Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Mercado reduz previsões para inflação e juro básico, apura Focus

Caíram novamente as expectativas para os juros neste ano, segundo o boletim Focus, do Banco Central. Na edição de hoje, a mediana das estimativas dos analistas de mercado para a Selic ao fim de 2017 caiu de 8,25% para 8%, na segunda semana consecutiva de queda. Para o fim de 2018, a aposta se manteve em 8%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana, nos dias 25 e 26, para decidir sobre uma nova redução da taxa básica de juros da economia. Se o IPCA-15 de julho a ser divulgado na quinta-feira (20) vier muito baixo, na sequência da deflação registrada no IPCA de junho, pode reforçar a possibilidade de o Banco Central manter o ritmo do corte de juros em um ponto percentual na reunião deste mês.

A expectativa para o IPCA em 2017 também caiu novamente, de 3,38% para 3,29%, e de 4,24% para 4,20% em 2018. O movimento já era esperado pelo mercado, devido em parte às estimativas enviadas ao sistema de expectativas do BC por participantes do mercado que ainda não haviam ajustado suas projeções. O Focus mostra ainda que houve uma ligeira queda na estimativa para o IPCA deste mês, de 0,19% para 0,17%. Em 12 meses, a expectativa caiu de 4,47% para 4,37%

Os analistas Top 5 de médio prazo também reduziram a projeção para o IPCA em 2017, de 3,26% para 3,08%, e para 2018, de 4,31% para 4,19%. A exemplo do mercado em geral, eles cortaram as projeções para a Selic neste ano de 8% para 7,75%, e no próximo, de 7,88% para 7,75%.

Atividade

Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das estimativas seguiu estável em 0,34%. Para 2018, foi mantida a projeção de crescimento de 2%. A expectativa para a produção industrial subiu de 0,84% para 0,97% neste ano e continua em 2,3% em 2018.

 

Retomada do setor imobiliário depende de funding mais caro

O pequeno crescimento da demanda por crédito imobiliário neste ano foi concentrado em linhas mais baratas. Porém, a restrição dessas modalidades, baseadas especialmente em recursos do FGTS, pode limitar a retomada, que passa a depender da maior disposição dos bancos em reduzir os juros.

Maior agente do setor, a Caixa Econômica Federal anunciou neste mês a suspensão da linha pró-cotista até o ano que vem, depois de já ter interrompido as contratações em abril e junho. A modalidade, apoiada no funding do FGTS, é a mais barata do mercado depois do Minha Casa, Minha Vida - programa que desacelerou sob o governo Temer.

A Caixa já liberou R$ 6,1 bilhões do pró-cotista desde janeiro, o que corresponde a todo o orçamento para a linha em 2017 e a cerca de um terço das contratações de crédito imobiliário feitas pelo banco desde janeiro. No ano passado, os recursos na modalidade somaram R$ 5,5 bilhões.

Novas contratações foram suspensas porque o limite orçamentário foi alcançado - o banco nega qualquer relação entre o esgotamento e os saques das contas inativas do FGTS, que já somaram R$ 41,8 bilhões. O Banco do Brasil (BB) também oferece pró-cotista, mas numa escala menor. No primeiro semestre deste ano, foram liberados R$ 700 milhões na modalidade, com alta de 35%.

Até agora, foi a linha de maior crescimento. "Temos um volume aportado pelo FGTS que é suficiente para atender a demanda até o fim do ano", afirma Edson Pascoal Cardozo, diretor de empréstimos, financiamentos e crédito imobiliário do BB. O executivo do BB diz não ter notado um aumento na procura por conta da suspensão do pró-cotista na Caixa, mas ressalta que, de maneira geral, tem havido um maior interesse pelo crédito imobiliário. "A gente já percebe um otimismo maior", afirma Cardozo.

No caso da própria Caixa, o maior crescimento neste ano foi verificado numa linha que usa recursos da poupança e tem taxa máxima de 11% ao ano. As contratações nessa modalidade somaram R$ 4,2 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 50% em relação ao orçamento do ano passado, informa o banco.

A limitação no financiamento imobiliário com funding do FGTS - operado apenas pelos bancos estatais - abre espaço para os concorrentes privados. Porém, também representa um desafio, já que essas instituições dependem dos recursos da poupança e das emissões de letras de crédito imobiliário (LCI), duas fontes mais caras.

Nos momentos em que os recursos do pró- cotista encolhem, o mercado não consegue preencher totalmente essa lacuna. Essa linha, destinada a imóveis novos de até R$ 1,5 milhão ou usados de até 950 mil, tem taxas de 7,5% a 9% ao ano, enquanto a média do mercado estava em 11,8% ao ano em maio.

