordinárias do Tesouro, o mercado de renda fixa pode se acalmar, mas a dramática reversão de expectativas deve desestimular operadores a assumir novas posições vendidas em juros, o que deve manter os preços nos patamares elevados de agora.

Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI julho/2017 subia a 10,760% (10,380% no ajuste anterior). O DI janeiro/2018 avançava a 10,075% (8,991% no último ajuste). O DI janeiro/2019 ia a 10,410% (8,826% no ajuste anterior). O DI janeiro/2021 tinha alta a 11,390% (9,607% no ajuste de ontem). E o DI janeiro/2025 alcançava 11,910% (10,128% no último ajuste).

 

Presidente do BC diz ter trabalho contínuo para orientar os mercados

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta quinta-¬feira que a autoridade monetária tem atuado fazendo o seu papel de "manter a funcionalidade do mercado". "Nós temos atuado fazendo nosso papel, que é o papel do Banco Central de manter a funcionalidade do mercado, trabalhando de forma serena, de forma firme, usando os instrumentos que a gente tem", disse o presidente do Banco Central, ao chegar à sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, para participar de reunião com o ministro Henrique Meirelles.

Goldfajn disse ainda que o BC esteve intervindo nos mercados financeiros (com oferta de contratos de swap cambial) em coordenação com o Ministério da Fazenda e do Tesouro Nacional. "Temos vários instrumentos. Estamos trabalhando para acalmar os mercados, para atravessar esse período e é um trabalho contínuo, um trabalho sereno, um trabalho firme", afirmou.

O presidente do Banco Central disse ainda que a questão de política monetária é uma questão separada das decisões tomadas nesta quinta¬-feira. "A questão que nós estamos atuando hoje não tem uma relação mecânica e direta com a política monetária. A política monetária é uma decisão que será tomada nas reuniões ordinárias do Copom [Comitê de Política Monetária], baseada nos objetivos tradicionais do Copom", afirmou.

 

Economia está sob risco de um colapso

O tornado que abalou o presidente da República, Michel Temer, pode levar o país a um colapso econômico. Fontes do setor financeiro privado alertavam, ontem, para o risco de empresas quebrarem, de o pouco crédito que ainda existe desaparecer e de a economia afundar em depressão, abortando a tênue recuperação da atividade depois de três anos de profunda recessão.

A crise, deflagrada pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da holding J&F, que controla o JBS ¬ que, com a anuência do STF e a ajuda da Polícia Federal, gravaram o presidente da República supostamente avalizando a compra do silêncio do deputado cassado e preso, Eduardo Cunha ¬ encontra um país frágil, sem forças para "sangrar" em mais uma turbulência. A própria dinâmica da dívida pública, hoje, não afasta o risco extremo da "dominância fiscal", a antessala da insolvência do Estado que pode resultar até em um temido calote da dívida pública.

Para a economia, a melhor solução seria um rearranjo rápido das forças políticas, com a renúncia de Temer e a convocação de eleições indiretas, advogavam analistas privados. Ontem à tarde, em pronunciamento à nação, Temer descartou tal hipótese: "Não renunciarei. Não renunciarei", disse e repetiu o presidente. Ato contínuo, o dólar acelerou a alta e o Ibovespa aprofundou a queda, prenunciando ambiente instável nos próximos dias.

Na noite da quarta-¬feira, ainda atordoados pela notícia da delação publicada pelo jornal "O Globo", o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, definiram a estratégia de atuação no mercado de títulos e de câmbio comunicada na manhã de ontem. O BC divulgou nota dizendo que atuaria para manter a plena funcionalidade dos mercados e fez vários leilões de swaps cambiais. O Tesouro Nacional suspendeu os leilões de títulos prefixados (LTN) e atrelados à Selic (LFT) que faria ontem e avisou, à tarde, que fará leilões de compra e venda de papéis prefixados e indexados ao IPCA (LTN, NTN¬F e NTN¬B) hoje, na segunda e terça¬feira.

