VALOR ECONÔMICO
Crise aumenta retomada de bens por fundos de crédito privado
As gestoras de recursos Capitânia e Rio Bravo, de São Paulo, investiram R$ 135 milhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) com lastro em receitas de dois shopping centers no Rio Grande do Sul e acabaram virando proprietárias dos empreendimentos após sofrerem calote. Casos como esse se tornaram mais comuns nos últimos dois anos com a crise econômica e consequente aumento da inadimplência das empresas, e obrigaram os gestores a assumirem uma postura mais ativa na tentativa de recuperar o investimento.
Mais que isso, acostumados a fazer análise de crédito, esses gestores se viram forçados a gerir ativos reais nas carteiras. Emitidos pela Ápice Secutitizadora, esses CRIs tinham como garantia 100% de um shopping em Gravataí e 30% de outro centro comercial em Lajeado e foram adquiridos pelos fundos de crédito da Capitânia, em um investimento de pouco mais de R$ 100 milhões, cerca de 6% do total de R$ 1,650 bilhão em crédito privado corporativo gerido pela gestora.
Já a Rio Bravo comprou cerca de 10% da emissão por meio de um fundo de recebíveis. Os imóveis que serviam de lastro para os recebíveis eram administrados pelo M.Grupo. Com o pedido de falência da incorporadora pertencente ao grupo administrador dos empreendimentos foi disparado o vencimento antecipado dos CRIs. Apesar de os papéis contarem com alienação fiduciária dos imóveis, o devedor conseguiu uma liminar na Justiça para impedir a execução das garantias e o processo acabou se arrastando por cerca de dois anos.
Os imóveis foram levados a leilão e, como não apareceu comprador, acabaram sendo passados para a securitizadora Ápice, que deve transferi-los aos credores. "Isso tudo tem um custo, tivemos que contratar dois assessores legais, um em São Paulo e outro em Porto Alegre, além de todo trâmite do processo judicial", afirma Arturo Profili, sócio da Capitânia. Situações como essa também levaram os gestores a acompanhar mais de perto os investimentos, acrescenta Profili.
A Capitânia ainda tinha cerca de R$ 25 milhões investidos em uma outra série de CRIs, também emitidos pela Ápice Secutitizadora, que tinham como garantia a participação em alguns shoppings pequenos, além de um hotel em Bagé (RS), pertencentes ao M.Grupo. Como a empresa não cumpriu com os pagamentos, os empreendimentos foram retomados. "A ideia agora é usar a receita gerada pelos empreendimentos para investir nos imóveis e poder vendê-los", diz Profili.
Apesar de a lei de alienação fiduciária ter trazido mais segurança aos investimentos em ativos imobiliários, ela está sendo colocada à prova agora com o aumento das execuções das garantias. O pedido de recuperação judicial da incorporadora PDG deve ser um importante teste para o mercado. Os credores ainda negociam para que os créditos que contam com garantias em imóveis cedidos com patrimônio de afetação e alienação fiduciária fiquem de fora do plano de recuperação judicial.
A Capitânia era um dos detentores da 25ª série da 1ª emissão de CRIs da PDG Securitizadora. A gestora, junto com outros credores representados pelo BTG Pactual e Banco Fibra, decidiu deixar com a própria empresa a responsabilidade pela venda dos apartamentos dados em garantia com alienação fiduciária, cujo valor se aproxima do saldo dos CRIs, de R$ 87 milhões. O pagamento de juros dos papéis foi suspenso até 31 de dezembro de 2018, e o dinheiro da venda dos imóveis servirá para amortização da dívida até o fim do ano que vem. A Rio Bravo, que tem um total de R$ 1,2 bilhão alocado em crédito privado, ainda enfrenta um outro caso de retomada de garantia, constituída por imóveis residenciais de uma construtora de menor porte que serviam de lastro para uma emissão de CRI.
"A gente já começa a ver uma luz no fim do túnel, mas ainda há um rescaldo da crise para administrar", afirma Alexandre Fernandes, diretor de renda fixa e crédito da Rio Bravo. A gestora GGR Investimentos, também de São Paulo, acabou assumindo três edifícios residenciais em Itajaí (SC), num total de 72 unidades, dados como garantia de uma debênture emitida pela incorporadora MaxCasa XVII Empreendimentos Imobiliários.
Os papéis foram adquiridos pelo fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC) GGR Prime I, e respondiam por cerca de 5% do portfólio, cujo patrimônio era de R$ 305 milhões no dia 11. Só que nesse caso, antes mesmo de vencer a primeira parcela de um total de 12 a serem pagas pelas debêntures, no início do ano, a própria MaxCasa procurou os gestores e propôs um acordo para transferir a titularidade dos imóveis para o fundo. A gestora agora está em contato com corretores de imóveis em Itajaí para vender os apartamentos.
A partir dessa experiência, a GGR ficou mais exigente na avaliação de investimentos em crédito privado. "A gente não quer mais correr o risco de venda e procuramos olhar recebíveis já performados, com um mínimo de 70% de imóveis já vendidos", conta Telêmago Genovesi Junior, sócio-gestor da GGR. Vale destacar que alguns tipos de bens dados em garantia são mais difíceis de serem retomados, entre eles fábricas, hospitais e escolas. "Em toda operação existe a chance de não receber. Por isso, é importante analisar a qualidade da garantia", alerta Rafael Fritsch, sócio da Canvas Capital.
A gestora, que tem cerca de R$ 800 milhões aplicados em crédito privado e mais R$ 700 milhões disponíveis para investimento, tem como foco ativos em situação de estresse financeiro. "Já executamos diversos ativos dados como garantia de dívidas, desde fazendas de eucalipto e de soja até imóveis, terrenos e prédios. O importante é ver se o ativo tem liquidez e mapear investidores estratégicos interessados na compra antes de entrar na operação", diz Fritsch. Essas experiências, de fato, têm levado os gestores a adotar uma postura mais conservadora nos investimentos em crédito privado.
Com a crise e a maior dificuldade para vender bens, a Canvas passou a dar um desconto maior na avaliação de um ativo dado como garantia de dívida. "Em média, o valor do colateral caiu cerca de 20%", diz. A Capitânia também passou a exigir que o valor do bem dado em garantia seja o dobro do valor do investimento. A gestora reduziu ainda a exposição por emissor e tem diversificado a alocação em crédito privado. "Temos alocado de 20% a 40% em papéis de cada setor: imobiliário, infraestrutura e dívida corporativa", afirma Profili.
O advogado Carlos Ferrari, sócio do escritório N, F&A, ressalta que o gestor do fundo de crédito não está acostumado com esse tipo de situação, apesar de ter aumentado nos últimos dois anos. Ele conta que, como a manutenção do ativo ilíquido na carteira atrapalha o cálculo do valor das cotas dos fundos, algumas casas, como a própria Capitânia, têm preferido criar carteiras imobiliárias separadas para administrar esses ativos. Alexandre Lodi, sócio-diretor da Oliveira Trust, prestadora de serviços fiduciários, afirma que o número de reestruturação de dívida e repactuação de debêntures aumentou nos últimos anos, com alguns casos envolvendo o vencimento antecipado, seja por problemas de atraso de pagamento ou pedido de recuperação judicial das empresas.
