Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

Para Kawall, projeção do Copom já permite Selic abaixo de 7% ao ano

O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, considera que as projeções de inflação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já comportam uma taxa Selic abaixo de 7% ao ano no fim do atual ciclo de distensão monetária. A ata do Copom, divulgada na terça-feira, projeta uma inflação de 4,3% em 2018, assumindo a trajetória para a taxa Selic prevista pelo mercado.

No documento, o BC descreve essa trajetória como "taxas de juros de 7% ao ano ao final de 2017 e 2018, elevando-se para 8% ao longo de 2019". Essa projeção mostra que, com juros de 7% ao ano, a inflação fica perto da meta de 2018, de 4,5%, por isso não há muito espaço para cair abaixo desse percentual. Mas Kawall chama a atenção para a trajetória mensal da taxa Selic prevista pelos analistas econômicos entre o começo e o fim de 2018, que conta uma história diferente.

Ela inclui uma queda de 0,25 ponto percentual na Selic em fevereiro, para 6,75% ao ano, e uma alta de 0,25 ponto percentual em novembro, para 7% ao ano. Ou seja, a inflação ficaria em 4,3%, perto da meta, mesmo com o juro caindo temporariamente abaixo de 7% no ano que vem. "O Focus foi nessa direção porque os analistas de mercado previam o fim do ciclo de corte de juros em 'escadinha', com um corte final de 25 ponto", lembra o economista.

Isto é, o Copom cortaria os juros em 0,75 ponto em outubro, para 7,5% ao ano (como de fato cortou na semana passada); seguido de baixa de 0,5 ponto em dezembro, para 7% ao ano; e um movimento final de 0,25 ponto em fevereiro, para 6,75%. A visão de Kawall é que essa escadinha já era parte da projeção condicional apresentada pelo Copom tanto no seu comunicado da semana passada quanto na ata.

Depois que o Copom tirou a indicação de um fim gradual de juros - e, portanto, eliminou a sinalização dessa escadinha -, aumentaram as chances de um corte de 0,5 ponto percentual em fevereiro, opina o economista. O Safra aposta que o ciclo de distensão terminará com um corte de 0,5 ponto percentual em fevereiro, para 6,5% ao ano. Essa aposta se baseia tanto no fato de que, na visão do banco, a projeção condicional do BC já permite juros abaixo de 7% ao ano quanto na avaliação do Safra de que essa mesma projeção tende a ficar mais favorável nos 63 dias que separam as reuniões do Copom de dezembro e fevereiro.

Kawall lembra que, na gestão Ilan Goldfajn, o BC tem estimulado o mercado a entender a sua função-reação, ou seja, como pretende reagir à evolução de variáveis que a autoridade considera importantes, incluindo projeções de inflação, inflação subjacente, expectativas, ociosidade da economia e balanço de riscos. "Com os olhos de hoje, esse conjunto de informações que o BC nos estimula a seguir parece sinalizar que é possível juros abaixo de 7%", disse Kawall.

Outros analistas vinham defendendo a tese de que, como a projeção do BC para 2018, de 4,3%, está abaixo da meta para o ano, de 4,5%, isso por si só abriria espaço para juros abaixo de 7%. Mas o BC indicou em setembro que a projeção de 4,3% significa que a inflação esperada está basicamente na meta, porque há incertezas em projeções num prazo tão longo.

Kawall concorda que a projeção de 4,3% do BC está perto da meta. Mas pondera que o consenso do mercado é uma inflação de 4,02% em 2018 e, apesar de revisões devido ao reajuste da energia elétrica, há espaço para as projeções do BC se aproximarem desse percentual. "A aposta é que esses 4,3% projetados pelo BC para 2018 podem vir um pouco mais para baixo", diz.

 

Trump coloca Powell no Fed e traz alívio para emergentes

Os mercados emergentes não têm o que temer com a indicação do diretor e integrante do conselho do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, para substituir Janet Yellen no comando da autoridade monetária americana a partir de fevereiro de 2018.

