Terça-feira

TRIBUNA DO NORTE

Obras na BR-101 seguem até setembro de 2018

A superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) pretende concluir, até setembro de 2018, as obras viárias que irão tornar o trecho de 14 km da BR-101 em via expressa. Ao todo serão construídos cinco viadutos e duas passagens inferiores, vias marginais (nos dois sentidos), cinco passarelas para travessia de pedestres e 52 abrigos em paradas de ônibus entre o viaduto de Ponta Negra e o IFRN-Parnamirim.

Os recursos aplicados são do Governo Federal, e o investimento chega a R$ 157 milhões – além de outros R$ 20 milhões destinados para desapropriações. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes já concluiu os viadutos de Neópolis e Emaús.

Atualmente, o DNIT-RN trabalha em três frentes: na terraplenagem da área onde será erguido o viaduto sobre a rodovia, na altura de Nova Parnamirim; no viaduto em frente à Câmara Municipal de Parnamirim; e no acesso à Pium (IFRN-Parnamirim).

“O viaduto na altura da Câmara de Parnamirim está com 43% das obras concluídas, e no momento estamos lançando as vigas por sobre o elevado; já no acesso de Pium estamos fazemos a terraplenagem para asfaltamento da via principal. Até 15 de outubro devemos liberar o equipamento para tráfego”, informou Antônio Willy Vale Saldanha Filho, superintendente do DNIT-RN. Em Nova Parnamirim, próximo à Toyolex, os tubos de drenagem já foram colocados e a obra está em fase de terraplenagem. Segundo estudos do órgão, a velocidade média no trecho destacado (quando as obras forem concluídas) passará dos atuais 60 km/h para 80 km/h. A capacidade de tráfego irá aumentar de 12 mil para 20 mil veículo por faixa.

Enquanto as intervenções na BR-101 não forem finalizadas na altura de Nova Parnamirim, o acesso ao conjunto Cidade Satélite será feito pela Av. dos Caiapós. E para acessar a Av. Maria Lacerda e/ou fazer o retorno para Natal, os motoristas precisam seguir até o novo viaduto de Emaús.

“Obra de arte”

O DNIT-RN ainda possui outros projetos em andamento no Estado, que juntos somam R$ 400 milhões. “São recursos para manutenção rodoviária, construção de novos equipamento e duplicação da BR-304, o trecho inicial (Reta Tabajara, em Macaíba) está em andamento”, acrescentou o superintendente.

Antônio Saldanha Filho ressaltou que o estado geral do pavimento das rodovias federais no RN, segundo relatório da Confederação Nacional do Transporte (CNT), “variam de bom a regular”, caso da BR–101 (Norte), BR–304 (entre Mossoró e Angicos), BR–226 (entre Campo Grande e Patu), e BR–406 (Macau–João Câmara).

“Também há projeto para recuperação e alargamento da ponte sobre o rio Assu-Piranhas, uma obra de arte da engenharia importantíssima para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. O serviço trará conforto, segurança e mais fluidez ao tráfego. Na área de planejamento, desenvolvemos projetos do contorno rodoviário de Natal, BR-104 (de Macau até divisa RN/PB) e duplicação de outros trechos da BR–304”, adiantou o gestor.

Filho lembra que o DNIT trabalha “em prol dos usuários das rodovias federais, executando obras de grande responsabilidade sem abrir mão da boa técnica e segurança”. Dentro desse contexto, ele destaca o desenvolvimento de ações educativas junto às escolas lindeiras (às obras), próximas as quais instalamos 200 faixas de pedestres monitoradas por radares.

“Também estamos executando o Programa de Sinalização e Segurança Viária, tornando as sinalizações vertical e horizontal mais visível, e implantando defensas metálicas ao longo de cursos d’água e curvas acentuadas”, finalizou.

 

VALOR ECONÔMICO

Meirelles admite que pode não cumprir 'regra de ouro' a partir de 2018

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda que o cumprimento da chamada “regra de ouro” das finanças públicas — o artigo 167 da Constituição — está assegurado para este ano. “Nós vamos cumprir. Esse ano já está assegurado”, disse o ministro após participar de almoço fechado à imprensa em São Paulo.

