Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Crédito deve ter primeiro aumento real desde 2014

O crédito no Brasil deve apresentar neste ano a primeira expansão real desde 2014, deixando para trás um período de profunda retração. Mas a recuperação será gradual e diretamente ligada aos segmentos que vêm puxando a melhora recente da economia. Projeções de bancos e economistas indicam um aumento no estoque total que, na melhor das hipóteses, irá um pouco além de 2%, descontada a inflação - ou 6% em termos nominais.

Enquanto as operações com pessoas físicas já ensaiam uma volta à normalidade com o aumento do consumo, o crédito bancário para empresas - especialmente as grandes companhias - ainda caminha muito lentamente. Mais conservador que a média do mercado, o Banco Central (BC) prevê crescimento nominal de 3% para o estoque de crédito no país neste ano, abaixo da variação de 3,96% no IPCA prevista no boletim Focus.

A perspectiva da autoridade monetária embute uma projeção de recuo de 2% no volume de operações com empresas, enquanto o saldo de financiamentos às famílias deve crescer 7%. O mercado brasileiro de crédito fechou novembro com R$ 3,063 trilhões em estoque, queda de 1,3% em um ano, segundo os dados mais recentes do BC.

O último ano de crescimento nominal dos financiamentos foi em 2015, mas a inflação de 10,67% no período levou a uma queda do saldo em termos reais. A recuperação só começou a ocorrer em 2017, mas ainda assim em um ritmo mais lento do que o esperado, em especial do lado das empresas. "As famílias foram ajudadas pela queda da inflação e pela redução do desemprego, com impacto positivo no poder de compra", diz o economista João Morais, da Tendências Consultoria.

Diante disso, os bancos têm dado mais peso às linhas de pessoas físicas, inclusive as diretamente atreladas ao consumo, que ficaram em segundo plano nos últimos anos. É o caso do financiamento de veículos, que voltou ao radar das instituições financeiras recentemente. "Quem manteve emprego está trocando de carro, comprando roupas e móveis", afirmou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em entrevista no começo de dezembro.

É esse movimento que, segundo ele, vai chegar à taxa de investimento das empresas mais adiante. No caso do crédito à pessoa jurídica, o que os bancos veem por enquanto é uma retomada na demanda de pequenas e médias empresas por linhas de capital de giro e em modalidades atreladas à antecipação de recebíveis.

Castigadas pela crise ou abaladas pelos desdobramentos da Operação LavaJato, as companhias de grande porte têm ociosidade de sobra e ainda não precisam de um grande volume de recursos para investir. Algumas delas também têm encontrado no mercado de capitais condições mais vantajosas para se financiar ou reperfilar dívidas.

"Existem evidências de substituição de crédito por mercado de capitais no caso das pessoas jurídicas", afirmou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, em entrevista no fim do ano passado. Somando as duas fontes, o volume captado por empresas de janeiro a outubro cresceu 1,8%, segundo dados apresentados por ele.

A expansão do mercado de capitais e a queda no volume de crédito também refletem outro fator: o recuo estratégico do BNDES, fonte que esteve por trás de boa parte do financiamento às grandes companhias na última década. A carteira do banco de fomento encolheu 12,9% no intervalo de um ano até novembro. Essa mudança veio para ficar. O BC prevê queda de 6% na carteira de crédito direcionado a pessoas jurídicas em 2018. "O crédito a grandes empresas não voltará a ser o que foi. O BNDES encolheu e o mercado de capitais vai continuar crescendo", afirma Morais, da Tendências.

Nas operações com recursos livres, a situação do crédito a empresas já está melhor. Nessa modalidade, as originações pararam de cair no segundo trimestre e voltaram a crescer no terceiro quando excluídos componentes sazonais, segundo o economista. O volume de concessões de julho a setembro foi 1,6% maior que o apresentado nos três meses anteriores.

