Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Ilan não vê erro no IPCA e diz que inflação baixa é boa

Inflação baixa é boa e não tem nada de errado com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2017. A afirmação é do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, na entrevista em que justificou o descumprimento da meta de inflação em 2017. Ele enviou ontem carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para explicar por que a inflação oficial ficou em 2,95%, abaixo, portanto, do piso de 3% definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo Ilan, a discussão técnica - se está ou não dentro dos limites do regime de metas - é secundária, pois inflação baixa é benéfica para a população.

"O objetivo é manter a inflação baixa neste e nos próximos anos", disse. Embora tenha ressaltado a necessidade de a política monetária continuar expansionista, Ilan não quis se comprometer com as recentes mensagens do BC, que indicavam novos cortes de juros. "Não estamos em momento de reavaliar" a mensagem de política monetária. Segundo ele, o BC vai olhar o comportamento da inflação e da atividade.

Questionado sobre a surpresa com a inflação de dezembro, Ilan disse que com o comportamento mais errático de alimentos e da gasolina, a inflação será mais volátil. "Teremos de olhar a tendência". De acordo com Ilan o desvio da inflação em relação à meta de 4,5%, de 1,55 ponto, foi quase totalmente explicado pelo comportamento dos preços dos alimentos, que responderam por 1,3 ponto da diferença. "Alimentos tiveram deflação de 4,85% do ano passado, que é boa notícia para a população. Alimento representa parte relevante da cesta dos mais pobres e teve a maior queda da série histórica do IPCA.

Essa boa notícia fez com que a inflação ficasse abaixo da meta em 2017", disse, reforçando a mensagem contida na carta aberta. O BC salientou que a inflação já se encontra em alta e essa trajetória deve persistir até que o índice fique em 4,2% no fim do ano, em torno da meta. Ilan disse não acreditar que isso prejudicará o consumo e o crescimento. Para ele, essa alta na inflação é consequência da retomada do crescimento. "É normal ter essa volta, porque ela vem com a volta do crescimento. O crescimento está associado a essa volta da inflação à meta", disse.

O presidente do BC considera que a política monetária estimulativa "favorece a expansão da atividade e o consequente fechamento do hiato (negativo) do produto, contribuindo assim para atingir as metas para inflação". Além dos estímulos monetários, Ilan avalia que o descarte de taxas trimestrais excepcionalmente baixas e da deflação do preço de alimentos vão estatisticamente elevar o IPCA. "O processo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação", disse.

 

Núcleos do indicador não corroboram um corte maior da Selic

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,44% em dezembro, acima do 0,29% previsto pelo Banco Central. Mais importante: os núcleos não corroboram um corte maior que 0,25 ponto percentual dos juros em fevereiro e colocam dúvidas sobre a continuidade do ciclo de distensão monetária em março. O Banco Central sinalizou que, em fevereiro, vai desacelerar o corte de juros do 0,5 ponto percentual decidido em dezembro para 0,25 ponto percentual e que, a partir de então, adotaria uma maior cautela na condução da política monetária.

Mas o Banco Central avisou também que a sinalização de fevereiro estava mais suscetível a mudanças, para melhor ou para pior. Do lado negativo, chamou a atenção para o risco de frustração na aprovação das reformas, combinado com uma piora no cenário internacional. Do lado positivo, chamou a atenção para o risco de a inflação muito baixa se perpetuar. No lado da inflação, o BC tem chamado a atenção para a evolução dos núcleos, que ele qualifica como "confortáveis" e "baixos".

Se os núcleos ficarem muito baixo, o BC poderá cortar mais os juros do que o sinalizado. Se seguirem confortáveis, o BC seguirá a estratégia sinalizada. Como ler os núcleos do IPCA divulgado ontem? A melhor forma é usar os parâmetros definidos pelo BC. Usando essa régua, os núcleos de dezembro estão mais para confortáveis do que para baixos. Ou seja, recomendam seguir com a estratégia já anunciada de corte de juros, sem promover estímulos monetários ainda mais fortes.

Na entrevista de divulgação do Relatório de Inflação de dezembro, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, disse que núcleos confortáveis são aqueles compatíveis com a convergência da inflação para o centro da meta no horizonte relevante da política monetária. Núcleos baixos são aqueles que apontam a perpetuação da inflação abaixo do piso da meta.