Meirelles comentou que a situação exige "firmeza e serenidade", disse que não pretende deixar o governo e salientou os avanços conseguidos neste um ano de gestão Temer, com inúmeras medidas e reformas importantes aprovadas no Congresso. Ilan deixou claro, na nota do BC, que o monitoramento e a atuação do BC foca no bom funcionamento dos mercados e que "Não há relação direta e mecânica com a política monetária, que continuará focada nos seus objetivos tradicionais".

Ou seja, na inflação. Mas o fato é que se a macroeconomia desandar, dificilmente o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reune no fim do mês, vai intensificar ainda mais o corte dos juros. Pouco mais de 24 horas após a notícia da delação dos irmãos Batista é pouco tempo, contudo, para avaliar o tamanho do estrago produzido pela delação premiada e quais são as reais forças de Temer para permanecer no comando do país e aprovar as reformas trabalhista e previdenciária no Congresso.

Os avanços até aqui, com a forte queda inflação, o corte de 300 pontos básicos na taxa de juros (Selic), uma taxa de câmbio comportada podem ir por água abaixo. Os progressos obtidos em um ano de gestão Temer foram ancorados na aprovação da emenda constitucional que estabeleceu um teto para a expansão do gasto público. A lei do teto só fica em pé se for aprovada a reforma da Previdência, que seria votada no plenário da Câmara na próxima semana.

Sem as reformas, as expectativas de conserto das contas públicas vão se dissipar, podendo dar lugar a um quadro arriscadíssimo de dominância fiscal. O país esteve muito perto dessa situação nos anos de 2014 e 2015, quando a deterioração das contas públicas contaminou as expectativas sobre a dinâmica da dívida pública e gerou grande volatilidade nos preços dos ativos.

Essa é uma cena em que a inflação é pressionada pela desvalorização da taxa de câmbio e o aumento dos juros (Selic), para conter a elevação dos preços, acaba por desvalorizar mais o câmbio e elevar a inflação de maneira explosiva. O país também experimentou situação similar em 2002, quando Lula foi eleito para o primeiro mandato de presidente da República. A solução, na época, foi política. Agora também deveria ser.

A cada novo episódio confirma-¬se que a Lava¬Jato é uma operação destinada a punir mais os corruptos do que os corruptores. O acordo fechado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F, holding que controla a JBS prevê o pagamento de uma multa de R$ 225 milhões e total imunidade. Não haverá nenhuma denúncia criminal pelo Ministério Público Federal. Eles não serão presos nem usarão tornozeleira eletrônica, como outros executivos de empresas envolvidas nas investigações.

O acordo assinado com a Procuradoria Geral da República e homologado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, permite que os irmãos Batista continuem no comando da maior companhia de proteína animal do mundo. Em contrapartida, além das gravações que Joesley fez com o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, revelados pelo jornal "O Globo", os executivos e a empresa terão de entregar todos os negócios ilegais.

Foi um ótimo acordo para os irmãos Batista, os maiores financiadores da campanha eleitoral de 2014 para os diversos candidatos. Em recente entrevista à repórter Maíra Magro, do Valor, o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, criticou o fato do Ministério Público negociar pena. Essa seria, segundo o ministro, atribuição exclusiva do juiz.

 

Risco é um ciclo menor e queda mais suave da Selic

A crise política não deverá levar o Banco Central a interromper as baixas de juros e menos ainda fazê¬-lo apertar o torniquete. Mas há algumas chances de o ciclo de distensão monetária ser menor que o previsto e de o ritmo de corte ser ajustado. Ontem, o BC divulgou uma nota lembrando que não há uma relação mecânica entre os impactos da crise política e a política monetária, que será conduzida para cumprir "os seus objetivos tradicionais". Foi um chamado para os analistas do mercado esfriarem a cabeça e fazerem as contas sobre o quanto, nesse ambiente político, os juros podem cair sem comprometer as metas de inflação.

