O ESTADO DE SÃO PAULO
Indústria da construção segue com desempenho fraco e queda no emprego, diz CNI
A indústria da construção continua operando abaixo do usual e com alta ociosidade. A Sondagem Indústria da Construção de julho, divulgada nesta quarta-feira, 23, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), registra queda da atividade e do emprego no setor no mês passado, embora em menor ritmo que o observado em junho.
Pelo estudo, o índice de nível de atividade da construção aumentou para 44,3 pontos em julho, 1,5 ponto superior ao de junho, e o índice de número de empregados subiu de 41,8 pontos em junho para 42,6 pontos em julho. Os indicadores variam de zero a cem pontos e, quando estão abaixo dos 50 pontos, revelam retração.
O nível de utilização da capacidade de operação ficou em 56% em julho, oito pontos porcentuais abaixo da média histórica para o mês, segundo a CNI. O indicador de nível de atividade efetivo em relação ao usual teve uma leve alta, de 29,6 pontos em junho para 30,4 em julho. Na prática, no mês passado, 44% das máquinas, dos equipamentos e do pessoal do setor ficaram parados.
Mesmo com o desempenho fraco registrado há meses, os empresários da construção se mostraram menos pessimistas na pesquisa. Os indicadores de expectativas para os próximos seis meses para o nível de atividade, contratação de novos empreendimentos e serviços, compra de insumos e matérias-primas e número de empregos ficaram todos próximos da linha divisória dos 50 pontos, que separa o otimismo do pessimismo.
O índice de expectativa do nível de atividade ficou em 49,8 pontos, o de número de empregados subiu para 48,2 pontos e o de novos empreendimentos e serviços alcançou 48,4 pontos.
Além disso, o índice de confiança do empresário do setor aumentou 1,9 ponto em relação à pesquisa anterior e ficou em 50,3 pontos. "A expectativa de retomada da economia e de manutenção do ciclo de queda dos juros contribuíram para a melhora das perspectivas dos empresários da construção", afirma em nota a economista da CNI Flávia Ferraz.
Esta edição da Sondagem Indústria da Construção foi feita entre 1º e 10 de agosto com 624 empresas, das quais 209 pequenas, 289 médias e 126 de grande porte.
VALOR ECONÔMICO
Pacote de privatização cresce e inclui até a Casa da Moeda
Em uma tentativa de obter receitas adicionais e conter o rombo fiscal de 2018, o governo deu sinal verde a um plano mais amplo de privatizações que vai muito além da Eletrobras. O pacote de vendas e concessões aprovado ontem pelo conselho de ministros do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), em reunião no Palácio do Planalto, inclui o aeroporto de Congonhas (SP) e a Casa da Moeda.
Estão ainda na lista a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e a Lotex, modalidade conhecida como "raspadinha", cujo leilão foi confirmado. Congonhas (SP), o terminal mais lucrativo de toda a rede da Infraero e responsável hoje por quase 20% de suas receitas, será leiloado à vista e com preço mínimo de R$ 5,6 bilhões.
Além disso, o governo resolveu leiloar outros 13 terminais entre julho e setembro de 2018, às vésperas das eleições. Também vai colocar à venda a participação de 49% da Infraero em quatro aeroportos concedidos pela expresidente Dilma Rousseff: Guarulhos (SP), Brasília (DF), Galeão (RJ) e Confins (MG). O governo espera obter até R$ 8 bilhões com essa operação, mas promete destinar o dinheiro à estatal, que ficará sem seus principais ativos.
O plano aprovado ontem em reunião do PPI no Palácio do Planalto, sob comando direto do presidente Michel Temer, abrange ainda a privatização da Casa da Moeda. O ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, lembrou que o uso cada vez menor de papel-moeda como forma de pagamento tem levado a "sucessivos prejuízos" da estatal. Para ele, há o risco de ela tornar-se mais dependente do Tesouro Nacional. "A Fazenda entendeu corretamente que fará estudo sobre sua venda."