A expectativa nos bancos é que as operações com empresas ganhem tração à medida que se consolidar o processo de recuperação da economia. A queda da Selic também deve ajudar, já que reduz as despesas financeiras das companhias, abrindo espaço para novos empréstimos. Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), observa que as grandes empresas ainda têm passivos para equacionar, mas a situação tende a melhorar ao longo do ano.

Se por um lado a Selic mais baixa pode encorajar os clientes a tomar mais empréstimos, por outro ela pressiona a rentabilidade dos bancos. Diante disso, as instituições financeiras terão de se lançar mais no mercado de crédito. "Em 2018, os bancos já não vão ter tanto espaço para redução de despesas com provisões e, ao mesmo tempo, existe uma pressão generalizada da sociedade e das autoridades pela queda dos spreads. Eles vão precisar de volume para compensar isso", observa Morais.

A recente inclinação dos bancos para o crédito a pessoas físicas e pequenas e médias empresas também se deve a esse cenário de Selic em declínio. As operações com esses clientes costumam render margens mais elevadas que os negócios com grandes empresas, que em geral trabalham com taxas pósfixadas e acompanham mais rapidamente a queda do juro básico.

"O maior desafio para os bancos brasileiros no médio prazo é sustentar o crescimento da carteira de crédito e, ao mesmo tempo, melhorar a lucratividade em meio a um ambiente de taxa de juros mais baixas, com o risco de limitar sua capacidade de geração interna de capital no longo prazo", afirmou a Fitch Ratings em relatório a clientes na semana passada.

Apesar disso, a agência de classificação de riscos elevou de "negativa" para "estável" a perspectiva para o setor financeiro brasileiro ao avaliar que o pior ficou para trás em termos de inadimplência.

Para Claudio Gallina, diretor sênior de instituições financeiras da Fitch na América Latina, os bancos passaram bem por 2017, apontado como uma espécie de "ano de testes" para o setor. De acordo com ele, as instituições estão líquidas e bem capitalizadas. "Com a crise, o colchão para perdas foi reforçado. Se quisesse, o sistema como um todo teria condições de colocar mais R$ 1,5 trilhão no mercado de crédito", diz.

Para o Goldman Sachs, 2018 será um ano de transição para os bancos brasileiros. A volta do crédito ocorrerá em um cenário de margens sob pressão, mas com uma melhora na qualidade dos ativos - o que significa menos inadimplência. "O resultado final desse processo será em 2019, quando esperamos que os bancos registrem um forte crescimento nos lucros impulsionados por um novo ciclo de crescimento do crédito", escrevem os analistas do banco, em relatório a clientes.

Embora as eleições presidenciais deixem questões em aberto, a expectativa, por ora, é que não tenham grande impacto no mercado de crédito. O principal motor do crédito será o desempenho da economia. "As condições de crescimento já estão dadas", afirmou o presidente do Bradesco.

 

Economistas do Ibre contestam cálculo 'pessimista' do BC sobre dívida pública

Os analistas fiscais Vilma Pinto e José Roberto Afonso, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), estranharam as projeções do Banco Central para a dívida bruta. O BC estimou a dívida encostando em 80% do Produto Interno Bruto (PIB), caso o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não devolva recursos ao Tesouro Nacional, e em 78% do PIB, caso haja a devolução.

Com essa previsão, o BC apresentou cenário pior que a média do mercado, considerando o Prisma Fiscal do Ministério da Fazenda, incluindo empresas do Podium, que reúne as três que mais acertam previsões no Prisma. Ao Valor, Vilma informou que projeta a dívida bruta em 76,2% do PIB, sem devolução do BNDES.

Mesmo ajustando algumas premissas, ela se aproxima da mediana do mercado, de 77,2%. No Podium, a mediana do mercado está 75,4% do PIB, embora o documento da Fazenda não deixe claro se as projeções coletadas consideram a possibilidade de retorno de R$ 130 bilhões do BNDES ao Tesouro.