Dois especialistas que já tiveram assento no Comitê de Política Monetária (Copom) entendem que, mesmo com todo o estrago causado pela delação premiada da JBS, a manutenção dos juros em 11,25% ao ano dentro de duas semanas levaria a inflação abaixo de 4,5% em 2018. O mais provável, apostam, é que as projeções de inflação a serem apresentadas ao Copom dentro de duas semanas mostrem um bom espaço para a queda de juros.

Pelo último dado conhecido do BC, da reunião de abril, a inflação ficaria em 4,1% em 2017 e em 4,5% em 2018 se os juros caírem a 8,5% até o fim do ano. Algumas forças tendem a atuar sobre essas projeções. Do lado negativo, o câmbio se desvalorizou, o risco¬país se deteriorou e talvez as expectativas de inflação estejam um pouco maiores na reunião do Copom. Um ponto a ponderar é que o câmbio tem impacto no curto prazo, e as projeções de inflação do mercado para 2017 estão abaixo da meta.

Do lado positivo, o quadro inflacionário melhorou desde quando o BC rodou sua última projeção de inflação. Com as novas turbulências, as perspectivas para a atividade, que já estavam levemente piores do que as observadas na reunião de abril, devem ser afetadas negativamente com a alta de juros do mercado, aversão a risco e impacto na confiança. O mercado deve elevar as projeções para a Selic. A conjuntura, portanto, ainda dá um bom espaço para cortar os juros.

Mas o BC vinha condicionando a distensão às estimativas para a taxa "neutra" de juros, que tenderiam a cair com a aprovação das reformas. Sem reformas, a taxa neutra é mais alta, e o tamanho do ciclo deve ser menor. O BC também vinha afirmando que o ritmo de corte de juros depende da estimativa do BC sobre o tamanho do ciclo de distensão. Com um ciclo de corte de juros menor, a autoridade monetária deve se ajustar. Cortes de 1,25 ponto percentual devem estar fora de cogitação, mas o cenário poderia indicar movimento menor do que um ponto percentual.

Um desses especialistas lembra que o BC não se move apenas a partir das suas projeções de inflação. Um elemento importante é o balanço de riscos, ou seja, as chances de a inflação se sair pior do que o projetado. Num ambiente de incerteza política, é possível que o BC opte por uma maior cautela. Mesmo nesses cenários mais pessimistas, diz um dos analistas, a precificação na curva de juros parece exagerada.

O mercado pode até ver um risco fiscal e político maior no longo prazo. Mas o BC deve ser soberano sobre a curva de político maior no longo prazo. Mas o BC deve ser soberano sobre a curva de juros mais imediata, de um ano a um ano e meio, que está vinculado à política monetária. Nela, em tese uma boa comunicação do Banco Central teria impacto para desmontar eventuais exageros.

 

Maria Silvia diz que importa "não perder o foco" em meio à crise

A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, afirmou nesta quinta¬-feira (18) que o Brasil vive uma crise econômica e política sem precedentes e que, neste sentido “é importante não perder o foco, ter plano de futuro”. Segundo a executiva, a amplitude de atuação do banco de fomento, que vai do microcrédito ao agronegócio, coloca a instituição em uma posição de grande responsabilidade, principalmente em momentos como o atual.

Maria Silvia citou indicadores econômicos negativos, como o desemprego alto, investimento em queda, concessões interrompidas, insegurança jurídica, e o processo da Lava¬Jato “se comunicando com a questão econômica”. “Essa crise que vivemos não é uma crise mundial, é uma crise brasileira”, afirmou a executiva em seu discurso na XXIX edição do Fórum Nacional, com o tema "Recessão, crise estadual e da infraestrutura. Para onde vai a economia brasileira?", promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae).

A executiva afirmou, no entanto, que o banco de fomento tem uma visão positiva para o ano e há sinais de retomada. "Reformas estruturais são mandatórias, o Brasil vai acumulando uma serie de ineficiências que não encara as questões que tem que ser encaradas de longo prazo. Certamente a gente não escapa delas", afirmou, acrescentando que quando mais tarde a reforma da Previdência, mais dolorosa será.