A Caixa interrompeu o pró-cotista em abril e depois novamente em junho, antes de suspendê-la de vez até 2018. Apesar disso, o crédito imobiliário com recursos da poupança não mudou de patamar, o que sugere que não houve um escoamento entre as modalidades. Em maio, o volume de financiamento com recursos da poupança foi de R$ 3,565 bilhões, segundo a Abecip, associação do setor.

Houve crescimento de 13,8% em relação a abril, mas o mercado encolheu em relação a março, quando somou R$ 4 bilhões. Em relação a maio do ano passado, o volume caiu 8,6%. "A migração não acontece totalmente porque as pessoas buscam a parcela que cabe no bolso", afirma Fabrizio Ianelli, superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander. Para tentar ocupar esse espaço, o banco anunciou neste mês uma redução no custo de suas linhas.

O Santander baixou para 9,49% ao ano a taxa para financiamentos via Sistema Financeiro da Habitação (SFH) - antes, ia de 10,5% a 11%. Na carteira hipotecária (CH), o intervalo era de 11% a 12% e agora a taxa é de 9,99%. "Como reduzimos a diferença [em relação ao pró- cotista], esperamos ficar com uma parte desses clientes", diz Ianelli, ressaltando que as novas taxas do banco ficaram com um custo efetivo inferior ao das demais modalidades oferecidas pela Caixa.

Com isso, o Santander quer se posicionar para o que considera ser o início de uma retomada do mercado imobiliário neste semestre e no ano que vem. Em maio e junho, mesmo antes dos cortes nos juros, os pedidos de financiamento no banco cresceram mais de 50% em relação a meses anteriores, diz o executivo. "O crédito está mais barato e o preço dos imóveis ainda não reagiu", observa Ianelli.

A carteira imobiliária do Santander somava R$ 27 bilhões no fim de março, o que representa crescimento de 2% em 12 meses. A expectativa é acelerar essa expansão nos próximos meses. Até agora, os demais bancos não anunciaram cortes nas taxas em resposta ao Santander. "A gente é corredor de maratona", afirma Leandro Diniz, diretor de empréstimos e financiamentos do Bradesco.

Segundo ele, o banco não fez nenhuma redução pontual de taxas, mas tem acompanhado a tendência do mercado com produtos "extremamente competitivos". Embora não se trate exatamente do mesmo perfil de tomador, o banco também tem a expectativa de captar parte da clientela que não conseguiu se financiar com a linha pró- cotista.

O Bradesco já notou uma melhora na demanda no primeiro semestre, dentro do esperado, e espera que essa "sequência favorável" continue na segunda metade do ano. "A queda da Selic e da inflação e o desemprego estabilizado são fatores que influenciam muito", diz o executivo. Diniz afirma que a maior procura tem sido por financiamento para imóveis de dois dormitórios, na faixa de R$ 500 mil a R$ 600 mil. "A compra hoje é muito mais consciente, concentrada em imóveis para a necessidade da família."

A Caixa também nota uma movimentação maior no mercado. Só no primeiro trimestre, o volume de contratações em todas as linhas de crédito imobiliário do banco foi de R$ 18,79 bilhões, o que equivale a um aumento de 22,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

O orçamento da instituição para o setor neste ano é de R$ 84 bilhões, pouco acima dos R$ 83,2 bilhões contratados em 2016. Porém, se o crescimento da demanda continuar no mesmo ritmo verificado no primeiro trimestre, o volume efetivo deve superar o previsto no orçamento, diz a Caixa por meio da assessoria de imprensa.

As taxas e as condições do mercado estão melhores que há um ano, observa Gilberto Duarte, presidente da Abecip. "Os preços têm caído. Os bancos têm repassado taxas melhores", ressalta. A expectativa da associação é que o segundo semestre seja melhor que a primeira metade do ano e que o volume de financiamentos com recursos da poupança feche 2017 num patamar parecido com o do ano passado, de R$ 46,6 bilhões. "Os indicadores de confiança na economia já não reagem tão negativamente", afirma Duarte.

No ano, até maio, as concessões de crédito imobiliário, segundo dados do Banco Central, cresceram 1,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Em maio, a alta foi de 23,4% ante abril.

