VALOR ECONÔMICO
BC: Economia brasileira cresce 0,5% em junho e 0,25% no 2º trimestre
Apesar da trajetória errática, a economia brasileira marcou mais um trimestre de recuperação. Com uma alta ajustada sazonalmente de 0,5% no mês de junho, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) fechou o segundo trimestre com avanço de 0,25% em comparação com os três primeiros meses do ano, quando já tinha crescido 1,22%. Os dados de maio foram revisados de queda de 0,51% para baixa de 0,37%, na série com ajuste sazonal. Na comparação com o segundo trimestre de 2016, o indicador aponta queda de 0,22%, na série sem ajuste.
No ano, a variação é negativa em 0,11% (alta de 0,06% com ajuste). Nos 12 meses encerrados em junho, a retração ainda é de 2,03% na série sem ajuste (baixa de 1,82% no dado ajustado). Devido às revisões constantes do indicador, o IBC-Br medido em 12 meses é mais estável do que a medição mensal, assim como o próprio Produto Interno Bruto (PIB). Em comparação com junho de 2016, o índice tem baixa de 0,56% na série sem ajuste (alta de 0,66% com ajuste).
Os dados se mostram condizentes com a avaliação do próprio BC de que a economia já se estabilizou depois de dois anos de contração e inicia um processo de retomada gradual. O resultado do mês, no entanto, ficou abaixo da média das previsões feitas pelas 21 instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que sugeria alta de 0,76%. As previsões variavam entre alta de 0,2% a 1,4%.
Para o trimestre, a estimativa das 17 instituições consultadas era de avanço de 0,25%, exatamente o número observado. O comportamento do indicador no mês de junho foi influenciado pela estabilidade da produção industrial, aumento de 1,2% do varejo e alta de 1,3% do volume de serviços.
Para 2017, o mercado trabalha com um crescimento de 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB), o BC estima crescimento de 0,5%, mesmo percentual do Ministério da Fazenda. Na média móvel trimestral, indicador utilizado para captar tendência, o IBCBr, sem ajuste, cai 1,72%, após três meses de variação positiva. Com ajuste, há alta de 0,10% em junho, após queda de 0,22% e maio. Embora seja anunciado como “PIB do BC”, o IBC-Br tem metodologia de cálculo distinta das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O indicador do BC leva em conta a trajetória das variáveis consideradas como bons indicadores para o desempenho dos setores da economia (agropecuária, indústria e serviços). A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para os três setores acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB calculado pelo IBGE, por sua vez, é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante certo período.
Consumo cresce e eleva projeções para o PIB
Com o investimento ainda em retração, a demanda das famílias deve puxar o leve crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre e também em 2017, após dois anos de recessão, segundo economistas. A melhora das condições financeiras das famílias por causa da queda da inflação e dos juros, do saque do FGTS, e o pequeno aumento da população ocupada, ainda que no mercado informal, ajudam a atividade. Depois de oscilar entre abril e maio, os indicadores de junho - comércio e serviços, em especial - surpreenderam e levaram várias instituições a elevar suas estimativas para o PIB do segundo trimestre.
As revisões não são drásticas, mas marcam uma reversão das expectativas, que eram de piora por duas razões: o fim do efeito safra que puxou o aumento de 1% no PIB do primeiro trimestre e a forte turbulência política causada pelas delações da JBS. Divulgado ontem, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBCBr), considerado uma prévia do PIB, subiu 0,25% no segundo trimestre sobre o primeiro, feito o ajuste sazonal. Em junho sobre maio, aumentou 0,5%.
Mesmo diante do dado positivo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, preferiu, no entanto, manter a cautela e disse ontem que o PIB do 2º trimestre pode ainda ficar "próximo de zero ou quem sabe até um pouco negativo". Mas isso não significa que a retomada não esteja em curso. O processo de desinflação é o mais importante no jogo de forças da economia no momento, afirma Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, do IbreFGV. "Isso forma um quadro mais favorável para o consumo e para a economia nos próximos trimestres".
Silvia ressalta que a retomada da demanda das famílias virá em nível mais baixo do que em anos anteriores. "Não há capacidade para crescer muito. Não vai haver excesso de crédito, excesso de consumo." Segundo ela, os brasileiros estão quitando débitos, mas continuam endividados. O Ibre-FGV prevê alta de 0,5% no consumo das famílias no segundo trimestre, número que pode ser revisto para cima, assim como a estimativa do PIB do período, atualmente em queda de 0,3% ante o primeiro trimestre, feito o ajuste sazonal.