Carvalho apresentou gráficos comparando os núcleos apurados com a trajetória mensal que esse indicador, ajustado sazonalmente, teria que ter para cumprir os centros das metas de cada ano e não furar o piso. Naquela ocasião, Carvalho disse que um dos núcleos por exclusão, conhecido como "ex2", estava oscilando em torno da meta, numa trajetória compatível com o cumprimento da meta no horizonte relevante.

Ele qualificou esse núcleo como "confortável". A pedido do Valor, a LCA e o Banco Safra calcularam esse núcleo para dezembro, que ficou em 0,29% (essa análise usa cálculos das instituições, sem necessariamente refletir suas visões sobre o assunto). Comparando com a trajetória sazonal esperada pelo BC, esse indicador está baixo, mas não muito distante do nível confortável.

Carvalho apresentou como exemplo de núcleo "baixo" o indicador calculado pelo conceito de médias aparadas. Em dezembro, esse núcleo subiu para 0,45%, segundo Safra e LCA. Nesse patamar, deixou de ser qualificado como baixo e passou a ser qualificado como confortável.

Outros dois núcleos de inflação, por dupla ponderação e o núcleo por exclusão que retira alimentos e preços monitorados (conhecido como "ex1"), estão em torno de 0,5%. Hoje, estão mais para confortáveis do que para baixos. A LCA calculou o núcleo de serviços subjacentes dessazonalizado em 0,36% para dezembro, o que em termos anualizados significa um indicador em nível confortável.

Como o BC não toma decisões apenas com base em um dado isolado de um indicador de alta frequência, será importante acompanhar as novas estatísticas a serem divulgadas até a reunião de fevereiro. Mas o conjunto de núcleos do IPCA de dezembro não corrobora a tese de um corte maior de juros além do sinalizado pelo BC.

 

Giannetti defende reforma em 2019 e Petrobras privada Uma proposta de ampla reforma da Previdência nos primeiros meses de 2019, usando "logo de cara" o capital político do novo governo. Transformação da Petrobras em uma "corporação pura", com ações pulverizadas em Bolsa e mantendo "golden share" nas mãos da União, no horizonte do próximo mandato presidencial. Possibilidade de taxação sobre a entrada de dólares com características especulativas para evitar bolhas, manipulação intencional do câmbio ou volatilidade excessiva no valor do real.

Essas ideias são defendidas pelo economista e empresário Roberto Giannetti da Fonseca, que tem conversado semanalmente com o tucano Geraldo Alckmin, favorito para assumir a candidatura do PSDB ao Palácio do Planalto. A pedido do governador paulista e presidenciável, ele iniciou discussões com outras figuras influentes no mercado sobre posicionamentos em política econômica, que devem servir para "animar o debate entre os integrantes de sua assessoria como pré-candidato", conforme as suas palavras.

 Giannetti, que foi secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) no governo FHC e diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), atua como consultor de grandes empresas exportadoras e investidores estrangeiros no Brasil. Ele se classifica como um "liberal moderado" e diz que as afirmações desta entrevista expressam apenas sua opinião pessoal, mas que "em grandes linhas coincide com o pensamento" de Alckmin sobre a economia. Além de Giannetti, outros três economistas, como Persio Arida e José Roberto Mendonça de Barros também conversam com o governador. Caso Alckmin vença as prévias do PSDB, um documento sobre posicionamentos do futuro candidato deve ser lançado em março com uma diretriz geral: "A obsessiva geração de empregos e um programa contundente de inclusão social e distribuição de renda, em ambos casos resultando num substantivo incremento da demanda das famílias, e do investimento produtivo pelo setor privado".

Leia os principais trechos da entrevista ao Valor:

Valor: Há muita hesitação no meio político quanto à capacidade de Alckmin unir os partidos de centro e se viabilizar como candidato competitivo nas eleições. Como ele poderia superar esses desafios?

Roberto Giannetti da Fonseca: Colocando de lado minha admiração pessoal pelo cidadão Geraldo Alckmin, que é um homem de hábitos simples e de caráter íntegro, vejo nele também as qualidades políticas de um negociador hábil e conciliador de interesses divergentes, de eficiente gestor, com responsabilidade e experiência comprovada, de comportamento austero e visão estratégica. Ele não é um político carismático, de fazer discursos empolgantes, demagógicos e dramáticos, como outros populistas da direita e da esquerda, mas sim aquele que saberá conquistar a simpatia dos eleitores pela sinceridade, autenticidade e pelo compromisso público com suas promessas de campanha.