Analistas e economistas ouvidos pelo Valor afirmam, em uníssono, que a indicação, anunciada ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nada muda, em termos de cenário, para as economias em desenvolvimento. "A nomeação significa a continuidade da política monetária gradualista atual do Fed e não terá implicações significantes aos emergentes", diz Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics.

O especialista vai além: "com Powell, o Fed terá menos importância para os emergentes do que os próprios fatores internos de cada país, como crise política no Brasil e vulnerabilidades da economia da China".

A estrategista de mercados globais do J.P. Morgan Asset, Grabiela Santos, compartilha a opinião de Shearing. "A estratégia gradualista e bem telegrafada de aperto monetário do BC dos EUA vai ser mantida e, em conjunto com os fundamentos melhores dos emergentes, vai ajudar a afastar eventuais impactos negativos das futuras altas de juros do Fed".

Mario Castro, estrategista do Nomura para a América Latina, vê a indicação de Powell como uma boa notícia para os emergentes. Mas ainda é necessário ver o novo chefe do BC "em ação" antes de se traçar um cenário mais claro para ativos desses mercados. "É preciso entender sua postura, sua personalidade... Precisamos vê-lo falando em coletivas... Ele não é economista, e isso é uma coisa nova em termos de presidência do Fed", diz.

Ao indicar Powell para o Fed, o presidente Trump optou por um nome de continuidade na condução política monetária, que ao mesmo tempo mostra disposição para promover algum afrouxamento da regulação financeira.

Além disso, Powell tem experiência no setor privado, atributo apreciado por Trump. De 1997 a 2005, foi sócio do Carlyle Group, uma das principais companhias de private equity (participação em empresas) dos EUA. Advogado de formação, faltam a Powell credenciais acadêmicas que sobravam a Yellen e Ben Bernanke, antecessor de Yellen. "Em caso de turbulências nos EUA ou na economia global, estará preparado para enfrentá-las?", perguntam analistas.

Em geral, o nome de Powell foi recebido de modo positivo pelos analistas de mercado, ainda que sem grande entusiasmo. Uma das exceções é o economista-chefe para os EUA da Capital Economics, Paul Ashworth. Para ele, a escolha de Powell foi decepcionante. "O Fed vai enfrentar muitas desafios difíceis nos próximos anos e não está claro se Powell tem habilidade para enfrentá-las", escreveu ele, em nota, afirmando que o currículo do escolhido por Trump não está à altura dos padrões esperados para o comandante do Fed.

No front da política monetária, Powell deve manter a orientação adotada pela atual presidente do Fed. "A normalização das taxas deve continuar gradual e dependente dos dados", como considera, em nota, o economista Michael Gapen, do Barclays Capital. "Powell acredita que a economia está em pleno emprego, vê a inflação como uma 'espécie de mistério', mas espera que suba, e apoia altas graduais de juros se a economia tiver o desempenho esperado", resumiram economistas do Goldman Sachs, em relatório.

As posições do futuro chefe do BC americano ecoam as expressadas pela atual. Yellen em discursos recentes também descreveu a recente fraqueza das leituras de inflação nos EUA como um "mistério", mas reiterou sua crença de que as pressões sobre preços vão crescer conforme aumenta o aperto no mercado de trabalho. O que pode marcar uma diferença significativa entre os mandatos do futuro e da atual presidente do BC dos EUA se restringe a àrea de regulação financeira.

Enquanto Yellen faz, sempre que pode, defesa sólida das normas adotadas após a crise de 2008, com exigências mais duras de capital e fiscalização para as instituições bancárias, Powell assume uma postura mais flexível e sinaliza a possibilidade de desmontar, pelo menos em parte, o arcabouço regulatório montado soba a lei Dodd-Frank.

Powell tem citado em discursos possibilidade de revisões, como a simplificação da regulação para pequenos e médios bancos, mudanças na Lei de Volcker, que proíbe as instituições de usar capital próprio em operações especulativas, melhorar a transparência e até retirar as avaliações qualitativas dos testes anuais de estresse, entre outras propostas. Gabriela, do J.P.