Temer

A presidente do BNDES disse hoje que ainda não é possível saber dimensionar o impacto, na economia, das denúncias de que o presidente Michel Temer teria dado aval à compra do silêncio do ex-¬presidente da Câmara Eduardo Cunha em conversa gravada por um dos donos da JBS, Joesley Batista. “Não sabemos. O momento é de trabalhar ainda mais, de serenidade. Vamos aguardar o que vai acontecer. É muito cedo para falar”, disse.

 

Empresários temem novo freio na economia e fim das reformas

A implicação do presidente Michel Temer nas delações do empresário Joesley Batista, da JBS, despertou entre os empresários o temor de uma nova trava na incipiente recuperação da economia brasileira, a paralisação do processo de retomada dos investimentos e a paralisação das reformas ¬ da Previdência e trabalhista ¬ que tramitam no Congresso.

Em reação ao episódio, o presidente do Grupo Pão de Açúcar, Ronaldo Iabrudi, encaminhou ontem carta para cerca de cem executivos da companhia alertando para a "crise grave" que o país enfrenta. Ele afirma que a situação não pode abalar "o foco no cliente". A análise interna da empresa é que o consumo pode sofrer um abalo temporário maior, por conta do efeito da piora dos ânimos do mercado e do consumidor. Mas isso não deve contaminar de maneira tão profunda a lenta e gradual recuperação na demanda, disse.

A situação para as empresas brasileiras, que vinha se desenhando em torno das expectativas de que o cenário poderia melhorar no segundo semestre, agora volta a um estágio de enorme pessimismo e incerteza, que paralisa os investimentos e as reformas, disse Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). "Ainda não sabemos a extensão desses fatos, mas uma coisa é certa: perdemos a sustentação. O cenário é muito ruim para as companhias sem as medidas que vinham caminhando para serem aprovadas, com a paralisação da economia e em meio a uma maior aversão por causa das incertezas quanto ao futuro do governo e do Brasil", disse.

Para Oliveira, a decisão "menos traumática" nesse momento seria Temer renunciar, o que o presidente sinalizou, por enquanto, que não irá fazer. Para ele, a queda da taxa básica também está ameaçada. Falando pela manhã, antes da divulgação de parte dos áudios, o empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas e filho do ex¬vice¬presidente José Alencar, defendeu a "quebra do sigilo" das gravações.

Para o empresário, ainda é prematuro fazer avaliações mais profundas pela ausência das informações completas. "Apesar de toda turbulência, o Brasil não vai acabar. É um país grande e rico, capaz de gerar muita prosperidade ainda", disse. O presidente executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas, Eduardo Lucano, disse que a nova fase da crise "paralisa" o processo de melhora da economia. "Havia um horizonte de reformas, de política fiscal mais equilibrada, que estava apresentando uma certa tendencia a estabilização", disse.

Um novo fator de desestabilização deve levar à revisão de posições e investimentos, argumentou. Se confirmado o conteúdo da delação, uma das principais preocupações será quanto à eficiência dos órgãos reguladores de companhias abertas e dos controles das próprias empresas, disse o presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Rodrigues da Cunha.

"Se as denúncias forem confirmadas, a pergunta é: como podem empresas de capital aberto e que têm, portanto, obrigações e supervisões adicionais, pagarem propina com essa facilidade e terem negociado no balcão da política dessa forma?", questionou. A JBS tem ações listadas no Brasil e prepara abertura de capital no exterior.

Para Fernando Figueiredo, presidente¬executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a permanência de Michel Temer (PMDB) na Presidência se tornará insustentável se as denúncias se confirmarem. Para ele, um nome alternativo ao comando do país, até que se realizem as eleições de 2018, seria o do presidente da Petrobras, Pedro Parente. Uma potencial queda de Michel Temer, segundo Figueiredo, poderá ter impacto de curtíssimo prazo no andamento das reformas. "As reformas são imprescindíveis e não são de Temer. São reformas necessárias ao país. A expectativa é que o Congresso saberá continuar no caminho certo", acrescentou.