Valor: Mas nenhuma das virtudes que o senhor enumera se transforma necessariamente em votos...

Giannetti: Vejo as pesquisas como um retrato instantâneo e fora de foco, que pouco revelam sobre a real situação eleitoral dos candidatos. Se considerarmos só o eleitorado cativo do governador Alckmin no Estado de São Paulo, ele já teria a seu favor cerca de 10% dos votos nacionais. Se somados ao prestígio que ele tem nos Estados do Sul, outros 5% poderiam de saída ser adicionados à sua figura. O desafio será lançar, logo mais, um discurso em nível nacional para conquistar o eleitorado de Minas, Rio e Estados do Nordeste onde ele é pouco conhecido ainda. Imagino assim que ele chegará bem posicionado no segundo turno, com ou sem Lula no páreo, e vencerá o candidato da esquerda populista na reta final, seja quem for, na minha opinião com mais de dez pontos percentuais de vantagem. A rivalidade que veremos na campanha será entre o populismo demagógico e divisionista e a nova política de moderação, conciliação e responsabilidade. Entre a aventura de promessas inexequíveis e o realismo da boa política econômica para a geração de empregos e renda para a população brasileira. Sou otimista e acredito que a população saberá escolher seu presidente com sabedoria, mesmo sabendo que também a democracia às vezes falha e nos decepciona.

Valor: Nas eleições de 2006, um dos temas de destaque foram as privatizações. E o discurso do candidato Geraldo Alckmin foi derrotado para uma proposta mais intervencionista. O que há de diferente agora para avançar nessa agenda?

Giannetti: Em 2006, o PT demonizou as privatizações como algo maléfico, contra o interesse nacional. E veja no que deu: eles arruinaram as empresas estatais, seja pela corrupção sistêmica, seja pela inépcia administrativa. É um absurdo o governo brasileiro ainda manter 149 empresas sob seu controle, imobilizando enorme volume de recursos públicos em atividades típicas do setor privado. A capacidade de ampliar o volume de investimentos dessas empresas passa necessariamente por um amplo programa de privatizações, que em parte já se iniciou em 2017, mas pode e deve ser ampliado muito a curto prazo. Existem pelo menos duas razões que não eram aparentes, naquela campanha, para que um vigoroso programa de privatizações ocorra no futuro próximo. Em primeiro lugar, o investimento das empresas públicas federais - incluindo Petrobras e Eletrobras - despencou. No ano passado, de janeiro a setembro, foram apenas R$ 30,3 bilhões. Para termos uma comparação, o investimento no mesmo período foi de R$ 85 bilhões em 2014, quando atingiu o pico. A única forma de aumentar o volume de investimentos das estatais nos próximos anos será buscando capitais privados, seja pela venda integral dos ativos, seja com operações no mercado de capitais. O segundo motivo é a necessidade de equilíbrio fiscal dos governos federal e estaduais. Isso está cada vez mais óbvia na cabeça de qualquer governante minimamente racional. O Roberto Campos [economista e ex-ministro do Planejamento no regime militar] já dizia há mais de 30 anos: "O povo brasileiro quer o governo investindo em mais e melhores redes de postos de saúde, e não em rede de postos de gasolina!".

Valor: Se a Eletrobrás não puder ser privatizada ainda durante o governo Temer, vê a possibilidade de isso acontecer em 2019? É tabu falar sobre privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa?