Primeiro lugar na pesquisa, o Itaú Unibanco projeta 75,6% de dívida bruta no fim do ano, mas explica que considera a devolução dos recursos do banco estatal ao Tesouro. Mesmo assim, a estimativa é bem mais favorável que a do BC. Sem isso, a previsão é dois pontos percentuais acima, nível melhor do que o previsto pelo BC.

Segundo Pedro Schneider, economista da instituição, fatores como um crescimento do PIB previsto de 3% e a expectativa de resultados primários com déficit menores favorecem um desempenho menos pior da dívida neste ano. Para ele, é natural que haja diferenças de números com o BC, que, por exemplo, espera um crescimento de 2,6% para o PIB. Tanto Schneider como Vilma comentam que questões como qual o deflator do PIB (que afeta o valor nominal do indicador) podem levar a diferenças maiores nas projeções.

Afonso questiona a posição "pessimista" da autoridade monetária, em especial quando calcula o resultado sem a devolução do BNDES e joga a dívida para perto do limite informal das agências de classificação de risco. "Em geral, as projeções do governo para variáveis fiscais sempre são mais otimistas do que as do mercado", disse.

"É muito estranho que agora se apresente um cenário na direção exatamente oposta ao padrão histórico e ao esperado pelo ritual do cargo." Para ele, há duas possíveis explicações para isso. Uma seria a tentativa de influenciar parlamentares e opinião pública a aprovar a reforma da Previdência Social. "Pessoalmente, defendo a reforma, mas acho que ela deveria ser situada e defendida como necessária para se construir um novo pacto social e fiscal. A tática do medo nunca é um bom caminho", disse.

O segundo motivo, segundo Afonso, seria tentar forçar a devolução de recursos do BNDES, pintando um quadro de "tempestade". "É lamentável que depois de todas as distorções e desvios a que o BNDES já serviu para que, depois de todas as distorções e desvios a que o BNDES já serviu para distorcer a política fiscal no governo passado, continue sendo usado com a mesma finalidade na política fiscal atual, ainda que no sentido inverso."

Afonso afirma que o BNDES tem liquidez elevada, mas isso é um fenômeno de todo o sistema bancário. O governo, diz, está buscando "demonizar e desmoralizar a instituição", o que afeta negativamente o investimento. "O caixa que deveria atender ao crédito precisa ser canalizado para o Tesouro - e sem nenhuma garantia de que isso reduzirá a dívida pública, como não reduziu no fim de 2016."

O economista destaca que hoje o maior problema fiscal do Brasil é de fluxo, ou seja, da necessidade de alinhar receitas e despesas. "Não se fez o ajuste fiscal e o governo está se endividando agora para cobrir gastos correntes, e não consegue cumprir nem mesmo a regra de ouro", comentou.

A necessidade de cumprir o dispositivo constitucional da regra de ouro, que veda endividamento para cobrir despesa corrente, é o principal motivo para o Ministério da Fazenda pressionar o BNDES a devolver recursos ao Tesouro, pois há risco de caracterização de crime de responsabilidade pelas principais autoridades do governo.

"Embora a Constituição preveja que o Congresso autorize a quebrar a regra de ouro, por maioria absoluta, é curioso que não se opte por pedir essa flexibilidade ao mesmo Congresso que já aceitou revisar e piorar a meta fiscal, e se prefira esconder a situação antecipando recursos do BNDES", ataca Afonso.

"É melhor ser transparente sobre a adversidade do cenário fiscal, do que usar o BNDES para esconder as dificuldades." Procurado pelo Valor, o BC informou que suas projeções de dívida consideram o cenário de cumprimento da meta fiscal e não faz considerações sobre eventuais medidas, como as relativas a depósitos compulsórios. O BC lembra que as projeções de dívida consideram outras variáveis macroeconômicas e isso pode gerar diferentes números.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Ano deve ter inflação controlada e juro em novo piso histórico

Apesar da demora na recuperação do emprego, os demais indicadores mostram um cenário bem mais benigno neste ano do que em 2017.