Outro ativo incluído, que quebra um verdadeiro tabu no setor, é a privatização da Codesa. Só terminais portuários são atualmente operados pela iniciativa privada, mas não a administração do condomínio como um todo. Moreira negou que haja viés meramente arrecadatório no programa de concessões e ressaltou que investimentos de R$ 24 bilhões já foram destravadas com projetos repassados à iniciativa privada. "Isso é essencial para a geração de emprego e renda." Com o apoio do ministro, a equipe econômica venceu um duelo de bastidores e conseguiu incluir Congonhas no pacote de concessões.
A "joia da coroa" no sistema aeroportuário deverá atrair gigantes do setor e assegurar um ágio significativo na disputa, avalia o governo nos bastidores. O vencedor precisará investir R$ 1,8 bilhão em melhorias - como mais pontes de embarque e desembarque, modernização do sistema de bagagens - e pagar tudo de uma tacada só.
Nas duas primeiras rodadas de concessões, a outorga era paga em parcelas anuais ao longo de toda a vigência do contrato. Isso tornava praticamente nulo o impacto fiscal dos leilões no curtíssimo prazo. Nos quatro aeroportos licitados em março deste ano, as regras mudaram: 25% do preço mínimo e todo o ágio oferecido nos lances vencedores tiveram que ser pagos à vista, no todo o ágio oferecido nos lances vencedores tiveram que ser pagos à vista, no ato de assinatura do contrato.
À exceção de Congonhas, que será leiloado individualmente, os demais aeroportos continuam com essa sistemática de pagamento. Serão três blocos diferentes. Um é constituído por Vitória (ES), onde a Infraero está na reta final de construção de um moderno terminal de passageiros, e por Macaé (RJ), importante entreposto para a indústria de petróleo e gás.
O "circuito de turismo" do Nordeste é encabeçado por Recife (PE) e tem outros cinco ativos: Maceió (AL), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Aracaju (SE) e Juazeiro do Norte (CE). Mais cinco aeroportos serão concedidos no Mato Grosso: Cuiabá, Sinop, Alta Floresta, Rondonópolis e Barra do Garças. Ao todo, o governo espera pelo menos R$ 6,39 bilhões em outorga em 2018 - sem considerar ainda a possibilidade de ágio. Todos os editais têm previsão de serem publicados no segundo trimestre do ano que vem.
O leilão aconteceria no trimestre seguinte. Algumas autoridades colocam em dúvida a chance de cumprir fielmente o calendário. O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, admitiu ter sido contra a inclusão de Congonhas no pacote, porque isso dificulta o processo de reestruturação da Infraero. Ele minimizou, porém, a importância das divergências. "Somos um governo só. A divergência é sadia e importante para o debate. Se todo mundo pensasse igual, não seria um governo democrático", afirmou.
Para não deixar a Infraero em estado de agonia financeira, o governo destinará à estatal o dinheiro da venda de 49% da fatia que ela mantém nos aeroportos concedidos nas duas primeiras rodadas. A expectativa é receber de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões pelas participações em Brasília, no Galeão e Confins. Em maior ou menor grau, os controladores privados dos aeroportos já demonstraram interesse em comprar essas ações. O valor do negócio poderia chegar a R$ 8 bilhões se a fatia de 49% em Guarulhos, maior aeroporto do país, também for vendida. O problema é que a Invepar, acionista majoritária do terminal, vive dificuldades financeiras.
Banco reduz crédito a grandes empresas
Depois de sofrerem calotes que custaram bilhões em provisões nos últimos anos e pisarem no freio na concessão de crédito em meio à crise, os bancos sinalizaram que, mesmo com a retomada da atividade, o crescimento da carteira de financiamento a grandes empresas deve perder força daqui para frente. As companhias continuarão tendo acesso ao crédito bancário, mas os recursos de longo prazo deverão vir principalmente de fontes alternativas, como o mercado de capitais. Não falta dinheiro nos bancos hoje para emprestar.