Giannetti: Obviamente há casos mais sensíveis e cada estatal de maior relevância merece ser tratada de forma específica. É o caso da Petrobras. A privatização da Eletrobras e de algumas subsidiárias importantes da Petrobras deve se constituir em fator imediato de alívio ao atual investimento público, bem como na possibilidade de geração de receitas extraordinárias para as contas públicas em 2018 e 2019. Já a Petrobrás S.A., propriamente dita, acho que sua possível privatização exigiria uma estratégia bem mais elaborada, de primeiro fortalecê-la financeiramente, com redução do endividamento, e depois consolidar um plano de governança interna para impedir casos de má gestão e de corrupção - pontos que a gestão do Pedro Parente já vem realizando com competência. Posteriormente, então, transformá-la numa corporação pura, com capital disseminado na Bolsa de Valores e "golden share" perpétua em poder do governo brasileiro, de forma a impedir qualquer tentativa de algum investidor obter seu controle ou interferir na sua governança. Não podemos admitir que se repitam casos escandalosos como aqueles revelados pela Lava-Jato. Valor: Mas o senhor fala de uma operação envolvendo a Petrobras no horizonte do próximo governo? Giannetti: Sim, não há motivo para evitar essa discussão, desde que seja com esses requisitos - capital pulverizado e preservação de uma "golden share", que é importantíssima. A Petrobras precisa ser uma empresa brasileira, não do governo brasileiro.

Valor: E quanto ao BB e Caixa?

Giannetti: Seria preciso avaliar primeiro como transferir as atividades de políticas publicas como o financiamento rural e de habitações para o sistema financeiro privado. Caso isso seja realizado de forma satisfatória, o importante para o setor financeiro é aumentar o nível de concorrência entre os bancos privados, já que temos um ambiente concorrencial muito estreito e concentrado. O crédito bancário no Brasil continua restritivo, escasso e caro, servindo como fator inibidor de investimentos e de consumo.

Valor: Há consenso no mercado sobre a necessidade de uma reforma da Previdência, mas a proposta do governo Temer foi bastante desidratada para votá-la em ano eleitoral. Isso torna necessária a apresentação de nova proposta em 2019?

Giannetti: Sem reforma da Previdência e algum controle sobre a folha salarial das corporações, será impossível alterar a trajetória explosiva da dívida pública. A questão central é se essas reformas poderão ser feitas ou não em duas etapas, uma primeira mais contida (só com idade mínima e regra de transição) e outra mais robusta após as eleições. O ideal teria sido que uma abrangente reforma previdenciária tivesse sido aprovada logo depois da posse do presidente Michel Temer. Houve um grave erro estratégico em se aprovar primeiro o teto de gastos do setor público e deixar a reforma previdenciária para depois. Como o déficit da Previdência se eleva ano a ano bem acima da inflação, ele vai sequestrar recursos da saúde, educação e segurança pública, colocando em risco serviços públicos essenciais. Seria preferível, a esta altura, deixar que o novo governo instalado em 2019, com o cacife eleitoral restabelecido, propusesse logo de cara essa reforma essencial, de forma a eliminar todos privilégios insustentáveis, corrigir a questão etária para a realidade demográfica brasileira atual e futura, além de proporcionar uma fase de transição das reformas que permita sua aceitação pela maioria da população e do novo Congresso.

Valor: Melhor, então, desistir de votar a reforma em fevereiro, como deseja o presidente Temer?

Giannetti: Já houve tantas concessões para aprovar essa reforma que outra mudança das regras de aposentadorias será necessária de qualquer forma. O risco, com uma aprovação agora, é de os meios políticos darem uma relaxada. Essa reforma se faz com o capital político de um mandato novo, nos seis primeiros meses, quando o poder de mobilização do presidente é maior. Ou reformamos a Previdência já em 2019, para uma base atuarial sustentável a longo prazo, ou estaremos incorrendo em imperdoável equívoco fiscal que custará muito caro no futuro próximo, com a provável falência da Previdência e do Tesouro Nacional. Sem reforma, a dívida bruta chegará a 92% do PIB em 2021 [hoje está em 74,4%], uma trajetória que aumenta significativamente o risco de "default" do governo federal neste período próximo. Valor: A inflação está terminando o ano abaixo do piso da meta para 2017. Acredita que o próximo governo poderia trabalhar com metas mais baixas ou isso poderia travar a condução da política monetária? Giannetti: A queda da inflação em 2017 surpreendeu positivamente a todos. E, para 2018, estima-se que vai ficar próxima de 4%, salvo alguma turbulência inesperada. Hoje seria difícil fazer um prognóstico responsável para 2019, mas qualquer governante responsável deverá preservar o regime de metas de inflação e praticar uma rigorosa harmonização das políticas fiscal e monetária para gerar confiança nas metas pré-fixadas pelo Conselho Monetário Nacional. Só não se pode colocar toda a responsabilidade pela estabilidade inflacionária nos instrumentos de política monetária, ou seja, taxa de juros e volume de crédito, e muito menos se recorrer ao atalho da valorização artificial do câmbio para combater a inflação. Cada vez mais, no Brasil, temos que exigir uma política fiscal mais rigorosa e que colabore no esforço da estabilidade monetária.