 

Recessão não teria baixado a inflação sem ajuste fiscal e juro alto, afirma BC

Um estudo do Banco Central defende a tese de que, apesar da maior recessão já documentada na história, a inflação não teria caído se não fosse a vitória na batalha pelas expectativas sobre a alta de preços na economia - fruto da mudança da políticas monetária e fiscal no governo Temer. O trabalho, que foi publicado num boxe do Relatório de Inflação de junho, é bastante técnico, mas foi feito na medida para combater a visão difundida entre economistas de que a forte recessão derrubaria a inflação de qualquer forma e, portanto, as políticas monetária e fiscal mais austeras eram desnecessárias.

O estudo do BC usa ferramentas matemáticas e estatísticas para mostrar que, na verdade, a inflação caiu menos do que deveria ter baixado até meados de 2016, levando em conta a recessão e o desemprego, que época já eram profundos. O que impediu a inflação de cair como o esperado, argumenta o estudo, foi a deterioração das expectativas de inflação, provocada pela percepção de empresas e pessoas de que as políticas monetária e fiscal levavam a um descontrole de preços.

O pano de fundo é a ideia de que, em alguns momentos, o país pode ter recessão e inflação mais alta, a chamada estagflação, se a política econômica do governo é vista como insustentável. A inflação só caiu, de fato, a partir do segundo semestre de 2016, quando os juros altos e medidas como a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) do teto dos gastos domaram as expectativas de inflação.

Desse período em diante, tanto a recessão quando o recuo das expectativas levaram a inflação a cair aos patamares atuais. Nos seus cálculos, os economistas do BC utilizaram a chamada inflação subjacente de serviços, ou seja, um cesta de consumo de serviços cujos preços respondem mais diretamente à atividade econômica. Dessa forma, a análise exclui os preços que costumam variar por outras forças, como os de alimentos e energia elétrica, que sobem quando ocorrem secas, por exemplo.

O passo seguinte foi montar uma equação matemática - a chamada curva de Phillips - que basicamente mostra o quanto fatores como grau de ociosidade da economia, expectativas, preços das commodities e rendimento médio afetam a inflação desse núcleo de serviços. Umas das conclusões é que, de 2010 a 2014, o mercado de trabalho e a atividade econômica estavam mais aquecidos e deram uma contribuição relevante para puxar a inflação desse núcleo de serviços para cima.

Esses mesmos vetores puxaram a inflação para baixo a partir de 2014, ano em que a recessão tecnicamente começou, segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codade), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Mas a deterioração das expectativas de inflação provocou uma força inflacionária mais forte que a recessão de 2014 a fins de 2015.

Nesse período, o núcleo de serviços chegou a um pico próximo de 10%, dos quais 8,6 pontos percentuais podem ser atribuído ao peso das expectativas inflacionárias e da inércia nesse período. Isso ajuda a entender porque não se confirmaram as previsões feitas pelo próprio Banco Central, na gestão Alexandre Tombini, de que os preços de serviços iriam ceder rapidamente em uma recessão que, em meados de 2015, já se mostrava forte para os padrões históricos brasileiros.

A partir de 2016, sobretudo no segundo semestre, com a mudança de rumos na política econômica, as expectativas passaram a atuar junto com a recessão e desemprego para baixar a inflação. Nos meses mais recentes, a média móvel trimestral anualizada da inflação subjacente de serviços passou a oscilar em torno de 3,5%.

No estudo, faltou investigar o que provocou a queda das expectativas de inflação. Trabalhos anteriores do Banco Central mostram que a inflação corrente - que foi atipicamente baixa devido ao bom comportamento de preços de serviços - tem peso importante nas expectativas de curto prazo. Juros e política fiscal afetam expectativas de longo prazo. A taxa de câmbio também exercem um papel relevante.

Mas a intenção do BC, com o trabalho, é enfatizar o papel da mudança de rumo nas políticas monetária e fiscal para garantir a baixa da inflação. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem defendido que foi importante cortar os juros lentamente em fins do ano passado para domar as expectativas e quebrar a espinha dorsal da inflação.

 

FMI vê transmissão convencional de política monetária no país

O Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou na discussão a respeito da eficácia dos juros altos para combater a inflação no Brasil, iniciada em janeiro com um artigo publicado no Valor pelo economista André Lara Resende. Segundo um estudo do órgão, há "fortes evidências" a favor da visão convencional sobre a transmissão da política monetária no país, sugerindo que um corte dos juros básicos leva a inflação mais alta.

Em texto debatido durante várias semanas por economistas brasileiros, Lara Resende defendeu a ideia de que as elevadas taxas no Brasil contribuem para os altos índices inflacionários, motivada especialmente por um artigo de John Cochrane, da Universidade de Stanford, questionando a visão dominante sobre a política monetária nos países desenvolvidos.