Dos cerca de 200 papéis sob a operação da Oliveira Trust, Lodi afirma que houve apenas quatro casos de empresas que entraram com pedido de recuperação judicial: Oi, PDG, a incorporadora Viver e a construtora OAS. "A execução é vista como caso extremo e envolve mais custo. Os investidores acabam preferindo dar mais prazo e renegociar a dívida", diz. Apesar do ambiente mais difícil para o investimento em crédito privado, a queda da Selic deve levar os gestores a aumentar a participação desses ativos nas carteiras. "A queda dos juros vai forçar os gestores a buscar retorno", diz Profili, da Capitânia.
Concessões já pediram R$ 5,5 bi em revisões
As rodovias concedidas à iniciativa privada durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff já pediram R$ 5,5 bilhões em revisões contratuais. Das oito concessões assinadas no período, uma foi cassada e quatro são alvo de processo administrativo - que pode resultar em retomada. Somente três empresas estão adimplentes com os compromissos assumidos em contrato. O "inferno astral" das concessionárias é resultado de uma combinação de fatores negativos que inclui o forte efeito da recessão econômica sobre o movimento nas estradas e a dificuldade na obtenção de crédito e de licenças ambientais, além dos custos extras decorrentes da aprovação da Lei dos Caminhoneiros.
Algumas variações de custos podem ser reivindicadas pelas empresas a título de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. O valor, quando autorizado, é diluído na tarifa de pedágio. A queda no volume de tráfego, entretanto, não está entre elas, pois faz parte do risco natural do negócio. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) concedeu 41% do valor solicitado pelas concessionárias, pouco mais de R$ 2,25 bilhões. As concessões que têm como sócios empreiteiras envolvidas na Lava-Jato foram as primeiras a sentir o baque. Com as denúncias, o BNDES barrou empréstimos de longo prazo que estavam apalavrados. Sem crédito, concessionárias foram reduzindo o ritmo de obras até abandoná-las.
Foi o que aconteceu com a Galvão Engenharia, que após um longo processo na ANTT acabou perdendo o trecho de 625 km da BR-153, entre Anápolis (GO) e Palmas. O contrato, assinado em setembro de 2014, tinha 30 anos de vigência e será relicitado em 2019. A Galvão foi a única entre as oito concessões assinadas por Dilma que não solicitou reequilíbrio financeiro do contrato. A Odebrecht - que pediu R$ 489 milhões - também não recebeu o crédito do BNDES para a duplicação da BR-163 em Mato Grosso. Em 2015, a concessionária Rota do Oeste assumiu outros 400 km da mesma estrada, cuja duplicação estava a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Com o agravamento da crise econômica e a aprovação da Lei dos Caminhoneiros, a concessionária foi perdendo o fôlego e começou a atrasar o cronograma. Hoje, responde a processo administrativo na ANTT, que é considerado a "antessala" da declaração de caducidade da concessão. O processo tem duração de 180 dias desde a instauração até a abertura da caducidade, que tem que passar por decisão da diretoria da ANTT. A partir daí, são mais 120 dias até que a mesma diretoria decida se o trecho deve ou não ser retomado pela União.
Além da Rota do Oeste, estão inadimplentes a Concebra, a Eco101 e a Via 040. Controlada pela Triunfo Participações, a Concebra é a maior concessão do país em extensão. São 1.176 km que abarcam as rodovias BR-060, BR-153 do país em extensão. São 1.176 km que abarcam as rodovias BR-060, BR-153 e BR-262. A empresa também é recordista em pedido de reequilíbrio, com R$ 2,35 bilhões. Procurada, negou responder processo na ANTT e disse estar "atualizando" seu cronograma de obras. O menor valor solicitado até agora é o da Eco101, controlada pela EcoRodovias.
Apesar de ter um prazo maior, a duplicação do trecho de 476 km da BR-101, entre Mucuri (BA) e a divisa do Espírito Santo com o Rio, está atrasado e sem perspectiva de avançar. A concessionária, que já pediu R$ 343,5 milhões para reequilibrar seu contrato, sofre com a queda da economia do Espírito Santo - reflexo da indústria do petróleo. A Eco101 informou que apresentou à ANTT uma proposta de repactuação do contrato. A situação é parecida na Via 040, responsável pelos 936 km entre Brasília e Juiz de Fora (MG), na BR-040. Em dificuldades financeiras, a Invepar já manifestou interesse em devolver a concessão, aproveitando a legislação sancionada recentemente pelo presidente Michel Temer.
Mesmo quem ainda está em dia com as obrigações passa por dificuldades. A MS Via, trecho de 847 km da BR-163 no Mato Grosso do Sul, se acertou recentemente com a ANTT e recebeu mais prazo para retomar o ritmo dos investimentos. A concessionária é controlada pelo grupo CCR. Em melhor situação está a MGO, "sindicato" de pequenas construtoras que controla o trecho da BR-050 entre Cristalina (GO) e Delta (MG).
A concessionária tem bom ritmo de obras e é considerada um bom exemplo de diluição dos riscos entre as empresas. A EcoPonte, que administra a ponte Rio-Niterói, também está em dia com as obras. Independentemente da situação em que se encontram, todas as concessionárias aguardam com ansiedade a medida provisória que promete flexibilizar as regras de investimento, especialmente o prazo para duplicação, que deve passar para 14 anos.
Aluguel excessivo já representa mais da metade do déficit na habitação
O déficit habitacional brasileiro subiu a 6,2 milhões de domicílios em 2015, num crescimento de 2% em relação a 2014 e de 5,8% em dois anos, em meio ao avanço do desemprego e redução da renda, além do corte de investimentos na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida. Em relação ao total de domicílios, a carência também avançou naquele ano, dos 9% de 2014 para 9,3%.
Calculado pela Fundação João Pinheiro, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o déficit habitacional considera a soma de habitações precárias, casas compartilhadas por mais de uma família, residências com mais de três moradores em média por cômodo, além das famílias com rendimento de até três salários mínimos e gasto com aluguel superior a 30% da renda.
Num ano de queda de 3,8% do PIB e avanço de 27% no número de desempregados, o chamado "ônus excessivo de aluguel" passou a representar mais da metade do déficit habitacional nacional pela primeira vez na série histórica iniciada em 2007. Em 2015, esse componente chegou a 51,5% do déficit, ante 48,2% em 2014 e apenas 29,8% em 2007. Nas regiões metropolitanas, onde o custo da terra é mais elevado, a situação é ainda mais alarmante.