O artigo 167 estabelece regras para os gastos públicos e, em seu inciso 3º, proíbe o governo de ampliar a dívida pública em montante superior às despesas de capital (essencialmente investimentos) do exercício. Segundo o ministro, olhando para os próximos anos, no entanto, o cumprimento da regra só será garantido com a aprovação das reformas estruturais. Particularmente a da Previdência.

“A partir do próximo ano e dos seguintes, precisamos aprovar as reformas. O problema do Brasil é que a maior parte das despesas do Orçamento são definidas pela Constituição”, disse destacando que a parcela de gastos que pode ser contingenciada é menor que 10%.

“A margem de manobra é muito pequena. Isto tem que ser alterado para que a regra de ouro, que é fundamental, seja respeitada”, completou. Questionado sobre as reais chances de aprovação da reforma da Previdência ainda este ano, Meirelles respondeu que elas “são boas” e acima de 50%. “Não adianta não fazer reforma agora e ter que fazer daqui a alguns anos ou fazer uma reforma muito mitigada”. Ao ser questionado sobre um possível “plano B” caso a TLP não seja aprovada, o ministro afirmou que a aprovação da nova taxa é a melhor solução e que o governo não trabalha com alternativas. “Nossa previsão é que TLP seja aprovada, não trabalhamos com outra hipótese.”

Refis

Meirelles afirmou que o governo já encaminhou “algumas sugestões” à Câmara para substituir o projeto do novo Refis, mas ainda não há nenhum acordo firmado a ser apresentado ao Congresso. “Devemos ter isso no espaço de algumas semanas, o projeto caminhando na Câmara com grandes chances de ser aprovado”, disse. Segundo reportagem de hoje do Valor, o governo deve encaminhar hoje à Câmara sua nova versão do projeto, que seria a terceira.

Nesta versão mais recente, o limite da dívida que separa pequenas e grandes empresas devedoras seria elevado para R$ 30 milhões, e o prazo de adesão para empresas seria prorrogado para 31 de outubro. Com as mudanças, a expectativa de arrecadação com o programa cairia de R$ 13 bilhões para cerca de $ 10 bilhões.

“Foi iniciado o processo de discussão com a comissão da Câmara especialmente indicada para fazer essa negociação, já encaminhamos algumas sugestões, mas ainda não tem acordo firmado para que se possa apresentar ao Congresso”, disse o ministro. “É um processo de discussão intenso e normal”, afirmou Meirelles, que confirmou a cifra de cerca de R$ 10 bilhões esperada pelo governo para a arrecadação do programa.

Com a aprovação do novo Refis e da reoneração da folha, e a receita esperada de privatizações, concessões e outorgas, existe “bastante segurança” de que a meta fiscal deste ano será cumprida sem a necessidade de elevar impostos, hipótese que o governo não considera no momento, reforçou Meirelles. “Não é alternativa considerada aumentar impostos no momento.”

Economia

Meirelles acredita que a economia brasileira já voltou a crescer, embora isso ainda não seja perceptível para a maior parte da população. “O Brasil já voltou a crescer num ritmo ainda normal no processo de recuperação”, afirmou Meirelles, destacando que, na passagem do primeiro para o segundo trimestre, feitos os ajustes sazonais, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,25%. “Isso é um dado importante. Muitos temiam ser um resultado negativo, mas o IBC-Br não foi”, afirmou o ministro.

“O país claramente está crescendo e vamos entrar 2018 num ritmo ente 2,5% e 3% ao ano”, reforçou. Questionado sobre quando a retomada ficará mais perceptível, Meirelles disse que isso deve ocorrer na virada do ano. “Algumas pessoas já percebem isso, principalmente os que estão no comércio e na prestação de serviços.”

Perguntado novamente sobre se pretende se candidatar à presidência em 2018, Meirelles respondeu apenas que não está preocupado com isso e não trabalha com hipóteses. “Estou totalmente concentrado no meu trabalho, o importante é que o Brasil volte a crescer e essa é a minha responsabilidade”.