O estudo faz parte do relatório anual do FMI sobre a economia brasileira, conhecido como artigo IV, o capítulo do estatuto da instituição que prevê um raio-x uma vez por ano sobre a situação econômica dos países-membros. No texto, o Fundo discute se o compromisso em fixar um juro básico mais baixo levaria a uma inflação mais baixa, sem citar diretamente Lara Resende.

Para isso, o FMI examina dados mensais de 2003 a 2016, contendo seis variáveis - a inflação mensal cheia, a Selic, o nível de ociosidade na economia, as expectativas para os índices de preços 12 meses à frente, as variações mensais das cotações de commodities e a taxa real de câmbio efetiva (ponderada pela inflação dos principais parceiros comerciais do país).

Essa análise empírica avalia o impacto de mudanças nos juros na inflação cheia, na de preços livres, na de preços administrados, na de serviços, na de bens comercializáveis internacionalmente (expostos à concorrência externa) e também na de bens não comercializáveis. De acordo com estudo, "correlações cruzadas mostram que inflação mais alta leva a juros mais elevados, e juros mais altos levam a inflação menor, o que é consistente com a visão convencional".

Pelas estimativas, também há a indicação de que um corte inesperado na Selic aumenta a inflação no curto prazo. O FMI afirma ainda que simulações apontam que uma inflação menor e juros mais baixos podem ser atingidos pela redução da meta inflacionária. No entanto, isso pode ser custoso no curto prazo quando o Banco Central (BC) tem credibilidade limitada, observa o estudo.

Na visão do Fundo, porém, esse custo pode ser mitigado pelo aperfeiçoamento da transparência e da reputação da política monetária. O FMI afirma que a transmissão dos movimentos dos juros pode se tornar mais eficaz pela redução de distorções e melhora da alocação de recursos no setor financeiro.

De acordo com o Fundo, há uma avaliação geral de que é possível aperfeiçoar a eficácia da política monetária brasileira pela mudança de várias políticas de crédito que envolvem crédito direcionado e subsídios. "Em especial, como já proposto pelas autoridades, a diferença entre os juros subsidiados de longo prazo (a TJLP) e a Selic poderia ser reduzida para aperfeiçoar a transmissão de política monetária", afirma o FMI, numa referência ao projeto que substitui a TJLP pela Taxa de Longo Prazo (TLP), que em cinco anos deverá convergir para a NTN-B (títulos do Tesouro corrigidos pela inflação).

 

Para entidade de funcionários, TLP prejudicará atuação do BNDES

A adoção da Taxa de Longo Prazo (TLP) como referência para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encontra resistência no empresariado, em parte da academia e tampouco é bem-vinda pelos funcionários do banco de fomento representados pela Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES). A criação da TLP está na Medida Provisória 777 que está em discussão no Congresso Nacional. A matéria tem de ser aprovada até o começo de setembro para não perder a validade.

Para o presidente da entidade, Thiago Mitidieri, tanto o momento, quanto as condições necessárias para que se abandone a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) são os piores possíveis. Ele disse que mesmo que a intenção seja boa, buscando uma normalização da taxa de juros brasileira para padrões internacionais, a economia ainda está em acentuada recessão e tem mais de 14 milhões de desempregados.

"O que se faz num momento de crise? Usa o que se tem, no caso o BNDES, como mola propulsora capaz de contribuir para essa recuperação", argumentou. Não considerou, porém, que esse foi o modelo usado pelo governo anterior que custou caro ao país. De 2008 a 2016 o Tesouro gastou R$ 160 bilhões só com a equalizacão de juros.

Com relação às condições, Mitidieri explicou que a adoção da TLP pressupõe que a Selic vai convergir para o padrão internacional. "Só que isso é uma aventura. Não tem salvaguarda, não tem garantia que isso vá acontecer", apontou, completando que seria melhor esperar a Selic cair e, aí sim, avaliar a condição de se mudar a taxa. "Não estou dizendo que sou a contra ou a favor da TLP. Estou colocando que não é o momento e não há condições para que funcione. "

O vice-presidente da AFBNDES, Arthur Koblitz, acrescentou mais um motivo pelo qual os funcionários são contrários à proposta. A TLP, formada pela NTN-B de cinco anos mais a inflação, não dá garantia de que o BNDES manterá a sua atuação como instrumento de desenvolvimento.