O gasto excessivo com aluguel em 2015 representou mais de 60% da composição do déficit habitacional nas regiões metropolitanas de Curitiba (66,1%), Rio de Janeiro (65,3%), Recife (63,7%), São Paulo (60,9%) e Fortaleza (60,2%). E a tendência, com a continuidade da recessão em 2016 e 2017, é esse quadro seguir se agravando. "Se um membro da família perde o emprego, o rendimento familiar é impactado. Em anos anteriores, havia também uma elevação do valor do aluguel, mas isso perdeu relevância em 2015", explica Raquel Viana, pesquisadora da Fundação João Pinheiro. Em 2015, houve uma queda real dos aluguéis de 12,7%, segundo o Índice FipeZap.
Apesar desse alívio, a renda média do brasileiro encolheu 4,4% em termos reais, conforme dado do IBGE deflacionado pelo Valor. "A família de baixa renda, quando despende um valor muito alto do seu rendimento com aluguel, acaba comprometendo outros gastos básicos como alimentação e transporte, tornando ainda mais precária sua condição", afirma Raquel Viana.
Mas o aluguel caro não foi o único vilão naquele ano de recessão. Também as habitações precárias - nome dados às casas sem paredes de alvenaria ou ao que nem são casas, mas servem de moradia, como pontes e viadutos, carcaças de carros ou cavernas - voltaram a ganhar espaço em 2015, em todas as regiões, à exceção do Nordeste.
"Há uma multidão de despejos individuais, de pessoas que não conseguem mais pagar aluguel, entram em dívidas e são obrigadas a sair das casas que alugavam. Isso, evidentemente, cria novos sem teto", afirma Guilherme alugavam. Isso, evidentemente, cria novos sem teto", afirma Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Segundo Boulos, há aumento das ocupações e das listas de espera para participar do movimento em todo o país.
"Ninguém ocupa por opção, ninguém monta um barraco de lona precário e coloca seus filhos numa situação sem nenhum infraestrutura porque gosta. As pessoas ocupam por falta de alternativa", diz. No mercado imobiliário, o esvaziamento das contratações de empreendimentos na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida - que atende famílias com renda mensal de até R$ 1,8 mil - também é citada como um fator para o aumento do déficit habitacional durante a crise econômica.
"O setor imobiliário brasileiro vive uma de suas piores crises, se não a pior. Há uma ilha de prosperidade, que são as faixas 2 e 3 do Minha Casa, Minha Vida. O que parou foi a faixa 1, bancada em quase 95% com recursos da União", diz o vice-presidente de habitação do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Ronaldo Cury.
Segundo dados do Ministério das Cidades, as unidades contratadas na faixa 1 do principal programa habitacional do governo federal chegaram a um auge de 537 mil em 2013, caindo a 200 mil no ano seguinte e a apenas 17 mil em 2015. No ano passado, houve uma ligeira recuperação, com a contratação de quase 37 mil unidades, mas ainda muito distante dos tempos áureos.
Em 2017, até junho, foram contratadas apenas 2,4 mil unidades, ante meta anunciada de 170 mil. "Para mitigar o déficit, o Ministério das Cidades recuperou na atual gestão a faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida, que sofreu severa redução de investimentos exatamente a partir do ano de 2015", argumenta a pasta, através de nota. "O ministério também elabora neste momento um programa de prestação de serviços de aluguel social", informou, acrescentando ainda não haver mais detalhes ou um prazo para o lançamento do programa.
Mercado corta projeção para inflação e taxa Selic, aponta Focus
A surpresa positiva com a prévia do IPCA de agosto levou o mercado a reduzir ainda mais a projeção para a inflação este ano e a apostar em um corte maior na taxa básica de juros (Selic). A mediana do boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, mostra que os economistas reviram suas estimativas para a inflação oficial de 3,51% para 3,45% no fim de 2017. Já para a Selic ao fim deste ano, o mercado cortou a projeção de 7,50% para 7,25%.
Na quarta-feira passada, o IBGE divulgou que o IPCA-15 subiu 0,35% em agosto, depois de cair 0,18% em julho. A alta foi menor do que o esperado para o mês (0,40%) e a taxa acumulada em 12 meses foi a mais baixa desde março de 1999. Para o IPCA fechado de agosto, a projeção do boletim Focus também recuou de 0,47% para 0,44%. Para 2018, os analistas mantiveram a estimativa do indicador em 4,20%.
A melhora nas projeções de inflação foi acompanhada pelo grupo que mais acerta as previsões no Focus (Top 5). Para o IPCA em 2017 essas instituições reduziram a estimativa de 3,38% para 3,27%. Já para a Selic, o Top 5 cortou a projeção de 7,25% para 7% tanto em 2017 quanto 2018. O agregado do Focus manteve, para 2018, a previsão da Selic em 7,50%.
Arida: Com cenário melhor, agenda do BC e Fazenda impulsionará crédito
Em condições macroeconômicas melhores, a agenda positiva de medidas do Ministério da Fazenda e do Banco Central levará a uma expansão importante na concessão de crédito e terá impacto positivo no crescimento da economia. A afirmação é de Persio Arida, ex-presidente do Banco Central e ex-sócio do BTG Pactual. Para o economista, o ambiente externo é favorável para a melhora nas condições macroeconômicas.
No cenário doméstico, Arida afirmou estar muito otimista. “Ninguém acreditava na aprovação de medidas como a reforma trabalhista e o teto de gastos”, afirmou, durante evento no Insper. Arida disse que houve uma mudança na mentalidade nos países da América Latina nos últimos anos na direção de uma agenda liberal. No Brasil, o primeiro passo nesta direção foi dado ainda na gestão de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda e tem uma segunda etapa com a equipe econômica atual. “A eleição presidencial pode o ser terceiro passo”, disse, ao acrescentar que a chance de o país colher os frutos das medidas tomadas pela atual equipe econômica a partir de 2019 é muito grande.
Incerteza no cenário fiscal afeta câmbio e juro
A última semana de agosto reserva uma série de dados relevantes para os mercados financeiros, mas se os indicadores de atividade podem trazer algum alívio, o mesmo não se espera dos números fiscais. A preocupação com as contas públicas, aliás, foi o argumento citado por profissionais ao longo da semana passada para explicar a fraca performance do câmbio e de posições que ganham com a queda dos prêmios de risco na curva de juros. Analistas ponderam que, a despeito do conjunto positivo de notícias dos últimos dias, questões estruturais e que mexem com expectativas para a dívida no futuro continuam sem resolução.
O Valor apurou que a negociação da reforma previdenciária está em "pausa" à espera de um desfecho em torno da reforma política. A aprovação na Câmara dos Deputados da medida provisória que cria a TLP e o anúncio do pacote de privatizações deram respiro a investidores receosos com novas denúncias contra o governo Temer. Ainda assim, falta definição sobre quando a reforma da Previdência voltará a ser debatida com propriedade. E o desconforto aumenta conforme os mercados mensuram os riscos à agenda de reformas na medida que se aproxima o ano eleitoral.
Os riscos fiscais impactam sobretudo a disposição do investidor em aplicar em prazos mais dilatados - justamente por isso, mais suscetíveis à volatilidade do noticiário das contas públicas. E o contínuo aumento dos prêmios em vértices mais longos da curva de juros denuncia um mercado que se mostra menos confiante num avanço tempestivo de medidas que revertam a trajetória de deterioração da dívida pública.