Esta última deve melhorar, mas continuar negativa. Há outros elementos que jogam contra. O investimento ainda deve vir ruim. A construção civil continua com números muito negativos e o segmento de máquinas e equipamentos diminuiu a queda, mas enfrenta cenário difícil, limitado pela grande ociosidade das fábricas.
Ao mesmo tempo, incertezas, como as que envolvem a eleição presidencial não incentivam o aporte das empresas. "O cenário político limita a velocidade de crescimento", diz Silvia. A projeção é que o investimento tenha queda de 3% em 2017. A previsão do consumo das famílias para o é de alta de 0,1% e a do PIB, de 0,2%.
As surpresas positivas de junho no varejo, serviços e mercado de trabalho também levaram o Itaú a melhorar a previsão para o PIB do segundo trimestre, de queda de 0,2% para estabilidade ante o primeiro trimestre. Os dados de trabalho em especial foram bons. Não se esperava queda da taxa de desemprego antes do fim deste ano ou início do próximo.
Esse recuo foi comandado pelo emprego informal, mas o banco ressalta que isso também contribui para o aumento da massa salarial. A grande mensagem dos indicadores de junho, diz Patricia Pereira, economista da Mongeral, foi a de que a crise política não arrefeceu a atividade. Os índices de confiança caíram no mês, o que levou o mercado a esperar um pé no freio dos agentes econômicos. Não foi o que aconteceu. "Estávamos pessimistas. Mas talvez tenhamos de fato chegado ao piso", diz.
A Pnad Contínua do segundo trimestre e os dados do Caged de maio e junho indicam melhora consistente do mercado de trabalho, na opinião de Patricia. "Ambos surpreenderam porque o mercado de trabalho geralmente é último a piorar, mas também o último a melhorar". Aumentou o número de pessoas procurando emprego e ainda assim há mais pessoas ocupadas. "Esta é uma melhora genuína do mercado de trabalho."
A Mongeral espera estabilidade no PIB do segundo trimestre ante o primeiro, de uma expectativa anterior de queda de 0,2%. Para o ano, a previsão continua em alta de 0,3%. "Estamos longe de devolver a queda dos últimos anos e devemos terminar o ano ainda no nível de 2014, mas é um começo", di Patricia. O aumento da massa de salários foi um dos fatores citados pelo IBGE e economistas para o melhor desempenho do varejo, que em junho teve alta quase generalizada em dez segmentos, na comparação com maio e também ante o mesmo período do ano passado.
Marco Caruso, do Banco Pine, vê melhora no consumo das famílias, mas relativiza o peso da liberação das contas inativas do FGTS. "Muita gente está usando o fundo para explicar o consumo, mas corre-se o risco de menosprezar outros fatores relevantes", diz. Entre eles está a melhora das confiança e das finanças das famílias, influenciadas pela queda dos juros e da inflação. Há mais espaço no orçamento. "Há uma descompressão de custos que se traduz em condições financeiras mais favoráveis para famílias e empresas", afirma Caruso, para quem a demanda ajudou o PIB no segundo trimestre.
A massa real de salários está maior, o crédito à pessoa física, mais barato, enumera. "Haverá uma contribuição importante na margem." Ao longo do segundo semestre, o consumo deve beneficiar a atividade na medida em que o desemprego se estabilize e a queda dos juros se torne mais perceptível para os tomadores de crédito. Neste sentido, diz Caruso, o PIB para o ano também deve ter um desempenho melhor que o esperado. "Mas não vai ser nada extraordinário. Tudo o mais constante, o PIB pode crescer acima de 0,5%, em vez de algo no intervalo de zero a 0,5%, que parecia mais justo até algum tempo atrás."
O Pine elevou a previsão para o segundo trimestre de alta de 0,1% para avanço de 0,3%. O banco Haitong deve revisar para cima a estimativa para o PIB do segundo trimestre, atualmente entre estabilidade e queda de 0,2%. Para o ano, a previsão é de estabilidade, por enquanto. A boa surpresa do varejo restrito e ampliado (inclui veículos e materiais de construção) pode ser creditada ao aumento da massa de renda e aos saques do FGTS, considera Flavio Serrano, economista da instituição. Mas ele vê o bom momento do consumo como algo pontual. "Pode ser que tenha crescido em junho, mas não deve liderar a retomada num período mais longo por causa da alta taxa de desemprego. Há muita ociosidade no mercado de trabalho", diz.