O presidente da Tecnisa, Meyer Nigri, avalia que incorporadoras focadas nas rendas média e média¬alta e consumidores ficarão em compasso de espera na tomada de decisões de investimento após o acirramento da crise política. Para Nigri, Temer continuará como presidente. "Não acredito que ele irá renunciar", disse. Já a votação das reformas será paralisada. O acirramento da crise política não terá impacto imediato sobre a decisão de lançamentos imobiliários pelas incorporadoras, mas terá efeito nas vendas nos próximos dias, na avaliação do presidente do Secovi¬SP, o Sindicato da Habitação, Flávio Amary.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, fez um apelo para que a crise política se resolva "no menor tempo possível" e que o Congresso Nacional mantenha seus planos de votar a reforma da Previdência. Para ele, a votação pode ocorrer mesmo com um governo acéfalo e sem outra agenda legislativa. "O Congresso, tão desacreditado como está, precisa assumir essa responsabilidade. Parece loucura minha, mas o relatório está pronto e talvez os parlamentares tenham agora uma oportunidade de ouro para dar respostas à sociedade".

Martins evitou se posicionar sobre a continuidade ou saída de Temer. A piora da crise exige a tomada rápida de decisões pelos três poderes e transparência na divulgação dos fatos, defendeu o presidente¬executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelso Mussolini. Para ele, se a permanência de Temer se mostrar impraticável, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, seria boa opção ao cargo. O presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), Francisco Balestrin, acredita que os investidores estrangeiros tendem a paralisar seus aportes no Brasil até entender os reflexos das denúncias nas reformas trabalhistas e da Previdência. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) cobra responsabilidade e equilíbrio do Congresso para superar a instabilidade política.

"Nesse momento não há como tramitar coisa alguma. O Congresso precisa ter o compromisso com o país acima da disputa política. Não há nenhum ganhador em um momento em que o país se deteriora tanto", afirmou o presidente da Abit, Fernando Valente Pimentel. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) disse em nota que, independentemente do que ocorrer na Presidência após as denúncias contra Michel Temer, o Congresso deve dar prosseguimento à agenda de reformas. A entidade pede andamento na medida provisória (MP) do Programa de Recuperação Tributária (Refis). O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, avalia que os investimentos previstos pelo setor serão mantidos após as denúncias contra o presidente da República, Michel Temer. "O que pode ser afetado são os investimentos que ainda não estão na pauta das empresas", disse.

 

País é tomado por uma explosão de incertezas

Por Armando Castelar - Economista, coordenador de economia aplicada do Ibre/FGV

A incerteza explodiu para todo lado e ninguém sabe como será o amanhã.

Como vão evoluir as acusações que pesam sobre o Presidente da República? Se este não permanecer no cargo, como, quando e por quem será ele substituído? Haverá novas gravações e denúncias a serem divulgadas? Irão estas envolver novos atores? Como a incerteza doméstica vai se compor com um quadro externo também de alta na incerteza, com a possibilidade de que o Donald Trump seja afastado da presidência dos EUA? A incerteza política cai como uma bomba sobre a economia, em um momento em que esta tentava sair da recessão, colocando a recuperação em risco. Mas ainda é cedo para avaliar o impacto da crise sobre a economia.

Tudo vai depender de como e, principalmente, da velocidade com que a crise política vai ser equacionada. Igualmente fundamental será a forma como a equipe econômica vai administrar o choque das revelações da JBS. O impacto inicial será contracionista. O investimento vai cair, com a alta da incerteza e a maior dificuldade de obter financiamento, doméstico ou externo. Além disso, muitos investimentos dependem de ações do governo ¬ editais, créditos, licenças, isenções etc ¬ e as decisões aí envolvidas vão ocorrer mais lentamente.

A grande volatilidade no preço de ativos também estimula o adiamento de investimentos. O impacto sobre a confiança do consumidor e o crédito às pessoas físicas também será negativo, adiando o momento de virada no mercado de trabalho e reforçando a perspectiva de um PIB fraco em 2017. Isto posto, é importante não exagerar no pessimismo, nem se deixar contaminar pelas variações de curto prazo nos preços de ativos.