A diferença entre os juros DI com vencimentos em janeiro de 2023 e janeiro de 2019 - uma "proxy" do risco associado ao fiscal - começa esta semana em 213 pontos-base, máxima em três anos e meio. Na semana passada, a alta foi de 16 pontos-base. Foi a terceira semana seguida de acréscimo, período no qual a chamada "inclinação da curva" saltou 40 pontos. "Do ponto de vista concreto, não houve avanço na questão da Previdência e por ora não há indicação de que haverá", diz Joaquim Kokudai, gestor da JPP Capital.
Ele entende que a principal preocupação do mercado é ter base para prever quando finalmente a dívida como proporção do PIB começará a cair. Algumas casas - caso do J.P. Morgan - estimam que a proporção possa alcançar 100% em uma década sem a aprovação das reformas. Mas o risco de mudança na política econômica - a depender do resultado das eleições de 2018 - pode colocar em xeque a sustentabilidade da dívida antes disso.
Nesta semana, o Banco Central divulgará o resultado de julho do setor público consolidado. A estimativa do banco Haitong é de déficit de R$ 10 bilhões, o quinto mês seguido no vermelho. Em 12 meses, o rombo deverá ficar em R$ 164,3 bilhões, ligeiramente menos que os R$ bilhões, ligeiramente menos que os R$ 167,2 bilhões no acumulado até junho. " [O déficit] apenas reforça a urgência da aprovação das reformas instituições", afirma o Haitong. O que pode proporcionar algum alívio ao mercado são os números do PIB do segundo trimestre. Analistas consultados pelo Valor estimam que o consumo das famílias evitará um declínio da atividade econômica em relação aos três primeiros meses do ano.
Um pouco mais otimista, o BNP Paribas prevê que a economia tenha crescido 0,2% na mesma base de comparação. No entanto, a expectativa do banco francês é que os números apenas confirmem que a retomada tem ocorrido a um ritmo ainda lento. Os trechos curtos da curva de juros devem ser influenciados ainda pelos dados fechados do IGP-M de agosto. O consenso de mercado indica taxa de 0,06% sobre julho, o que significaria firme aceleração frente à leitura de -0,72% de julho ante junho.
No câmbio, a semana promete a típica volatilidade de fim de mês, quando se acirra a "briga entre comprados e vendidos" em dólar - um grupo ganha com a alta e o outro, com a baixa da moeda. O real inicia a semana com o quarto pior desempenho global em agosto, em queda de 1,14%. Na sexta, o dólar fechou cotado em R$ 3,154. Mesmo com o noticiário positivo no mercado doméstico, a moeda já opera próxima de patamares que dificultam aumento de posições compradas.
Isso ganha mais peso quando se considera que a questão fiscal segue como preocupação relevante do mercado, e sem perspectiva de resolução no curto prazo. Operadores destacam ainda a expectativa de menos fluxos advindos da safra agrícola.
País terá que aumentar imposto, diz Pessôa
A solução do grave problema fiscal brasileiro passa pela adoção de reformas que diminuam o ritmo de crescimento das despesas públicas e também pela elevação de impostos, diz Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para ele, se o país não enfrentar "o conflito distributivo" civilizadamente, o resultado será a volta da inflação alta.
Pessôa vê 2019 como "um ano muito importante" para o Brasil, quando o país vai decidir como enfrentar esse problema. "Gerir o conflito distributivo de modo civilizado será, por meio do Congresso, fazer reformas que reduzam a taxa de crescimento do gasto público e aumentem a carga tributária, para que nós consigamos financiar a dívida pública, financiar o Estado brasileiro, sem cair em dominância fiscal e inflação", resume ele, também sócio da consultoria de investimento Reliance.
Pessôa diz ainda que a aprovação da reforma da Previdência e de outras medidas que enfrentem o ritmo insustentável de expansão das despesas públicas são fundamentais para o país transitar de fato para um regime de juros baixos. Ele afirma ver um "imenso potencial de crescimento da economia brasileira", desde que o país faça as coisas certas. "O problema é que fazer as coisas certas significa mexer em direitos adquiridos. Nós temos um setor público que prometeu para grupos da sociedade coisas que não pode entregar. Aí ninguém quer ceder", diz Pessôa.
Embora considere crucial a adoção de medidas que diminuam o ritmo de expansão dos gastos públicos, ele acredita que será preciso elevar impostos para enfrentar o rombo fiscal. "Tem que fazer primeiro o gasto, para que a taxa de crescimento das despesas fique contida, e depois tem que fazer imposto", diz Pessôa, para quem se deve repensar a isenção de lucros, juros e dividendos no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). "Isso pega aquele bando de gente que acha que é classe média, que somos nós. É o 1% da população em termos de renda. Todo mundo tem a sua 'pejotinha' ou o seu Simples, pagando menos imposto do que pagaria se fosse CLT", diz ele.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
Valor: O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre, um desempenho concentrado na agropecuária. Qual a expectativa para o segundo trimestre?
Samuel Pessôa: O número da equipe liderada pela economista Silvia Matos, do Ibre, é uma queda de 0,2% [em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal]. Se tirar a agropecuária, é de uma alta de 0,1%. Ou seja, a economia está vindo.
Valor: Como a agropecuária foi muito forte no primeiro trimestre, ela devolve parte da alta no segundo?
Pessôa: Exatamente. E o PIB excluindo agropecuária deve ser mais positivo no terceiro trimestre. Há uma recuperação. Ela parece sólida e disseminada, mas é lenta, diferentemente de outras.
Valor: Por que a recuperação tem sido tão lenta?
Pessôa: Por causa dos motivos que levaram à crise. Há dois principais. O primeiro é a questão fiscal. Ter um Tesouro que não consegue se financiar, não saber qual vai ser o acordo político que vai resolver esse problema, gera um nível de incerteza gigante na economia. Não dá para o investimento voltar.
Valor: Qual é o segundo motivo?
Pessôa: O segundo é o que faz esta crise ser parecida com a crise dos anos 1980. A crise dos anos 80 foi uma crise externa. A de agora não tem nada externo. Do ponto de vista macroeconômico, são muitos diferentes. Mas, do ponto de vista microeconômico, são idênticas, e a mais recente é pior.
Valor: Em que sentido?
Pessôa: As duas foram precedidas por um longo período de intervencionismo estatal estimulando excesso de investimento em alguns setores, escolhidos pelos burocratas de plantão, por critérios em geral errados. Excesso de investimento significa investimento que não dá retorno. Investiu-se muito num setor, acumulou-se muita dívida e a capacidade de geração de caixa que esse investimento produziu não é compatível com a dívida que ele gerou.
Valor: Dilma foi o Geisel do PT?
Pessôa: Sim, mas isso começou antes de 2011. Foi quando a Dilma disse que o ajuste fiscal era rudimentar. Lá foi a transição, na entrevista que deu ao "Estado de S. Paulo" em novembro de 2005, que marcou a transição do mundo "Malocci" [combinação de Malan com Palocci, uma referência ao dois ex-ministros da Fazenda] para um intervencionismo brizolista, geiselista, getulista. Foi uma mudança de política econômica aprovada e estimulada pelo Lula. Como a crise mais recente teve um sobreinvestimento num monte de setores, tem digestão longa.