 

Bancos centrais focam Jackson Hole, e o BC local, o Congresso

Os bancos centrais são o assunto da semana no mercado financeiro internacional com o Simpósio de Jackson Hole, nos EUA. A exposição pública de presidentes de bancos centrais justifica a expectativa, dado o potencial de repercussão nos mercados emergentes de políticas executadas pelos gigantes Federal Reserve (Fed) e Banco Central Europeu (BCE). É certo, porém, que muita água vai rolar até sexta-feira, quando Janet Yellen e Mario Draghi devem se pronunciar no simpósio.

Até lá, o Banco Central do Brasil será presença constante no mercado local - direta ou indiretamente, em função da imbricada relação entre as políticas monetária e fiscal. O mercado financeiro está focado na política fiscal, e o BC também. Inclusive porque a política monetária está "dada", segundo o jargão dos operadores. Hoje a 9,25%, a taxa Selic deve cair mais 1 ponto percentual, para 8,25% portanto, no encontro do Copom de 5 e 6 de setembro.

Restarão, a seguir, mais duas reuniões do colegiado neste ano - em outubro e dezembro - e uma conta de chegada da Selic a 7% ou 7,5%, intervalo em que os bancos já acomodam suas expectativas. O IPCA-15 de agosto será divulgado na quarta pelo IBGE e não desperta preocupação ou expectativa porque as estimativas do mercado para o indicador apontam alta na passagem mensal - de variação negativa para positiva - sem que a trajetória de queda no cálculo em doze meses seja revertida.

A inflação continua, portanto, conspirando a favor da flexibilização monetária. Não há semelhante certeza, contudo, quanto aos resultados que virão da agenda legislativa. São menos previsíveis, mas também relevantes para a condução da política monetária - agora ou daqui a pouco. Hoje será retomado o debate sobre a Taxa de Longo Prazo (TLP) com a leitura do parecer do relator Betinho Gomes (PSDB-PE).

A definição dessa matéria interessa e muito ao BC porque, se adotada como novo indexador dos contratos de financiamento do BNDES, a TLP acenará com economia na conta de subsídios bancados pelo Tesouro. Em caso negativo - se perdurar a resistência à mudança, inclusive, do setor empresarial - a história será outra. Para o BC, a mudança da TJPL para a TLP - que terá menor diferencial na comparação com os juros de mercado - aumentará a potência da política monetária.

No tempo, o BC poderá fazer mais com menos taxa de juros. A proposta do governo para a deficitária meta fiscal - a começar deste ano e do próximo com aumento, respectivo, de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões e de R$ 129 bilhões também para R$ 159 bilhões - sendo aprovada também emite sinal positivo para o BC.

Embora não se espere sinal de melhora nas contas públicas, como evidencia a própria revisão de metas feita pela equipe econômica, a definição de até onde o governo pretende esticar o resultado negativo faz diferença. O projeto do acordo de leniência no âmbito do BC e da CVM será tema de audiência pública nesta semana, que deve registrar circulação, pelo Congresso, dos indicados para assumir a Diretoria de Administração e a Diretoria de Fiscalização do BC.

A dupla deve buscar apoio para a sabatina que enfrentarão na semana que vem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Serão sabatinados Maurício de Moura e Paulo Sérgio Neves de Souza.

Também na semana que vem, no dia 31, termina o prazo para que o Executivo envie a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2018 ao Congresso.

 

Ministro diz que ainda falta acordo para o Refis

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o governo já encaminhou "algumas sugestões" à Câmara para substituir o projeto do Programa Especial de Regularização Tributária (Proert), também conhecido como novo Refis, mas ainda não há nenhum acordo firmado a ser apresentado ao Congresso.

"Devemos ter isso no espaço de algumas semanas, o projeto caminhando na Câmara com grandes chances de ser aprovado", disse, após participar de almoço fechado à imprensa. Segundo reportagem publicada na edição de ontem do Valor, na versão mais recente, o limite da dívida que separa pequenas e grandes empresas devedoras seria elevado para R$ 30 milhões, e o prazo de adesão ao programa prorrogado para 31 de outubro. Com as mudanças, a expectativa de arrecadação com o programa cairia de R$ 13 bilhões para cerca de R$ 10 bilhões, cifra que foi confirmada por Meirelles.