Ao contrário do ano passado, que começou com inflação acima do centro da meta e juros de 13,75%, a virada agora é positiva. O IPCA deve fechar 2017 abaixo de 3% e a taxa básica da economia caiu para 7% ao ano –o que traz impacto positivo sobre o nível de endividamento das famílias, o que pode levar a uma alto do consumo.

Poucas instituições, porém, colocam na conta a aprovação da reforma da Previdência. "Procuramos pensar no cenário mais provável e estrutural. É pouquíssimo provável a aprovação da reforma", diz Gustavo Arruda, economista do BNP Paribas.

Se a proposta passar, o impacto seria positivo. "Se tivermos a aprovação, podemos ter ganho de crescimento ou queda no dólar",afirma Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados.

ELEIÇÃO

O fator eleitoral é o que impede uma maior clareza das projeções, apesar de o candidato com agenda reformista estar no radar das casas –a vitória de um populista poderia ter como resultado piora nos cenários projetados.

"O cenário eleitoral vai ficar indefinido por boa parte do ano. O atual quadro aponta para candidatos que dizem que vão rever os avanços", afirma José Pena, da Porto Seguro Investimentos.

A volatilidade também está presente nas projeções de Iana Ferrão, economista do Credit Suisse.

"Tem um cenário muito incerto no ano que vem. A incerteza é maior hoje do que nas últimas eleições, não sabemos se o Lula vai poder ser ou não candidato. Não sabemos quais os candidatos de centro-direita. Aí é mais difícil de projetar", diz.

 

'Estamos preparados para qualquer cenário eleitoral', diz presidente do BC

O alto volume de reservas em dólar, a inflação baixa e a redução de contratos de swaps cambiais são algumas ferramentas que permitem ao Banco Central lidar com "qualquer cenário" de volatilidade nos mercados durante o período eleitoral deste ano, disse o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nesta terça-feira.

"Estamos preparados para qualquer cenário neste ano", disse a autoridade monetária em entrevista à rádio Jovem Pan.

O primeiro turno das eleições presidenciais acontecerá no dia 7 de outubro, em um cenário polarizado e ainda sem certeza sobre uma possível participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgará um recurso do petista no dia 24 de janeiro contra condenação no caso do tríplex do Guarujá.

Em meio a um ciclo de afrouxamento dos juros que levou a taxa básica Selic à mínima histórica de 7% em dezembro, o BC sinalizou que há espaço para mais um corte na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de fevereiro, mas também avalia um volume maior de incertezas quando se compara à situação vivida nas reuniões passadas, afirmou.

"Sinalizamos que há possibilidade de uma redução moderada da flexibilização monetária, mas também falamos que tem mais incerteza dessa vez", disse, citando a ata da última reunião do Copom. "Vamos avaliar, tendo aí um mês e pouquinho para a decisão, vamos ver aqui como é que rola a conjuntura econômica."

A aprovação de ajustes e reformas, em especial as mudanças na Previdência Social atualmente em discussão no Congresso, permitem uma queda na taxa de juros estrutural da economia e, consequentemente, disse o presidente do BC na entrevista, abre mais espaço para a atuação do Copom.

"É sempre importante o governo, o Congresso, todo mundo avançar nas reformas, nos ajustes", afirmou. "O juro estrutural da economia fica menor quanto mais a gente fizer o dever de casa, como por exemplo a reforma da Previdência."

Os componentes de inflação sujeitos à influência direta da taxa básica de juros estão "em torno da meta", de acordo com o presidente do BC, que atribui à deflação dos preços de alimentos o eventual descumprimento da meta no ano passado.

"A parte que levou à inflação mais baixa (...) tem a ver com a parte que o Banco Central não tem controle direto, que é inflação de alimentos", explicou

Para 2018, o ideal é se concentrar em componentes "mais estáveis" para projetar o comportamento da inflação, apontou Ilan, ressaltando que preços administrados como gasolina, botijão de gás e eletricidade possuem mais volatilidade por serem reajustados em linha com preços internacionais.

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