Valor: Essa recuperação está de fato calcada num ajuste de estoques, na retomada cíclica?
Pessôa: Acho que ela é cíclica, mas além disso tem um outro elemento. O mundo melhorou, as commodities subiram um pouquinho e a América Latina, em especial a América do Sul, teve um ganho de renda. Quando tem ganho de renda na América do Sul, nós exportamos manufaturados para os países da região. Isso ocorreu muito claramente no ciclo de 2002 a 2010.
Valor: A Selic deve cair para 7,5%, segundo o consenso de mercado. Isso vai estimular um crescimento robusto da economia em 2018?
Pessôa: Vai. O número que nós temos no Ibre é 1,8%, 2%. Um crescimento de 2% no ano que vem está na conta de todo mundo. Para este ano, esperamos um crescimento de 0,3%. Há o efeito da política monetária e o processo de digestão dos excessos.
Valor: A queda de juros é sustentável ou os problemas das contas públicas podem fazer com que a taxa tenha que subir com mais força quando a ociosidade acabar?
Pessôa: Acho que há a possibilidade de nós estarmos transitando para um regime de juros baixos. Nós ficamos 25 anos em que o gasto primário crescia mais do que o PIB. Se nós conseguirmos fazer a reforma da Previdência e outras reformas e conseguirmos rodar alguns anos com o gasto primário crescendo aquém do PIB, e sem parafiscal [referência à expansão forte do crédito dos bancos públicos], nós não sabemos como a economia vai se comportar. É possível que o país vá para esse equilíbrio de juro baixo por causa desses fatores. O que pode gorar essa história? Como a dívida pública está crescendo muito, é possível que o prêmio de risco aumente muito. Nós podemos ter um juro alto por causa do prêmio de risco. Mas me parece que, se nós conseguirmos fazer as reformas necessárias para que a PEC do teto seja atendida e se nós controlarmos o parafiscal, nós poderemos ir para um equilíbrio de um juro colombiano, peruano, chileno.
Valor: Antes da crise política, havia a expectativa de aprovação de uma reforma da Previdência razoável. Hoje, o mais provável é que não seja aprovada reforma nenhuma ou uma reforma muito diluída. Isso não coloca em risco a melhora estrutural das contas públicas?
Pessôa: Não há a menor dúvida. Se nós não fizermos a reforma da Previdência, vai ser muito difícil transitar para um regime de juro baixo. Um dos maiores fatores que explicam juro real elevado como equilíbrio de longo prazo no Brasil é uma estrutura de gastos públicos que requer que a despesa primária da União cresça além do PIB sistematicamente, há mais de 20 anos. Se não conseguir mudar isso, é difícil convergir para o juro baixo.
Valor: Mas mesmo a reforma da Previdência não é suficiente, certo? Sem outras reformas, o teto de gastos não será cumprido.
Pessôa: Acho o seguinte. É necessário fazer um monte de reformas pelo lado do gasto. Talvez depois da reforma da Previdência repensar o abono salarial e um monte de coisas. E vai ter que aumentar imposto. Eu continuo achando isso.
Valor: Parte do ajuste requer aumento de tributos?
Pessôa: Nós só não estamos falando muito de imposto hoje porque não adianta aumentar imposto se não fizer o lado do gasto. Tem que fazer primeiro o gasto, para que a taxa de crescimento das despesas fique contida, e depois tem que fazer imposto. Acho que aproveitar essa oportunidade para repensar a isenção de lucros, juros e dividendos no Imposto de Renda da pessoa física é um item que deve ser tratado. E a grande distorção na isenção de lucros e dividendos do IR para a pessoa física não é dos dividendos das empresas que estão no lucro real, como os bancos, Petrobras, Vale. Essas empresas pagam na pessoa jurídica 34%, se somar a CSLL e IRPJ. Se for do setor financeiro, é quase 44%. O IR delas é muito alto e a justificativa de não tributar na física é por causa disso. A distorção maior é Simples e lucro presumido. Isso pega aquele bando de gente que acha que é classe média, que somos nós. É o 1% da população em termos de renda. Todo mundo tem a sua "pejotinha" ou o seu Simples, pagando menos imposto do que pagaria se fosse CLT. É um claro caso de elisão fiscal. Isso terá que ser tratado.
Valor: Qual é o custo de deixar para aprovar a reforma da Previdência no próximo governo?
Pessôa: O primeiro custo é que a reforma no próximo governo daqui a dois anos vai ter que ser muito maior. O segundo custo é que nós estamos passando por um período calma, mas essa calma dos mercados tem um componente enganador. Ela tem sido produzida por uma situação internacional muito favorável. Isso pode mudar.
Valor: Em que medida a produtividade baixa limita as perspectivas de crescimento no futuro, quando o país sair da recessão e a retomada cíclica estiver caminhando?
Pessôa: A população ocupada cresce, sei lá, 1% ao ano. A produtividade no mundo cresce 1% ao mundo. Vamos dizer que o Brasil, sem grandes esforços, se arrumar a macroeconomia, a produtividade cresce 1% ao ano. Aí você teria 2% de crescimento. Grosso modo, esse seria o crescimento potencial. [Mas], se você fizer a reforma trabalhista, como já fez, e continuar na linha de reformas, isso pode ir para 3,5% tranquilamente.
Valor: É possível ser otimista quanto à produtividade?
Pessôa: É verdade que nós perdemos o bônus demográfico e nós estamos há 30 anos estagnados, mas aparentemente na política e no desenvolvimento institucional há uma linha crescente. Nós melhoramos. Eu fico surpreso com a capacidade reformadora do governo Temer. Não consigo achar que essa capacidade reformadora é coisa de um governo golpista. Acho que há alguma força na sociedade que quer isso, mesmo que as pesquisas digam que não. As pessoas querem um futuro melhor, e a única coisa que o PT soube oferecer ao país em 13 anos foi aumentar a carga tributária e aumentar gasto público. As pessoas perceberam que isso não dá certo. É necessário mais do que isso. Aumentar gasto com programa social é importante, o país é desigual, é injusto, mas na verdade no período petista foi um período muito atrasado, conservador. A forma como o país contrata, avalia e remunera o servidor público é igualzinha à de 20 anos atrás. O PT não contribuiu com uma linha para evoluir nessa dimensão.
Valor: Essa agenda de reformas e de austeridade fiscal vai ter apelo nas eleições?
Pessôa: Essa pergunta é para um cientista político. Mas a impressão que eu tenho, e talvez seja apenas otimismo exagerado, é que acho impossível, depois dessa crise, de a reforma da Previdência estar na agenda, de se ter feito reforma trabalhista, que os políticos vão conseguir fazer uma campanha sem falar dos temas difíceis.
Valor: Quem quer que seja o presidente a partir de 2019 vai ter que fazer a reforma da Previdência?