Morgan, também acredita que a diferença entre Powell e Yellen vai ficar mais restrita à forma como o futuro presidente do Fed vai lidar com a regulação bancária nos EUA. "A abordagem de Powell sobre a regulação bancária deverá ser mais flexível e aberta uma revisão das regras do setor, mas isso pode ser positivo para o setor financeiro americano."

O economista da Capital Economics chama a atenção para a mudança de quatro nomes no conselho do Fed para o ano que vem, o que pode levar a uma guinada mais "hawkish" de posições dentro do banco central americano. "Quarles [novo vice-presidente de regulação do Fed] é um falcão e John Taylor [que disputou com Powell a sucessão de Yellen] ainda está na linha para uma indicação a vice-presidente do Fed", considera.

 

Produção industrial deve fechar 2017 em alta, após três anos consecutivos de queda

A produção industrial fechou o terceiro trimestre no azul, consolidando uma sequência de três trimestres de resultados positivos em 2017, ainda que em ritmo decrescente. Após avanço de 0,2% na produção industrial em setembro, na base mensal ajustada, indicadores antecedentes sugerem nova alta em outubro em relação ao mês anterior. Com isso, a indústria deverá fechar o ano com crescimento pela primeira vez após três anos seguidos de quedas.

A variação da produção industrial em setembro veio abaixo do avanço de 0,5% esperado pelo mercado e não chegou a compensar a queda de 0,7% registrada em agosto (revisada de -0,8%). A atividade industrial em setembro foi impulsionada pela produção de bens intermediários (0,7%) e bens de consumo duráveis (2,1%), mas puxada para baixo pela contração em bens de capital (-0,3%) e bens de consumo semi e não duráveis (-1,8%).

Com o resultado de setembro, a indústria geral encerrou o terceiro trimestre com avanço de 0,9% em relação ao segundo trimestre, feitos os ajustes sazonais. O setor de transformação foi um pouco melhor, com alta de 1,2%. Nos dois casos, os resultados mostram uma pequena desaceleração em relação ao crescimento registrado nos dois primeiros trimestres. A indústria geral começou o ano crescendo 1,4%, chegou a 1,1% no segundo trimestre e agora veio para 0,9%.

No setor de transformação, os percentuais foram de 1,2%, 1,4% e 1,1%. Segundo o Itaú Unibanco, os primeiros indicadores coincidentes - confiança da indústria, utilização da capacidade instalada, dados semanais de comércio exterior e consumo de energia e prévias do setor de automóveis - sinalizam alta de 0,3% da produção industrial em outubro.

Já a Pezco projeta um avanço de 0,5%. Além dos indicadores antecedentes, Helcio Takeda, da Pezco, explica que tem procurado incorporar um componente qualitativo aos seus cálculos. "O varejo no fim do ano deve ser melhor [do que em 2016], então pode haver alguma recomposição de estoques para atender a essa expectativa."

Apesar da projeção de aceleração para a produção industrial em outubro, os economistas divergem quanto ao quarto trimestre. "Já se esperava uma desaceleração no terceiro trimestre porque, no primeiro e no segundo [trimestres], houve contribuição positiva de recomposição de estoques, além do FGTS que impulsionou o consumo, ajudando a produção.

Passado esse estímulo, era esperada uma acomodação na taxa de crescimento e isso deve acontecer de novo no quarto trimestre", afirma Takeda. Já Flávio Serrano, do Haitong, acredita em movimento contrário. "Quando se tem estoque baixo e economia crescendo, naturalmente a produção tende a crescer, então daria para esperar uma aceleração de ritmo no quarto trimestre e no primeiro trimestre do ano que vem", diz.

A estimativa do ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira, de que a produção industrial deve crescer entre 2,5% e 3% este ano é considerada provável pelo Haitong. Isso significaria que a indústria voltaria a crescer algo entre 1% e 1,5% de outubro a dezembro, na comparação com o trimestre anterior. Caso a produção industrial se mantivesse no nível de setembro até o fim do ano, o setor registraria avanço de 2,2% em 2017, calcula Alberto Ramos, do Goldman Sachs.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Investimentos dão primeiros sinais de reação após quatro anos de queda

Após quase quatro anos em queda praticamente ininterrupta – houve apenas um respiro, com alta de 0,4% no segundo trimestre do ano passado –, os investimentos devem começar agora a deixar o fundo do poço. A projeção é que a taxa de investimentos na economia tenha fechado o terceiro trimestre deste ano com crescimento de até 1,6%. Mas, segundo especialistas, ainda vai demorar muito tempo para se recuperar o que foi perdido nesse período: em quatro anos, a taxa de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 21,1% para os atuais 15,5%.