Pelos cálculos da agência de classificação de risco Fitch, durante a crise, ao restringir o crédito, o sistema financeiro acumulou um adicional de capital da ordem de R$ 300 bilhões, além do mínimo regulatório. Isso permitiria uma expansão da ordem de R$ 2 trilhões em financiamentos no país.
Nos últimos dois anos, o saldo de financiamentos para grandes empresas em Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander encerrou o primeiro semestre deste ano em R$ 714 bilhões, redução de 8% - ou quase 20% em termos reais. No mesmo período, a carteira de crédito total das instituições financeiras, incluindo as linhas para pessoas físicas e empresas menores, recuou 4%.
A retração é atribuída principalmente à falta de demanda por dinheiro novo em consequência da crise, segundo Alexandre Glüher, vice-presidente e diretor de relações com investidores do Bradesco. "Nossas taxas de aprovação se mantiveram altas, mas nos últimos anos as empresas priorizaram a reorganização de seus passivos", afirma.
O aumento do risco em meio à crise levou os bancos a revisarem seus modelos de aprovação de crédito, mas isso não significa que as instituições querem deixar de operar com as grandes empresas, pondera Alberto Fernandes, vice-presidente do Itaú BBA. "As carteiras dos bancos se ajustaram ao nível da demanda por crédito, mas em algum momento vão voltar a crescer", diz.
O crédito mais caro e escasso para as companhias ocorreu ao mesmo tempo em que a concentração no setor bancário aumentou com os recentes movimentos de consolidação no setor - como a incorporação do HSBC Brasil pelo Bradesco e a expectativa pela aprovação no Banco Central da compra dos negócios de varejo do Citibank pelo Itaú Unibanco -, o que tem levado a reclamações por parte de empresários.
O tema também desperta preocupação no governo, que vê no crédito um canal para estimular a retomada da economia. Sem contar os desembolsos de bancos de desenvolvimento, como o BNDES, as quatro maiores instituições financeiras do país respondiam por R$ 79 de cada R$ 100 emprestados no país no fim do ano passado, de acordo com o Banco Central.
Em março, essa relação caiu para 78% - ainda assim segue no maior nível em pelo menos dez anos, segundo cálculos do Valor Data. Para efeito de comparação, antes da crise financeira de 2008 essa relação era de R$ 60 para cada R$ 100 em financiamentos.
O principal índice internacional que mede a concentração de mercado (IHH) para operações de crédito atingiu 1.741,7 no fim do ano passado, último dado disponível, atingindo seu pico histórico. Pelo critério do BC, o Brasil ainda está na faixa considerada como de concentração "moderada" em crédito, mas o índice está cada vez mais próximo do patamar de 1.800, a partir do qual o sistema é visto como de elevada concentração.
A concentração bancária é uma realidade não apenas no país, segundo o executivo do Itaú BBA. "O problema é o quão dependentes as empresas são dos bancos nos mercados onde há concentração", diz. Para Fernandes, os recursos para os investimentos de longo prazo no país deverão partir de outras fontes, como o mercado de capitais. "Em nenhum lugar do mundo se financia a infraestrutura com balanço de banco", afirma.
Fernandes diz que o papel das instituições deve ser o de oferecer dinheiro para linhas como capital de giro e assumir o risco no financiamento de projetos de infraestrutura durante a fase de construção, quando não há demanda no mercado. O mercado de capitais já tem atuado como "concorrente" dos bancos no crédito a grandes empresas, segundo Rafael Noya, diretor da área de banco de investimento do Santander.
"Hoje, uma empresa com bom rating não vai querer o dinheiro do banco, porque consegue se financiar mais barato no mercado", diz. Enquanto o saldo de crédito às grandes empresas cai, as captações de recursos com títulos privados de dívida e ações no mercado local atingiram R$ 74,1 bilhões entre janeiro e julho deste ano.