Pessôa: Vai. Ou faz a reforma da Previdência ou vai para a inflação. Eu não consigo ver uma alternativa. O maior risco é a volta da inflação. Os meus colegas economistas heterodoxos dizem que esse meu discurso é terrorista. Mas eu olho a dinâmica da dívida pública...
Valor: Como avalia a situação fiscal?
Pessôa: Eu não vejo um ganho cíclico de arrecadação forte. E acho que a receita vai reagir muito defasada, porque as empresas acumularam prejuízos, que vão compensar. O imposto é sobre o lucro. Nos primeiros um, dois anos depois da recuperação, a receita não vai responder, porque as empresas estarão compensando prejuízos passados.
Valor: E o problema de gasto?
Pessôa: Sem reforma da Previdência, o problema de gastos não está enfrentado. E também é necessário um monte de [outras] coisas.
Valor: Se não atacar a questão dos gastos obrigatórios, há o risco de o próximo governo ter como prioridade tirar o teto, não?
Pessôa: Se mexer no teto, o câmbio vai a R$ 5. Acabou o governo. O mercado não está calminho à toa. Não é pelos belos olhos do Michel Temer. O teto foi uma coisa muito dramática. O mercado acreditou nesse negócio. A âncora é o teto.
Valor: Mesmo se ele for inviável?
Pessôa: Se deixar o teto passar [ser rompido], aí você não pode contratar, não pode dar um aumento de salário, não pode dar aumento do salário mínimo além da inflação. Toda a lógica do teto é que, quando isso ocorrer, vai gerar tanto problema que você vai constituir a base de apoio para aprovar a reforma da Previdência e fazer tudo o que precisa fazer. Para gerir o conflito distributivo de modo civilizado.
Valor: O governo passou a projetar déficits primários maiores para o período de 2017 a 2020. Como o sr. avalia essa mudança?
Pessôa: É ruim. O ideal seria que a maior projeção de déficits ficassem restritos ao biênio 2017 e 2018 em função da piora da receita. Com a retomada da economia e a volta da receita, os déficits fiscais deveriam ser os anteriores. Piorou a dinâmica da dívida. Quem for eleito para 2019 terá que encontrar novas fontes de receita, além de ter que fazer um monte de reforma para cortar gastos.
Valor: Há motivos para ser otimista com a economia brasileira nos próximos quatro ou cinco anos?
Pessôa: Há motivos para ser otimista e para ser pessimista. Se nós fizermos as coisas certas, o potencial de crescimento é imenso. O Brasil pode ser um país de renda alta. O problema é que fazer as coisas certas significa mexer em direitos adquiridos. Nós temos um setor público que prometeu para grupos da sociedade coisas que não pode entregar. Aí ninguém quer ceder. Pegue o exemplo da Fiesp. Ela faz campanha para não aumentar imposto. Mas não quer mexer nos 2,5% de contribuição sobre a folha compulsória que é a renda dela, o sistema S. Ela também não quer a TLP, que afeta os subsídios do BNDES. Ela quer ajuste fiscal, desde que não seja no BNDES, e não pode aumentar imposto. Os servidores públicos não querem mexer em nada - na verdade, eles querem que aumentem os gastos com eles.
Valor: O que ocorrerá se esse problema não for resolvido?
Pessôa: Se não resolver, vai ser por inflação. Ah, o mundo é desinflacionário. Mas a Argentina tem 30%, vinte e poucos por cento, de inflação. A Venezuela tem 700%. Se a Argentina e a Venezuela foram, porque nós não podemos ir? Nós somos melhores do que eles?
Valor: E o projeto que substitui a TJLP pela TLP nos empréstimos do BNDES? Por que se tornou o novo pomo da discórdia entre ortodoxos e desenvolvimentistas?
Pessôa: Eu gosto muito do projeto. A heterodoxia brasileira tem uma visão de que o processo de desenvolvimento está ligado à indústria, enquanto para nós, ortodoxos, o crescimento é um processo de desenvolvimento institucional - o que você produz não é muito importante. A heterodoxia pensa diferente. Se nós não tivermos indústria, nós vamos ser pobres. Para nós, não é muito importante o que o país faz. Se as instituições funcionarem, o país vai ser rico de qualquer modo. Há uma ou outra falha de mercado, principalmente associada à tecnologia, introdução de novas práticas, novas técnicas, novos produtos, mas em geral o desenvolvimento é essencialmente um fenômeno institucional. Economista heterodoxo adora dar subsídio para a indústria porque eles acham que isso gera crescimento econômico. Na raiz da divergência da TLP, está essa leitura da heterodoxia brasileira de que a indústria é um setor essencial para o desenvolvimento econômico. É claro que há muito grupo de interesse. Mas eu não estou falando disso, mas da visão ideológica que sustenta esse tipo de coisa.
Valor: Qual deveria ser o papel do BNDES? Como o setor privado vai buscar financiamento?
Pessôa: Como todo mundo sem acesso ao BNDES. Pouca gente tem acesso ao BNDES. É muito dinheiro, mas é pouca gente. Quem não tem acesso ao BNDES faz alguma coisa para conseguir financiamento. Eu quero regra igual para todo mundo. Tratar os iguais de modo igual.
Valor: Qual deve ser o papel do BNDES?
Pessôa: O de desenhar e ajudar os investimentos, fazer ou avaliar os projetos, participar de grandes condomínios de financiamento, subscrever debêntures, ajudar em financiamento à exportação - ser o Eximbank brasileiro. E, sempre que o Congresso decidir conceder recursos para subsídios para setores que achar importantes, subsidiar.
Valor: É boa ideia privatizar a Eletrobras agora?
Pessôa: Acho positivo. Melhorará a governança da empresa e reduzirá o espaço para que futuros governos populistas empreguem a empresa para satisfazer interesses políticos eleitorais de curto prazo sem atender aos interesses de longo prazo da sociedade. Evidentemente, para eu fazer uma avaliação mais profunda, é necessário conhecer o desenho da operação.
Valor: Em 2014, o sr. estava bastante pessimista com a economia brasileira. Hoje está mais ou menos pessimista do que naquela época?
Pessôa: O meu pessimismo de 2014 se materializou - e o que o que ocorreu foi ainda pior do que eu imaginava. Acho que 2019 vai ser um ano muito importante. Nós vamos decidir se nós vamos gerir o nosso conflito distributivo de modo civilizado ou não.
Valor: O é que exatamente gerir o conflito distributivo de modo civilizado?
Pessôa: Será, por meio do Congresso, fazer reformas que reduzam a taxa de crescimento do gasto público e aumentem a carga tributária, para que nós consigamos financiar a dívida pública, financiar o Estado brasileiro, sem cair em dominância fiscal e inflação.
Valor: O governo Temer não faz isso? Ele é só uma transição?
Pessôa: O governo Temer está fazendo muito pra isso, mais do que eu imaginaria que ele fosse fazer, mas ele tem pouco tempo.