A baixa dos juros e da inflação ajuda, mas a economia seguirá em seu processo muito gradual de recuperação. Se como for, foram reduzidas as chances de haver uma leitura negativa no segundo trimestre, diz. Outra instituição a revisar o PIB foi a Quantitas. Projeta agora expansão de 0,1% no segundo trimestre ante o primeiro, de queda de 0,2% estimada antes. A projeção para o terceiro trimestre continuou em alta de 0,3%, mas a do quarto subiu de 0,3% para 0,5%. Agora, a Quantitas trabalha com expansão de 0,6% e 2,1% para 2017 e 2018, respectivamente, ante 0,3% e 1,9% anteriormente.
"Continuamos com viés para cima para 2018", afirma em relatório. Para Silvia, do Ibre-FGV, o consumo doméstico pode beneficiar a produção industrial mais à frente e o setor externo deve continuar positivo, apesar do câmbio mais valorizado. O ambiente favorável aos emergentes lá fora também atua a favor. "O investidor externo acredita que vale a pena correr o risco, pelo menos por enquanto", diz. Entre os riscos à retomada da atividade, Silvia cita a situação dos Estados, o corte dos investimentos pelo governo e o complicado cenário fiscal.
Restrição de crédito é trava para retomada
Um empresário do setor de serviços com bom histórico de pagamentos e que foi pouco afetado pela crise vem, há 18 meses, só liquidando seus empréstimos nos bancos. Não consegue renovar nenhum deles. O setor de serviços é visto pelos bancos como muito suscetível ao desemprego e à crise econômica.
O caso do empresário ilustra uma situação que não tem ganhado muita visibilidade em tempos de aumento do rombo fiscal. Mas é essencial entender o que está acontecendo com o crédito à pessoa jurídica no Brasil - e o impacto disso na retomada do investimento e do crescimento econômico.
Há hoje um conjunto de fatores que restringem a concessão de crédito, especialmente para as pequenas e médias empresas: concentração bancária, poucos bancos médios ainda atuando no crédito à pessoa jurídica, necessidade dos bancos de renegociar empréstimos de grandes empresas fragilizadas, recorde de pedidos de recuperação judicial (fala-se em 4 mil empresas nessa situação) e um BNDES que só encolheu seus desembolsos nos últimos anos.
Aqui, vale a ressalva. É fato que a demanda por crédito caiu muito. Mas já começa a voltar, na esteira da ainda tímida recuperação da economia. "Muitas empresas voltaram a recorrer a factorings ou estão cedendo seus recebíveis para FIDCs para fazer giro", diz o executivo de um banco, referindo-se aos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios.
Segundo ele, a factoring tem custo mais alto - inclusive por conta do risco de receber duplicatas frias -, mas muitas vezes é a única saída para o empresário. Detalhe importante: factorings não são reguladas ou supervisionadas pelo Banco Central. Até meados de 2008, vários bancos médios supriam parte da oferta de crédito para médias empresas e também para algumas grandes.
Com a crise hipotecária iniciada nos EUA, que se alastrou mundo afora, houve forte restrição de liquidez a esse grupo de instituições. Várias deixaram de existir e outras se concentraram em outros nichos, como crédito consignado (com desconto em folha) ou de veículos. Hoje, poucos se dedicam ao crédito PJ de pequenas e médias empresas, como Safra, ABC e Daycoval. Some-se a isso a redução do número de grandes bancos no país. Em entrevista recente ao Valor, o presidente do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, explicou que todo banco tem um limite de crédito por empresa. "Grande parte das empresas que batem na porta já tem crédito conosco e não podemos expandir mais o volume com esse determinado cliente (...). A gente acaba tendo certa limitação, não por nossa vontade."
Número menor de bancos, portanto, significa oferta menor de crédito. As pequenas e médias empresas têm sido as mais afetadas. Os gráficos abaixo mostram que o Bradesco vem ampliando a fatia de sua carteira de crédito às grandes empresas nos últimos anos. O Itaú, que já tinha maior concentração nas grandes, tem mantido essa fatia na casa dos 67% - percentual ligeiramente inferior ao desembolsado pelo BNDES até o ano passado (o banco não tem a segmentação da carteira por tamanho de empresa, apenas os desembolsos).