O volume representa alta de 36% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Anbima, associação que representa as instituições que atuam no mercado de capitais. A procura por novos financiamentos bancários pelas grandes empresas ainda é fraca, mas está próxima do ponto de inflexão, segundo o diretor do Santander. "Esperamos ver uma demanda maior por investimentos até o fim deste ano", afirma.
O Banco do Brasil também espera uma retomada do financiamento com a estabilização da economia. Em entrevista recente ao Valor, o presidente da instituição, Paulo Caffarelli, atribuiu a redução da oferta de crédito à atuação cíclica de algumas instituições, que tende a se reverter com a retomada da atividade.
Ele afirmou, contudo, que o mercado de capitais também precisa ser considerado na composição de mix de captação das grandes empresas. "No final do dia, é um funding disponível, com um custo que o mercado vai regular e que não vai concorrer com os limites de crédito dos bancos", disse.
A expectativa é que o dinheiro dos bancos volte a se tornar atrativo para as empresas quando a percepção de risco de crédito diminuir, diz Claudio Gallina, diretor responsável por instituições financeiras da Fitch. "Difícil imaginar um cenário em que os bancos vão deixar um negócio bom na mesa", afirma.
Inadimplência em alta no segmento virou preocupação
Historicamente com risco muito baixo, o crédito às grandes empresas virou uma dor de cabeça para os bancos desde o agravamento da crise. O índice de inadimplência no segmento, que era de apenas 0,38% no fim de 2014, quase triplicou e encerrou o ano passado em 1,09%, de acordo com dados do Banco Central. Incluindo as dívidas que tiveram de passar por algum tipo de reestruturação, o índice sobe para 1,53%.
Como o risco de calote antes da crise era baixo, os empréstimos concedidos antes da crise também contavam com margens menores. "O retorno obtido com a carteira de grandes empresas, que já era apertado, foi corroído com a alta da inadimplência", diz uma fonte. O problema pode ser medido pelo número de pedidos de recuperação judicial, que atingiu quase 4 mil desde 2015, de acordo com dados da Serasa Experian. Desse total, 16% vieram de companhias de maior porte.
Entre elas, gigantes como a operadora de telefonia Oi e a incorporadora imobiliária PDG Realty. Além do balanço e das perspectivas para o setor das empresas que batem à porta dos bancos em busca de dinheiro, a análise dos financiamentos passou a incorporar o chamado "risco Lava-Jato".
Na prática, isso significou a redução ou até mesmo corte de limites para empresas ligadas aos setores de infraestrutura e óleo e gás. Só para fazer frente ao calote da Sete Brasil, fornecedora de sondas da Petrobras, os bancos precisaram reforçar as reservas contra calotes em pelo menos R$ 8,7 bilhões.
BC se isenta de indicar fim de ciclo monetário
O Banco Central não se impõe compromisso de sinalizar o fim do atual ciclo de alívio monetário. A autoridade monetária pode julgar, a depender dos cenários, terminar o processo sem necessariamente desacelerar a magnitude dos cortes. Essa foi uma das mensagens dadas pelo diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana, que se reuniu ontem com economistas na capital paulista.
A fala de um diretor nessa ocasião é incomum, já que nesses encontros o BC apenas coleta informações e impressões do mercado, as quais servem de subsídio para o Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Segundo relatos, Viana explicou que o BC "não tem compromisso com 'escadinha'". Ou seja, não é obrigado a reduzir o ritmo de corte dos juros à medida que o fim do ciclo estiver mais próximo.
Finalizado o ciclo, Viana considerou que "em algum momento" será preciso normalizar as condições monetárias, uma vez que a taxa real de juros ex-ante - diferença entre o juro nominal de um ano e a estimativa da Focus para o IPCA 12 meses à frente - já está em terreno expansionista. Viana disse que há dois caminhos para essa normalização: queda do juro neutro (em um cenário de reformas) ou alta da meta Selic.