Consumo reagiu e fez PIB fechar estável no 2º tri, dizem analistas
O Produto Interno Bruto (PIB) deve ter desacelerado no segundo trimestre, na série com ajuste sazonal, mas a abertura dos dados tende a ser mais animadora que a do primeiro, quando o crescimento de 1% foi puxado quase que exclusivamente pela agropecuária. Depois de cair por nove períodos consecutivos, o consumo das famílias liderou o avanço da atividade, segundo economistas. Do lado da oferta, os serviços, puxados por comércio e transporte, devem finalmente subir, após oito trimestres de queda seguidos por estabilidade no período de janeiro a março deste ano.
A média de 18 analistas consultados pelo Valor Data prevê um PIB estável no segundo trimestre, ante o primeiro. O intervalo das estimativas vai de queda de 0,3% a alta de igual intensidade. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a previsão é de avanço de 0,1%. As Contas Nacionais Trimestrais serão divulgadas na próxima sexta-feira, dia 1º de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Passados os dias de tensão com as delações da JBS que ameaçaram o presidente Michel Temer, os dados relativos à atividade econômica do segundo trimestre e de 2017 devem mostrar bom desempenho, afirma Sergio Vale, sócio da MB Associados.
Ele prevê alta de 0,1% no período. "Parece que caminhamos para uma recuperação mais relevante do que no primeiro trimestre, que foi muito baseada no setor agropecuário", diz. O desempenho agro ainda deve contribuir para o PIB, caindo menos que o esperado por causa da segunda safra de milho, que superou as expectativas, segundo alguns analistas. Beneficiado pela leve melhora do mercado de trabalho e também pela queda da inflação e parte do dinheiro liberado das contas inativas do FGTS, o consumo das famílias aumentou 0,4%, prevê Mauricio Nakahodo, economista do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) no Brasil.
"O recuo da inflação em especial abriu espaço na renda para a expansão do consumo", diz, acrescentando que a demanda pode ter tido alguma contribuição da queda dos juros. Esse fator, contudo, deve ajudar a economia de forma mais pronunciada neste segundo semestre. Luis Afonso Lima, economista-chefe da Mapfre Investimentos, estima alta maior, de 1,1% no consumo, mas vê essa expansão como pontual.
A desaceleração da inflação contribuiu para elevar os salários reais, disse, mas o impacto da liberação do saldo inativo do FGTS não deve ser observado nos próximos trimestres. Os gastos do governo também devem ter crescido de abril a junho nos cálculos da Mapfre, com expansão de 0,7% sobre os três meses anteriores. "As despesas do governo em relação ao PIB seguem em alta, assim como o déficit orçamentário. O governo ainda está tendo papel expansionista na economia", avalia. A Mapfre prevê queda de 0,1% no PIB do segundo trimestre.
Ainda pela ótica da demanda, não será desta vez que os investimentos ajudarão o PIB na previsão do MUFG. A construção civil continua em retração forte e o segmento de máquinas e equipamentos também pode vir negativo. O banco estima queda de 0,5% na formação bruta de capital fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa) de abril a junho.
Se realizada, será a quarta retração consecutiva. A FBCF caiu em 12 dos 13 trimestres desde o período entre outubro e dezembro de 2013. A exceção foi uma alta marginal de 0,1% no segundo trimestre de 2016. "Há muita ociosidade na indústria. Não há incentivo à vista para os investimentos", diz Nakahodo. Lima, da Mapfre, ressalta que a produção industrial está caindo menos, mas os estoques continuam aumentando. "Isso está puxando o investimento para baixo", diz ele, que espera redução de 0,2% nessa linha do PIB.
O Credit Suisse reviu sua previsão de queda do produto no segundo trimestre deste ano, de -0,5% para -0,1%, por causa da dinâmica mais favorável da produção na agropecuária e dos serviços. A projeção da safra, em particular a produção de grãos e de cana-de-açúcar, tem sido elevada sucessivamente pelo IBGE e por isso o banco prevê queda de 3,5% no PIB agropecuário ante o primeiro trimestre, mas um aumento de 12% ante o segundo trimestre do ano passado.
Já os serviços devem crescer 0,2%, com destaque para comércio e transportes, este último um segmento impulsionado pela maior expansão da agricultura e da indústria manufatureira. O Credit estima que o consumo das famílias cresceu 0,8% no período de abril a junho. Na média, os economistas consultados pelo Valor Data estimam alta de 0,9%. O Votorantim é uma das instituições que preveem alta no PIB da agropecuária no segundo trimestre, de 1%, ante o primeiro, ainda que num nível bem menor que os 13,4% vistos de janeiro a março. O banco estima crescimento de 0,3% na indústria e de 0,2% nos serviços, na mesma base de comparação.
"Se confirmado esse resultado, será o segundo trimestre consecutivo de crescimento da indústria e dos serviços, o que não ocorria desde 2013 e 2014, respectivamente", anota. A instituição pondera que apesar dessas expectativas positivas, a abertura dos setores deve mostrar que o crescimento ainda não está difundido. Na indústria, pouco mais da metade dos segmentos deve ter crescido no trimestre.
Nos serviços, menos da metade. A exceção é o comércio varejista, que mostrará alta em 70% dos segmentos, segundo a previsão do banco. Mas a tendência tem sido positiva, diz o Votorantim em relatório, com cada vez mais setores se expandindo. A MCM, que revisou a estimativa do PIB do segundo trimestre de queda de 0,4% para recuo de 0,2% ante o primeiro, diz que os serviços de utilidade pública e a construção civil puxaram a atividade do setor industrial para baixo.
A previsão da consultoria é de queda de 0,5% na indústria geral ante o primeiro trimestre. Mas há quem estime alta para esse componente do PIB, como o Haitong (0,6%). Para o setor extrativo mineral, a projeção da MCM é de alta de 0,4% por causa da surpresa positiva com a produção de petróleo e da extração de minério de ferro. A estimativa para o PIB agro foi revisada de queda de 3,5% para recuo de 2,6%. No setor externo, as exportações devem continuar a crescer ainda na esteira das commodities agrícolas, diz Nakahodo, do MUFG.
Ele estima alta de 2% nas vendas externas de bens e serviços e de 1,5% nas compras. Ainda que oscilem entre pequena queda e ligeira alta, as previsões para o desempenho da atividade econômica brasileira no segundo trimestre indicam uma expectativa melhor do que aquela pós-delação da JBS, em meados de maio. Vários analistas esperam a confirmação de suas projeções para revisar o PIB de 2017 para cima.
A crise que envolveu Temer há três meses fez a MB, na ocasião, revisar para baixo sua projeção para o PIB deste ano, de alta de 1% para 0,3%. Agora, "mesmo que o segundo trimestre venha um pouco negativo", as projeções para 2017 e 2018 devem ser revistas novamente - mas desta vez para cima, afirma Sergio Vale, que se coloca entre os economistas mais otimistas em relação ao desempenho da atividade neste e nos próximos anos. Ele calcula que a atividade deve crescer entre 0,5% e 1% em 2017 e de aproximadamente 3% em 2018. "Reverter 4,5 pontos percentuais sem política fiscal e tendo que usar a política monetária lá atrás para combater uma inflação de dois dígitos não é pouca coisa", disse.