"Foi iniciado o processo de discussão com a comissão da Câmara especialmente indicada para fazer essa negociação, já encaminhamos algumas sugestões, mas ainda não tem acordo firmado", disse o ministro. "É um processo de discussão intenso e normal." Com a aprovação do novo Refis, da reoneração da folha de pagamento e a receita esperada de privatizações, concessões e outorgas, existe "bastante segurança" de que a meta fiscal deste ano será cumprida sem a necessidade de subir impostos, hipótese que o governo não considera no momento, reforçou Meirelles. "Não é alternativa considerada aumentar impostos no momento."

 

Monitor sinaliza 'falso negativo' no PIB, diz FGV

A retração de 0,24% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, frente aos três primeiros meses do ano, conforme sinalizado pelo Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado ontem, seria um "falso negativo", segundo avaliação do economista Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV. Apesar de interromper a trajetória de taxa positiva do primeiro trimestre (1%), o indicador mostra, por dentro, a "economia estável" e melhora na dinâmica das atividades, avalia o economista. "O primeiro trimestre é que foi muito bom", comenta Considera.

"Além disso, a expectativa é que os dois próximos trimestre sejam positivos", afirma o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. O Monitor do PIB da FGV antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

A margem máxima de erro do indicador da FGV tem sido de 0,3 ponto percentual. Segundo o economista, o consumo das famílias seria um exemplo de melhora. Esse componente da demanda cresce 1,17% na comparação ao primeiro trimestre deste ano e 0,6% frente ao mesmo período do ano anterior. Em ambas as bases de comparação, o Monitor do PIB sinaliza a primeira variação positiva após nove trimestres seguidos de queda.

"O consumo de bens duráveis, como automóveis e televisores, continua positivo. E isso tem a ver com as contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). As famílias conseguiram quitar suas dívidas anteriores, limparam o nome, e agora voltam a fazer crediário. Os produtos semiduráveis e não duráveis também crescem", afirma o economista.

O Monitor do PIB também sinaliza para o crescimento de 0,79% do consumo do governo no segundo trimestre, frente aos três primeiros meses do ano. Seria o primeiro crescimento nesse critério após quatro trimestres consecutivos de queda nessa base de comparação. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresce 0,25% na mesma base de comparação.

Pelo lado da oferta, os serviços - que respondem por 68% do PIB - têm pequeno crescimento de 0,19% frente aos três primeiros meses do ano. Isso é explicado sobretudo pelo resultado positivo da atividade de transportes (0,96%) e do comércio (1,05%). Já a agropecuária (-4,63%) e a indústria (-0,27%) têm taxas negativas frente ao primeiro trimestre do ano, sendo responsáveis pela taxa geral negativa no mês.

No caso da agropecuária, a queda é explicada pela base de comparação. Considera prefere avaliar, contudo, o comportamento dos componentes do PIB em base anual, por ser menos volátil e mais sinalizador da tendência. Por essa base de comparação, o setor de serviços ainda registra taxa negativa (-0,8%) frente ao segundo trimestre do ano passado. Essa redução, no entanto, já foi mais intensa: era negativa em 1% no primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano anterior.

"O setor de serviços, que geralmente é a última atividade a mostrar reação, está em processo de recuperação, o que é um sinal bem interessante", diz o economista. Ele chama atenção para o aprofundamento da queda da FBCF em base anual: de -3,9% no primeiro trimestre para -5,1% no segundo trimestre deste ano.

Segundo ele, o setor de construção (-9%) é o principal responsável por essa queda. O setor de máquinas e equipamentos também ficou menos positivo na passagem dos dois trimestres (de 3,3% para 0,4%), efeito das menores importações. "O setor de construção tem peso negativo grande no resultado. Você tem toda essa interrupção de obras com as empreiteiras que estão na Operação LavaJato.

E, ao mesmo tempo, Estados e a União estão com dificuldade fiscal para conseguir fazer obras, investir. Precisamos que o governo federal acelere os programas de concessões de rodovias e portos para essas empresas voltarem a operar", disse o economista do Ibre.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

'Mensagem reformista deve ganhar a próxima eleição', diz Meirelles

Um candidato a presidente com uma plataforma reformista, que prometa manter o esforço do atual governo para controlar despesas e arrumar as contas públicas, terá boas chances nas próximas eleições, afirma o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

"Se me perguntar quem vai ganhar, acredito que uma mensagem reformista deve ganhar", disse nesta segunda (21), em entrevista à Folha. "A posição populista já foi suficientemente testada e deu resultado negativo. A população está alerta para isso."