"O que não quer dizer que você terá que subir os juros em 500 pontos-base", disse o diretor, referindo-se ao orçamento de corte de juros já promovido pelo Banco Central. Em outubro de 2016, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 14,25% ao ano para 14%. E desde o fim de julho a taxa básica de juros da economia está em 9,25%. Questionado, o diretor do BC informou ainda que o próximo RTI, que será divulgado em 21 de setembro, trará projeções para o IPCA até 2020.
No último documento, de junho, o colegiado do BC trouxe estimativas do mercado contidas no Focus para o IPCA até 2020. Mas os prognósticos do próprio Copom iam apenas até o período de quatro trimestres encerrado no segundo trimestre de 2019. A pergunta à Viana teve como base o fato de o RTI de junho ter sido publicado exatamente uma semana antes de o Conselho Monetário Nacional (CMN) definir as metas de inflação até 2020.
Viana foi questionado ainda sobre o motivo de analistas, ao tentarem replicar os modelos do BC, não terem identificado o porquê de as projeções de IPCA da autarquia terem "fugido" da estimativa média do mercado. Segundo a fonte consultada, Viana explicou que a resposta para isso está no "componente de julgamento" das decisões. "O modelo é instrumento de auxílio, mas não a única ferramenta", disse.
De forma geral, o sentimento entre economistas presentes foi de otimismo com a inflação e de mais confiança na retomada da atividade econômica. O que segue preocupando é a situação fiscal. "O pessoal está de forma geral mais reticente com uma melhora das contas públicas já", diz uma das fontes, acrescentando que os presentes reconhecem os esforços do governo para conter as despesas. Nessa linha, cresce o receio em torno das eleições de 2018, "que poderia atrapalhar o cenário econômico".
Déficit das contas externas fica abaixo do esperado em julho
O Brasil encerrou o mês de julho com um resultado negativo de US$ 3,404 bilhões em suas transações correntes, de acordo com os dados divulgados pelo Banco Central (BC). O valor foi menor que o déficit de US$ 5,6 bilhões estimado pela autoridade monetária para o período, mas é o primeiro resultado negativo após uma sequência de quatro superávits. Em julho de 2016, o déficit em conta corrente tinha somado US$ 3,9 bilhões.
A conta representa a diferença entre o que país gastou e o que recebeu nas transações internacionais relativas a comércio, serviços, rendas e transferências unilaterais. De acordo com chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Renato Baldini, a principal razão para o déficit no mês foi sazonal: o pagamento de US$ 4,5 bilhões em juros semestrais para investidores estrangeiros em renda fixa.
De janeiro a julho, o déficit acumulado soma US$ 2,696 bilhões, abaixo do saldo defavorável de US$ 12,438 bilhões em igual período do ano passado. Esse é o melhor resultado para o intervalo desde 2007, último ano no qual o país registrou um superávit. Nos 12 meses até julho, o déficit nas transações internacionais alcançou US$ 13,788 bilhões, o equivalente a 0,71% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pela autoridade monetária, recuando do 0,76% do PIB visto até junho.
Em 2016, o déficit foi equivalente a 1,31% do PIB ( US$ 23,53 bilhões), o menor desde 2007. A projeção do Banco Central para 2017 é de déficit em transações correntes de US$ 24 bilhões ou 1,19% do PIB. Apenas para o mês de agosto, a estimativa é de déficit de US$ 1,2 bilhão, segundo Baldini. Investimento direto O Investimento Direto no País (IDP) somou US$ 4,093 bilhões em julho, abaixo da estimativa do BC, que projetava ingresso de US$ 5 bilhões. Em julho de 2016, o IDP tinha somado apenas US$ 209 milhões.