Primeiro, porque ainda se precisa conhecer melhor as evidências e ouvir a defesa do Presidente. Segundo, porque, mesmo no pior cenário, e como ocorreu durante o impeachment de Collor, o governo vai continuar funcionando, com os ministros assumindo mais responsabilidades. Terceiro, porque a equipe econômica tem como administrar o choque.

É provável que o Banco Central (BC) acelere e acentue a queda dos juros básicos e o Ministério da Fazenda reforce o compromisso com a disciplina fiscal. E, se necessário, o BC dispõe de instrumentos para evitar uma desvalorização mais significativa do câmbio. Quarto, as reformas vão desacelerar, mas não sair da mesa. Sem dúvida, a eventual saída de Michel Temer, ou a sua permanência como um presidente fraco, dificultam a estratégia que o país abraçou para sair da crise política, com o gradual equacionamento da complicada situação fiscal e reformas que acelerem o crescimento da produtividade. Mas trocar essa estratégia pelo caos não interessa a (quase) ninguém e quando a poeira baixar elas devem voltar a avançar no Congresso.

Por fim, é fundamental aprender com esses acontecimentos: quando se tem um Estado com enorme poder discricionário, que pode distribuir subsídios, isenções tributárias, medidas antidumping etc. ao bel prazer, a chance de corrupção dos agentes públicos aumenta muito. Sem mudarmos isso, dificilmente seremos efetivos no combate à corrupção.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Duração da crise vai determinar efeito na retomada econômica

A incerteza deflagrada pela delação de Joesley Batista, um dos donos da JBS, deverá ter impacto negativo sobre a economia brasileira, que ensaiava uma recuperação.

A dúvida de economistas e investidores, nesta quinta (18), era se a crise política adiará ou abortará a retomada.

Segundo analistas, há dois riscos principais. O primeiro é que a insegurança que ameaça a continuidade do presidente Michel Temer no cargo afete a confiança de consumidores e empresários, que vinha subindo lentamente.

A expectativa de melhora da economia era vista como uma tendência muito positiva porque poderia levar a uma retomada do consumo e de investimentos. Com a volta da insegurança, esse processo pode ser congelado.

Outro motor da recuperação ainda incipiente da economia era a expectativa de que a reforma da Previdência seria aprovada em breve.

Economistas do mercado financeiro consideram que as medidas propostas para conter o crescente deficit no regime de aposentadorias é essencial para garantir a solvência do setor público.

A crise dos últimos dois dias causou grande insegurança a respeito das chances de que a reforma seja aprovada caso Temer deixe o governo.

"O cenário é muito incerto, não dá para fazer prognósticos para amanhã", diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos.

De acordo com ela, o certo, é "que o mercado vai continuar muito mal".

As incertezas contribuíram para a forte desvalorização do real, a disparada dos juros no mercado futuro e a queda da Bolsa nesta quinta-feira.

O impacto dessa turbulência financeira sobre a economia real vai depender, segundo analistas, da duração da incerteza política.

Economistas ouvidos pela Folha ressaltaram que o cenário ideal seria uma solução rápida para a crise. Uma das possibilidades citadas como menos nocivas para a economia seria a substituição de Temer por alguém que se comprometa a continuar perseguindo as reformas propostas pelo governo atual.

No entanto, se as dúvidas sobre o futuro do presidente perdurarem por semanas, a tendência é que a variação nos preços de ativos financeiros —como a cotação do real em relação ao dólar e o valor de títulos públicos— afete a economia negativamente.

DE OLHO NO CÂMBIO

Para Jorge Simino, diretor de investimentos da Funcesp, fundo de pensão com R$ 27 bilhões em ativos sob gestão, a variável-chave para ser acompanhada daqui para frente é o câmbio, que tem efeito importante sobre a trajetória de inflação.

Ele ressalta que o Banco Central pode decidir reduzir o ritmo de corte de juros dos últimos meses se avaliar que uma possível desvalorização do real pode levar a aumento de preços.