Rodolfo Margato, economista do Santander, por exemplo, projeta que os investimentos tenham crescido 1% no terceiro trimestre e devem ganhar mais ritmo no próximo ano, quando devem avançar 6%. Porém, esse crescimento ainda estará longe de recuperar os níveis pré-crise. “É claro que a volta dos investimentos é um sinal positivo, por interromper quatro anos de contração, mas está longe de compensar todas as perdas desse período.”

Os sinais de que há um início de reação aparecem aos poucos. O Indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, que mede os investimentos das empresas em bens de capital), calculado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que, em agosto, o investimento cresceu 0,8% em relação a agosto de 2016, após 13 meses seguidos de queda.

“Está havendo um respiro no investimento quando se olha os dados mensais”, diz o economista José Ronaldo de Souza Júnior, coordenador de Estudos de Conjuntura do Ipea. Ele ressalta que o investimento em máquinas e equipamentos está crescendo bastante e de forma aparentemente consistente. Sua projeção é que, no terceiro trimestre, a taxa de investimentos na economia tenha crescido 1,6%.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de máquinas e equipamentos foi destaque positivo em agosto em várias bases de comparação dentro da indústria em geral. A produção de bens de capital cresceu cinco meses seguidos – entre abril e agosto – em relação ao mesmo mês do ano passado. No acumulado de janeiro a agosto, acumula uma alta de 4,4%, enquanto a produção industrial como um todo subiu 1,5%.

“É inegável que há uma melhora de ritmo, mas como as perdas do passado foram intensas, o movimento é muito gradual e lento em relação à retomada do investimento”, diz o economista André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do IBGE. Ele ressalta, no entanto, que, apesar do recente crescimento, a produção de bens de capital em agosto está 37,2% abaixo do seu ponto mais elevado, atingido em setembro de 2013.

De acordo com o indicador do Ipea, em agosto, o consumo aparente de máquinas (que é a produção nacional descontada a exportação e acrescida da importação) subiu 11% em relação ao mesmo mês de 2016. No ano, o consumo aparente de máquinas saiu do vermelho, com um avanço de 0,2%. Já a construção civil, que responde pela maior parcela do investimento, acumula queda de 6,2% no ano e um recuo de 4,5% em agosto.

Gradualismo.

Paulo Castelo Branco, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), detectou uma melhora na importação de bens de capital nos últimos meses, mas ressalta que é muito lenta. “Entre os nossos associados notamos uma maior movimentação de pedidos de cotação de máquinas.” Como há um intervalo de quatro a seis meses entre fechar o pedido e receber a máquina, ele acredita que as indústrias estão se preparando para um cenário melhor em 2018.

“Vamos deixando aos poucos o cenário de corte visto no investimento desde 2014”, diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. Ele prevê um crescimento de 0,7% do investimento no terceiro trimestre.

Incertezas. Ainda que muitos projetos possam seguir represados em razão das incertezas decorrentes das eleições do ano que vem, economistas avaliam que o início das obras de empreendimentos leiloados neste ano vai ampliar o fluxo de recursos investidos em 2018. Nas previsões da consultoria Inter.B, os investimentos em infraestrutura vão subir dos R$ 95,5 bilhões previstos neste ano para R$ 107,2 bilhões em 2018. Serão puxados pelo avanço dos empreendimentos nas áreas de energia, rodovias, ferrovias e portos.

“Partimos da premissa de que um candidato de centro e reformista vai ganhar as eleições do ano que vem. Essa retomada ficará, porém, comprometida se vencer um candidato de discurso populista. Se houver falta de visibilidade, os investidores passarão a cobrar um prêmio de risco que nenhum empreendimento poderá pagar", observa Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B.

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