Filiado ao PSD, um dos partidos que dão sustentação ao presidente Michel Temer no Congresso, Meirelles tem sido apontado como opção do bloco governista para as eleições presidenciais de 2018, mas desconversa quando indagado sobre o tema.

"Estou concentrado no meu trabalho, que é fazer as reformas e assegurar o crescimento do país nos próximos anos", disse. "Não estou preocupado com o [meu] futuro".

Na semana passada, ao anunciar o aumento das projeções para o rombo nas contas públicas neste e no próximo ano, a Fazenda rebaixou de 2,5% para 2% a previsão de crescimento no próximo ano. A previsão deste ano é 0,5%.

Na avaliação de Meirelles, um discurso a favor de reformas e austeridade terá boas chances nas eleições presidenciais se for associado à recuperação da economia, que parece estar saindo lentamente da recessão profunda em que afundou há três anos.

Meirelles, que nesta semana negociará com o Congresso a aprovação das novas metas fiscais e de medidas para conter o rombo nas contas do governo, voltou a defender a reforma da Previdência, cuja discussão ficou paralisada com a crise política deflagrada pela delação dos donos da gigante de alimentos JBS.

Apesar do ceticismo dos líderes governistas no Congresso sobre as possibilidades de retomada da discussão agora, Meirelles acha que o adiamento da reforma só criaria dificuldades para o próximo governo –e para as forças políticas que o apoiarem.

"Se deixar para o governo seguinte, ele começará com um problema, tendo que enfrentar uma reforma da Previdência depois de dois anos perdidos", disse o ministro. Pesquisa feita pelo Datafolha em maio mostrou que 71% da população é contra a reforma.

Antes da delação da JBS, o governo e a Câmara dos Deputados chegaram a um acordo para colocar a reforma em votação, atenuando o impacto da proposta original do governo e reduzindo a economia prevista com as medidas.

O Congresso deveria aprovar reformas como a da Previdência porque elas interessam aos futuros governos, e não apenas para o atual, afirma o ministro.

*

Folha - Muitos analistas diziam em julho que a revisão das projeções do governo para o deficit do Orçamento era inevitável. Por que ela demorou?

Henrique Meirelles - Aguardávamos uma visão mais realista da evolução da receita e também de questões que estão no Congresso, como o novo Refis [programa de regularização de dívidas de contribuintes] e a proposta de reoneração da folha das empresas. A ideia é definir uma meta que não precise ser mudada.

O sr. tem convicção de que não precisará alterar a meta de 2018? Analistas afirmam que, sem a reforma da Previdência, o objetivo não será cumprido.

O impacto da reforma não é tão grande em 2018 que não possa ser compensado com algumas medidas. Mas ela é fundamental no longo prazo, porque o mercado antecipa as coisas e ela tem impacto imediato nas taxas de juros e na confiança do investidor.

Qual a chance de o Congresso aprovar a reforma neste ano?

Acho que há boas chances, dentro de um nível aceitável para o equilíbrio fiscal.

O aliados do governo no Congresso têm dito o contrário.

O Congresso tem consciência de que a reforma é fundamental. O Orçamento e a dívida pública são insustentáveis a longo prazo sem a reforma.

O próximo será um ano eleitoral e ficará muito difícil. Então, parece forte o argumento de que ela precisa ser discutida neste ano. Se deixar para o governo seguinte, ele começará com um problema, tendo que enfrentar uma reforma da Previdência depois de dois anos perdidos. É importante para o próximo governo que a reforma seja votada agora.

Aliados do governo já disseram que o custo para aprová-la agora seria muito alto, e que novas concessões reduziriam muito a economia prevista.

Não é uma questão de fazer algo em sintonia com este governo, mas em sintonia com os próximos governos. E quem tiver a expectativa de participar dos próximos governos deveria estar fortemente favorável à reforma da Previdência. E, por definição, todos os partidos têm expectativa de estar nos próximos governos.

Vale a pena insistir mesmo se a reforma for muito diluída?