Uma das sugestões de Koblitz à equipe econômica é que, sendo ela a responsável por fixar a TJLP, definida trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), seria fazer um teste do novo modelo, sem a necessidade de constar em lei. "A regra da TJLP está na mão deles. Estipula a TJLP segundo essa regra e prova que todos nós estamos errados. Se der certo, acabou. Quem é que vai ter coragem de falar contra?", questiona.

Para a AFBNDES a proposta apresentada pelo governo carece de estudos e análises técnicas sobre as consequências do fim da TJLP para a economia real. Não se mensurou, também, o impacto sobre o Cartão BNDES, utilizado por micro e pequenas empresas. Outra razão listada é que, ao atrelar a taxa à NTN-B de cinco anos, se soma um componente de maior volatilidade nos financiamentos de longo prazo. Koblitz lembra que para viabilizar financiamentos em prazos mais dilatados é preciso uma taxa de juros baixa, estável e previsível. "E a TLP é tudo menos isso", afirma.

Uma crítica é que o crédito direcionado, insensível à Selic, exige que o BC suba mais os juros do que o recomendado para conter a inflação. Koblitz argumentou que, apesar do grande estoque de crédito do BNDES, o fluxo de novos empréstimos é de apenas 2,5% do total de crédito no país.

 

Começa a inflexão do setor imobiliário

Após cinco anos de crise, o mercado de incorporação residencial mostra sinais de inflexão, que aponta que o início de novo ciclo está próximo. A avaliação do setor é que o pior já passou, tanto no que diz respeito aos preços quanto ao excesso de oferta de imóveis. Os lançamentos do segundo semestre tendem a crescer, e não se espera quedas nominais de valores.

Empresário e executivos já dizem que incorporadoras têm conseguido preço por metro quadrado dos novos projetos em São Paulo - maior mercado imobiliário do país - superior ao de 2016 para unidades similares. É, justamente, pela capital paulista que começa a retomada do setor residencial. A percepção do consumidor de que será possível pagar valor menor por um imóvel, se esperar mais tempo, está mudando, e os bancos começam a reduzir as restrições ao crédito imobiliário. "O mercado imobiliário vive seu ponto de virada", afirma o presidente da Tecnisa, Meyer Nigri.

Segundo o empresário, o desempenho de vendas de lançamentos realizados pelo setor nos dois últimos meses está "muito bom". "O cliente que está fechando a compra de imóvel na planta aposta na melhora da economia e na recuperação do preço diluída ao longo de três anos", afirma o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emilio Fugazza.

Por enquanto, a companhia apresentou apenas um projeto, neste ano, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 49,5 milhões, mas há intenção de acelerar lançamentos nos próximos meses, todos com foco nas classes média-alta e alta. O Secovi-SP - Sindicato da Habitação -, projeta aumento de 5% a 10% nos lançamentos e vendas de unidades residenciais novas, na cidade de São Paulo, neste ano.

A comercialização cresceu 104,9%, em maio, na comparação anual, para 2.170 unidades. Segundo a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), os lançamentos tiveram alta de 97,3%, no mês, para 2.300 unidades. O presidente do Secovi-SP, Flávio Amary, pondera que a base de comparação estava muito depreciada, mas afirma que a inflexão já ocorreu, com a interrupção das quedas nas comparações anuais. "A direção é positiva", diz.

Amary ressalta que, apesar da melhora, o desempenho do setor, em 2017, será inferior à capacidade de produção das incorporadoras e à demanda habitacional. Não se espera nova onda de crescimento acelerado do setor, como ocorreu de 2007 a 2011. Lançamentos continuarão a ser feitos, de forma seletiva, por incorporadoras com capacidade financeira e que vislumbrem cenário de escassez de oferta nos próximos anos.

O aumento acirrado da demanda depende da redução do desemprego e de mais confiança do consumidor. A expansão será gradual também porque o setor precisa concluir ajustes do ciclo passado, e a não se chegou a um acordo para regulamentar rescisões de vendas.

"A virada já começou, mas os distratos ainda vão machucar os balanços das incorporadoras nos próximos 12 meses", afirma o copresidente da Even Construtora e Incorporadora Dany Muszkat. Não se trata, segundo Muszkat, "de inflexão em V, mas em U". A Even avalia que o aumento da demanda ocorrerá antes da expansão da oferta e estima lançar mais em 2017 do que no ano passado.

Um analista setorial ressalta que os ajustes do setor em decorrência da crise ocorreram mais na redução dos lançamentos do que dos valores das unidades. "A retomada ocorrerá, primeiramente, no volume e depois no preço", diz.