O Votorantim, que espera crescimento de 0,5% para 2017, diz que se confirmada a expectativa para o segundo trimestre, esse percentual deve subir, ainda que o nível de produção permaneça muito baixo. "A leitura mais importante é que o aumento das incertezas políticas não parece ter comprometido a retomada nem afetado significativamente seu ritmo. Os próximos trimestres devem continuar mostrando expansão gradual da atividade econômica", observa o banco.
FOLHA DE SÃO PAULO
Analistas preveem alta do PIB no segundo trimestre
As estatísticas sobre a evolução do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, que serão divulgados na sexta (1º), devem reforçar o sentimento de que o pior da crise econômica está ficando para trás, ainda que de modo bastante lento e gradual.
Para parte dos analistas, é possível que os números registrem uma leve alta pelo segundo trimestre consecutivo. No primeiro trimestre do ano, o avanço foi de 1% em relação ao trimestre anterior –primeiro período de alta após oito quedas consecutivas.
Até meados de agosto, as projeções para a atividade de abril a junho eram mais pessimistas. Parte significativa das projeções apontavam para um novo recuo do PIB no segundo trimestre, que não contaria com o impulso dado pela agropecuária à atividade de janeiro a março. A expansão do setor foi de 13,4%.
A divulgação dos números do comércio varejista e também do setor de serviços em junho surpreendeu positivamente, disparando uma revisão para cima das projeções.
Após forte alta no primeiro trimestre, a agricultura contribuiu novamente com o bom desempenho da atividade econômica no trimestre seguinte, diz o Banco Votorantim, enquanto a indústria e os serviços podem consolidar a tendência de recuperação.
O Votorantim prevê alta de 0,2% para o PIB do segundo trimestre, com reação do consumo após nove trimestres consecutivos de queda.
A equipe liderada pelo economista Roberto Padovani ressalta, no entanto, que o crescimento econômico ainda não está difundido. Pouco mais da metade dos segmentos da indústria cresceu no trimestre. Nos serviços, menos da metade cresceu, ele calcula. A exceção é o comércio varejista, que mostrou avanço em 70% dos setores.
O Votorantim aponta que, confirmada a trajetória de alta esperada para indústria e serviços, será o segundo trimestre consecutivo de crescimento de ambos, o que não ocorria desde 2013 para a indústria e 2014 para serviços.
O Banco Haitong também espera alta de 0,2% para o PIB do segundo trimestre, com indústria e serviços puxando a leve alta. "Essa é uma boa notícia, uma vez que aponta para uma revitalização mais generalizada da economia, o que geralmente é mais sustentável", diz a equipe do Haitong, em referência ao forte efeito que o setor agrícola teve nos resultados observados de janeiro a março.
O Haitong também espera um desempenho favorável do consumo privado, que, junto com o aumento das importações, mostra que esse componente da atividade está voltando aos trilhos. "Uma recuperação pode estar em andamento mas deve ser leve", afirma o Haitong, em relatório.
Para a consultoria Rosenberg, o PIB deve apresentar estabilidade no trimestre, corroborando a melhora lenta e gradual da economia. A mediana das projeções reunidas pelo Banco Central no dia 18 indica queda de 0,1% para o PIB do segundo trimestre.
O ESTADO DE SÃO PAULO
Construção dá primeiros sinais de reação
O setor imobiliário começa a dar os primeiros sinais de reação. Mas, escaldadas, as incorporadores tentam achar o ponto de equilíbrio entre não ficar para trás, no momento em que a economia parece dar os primeiros sinais de recuperação, e nem repetir a euforia do excesso de lançamentos pré-crise. Desemprego, devoluções de imóveis e endividamento das famílias ainda preocupam, e as entidades da construção não esperam uma retomada sólida antes do ano que vem.
O setor imobiliário começa a dar os primeiros sinais de reação. Mas, escaldadas, as incorporadores tentam achar o ponto de equilíbrio entre não ficar para trás, no momento em que a economia parece dar os primeiros sinais de recuperação, e nem repetir a euforia do excesso de lançamentos pré-crise. Desemprego, devoluções de imóveis e endividamento das famílias ainda preocupam, e as entidades da construção não esperam uma retomada sólida antes do ano que vem.
Para Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, a crise levou as empresas do setor a reavaliar estratégias, mas a demanda por imóveis segue firme. “Como o ano passado foi muito ruim, a expectativa é que os lançamentos em São Paulo aumentem 10% neste ano.” A maior parte desses residenciais concentrada em padrão baixo ou médio.
O primeiro semestre foi de aumento nas vendas de imóveis, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). As vendas líquidas somaram 32.465 unidades, alta de 17,8%, e os distratos, 17.785 unidades, queda de 20%, ante igual período de 2016.
O representante comercial e sócio de uma cervejaria Caio Ranzatti, de 30 anos, e a designer de joias Bruna Fujino, de 28, estão entre os que compraram um imóvel. Eles planejavam alugar um apartamento ao se casarem, daqui a dois anos. “Vimos que a prestação não ficaria distante do custo da locação. A crise preocupa, mas não dá para viver em função dela.”
Na planta. A realidade do setor imobiliário, porém, é de um otimismo cauteloso: mesmo que os lançamentos superem os do ano passado, não há perspectiva de corrida aos estandes.
Na MBigucci, os últimos dois anos serviram para comprar terrenos. “Boas oportunidades surgiram, para quando o País reaquecer”, diz Milton Bigucci, presidente da empresa, que deve ter dois novos empreendimentos neste ano. A construtora do ABC espera a recuperação progressiva das montadoras para lançar mais. Como um residencial leva de dois a três anos para sair do papel, as empresas olham horizontes de médio e longo prazos. “Vai ser preciso uma sequência mais longa de indicadores positivos. O setor não aguentaria um voo de galinha da economia”, diz o copresidente da Even, João Azevedo. A empresa, que tem R$ 5,3 bilhões em terrenos, planeja lançar só os projetos com mais potencial de venda.
“Há muita demanda reprimida, que se resolverá com o tempo. A cautela é natural”, avalia João da Rocha Lima, do Núcleo de Real Estate da Poli/USP. O mercado, diz, ainda precisa queimar seus estoques – os imóveis lançados e não vendidos.
Alicerce. No mês passado, a construção civil registrou o primeiro saldo positivo de vagas em 33 meses, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com 724 pessoas a mais empregadas, tanto em infraestrutura quanto no mercado residencial. Uma delas foi o pintor de fachadas Lucimauro de Carvalho, de 34 anos. “Foram dois anos sem carteira assinada. Vivi de bicos.”
“É um indicador importante, mas pontual. Temos uma ‘simbiose’ com o restante da economia: o setor depende do crescimento dos demais segmentos para respirar e o País só vai se reerguer quando a construção crescer”, diz José Carlos Martins, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). “Se tudo correr bem, a recuperação chegará à construção civil no ano que vem.”
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.