A equipe econômica está atenta ao problema do crédito à pessoa jurídica, mas falta a concretização de iniciativas. Para as grandes empresas, uma alternativa pode ser o mercado de capitais, especialmente com a queda do juro. Mas nosso mercado acionário ainda é pequeno e "viciado" nas mesmas companhias e o mercado secundário de títulos privados tem baixíssima liquidez e transparência e falta padronização.
No caso das pequenas e médias, algumas iniciativas ajudariam na ampliação da oferta: criação das duplicatas eletrônicas e registradas e a possibilidade de recebíveis de cartões de crédito serem registrados na Câmara de Compensação (CIP). Outra sugestão seria permitir que instituições estrangeiras concedessem crédito no país, sem captação local. A Fazenda acredita que a mudança na lei de recuperação judicial pode destravar a concessão de novos créditos. Vai ajudar muito. Mas ainda está longe de ser a solução. O BC tem que encarar a questão da concentração e de medidas microeconômicas.
Equipe econômica sai em defesa da aprovação da TLP
A equipe econômica do governo decidiu sair em defesa da TLP, a taxa de juros de longo prazo que vai substituir a TJLP nos empréstimos do BNDES no ano que vem. Em eventos diferentes, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o secretário de Política Econômica, Mansueto de Almeida, defenderam a mudança da taxa que reduz os subsídios nos empréstimos do banco.
Até o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que já esteve do outro lado ao criticar a metodologia de cálculo da TLP, em junho, voltou a se manifestar favoravelmente à nova taxa. Em São Paulo, Meirelles disse que a proposta de criação da taxa que se encontra em tramitação na Câmara é "um dos projetos mais importantes" enviados pelo governo ao Congresso. "Não é justo que haja grandes empresas com taxas de juros mais baixas, e a população, as pequenas empresas, as médias e as que não têm acesso ao BNDES paguem taxas mais altas", disse Meirelles.
Segundo ele, a aprovação da TLP representará juros menores para a maior parte da população. "A ideia é ter um banco de desenvolvimento forte, mas compatível com as taxas de juros do país." Também em São Paulo, Mansueto afirmou que a nova taxa "vai ser boa para todo mundo". "A transição para a TLP vai levar cinco anos, mas se estivesse em vigor hoje, estaria em 8%. Melhor ter um taxa de juros que seja baixa, que seja boa para todo mundo, do que ter uma taxa artificial decidida por três pessoas dentro do Conselho Monetário Nacional", disse, referindo-se à TJLP.
Mansueto disse ainda que a estratégia do governo, por enquanto, é aprovar a medida provisória da TLP até 6 de setembro. Questionado se o governo já trabalha em um projeto de lei como "plano B", Mansueto reafirmou que o governo espera a aprovação antes do prazo de prescrição da MP. "Se votar na terça-feira que vem [na comissão], em seguida votar no plenário da Câmara e imediatamente for para o Senado, é possível, sim, aprovar a MP antes de 6 de setembro", afirmou. "Vamos trabalhar primeiro com esse cronograma, não adianta por enquanto ficar falando em hipóteses."
A MP prevê que a taxa vai convergir em cinco anos para a NTN-B (papéis do Tesouro corrigidos pelo IPCA) de mesmo prazo, eliminando gradualmente os subsídios nos empréstimos do BNDES. A substituição da TJLP pela TLP nos empréstimos do BNDES é fundamental para que o Brasil tenha juros estruturais mais baixos, disse o Bank of America Merrill Lynch em relatório. A instituição afirma que a adoção da TLP é um das mudanças importantes de caráter estrutural perseguidas pelo governo, junto com a reforma da Previdência. "A medida é importante tanto para reduzir subsídios na economia como para melhorar a eficácia da política monetária e permitir níveis mais baixos para os juros estruturais", afirma o texto. O relatório diz que, no lado fiscal, um os juros estruturais", afirma o texto.
O relatório diz que, no lado fiscal, um dos principais impactos será a redução dos subsídios implícitos, aqueles que não aparecem no Orçamento. Em Brasília, Rabello de Castro voltou a negar ter feito críticas à proposta de criação da TLP. O presidente do BNDES afirmou que a aprovação da MP que institui a TLP está até "tardando". Na segunda-feira, ele havia dito que seria bom se a MP fosse aprovada no prazo, mas que não seria o "fim do mundo" se fosse necessário trabalhar um pouco mais na sua definição.