Para Nigri, da Tecnisa, os preços de imóveis não terão novas quedas e já é possível "recuperar um pouco a margem" em alguns produtos. A queda do custo de construção também contribui, segundo Nigri, para tornar viáveis as margens de lançamentos. O executivo da EZTec diz que preços de lançamentos para a média-alta renda têm acompanhado a inflação setorial em São Paulo.

A Rossi Residencial sente "leve melhora do mercado imobiliário", conforme o diretor financeiro e de relações com investidores, Fernando Miziara de Mattos Cunha, e espera vendas do segundo semestre 10% superiores às da primeira metade do ano. A companhia não vai elevar mais os descontos para acelerar a comercialização.

Sem lançar produtos há dois anos e meio, a Rossi tem vendido, principalmente, imóveis de R$ 250 mil a R$ 500 mil. Com foco no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a MRV Engenharia registrou, no segundo trimestre, recorde de lançamentos para o período, de R$ 1,33 bilhão, com alta de 18,6%. As vendas líquidas aumentaram 7%, para R$ 1,45 bilhão, maior patamar em três anos.

Segundo o copresidente da MRV Rafael Menin, a conversão das consultas em vendas "melhorou um pouco", no último trimestre. "O cliente tem chegado mais confiante ao plantão de vendas", diz.

Os distratos da MRV caíram 9,2%, no segundo trimestre, para R$ 282,6 milhões. A EZTec avalia que terá volume significativo de rescisões, até o fim do ano, quando conclui suas entregas do ciclo passado. "Mas estamos há três trimestres com o mesmo volume de distratos. Isso não ter piorado é relevante", diz Fugazza.

Para reduzir distratos, a EZTec oferece financiamento direto a clientes, modalidade que atende, atualmente, a metade das vendas de estoques. Embora a redução das entregas de empreendimentos, no mercado, esteja resultando em queda do número de rescisões, ainda há volume relevante de estoques a serem consumidos. "As vendas brutas não estão ruins. Com os distratos, porém, as vendas líquidas estão baixas", diz Nigri.

O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Rubens Menin, diz não ter dúvidas que as regras para distratos serão definidas, o mais rapidamente possível, e que, quando a questão estiver equacionada, o desafio para o setor será a necessidade de novas fontes de financiamento.

Ele espera regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG) neste ano e retomada do mercado de média renda no fim do ano. A queda da Selic já começa a se refletir em captação líquida da poupança e, consequentemente, em volume maior de recursos disponíveis para o setor, com melhora das condições de financiamento imobiliário e possibilidade de mais clientes serem enquadrados.

Parte dos recursos da alta renda migram de aplicações financeiras para imóveis, com a redução dos juros, ao mesmo tempo em que bancos cobram taxas menores para o crédito oferecido, principalmente, para a classe média-alta. "Com as taxas de juros em queda, os problemas políticos não interferem tanto na economia", diz o presidente da Tecnisa.

Independentemente de o presidente da República, Michel Temer, continuar no cargo, empresários e executivos dizem esperar continuidade da aprovação das reformas e manutenção dos rumos da política econômica. "A perspectiva de melhora é relevante, independentemente da situação política", diz Fugazza.

Recentemente, o Santander anunciou redução do custo de crédito imobiliário por dois meses. "O Santander apresentou a maior queda de juros, mas a tendência é de diminuição das taxas por todos os bancos. No crédito para as empresas, começa a haver elevação do percentual financiado", diz o copresidente da Even. Segundo o executivo da Rossi, tem havido disponibilidade de crédito para os clientes. "Em um cenário de queda de juros, os agentes financeiros preferem acelerar a concessão de crédito com as taxas atuais por saberem que, no futuro próximo, haverá correção para baixo", diz Miziara.

Desde meados de 2015, os bancos estavam mais restritos na concessão de crédito imobiliário, principalmente para a classe média. A aquisição de imóveis de alto padrão é menos dependente de financiamento, e o crédito para o Minha Casa, Minha Vida sofreu menos restrições. "O pior já passou, mas a volta do crédito não vai ser na mesma magnitude da freada. Em 2013 e 2014, houve uma abundância irracional que precisou ser ajustada em 2015 e no ano passado", diz o analista setorial.

A restrição que mais chamou a atenção, recentemente, foi o anúncio que linha pro-cotista, da Caixa Econômica Federal, com juros reduzidos e direcionada a trabalhadores titulares de contas vinculadas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), só será retomada no próximo ano.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Consumidor tenta ir às compras, mas esbarra em crédito negado

Brasileiros começam a esboçar alguma disposição a voltar a comprar, mas ouvem "não" de lojas e instituições financeiras quando pedem para parcelar os gastos.