Não. Há limites para isso. A proposta definida em maio com a Câmara proporciona 75% da economia prevista com a proposta original do governo. Vamos negociar tendo isso em vista para fazermos uma reforma que faça sentido, porque uma reforma que não faça sentido não deve ser feita.

O debate sobre a meta deixou claro que há grande resistência no Congresso e no meio empresarial a novos impostos. Essa opção está interditada?

A sociedade considera que a carga tributária está num patamar em que há dificuldade para justificar aumentos.

Qual a sua opinião sobre o aumento do Imposto de Renda para os mais ricos, que chegou a ser cogitado pelo governo?

Era uma proposta que não era adequada para o momento. A percepção da sociedade é de que já estamos no limite.

Mas poucos seriam atingidos.

É verdade, mas o fato concreto é que a reação a aumentos de impostos é generalizada. Houve uma sinalização clara de que não é o momento de pensarmos nisso antes de cortar despesas, o que estamos fazendo, e explorar fontes de receita extraordinárias, como concessões e privatizações.

A crise política diminuiu a capacidade do governo de viabilizar projetos no Congresso?

Não sinto isso. Por exemplo, a discussão sobre o Refis vai afetar mais os próximos governos, porque um Refis com descontos excessivos gera incentivos para que empresas deixem de pagar e fiquem esperando o próximo Refis.

Por que ninguém no mercado parece preocupado com os riscos criados pelo aumento acelerado da dívida pública?

O mercado está olhando, em primeiro lugar, para o fato de que há um esforço grande de controle das despesas, ao contrário de anos anteriores.Existe também um esforço grande para obter receitas, não só com impostos.

Há um programa de privatização ambicioso, e reformas fundamentais. Já foi aprovado o teto de gastos, a reforma trabalhista. Agora estamos numa discussão séria com a Previdência.

Projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) mostram que a dívida brasileira cresce mais rápido e destoa de outros países emergentes.

Se não forem aprovadas as reformas. Mas a nossa expectativa é que elas irão passar, e a do mercado também é essa.

Dificuldades para aprovar reformas tendem a ficar maiores com a proximidade das eleições do próximo ano. Vê espaço para um discurso reformista, ou um discurso populista tem maiores chances?

Em qualquer país que precise de reformas, e a maioria precisa, é normal que prevaleçam as duas mensagens. Se me perguntar quem vai ganhar, acredito que uma mensagem reformista deve ganhar. É minha expectativa. Quem decidirá é a população.

Qual tema econômico deve dominar a campanha eleitoral?

A continuidade de uma gestão fiscal responsável, que mantenha as contas públicas sob controle, versus a ideia de que despesas públicas cada vez maiores são benéficas para o país. Também uma discussão sobre o tamanho do Estado, em decorrência dessa.

Uma ala focando mais na presença do Estado, como grande indutor de um processo de crescimento. Outra focando muito mais na produtividade da economia, nos incentivos para as pessoas empreenderem, inovarem, trabalharem, crescerem, melhores condições para investimentos.

Acha que essa pauta reformista terá apelo eleitoral em 2018?

Acredito que sim, se estiver embasada numa recuperação econômica, que acredito ser o caso. A posição populista já foi suficientemente testada e deu resultado negativo. A população está alerta para isso.

A Operação Lava Jato destroçou as forças políticas que sustentaram a mensagem reformista nas últimas eleições.

As investigações afetaram políticos de todos os matizes. Não é esse o fator que vai alterar a essência dessa disputa. Alguns políticos podem estar inviabilizados, mas outros não.

O sr. será candidato em 2018?

Estou concentrado no meu trabalho, que é fazer as reformas e assegurar o crescimento nos próximos anos. Não estou preocupado com o futuro.

O sr. trabalhou com os irmãos Joesley e Wesley Batista no grupo J&F. Ficou surpreso com o que revelaram em seu acordo de colaboração premiada?

Trabalhei no desenvolvimento da plataforma digital do banco Original, um trabalho bastante específico. Trabalhei também para outras empresas. Em termos específicos, não. Nunca fiquei sabendo de nada disso. Não era parte do meu trabalho discutir as relações do grupo com o governo. Foi uma surpresa.

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