Mansueto negou que o ajuste fiscal tenha sido adiado para o próximo governo depois da alteração da meta fiscal para 2017 e 2018, feita esta semana, de déficit de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões. Segundo ele, há expectativa de queda na despesa primária com relação ao Produto Interno Bruto até 2018. "O ajuste não foi adiado. Se você olhar o dado da despesa primária, deste ano e do próximo, vai ver que a despesa sobre PIB vai cair", comentou, rebatendo reportagem publicada ontem pelo Valor.
Segundo Mansueto, a queda "grande e rápida" da inflação tirou R$ 23 bilhões de receita este ano e afeta a base para o ano seguinte. Mansueto afirmou também que o prazo para aprovação da reforma da Previdência vai depender do tempo necessário para se chegar a um consenso político. "A reforma já foi aprovada na Comissão Especial, já esta pronta para ser levada ao plenário da Câmara, resta saber quanto tempo será necessário para fazer o acordo politico", disse.
Segundo o secretário, os líderes políticos estarão conversando com todos os partidos nas próximas duas semanas para ver exatamente, a partir do relatório aprovado na comissão, o que é consensual e o que não é. Mansueto foi questionado sobre o que seria imprescindível aprovar na reforma. "Idade mínima e regra de transição, não dá para abrir mão", afirmou. "O ideal seria ter consenso para votar o relatório do deputado Arthur Maia [PPS-BA], que já foi bastante negociado."
Para especialista, taxa não deve ficar restrita a créditos do BNDES
O economista José Roberto Afonso, especialista em finanças públicas, pesquisador do Ibre-FGV e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), elaborou uma proposta alternativa ao substitutivo da Medida Provisória 777, que propõe a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP). A diretriz da proposta alternativa é que "sempre que a União se endividar com vistas a conceder crédito, ela deve cobrar do seu mutuário uma taxa de juros referenciada ao custo de sua captação".
Dado esse princípio, o economista apresenta duas propostas: 1) maximizar a abrangência da cobrança da TLP. Afonso defende que a nova taxa seja exigida quando um crédito é concedido pela administração direta ou por qualquer órgão, fundo, empresa ou instituição financeira controlada pela administração direta. Ou seja, ele não quer a TLP restrita ao BNDES; 2) aplicar a TLP a toda e qualquer operação de concessão de crédito, cujos recursos sejam, ou vierem a ser, oriundos da emissão de títulos pelo Tesouro Nacional. Isso vale no caso de eventuais novas operações à custa de endividamento e também no caso de reempréstimos de recursos que retornaram de concessões de crédito realizadas anteriormente.
Afonso reforça na sua proposta que a "origem" dos recursos que serão emprestados pelo setor público é o elemento que determinará a cobrança pela TLP. A proposta alternativa ao substitutivo da MP 777 diz ainda que a nova TLP deve ser criada por decreto elaborado a partir de iniciativas do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Afonso defende que a cobrança da TLP "possa ser dispensada por decreto do presidente da República no caso de programas de concessão de empréstimos e financiamentos da União contemplados na lei orçamentária anual e financiados por recursos decorrentes de emissão de títulos da dívida mobiliária federal, desde que justificada a adoção de taxa com remuneração inferior e que a correspondente despesa com equalização esteja incluída nos orçamentos anuais".
Afonso propõe também a criação de uma subsidiária no BNDES, onde seriam concentradas "todas as transações e operações realizadas a conta e a mando do governo federal". A criação da subsidiária, que poderia ser a Agência do Tesouro Nacional, tornaria "o mais transparente e claro possível quando o BNDES empresta ou reempresta com recursos oriundos do endividamento público federal e, como tal, deverá aplicar a TLP".
FOLHA DE SÃO PAULO
Para Meirelles, indicadores mostram que Brasil voltou a crescer
Os últimos números dos setores de serviços e varejo, conjugados com os do Banco Central sobre a atividade econômica, indicam que "o Brasil já voltou a crescer", afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta quinta (17).
Mais cedo, o BC divulgou que, no segundo trimestre do ano, a economia avançou 0,25% sobre os três primeiros meses do ano.
O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), indicador que tenta antecipar o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), subiu 0,5% em junho na comparação com maio nos dados dessazonalizados (retirados os efeitos típicos de cada mês).