Levantamento do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) mostra que aumentou o número de pessoas que buscam crédito, mas não conseguem o empréstimo.

Dos consumidores que tentaram comprar a prazo em maio, 64% tiveram o pedido rejeitado. Em janeiro, primeiro mês do levantamento, 42% ouviram respostas negativas.

Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, as rejeições refletem uma alta na busca por crédito.

"A pessoa até resolveu que pode trocar a geladeira agora, mas teve o crédito negado", afirma Kawauti.

Essa situação afeta a recuperação da economia, já que um dos motores da retomada é o consumo, represado pela dificuldade de acesso a financiamento da população.

As vendas do comércio em maio, mês tradicionalmente bom para o varejo devido ao Dia das Mães, tiveram queda inesperada de 0,1% sobre abril, segundo o IBGE. O setor de tecidos, vestuário e calçados foram as que mais sofreram, com queda de 7,8%.

Os juros, por sua vez, subiram. O custo médio do crédito pessoal cresceu 3,4 pontos percentuais entre abril e maio, segundo o Banco Central, para 132,6% ao ano. Até a linha para quem busca renegociar dívidas aumentou, dificultando a saída de cadastros de inadimplentes.

NOME SUJO

Nome sujo na praça e dificuldade para comprovar renda são os principais entraves no acesso ao crédito, segundo a sondagem do SPC, que ouviu 800 pessoas no país.

Desde o início da crise econômica, que deixou 14 milhões de desempregados e 60 milhões de consumidores nos cadastros de devedores, instituições financeiras e varejistas se tornaram mais criteriosas, com medo de calotes.

"O crédito só vai destravar quando o risco diminuir. [Bancos e varejo] só vão relaxar quando o consumidor tiver mais dinheiro no bolso", acrescenta Kawauti.

A Serasa aponta que cada pessoa com nome negativado tem, em média, quatro dívidas registradas em birôs de crédito, sobretudo de contas de consumo, como água e luz.

O mercado contrata esses birôs -empresas que armazenam informações dos consumidores- para saber se um cliente tem boas chances de honrar os pagamentos.

Vander Nagata, vice-presidente de informações ao consumidor da Serasa, diz que nome sujo não significa o fim do acesso a crédito.

"Há varejistas com clientes negativados, mas com histórico bom de pagamento. Porém, para quem já está inadimplente, é colocada uma sobretaxa [de juros]", afirma.

SEM CREDORES

Quem está com o nome sujo precisa negociar com seus credores. Para saber para quem está devendo e qual é o valor total, é possível consultar os dados no site dos birôs de crédito e de cartórios de protestos (veja quadro abaixo).

Após renegociar as dívidas e pagar a primeira prestação, a empresa tem até cinco dias úteis para tirar o nome do consumidor da lista suja.

Neste ano, os birôs começaram a informar ao consumidor o seu score de crédito-uma nota que informa o risco de ele não pagar a dívida, antes divulgada apenas aos comerciantes.

O objetivo, dizem, é conscientizar o consumidor do estrago que uma dívida registrada no CPF pode causar na sua vida financeira.

A recusa do crédito hoje é atribuída a um score ruim.

A nota vai de 0 a 1.000, dependendo do histórico de dívidas, idade, renda e contratação de outros produtos, como seguros. Na Serasa, o score médio do brasileiro é de 485 pontos, dentro da faixa de risco médio.

Credores também podem protestar a dívida em cartório, instrumento para futura cobrança judicial de dívida.

Nesse caso, quem paga as despesas é o consumidor, quando pede uma certidão de débitos e para ter o nome excluído do protesto.

A consulta ao cadastro é gratuita.

 

Taxa de juro do BNDES pode travar investimentos, diz pesquisador

O debate sobre o BNDES é superficial, e a mudança nos juros do banco pode comprometer a capacidade de financiar investimentos de longo prazo quando a economia se recuperar, afirma José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV e funcionário aposentado do banco.

Com a nova TLP, os novos tomadores pagarão mais pelos excessos dos que usaram a taxa muito baixa.

Isso já ocorreu no PSI (programa de sustentação do investimento), que chegou a ter juros reais negativos. Caminhões e ônibus chegaram a responder por quase a metade dos desembolsos, em detrimento de máquinas, equipamentos e itens de inovação tecnológica.

"Se a TLP é mais alta que a TJLP, na prática isso é jogar a conta dos erros do passado no futuro investidor, que vai investir em infraestrutura."