Valor: O senhor tem sido um crítico contumaz das altas taxas de juros e do real sobrevalorizado. Vê a necessidade de uma moeda propositadamente mais fraca como estímulo às exportações industriais?

Giannetti: Vamos deixar claro, em primeiro lugar, que o regime cambial desejável é o flutuante, e que seja competitivo, sem viés sistêmico de sub ou sobrevalorização, e com baixa volatilidade. Por conta do diferencial da taxa de juros entre o mercado brasileiro e o mercado internacional, os agentes econômicos praticam em larga escala as operações de arbitragem de juros, tomando a posição de venda de centenas de bilhões de dólares e de compra de reais equivalentes. Essa prática determina uma forte correlação entre as taxas de juros e de câmbio, de forma que quanto maior o diferencial de arbitragem entre as taxas de juros internas e externas, maior será o volume de "carry trade" e maior a pressão no sentido de apreciação do câmbio no mercado á vista. O volume transacionado no mercado de câmbio futuro, nos últimos dez anos, tem sido de cinco a dez vezes superior ao do mercado à vista. Isso traz uma disfunção sistêmica. A repercussão desse viés de sobrevalorização cambial na economia brasileira se materializa na redução da competitividade de bens comercializáveis. Exportações brasileiras de manufaturados menos competitivas e importações mais baratas são efeitos perversos dessa atual conjuntura do mercado cambial brasileiro.

Valor: E o que fazer?

Giannetti: Existe a possibilidade de imposição de eventuais controles no fluxo financeiro com natureza especulativa. A forma de exercício desses controles pode-se dar, preferencialmente, por alguma taxação tributária em posições de mercado cambial com características especulativas ou nocivas à economia nacional. A motivação seria exatamente de caráter preventivo e prudencial para se evitar bolhas especulativas, manipulação intencional da taxa de câmbio ou ainda o risco de súbita volatilidade excessiva. O próprio FMI tem recomendado prudência na política cambial a inúmeros países emergentes. E, no caso brasileiro, o Banco Central não tem sido diligente a esse respeito. Quanto maior o setor industrial de um país, menos vulnerável a choques externos ficará sua economia. A expansão industrial ainda tem sido elemento fundamental nos países em rápido crescimento, e se observamos com atenção na recente história econômica mundial, não houve nenhum caso contemporâneo de rápida ascensão de economias nacionais que não fosse suportada fundamentalmente por um processo vigoroso de expansão das exportações e da taxa de investimento nos setores produtivos da economia.

Valor: O Mercosul tem falhado na busca por acordos comerciais e ainda existem muitas barreiras no comércio intrabloco? Que revisões deve haver no funcionamento da união aduaneira?

Giannetti: Creio ter havido, no início da década de 90, uma excessiva ambição dos fundadores do Mercosul em aspirar de imediato a um regime de união aduaneira, sem qualquer previsão de convergência de políticas macroeconômicas que permitisse seu pleno funcionamento. Como resultado, convivemos há mais de 20 anos com um sistema de união aduaneira bastante imperfeito, seja pela existência de centenas de produtos em tarifas de exceção, inúmeras barreiras não tarifárias que ainda prejudicam o comércio intrarregional e uma resistência ou inércia na atividade de negociação de novos acordos comerciais, tornando o Mercosul um bloco regional isolado das grandes cadeias globais de valor. Portanto, deveríamos aproveitar o bom momento econômico e político de seus quatro sócios plenos [Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai] para avançar na nossa abertura econômica. A baixa produtividade da economia brasileira tem origem principalmente na difusão mais lenta de tecnologia moderna e nas distorções na alocação de recursos entre e dentro das empresas. A abertura gradual da economia brasileira - e do Mercosul - é uma tarefa inadiável. Cabe ao Brasil liderá-la e promovê-la.

Valor: O governo Temer articulou - e depois suspendeu - a discussão em torno de uma PEC flexibilizando a chamada "regra de ouro" até 2026. Qual é a sua opinião?