Para 2017, a estimativa da autoridade monetária é de ingresso de US$ 75 bilhões ou 3,71% do PIB. Em agosto, o BC espera entrada de US$ 6,5 bilhões em investimento (até o dia 21 já tinham ingressado US$ 4,7 bilhões). No acumulado do ano, o IDP soma US$ 40,364 bilhões, contra US$ 34,047 bilhões em igual período de 2016. E nos 12 meses encerrados em julho o IDP totaliza US$ 84,499 bilhões, ou 4,37% do PIB, ampliação em comparação com os 4,21% do PIB vistos em junho.
O montante é mais que suficiente para cobrir o déficit em conta corrente nos 12 meses até julho. Fazem parte do IDP os recursos destinados à participação no capital e os empréstimos diretos concedidos por matrizes de empresas multinacionais as suas filiais no país e vice-versa.
O retorno de investimento brasileiro no exterior também integra essas estatísticas. O investimento para participação no capital foi de US$ 2,6 bilhões no mês passado, somando US$ 30 737 bilhões no ano. E os lucros reinvestidos foram de US$ 329 milhões no mês. Já os empréstimos intercompanhias responderam por US$ 1,493 bilhão em julho. No ano, as entradas são de US$ 9,627 bilhões.
Câmara encerra sessão sem conseguir votar TLP e medida fica ameaçada
Após cinco horas e meia de obstrução da oposição, a Câmara dos Deputados encerrou, na madrugada desta quinta-feira (24), a sessão de plenário sem conseguir aprovar a Medida Provisória (MP) 777/2017, que cria a nova taxa de juros para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou nova sessão para 9h desta quinta, mas o dia é tradicionalmente de pouco quórum e torna difícil finalizar a conclusão do projeto. O governo corre contra o tempo para aprovar a proposta, que precisa passar pela Câmara e Senado até dia 7 de setembro – um feriado.
O calendário fica ainda mais complicado porque o presidente Michel Temer viajará para a China na próxima semana e levará na comitiva o 1º vicepresidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG). Maia assumirá interinamente a Presidência e as sessões de plenário serão comandadas pelo 2º vice-presidente, André Fufuca (PP-MG).
Haverá, ainda, a tentativa de retomar a reforma política, adiada de novo na quarta-feira (23) por falta de apoio. Já de madrugada, muitos deputados deixaram o plenário e os aliados do governo não tiveram votos suficientes para continuar a votação. Na última votação da noite, para derrubar em bloco os destaques feitos individualmente por deputados de oposição, demorou mais de 30 minutos para aparecerem os últimos quatro deputados necessários para atingir os 257 votos, quórum mínimo.
Ao longo da noite, o apoio era por volta de 260 deputados. Caso seja aprovada, a Taxa de Longo Prazo (TLP), que terá como base os juros do mercado vinculado a um título do Tesouro Nacional (NTN-B) e a variação da inflação (IPCA), substituirá a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) a partir de 1º de janeiro de 2018. A intenção do governo é diminuir o subsídio implícito nos empréstimos do BNDES.
O projeto foi combatido por uma aliança incomum. O senador José Serra (PSDB-SP) trabalhou intensamente contra a MP na comissão mista e, junto com o PT, conseguiu adiar a votação. Mas a proposta foi aprovada na manhã de quarta-feira e à noite o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), entusiasta da medida, já pautou a votação.
No plenário da Câmara, Serra voltou a atuar contra a MP 777, conversando com deputados do PSDB para votarem contra a proposta. Mas esse movimento teve pouco efeito na bancada de seu partido. A legenda se posicionou a favor do parecer do deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), relator da proposta, e votou majoritariamente pela aprovação da medida.
Os únicos partidos que defenderam a rejeição da proposta foram os de oposição (PT, PDT, PCdoB e Psol). Já todas as legendas da base do governo defenderam a aprovação da proposta. As dissidências entre os governistas ficaram restritas a parlamentares ligados à indústria, que combateram o projeto, mas a votação acelerada pareceu diminuir a mobilização.