Outra fonte de críticas é a provável devolução antecipada de recursos para o Tesouro. O governo injetou mais de R$ 400 bilhões no banco até 2014 e já retomou R$ 130 bilhões. Com recursos excedentes em caixa, que segundo estimativas podem chegar a R$ 200 bilhões ao fim deste ano, há perspectiva de o Tesouro pedir mais dinheiro de volta.

Para Afonso, isso pode descapitalizar o banco, especialmente se for exigido que ele pague por algo que ainda não recebeu de volta -os empréstimos voltam aos poucos.

Outro ponto importante, diz ele, é que o BNDES concentra todas as críticas, mas ele não opera sozinho.

No auge do PSI, ressalta, os agentes financeiros que atuam com recursos do banco emprestaram mais que o BNDES diretamente.

Depois disso, o BNDES pisou no freio, mas os intermediários são menos lentos.

Para Afonso, a função tradicional do banco, o desenvolvimento, ficou em segundo plano porque as operações diretas ficaram para trás.

Ele é a favor da TLP, desde que com ajustes; funcionaria só para empréstimos que usam recursos do Tesouro. Já os que vêm do FAT seguiriam sob a TJLP. A separação serviria para limpar o banco da interferência do Tesouro e focá-lo em suas fontes tradicionais de recursos.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Cartões ‘premium’ cortam anuidade para segurar cliente

As opções sem anuidade de cartões de crédito começaram a mostrar a que vieram e causaram um movimento de corte nas tarifas no segmento de clientes com renda mais alta. Por outro lado, a taxa média subiu para Mastercard e Visa, bandeiras mais usadas.

Segundo dados do Banco Central, o valor médio das taxas de anuidade cobradas em cartões com bandeira American Express caiu quase 26% no último trimestre de 2016 na comparação com o mesmo período de 2015, passando de R$ 82,07 para R$ 60,76. No caso da bandeira Diners Club, a tarifa média recuou 7%, indo de R$ 166,68 para R$ 154,17 no mesmo período.

Os dados refletem uma estratégia para segurar o cliente de alta renda, explica o economista Maurício Godoy, professor da escola de negócios Saint Paul. “Com os bancos dando menos crédito, esses clientes passaram a ser mais disputados.”

No caso dos cartões de bandeira Elo, o corte de quase 35% na taxa média de anuidade pode ser explicado por outra estratégia para conquistar consumidores. Os valores, segundo o BC, passaram de R$ 71,50 em 2015 para R$ 46,61 em 2016. “Eles concorrem com empresas gigantes e diminuíram a tarifa para conseguir entrar nesse mercado”, explica Godoy.

Nas líderes do mercado, no entanto, o movimento foi o inverso. Na Mastercard, bandeira de 47% dos cartões de crédito ativos no Brasil, a tarifa passou de R$ 134,69 em 2015 para R$ 142,82 em 2016 - um aumento de 6%. Na Visa, marca estampada em 42% dos cartões de crédito no País, a anuidade média cresceu 2,45%, passando de R$ 113,31 em 2015 para R$ 116,09 em 2016.

A explicação, segundo Godoy, é a maior oferta de serviços e benefícios para o consumidor, como o acúmulo de pontos para a troca por passagens aéreas e descontos em atividades culturais, por exemplo. “O preço da anuidade varia muito de acordo com o tipo de serviço prestado por quem emitiu o cartão. Quanto mais benefícios oferecidos, mais cara essa taxa tende a ser”, explica.

Além disso, como o negócio de cartões sem anuidade é menos lucrativo, os emissores tendem a subir tarifas para os pagantes para fazer a conta fechar. “A anuidade é uma das principais fontes de receita dessas empresas e, assim como os juros, acaba sendo utilizada para calibrar a política comercial dos emissores”, diz Marcelo Prata, fundador da plataforma Canal do Crédito.

A taxa, explica Prata, é uma forma de ampliar ou reduzir o crescimento de determinado perfil de cliente sem negar o serviço. Assim, com o aumento do desemprego e da inadimplência, quem tem renda menor viu o aumento dessa tarifa, ou a restrição do limite de crédito ou até mesmo teve um pedido de emissão rejeitado.

O que aconteceu com os cartões de bandeira Hipercard é um exemplo dessa calibragem. Entre 2015 e 2016, a tarifa média da anuidade cresceu 13,6%, indo de R$ 121,69 para R$ 138,25. O Itaú, que deixou de comercializar cartões Hiper este ano, diz que levou em consideração a inflação do período, a dinâmica do mercado e a característica do produto para reajustar a taxa.

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