"Os ativos mudaram de patamar. Serão semanas de emoção", afirmou.

 

Meirelles diz que fica mesmo se Temer sair e reafirma seguir com reformas

O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse a investidores e aliados, nesta quinta (18), que acredita na permanência do presidente Michel Temer no poder. Mas sinalizou que tem disposição para continuar no comando da equipe econômica caso o presidente deixe o cargo.

A possibilidade de ele continuar na Fazenda sem Temer foi cogitada nos bastidores diante dos rumores de que o presidente renunciaria nesta quinta-feira.

Nesse caso, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, seria o primeiro na linha sucessória. E Meirelles teria boas chances de ficar no cargo.

O ministro da Fazenda é visto por empresários e investidores como a principal âncora do governo e fiador de uma política econômica alinhada com o mercado. Ele prosseguiu nesta quinta-feira como o principal interlocutor de Brasília com o setor financeiro.

Em meio à turbulência política que levou os mercados a um dia de forte estresse, o ministro conversou com representantes de bancos e investidores para reforçar a disposição do governo em implementar as reformas.

No front interno, ele também reuniu sua equipe de secretários, no Ministério da Fazenda, para passar a mensagem de que o trabalho deve seguir em frente.

DELAÇÃO

Meirelles presidiu o Banco Central no governo Lula e, depois de deixar o posto, passou a trabalhar para o grupo J&F, do frigorífico JBS, comandado pelo empresário Joesley Batista. Saiu para assumir a Fazenda.

Sobre a possibilidade de aparecer nas delações, Meirelles afirmou a pessoas próximas estar "absolutamente tranquilo".

 

Para Deutsche, equipe econômica pode ser preservada, mas não reformas

Um novo governo provavelmente manteria a equipe econômica intocada, incluindo todo o ministério da Fazenda e o Banco Central, avalia o Deutsche Bank em relatório sobre o Brasil.

Em meio ao envolvimento do presidente Michel Temer em delação feita pela empresa JBS, a equipe do banco alemão assume como hipótese que o Congresso Nacional deve eleger um novo presidente e que exista algum tipo de acordo político para dirigir o país até a próxima eleição em 2018.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, é o primeiro na linha sucessória da República. Em caso de saída de Temer, o deputado assumiria o governo para convocar eleições indiretas em 30 dias.

O Deutsche diz, porém, ser "difícil imaginar" que as reformas avançariam neste tipo de ambiente. O Congresso já está bastante relutante em aprovar a reforma da Previdência, e a liderança política de Temer e seus aliados mais próximos são preponderantes para fazer isso acontecer".

Com a enorme incerteza política pela frente, o Deutsche espera alta do risco-país, desvalorização cambial e elevação dos juros futuros. Para a equipe, a baixa inflação e a recuperação econômica lenta ainda permitem que o Banco Central mantenha a trajetória de queda dos juros, mas a depreciação cambial pode se tornar um grande problema a afetar os preços. "Parece que o corte de 1,25 ponto percentual se tornou muito menos provável", diz a equipe.

Sobre as eleições de 2018, o Deutsche afirma que, como a reputação do sistema político está severamente danificada, as chances de um "outsider" ser eleito aumenta. Em teoria, dizem os economistas, o novo cenário poderia alavancar a candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria, ainda que o PSDB tenha recebido um "grande golpe" pelas alegações contra o senador Aécio Neves. O banco ressalta, no entanto, a distância de Doria em relação aos líderes do partido, observada, por exemplo, na ausência do prefeito de São Paulo no programa do PSDB.

Para o Deutsche, o ex-presidente Lula também deve ser favorecido pelo cenário. Em uma situação em que um número grande de político é visto como corrupto, as acusações que pesam sobre o ex-presidente Lula perdem alguma relevância, beneficiando-o. O Deutsche avalia que o PT pode liderar um movimento para eleições diretas imediatas para presidente. No entanto, isso é visto como algo improvável, uma vez que esta opção não está prevista na Constituição e o PT não tem maioria no Congresso.

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