A oposição usou todos os instrumentos de obstrução para dificultar o avanço da MP. Foram longas cinco horas de discursos e votações de requerimentos. Contou ainda com certo auxílio da base governista, que também se alongou em discursos. No fim, Maia ficou mais de 30 minutos esperando deputados chegarem “do jantar”.
“Se tivesse teste do bafômetro para os retardatários, eles perderiam a carteira parlamentar”, ironizou o deputado Chico Alencar (Psol-RJ). Para a oposição, o aumento no custo dos empréstimos do BNDES vai impedir a retomada do crescimento brasileiro e os investimentos da indústria e agronegócio nacional. “É o pior momento para mudar a taxa. Quem vai garantir a política industrial brasileira, a inovação?”, questionou a deputada Luciana Santos (PE), presidente nacional do PCdoB.
O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) atacou a oposição por criticar os “bolsa-empresários”, mas votou a favor do subsídio implícito para empréstimos do BNDES. “Quem está junto nesse plenário? Comunistas e milionários. Só quem tem acesso é a indústria paulista, é essa que os comunistas estão aqui defendendo. O pequeno empresário não tem acesso”, disse.
TLP irá diminuir o custo do crédito para todos, afirma Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a aprovação da Medida Provisória 777, que cria a TLP, é um “passo relevante para modernização da economia brasileira”. “A TLP irá diminuir o custo do crédito para todos e não apenas para os devedores do BNDES”, disse Meirelles pelo Twitter.
A nova taxa a ser cobrada pelo BNDES em empréstimos foi aprovada nesta quarta-feira por comissão mista do Congresso. “Com a TLP, os subsídios do crédito passam a constar no orçamento, com maior transparência e equidade na definição de políticas públicas. A TLP vai ajudar a reduzir as taxas de juros, aumentando a eficiência da política monetária no controle da inflação”, afirmou.
Aprovado na comissão, o relatório será votado agora nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deverá pautar a MP 777 ainda na sessão desta quarta-feira.
FOLHA DE SÃO PAULO
Prévia da inflação sobe menos que o esperado e é a menor em 18 anos
A prévia da inflação oficial do Brasil subiu menos do que o esperado em agosto, com nova queda dos preços de alimentos, e em 12 meses foi ao menor nível em quase 20 anos, mantendo o espaço para que o Banco Central siga com a trajetória mais forte de corte dos juros básicos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 0,35% em agosto, depois de ter recuado 0,18% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (23).
Em 12 meses, o indicador acumulou alta de 2,68%, menor patamar desde março de 1999 (2,64%). Com isso, o indicador ficou ainda mais abaixo do piso da meta oficial deste ano, de 4,5% pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Ambos os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters junto a analistas, de avanço mensal de 0,40% e alta de 2,73% no acumulado de 12 meses.
Segundo o IBGE, em agosto o grupo Alimentação e Bebidas, que responde por 25% das despesas das famílias, recuou 0,65%, no terceiro mês seguido de queda dos preços. Os destaques foram os preços do feijão-carioca (-13,89%), batata-inglesa (-13,06%) e leite longa vida (-3,86%).
Também apresentaram queda os preços de Comunicação, de 0,32%, e de Vestuário, de 0,29%.
Na outra ponta, os grupos Transportes e Habitação registraram as maiores altas no mês, respectivamente de 1,35% e 1,01%. Somente os combustíveis subiram 5,96%, enquanto a tarifa de energia elétrica teve alta de 4,27% com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha.
TAXA DE JUROS
Com a pressão inflacionária contida e fraca atividade econômica, o BC vem reduzindo a taxa básica de juros desde outubro passado, levando-a aos atuais 9,25% após redução total de 5 pontos percentuais.
A autoridade monetária volta a se reunir no início de setembro, e a expectativa de economistas na pesquisa Focus é de manutenção do corte de 1 ponto, como nos três encontros anteriores, com a Selic terminando o ano 7,5%.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.