"Evidentemente, como toda economia que estava caindo e voltou a crescer, os dados não são homogêneos", completou Meirelles, citando que o índice sobre o segundo trimestre que será divulgado pelo IBGE pode vir "perto de zero ou um pouco negativo."
Segundo o Ministro, o PIB oficial do período deve ser menor porque virá pressionado pela forte alta registrada no primeiro trimestre, de 1%, além de diferenças metodológicas entre o Banco Central e o IBGE.
O ministro afirmou ainda que a expectativa é entrar em 2018 com um crescimento num ritmo "já próximo de 3%."
Todas as projeções, ressaltou Meirelles, dependem da aprovação, no Congresso, das reformas, como a da Previdência, e das medidas apresentadas pelo governo para cumprir as novas metas fiscais.
"Elas são muito importantes para que o Brasil continue a crescer, e isso será o que vai mais importar para os parlamentares em 2018", afirmou em recado direto ao Congresso.
Questionado sobre a pressão da "bancada do Refis" —grupo de parlamentares que busca alívios no refinanciamento da dívida—, Meirelles disse que acredita na aprovação do programa.
"O secretário da Receita ficou de me mandar o texto até o final do dia de hoje e eu espero amanhã já poder estar mandando para as lideranças no Congresso."
NOVA META
Após uma semana de embates com a ala política do governo, a equipe econômica anunciou na terça um aumento no rombo das contas federaisneste e nos próximos três anos. O governo também avisou que a virada esperada para 2020, quando prometia que os números voltariam ao azul, foi adiada para 2021.
Com a revisão das metas fiscais, que previam deficit de R$ 139 bilhões neste ano e R$ 129 bilhões no próximo, o governo agora prevê um rombo de R$ 159 bilhões nos dois anos. Para 2019, a previsão de deficit passou de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões.
O governo esperava superavit de R$ 10 bilhões em 2020 e agora prevê deficit de R$ 65 bilhões. O último ano em que o governo federal arrecadou mais do que gastou foi 2013.
O ESTADO DE SÃO PAULO
‘Recuperação se disseminou entre os setores’
Os dados mais recentes sobre a economia brasileira parecem indicar que a recuperação está mais disseminada entre os setores, e não apenas concentrada no agronegócio. Essa é a avaliação do economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, da consultoria Schwartsman e Associados.
Ele chama a atenção para o fato de o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), que fechou o segundo trimestre com expansão de 0,25%, ter avançado pelo segundo trimestre consecutivo. Para Schwartsman, o processo de recuperação deve continuar no segundo semestre e permitir crescimento “razoável” para o País em 2018, de 2,5%. Confira os principais trechos da entrevista.
Qual é a percepção em relação à recuperação da economia?
Os dados têm mostrado tendência de recuperação. Não é uma recuperação extraordinária, é bastante modesta, mas está em linha com o esperado. Do ponto de vista do IBC-Br, estamos falando de dois trimestres consecutivos de expansão, algo que não víamos desde o fim de 2013. O IBC-Br em si não diz muita coisa, porque é apenas um número agregado, mas quando olhamos para o conjunto das evidências – varejo, produção industrial, serviços – a recuperação parece mais disseminada. O desempenho no primeiro trimestre esteve muito ligado à agricultura, mas no segundo trimestre o crescimento parece ser mais difundido por outros setores. Em particular, o consumo, que seria capturado pelas vendas no varejo, sugere que alguma reação está vindo por aí.
Esse processo de recuperação continua no segundo semestre?
Acredito que sim. Todas as condições que levaram a isso estão presentes e se intensificam. Em particular, o efeito mais vigoroso da queda da taxa de juros (Selic) acontece agora. E já temos sinais de recuperação da renda do trabalho. Tudo isso aponta para um consumo um pouco mais forte na segunda metade do ano. Em 2017, o crescimento como um todo não vai ser grande coisa, mas 2018 pode apresentar um número mais razoável, de 2,5%. As coisas parecem estar, aos poucos, indo para o lugar, apesar dos muitos desafios.
A dificuldade do governo para colocar a área fiscal em ordem pode prejudicar o crescimento?
Sim, mas não no horizonte próximo. É uma vulnerabilidade óbvia do País que ninguém está prestando muita atenção – fora os economistas. Mas o fato é que isso é possível porque estamos em um mundo de juros muito baixos e de investidores globais dispostos a correr riscos. Quando a maré está alta, você pode nadar pelado. O problema é quando a maré baixar.
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