Giannetti: Tendo a concordar com o argumento do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, de que em 2018 o problema da regra de ouro poderá ser resolvido por meio da antecipação de R$ 130 bilhões da dívida do BNDES com o Tesouro Nacional. Mas, para 2019, nada está assegurado nesse sentido. Quem estiver governando vai ter que enfrentar as restrições da regra de ouro porque não poderá mais emitir dívida e, consequentemente, haverá corte substancial de investimentos públicos. Portanto, a proposta sugerida de flexibilização temporária da regra inserida na PEC é de vital importância para não haver um colapso das contas públicas logo no início do próximo governo. É desgastante mudar uma regra que deveria ser firme e permanente. Mas, diante do fato concreto que se aproxima, não se pode esperar nenhum milagre e a flexibilização torna-se imperativa. Cabe examinar, em paralelo, se algumas outras receitas extraordinárias podem vir a ocorrer e minimizar a medida de quebra da regra. Quanto antes esse tema for enfrentado no Congresso Nacional e resolvido satisfatoriamente, menor a incerteza sobre as contas públicas em 2019.

 

Microcrédito ensaia recuperação

Os sinais de crescimento ainda são tímidos, após um período de profunda retração no mercado de crédito, que não poupou nenhuma linha. Mas o microcrédito volta a entrar no foco de algumas grandes instituições financeiras, que têm reformulado sua forma de atuação e ampliado investimentos no segmento, especialmente na área tecnológica. A expansão das concessões no microcrédito começou a reagir em novembro passado, quando atingiu R$ 902 milhões, alta de 1,5% em relação ao mesmo mês de 2016. Já o saldo total da carteira do segmento encerrou novembro em R$ 4,67 bilhões, recuo de 5,8% no ano.

Segundo analistas, a queda da taxa básica Selic - que saiu de 14,25% para os atuais 7% ao ano, sua mínima histórica - deve favorecer uma demanda maior pelos financiamentos daqui para frente. O problema é que o microcrédito ainda não sentiu este esperado efeito: a taxa média na modalidade para o microempreendedor foi de 30,28% para 29,51% em 12 meses até novembro, segundo dados do Banco Central.

Um dos entraves apontados por analistas para o setor é o custo mais elevado para atrair clientes, que se reflete em uma baixa lucratividade, além dos acanhados tíquetes das operações, que começam com valores muito pequenos, oscilando entre R$ 500 e R$ 2 mil - mesmo que o limite que pode ser emprestado nessa modalidade seja de R$ 60 mil. A inadimplência no segmento, segundo os grandes bancos, tem girado em torno de 5%. "O mais caro é a prospecção de clientes. Ter uma boa base de clientes é dispendioso", afirma João Rabelo Junior, diretor de governo do Banco do Brasil. Uma solução encontrada pelas instituições é a de manter o cliente ativo, oferecendo mais empréstimos. "Você não faz uma única operação com ele, faz sete, oito.

A partir da terceira já começa a ter lucro, você recupera o custo da primeira", diz. Para tentar diminuir custos e aumentar a rentabilidade, os bancos têm apostado na tecnologia. O Santander - maior entre os privados no segmento, com 8,5% de "market share" - vai começar a oferecer tablets com diversas funcionalidades para os agentes de crédito, possibilitando que os profissionais façam a negociação com novos clientes através do aparelho, sem a necessidade de ir até a agência, além de fazer simulações das condições do empréstimo eletronicamente.

O banco ainda instituiu um modelo de remuneração variável para os agentes, em que eles oferecem outros serviços, como abertura de conta e maquininhas de cartão da Getnet a preços especiais. Conforme o cliente contrata outros produtos, o pagamento do agente cresce.

Segundo Tiago Abate, superintendente do Prospera - braço do banco voltado apenas para essa linha de crédito -, cria-se um sistema em que "todos saem ganhando". "É bom para o agente, que aumenta sua remuneração; é bom para o banco, porque quanto mais clientes, mais ganha. É bom para o próprio cliente e também para a sociedade, já que há um incentivo para a economia local", afirma o executivo.

Se o mercado ainda patina, o Santander tem apresentado bons resultados na modalidade. Entre janeiro e outubro de 2017, o banco concedeu R$ 630 milhões em microcrédito, o que representou aumento de 28% em relação ao mesmo período de 2016. O objetivo do banco para os próximos anos é atender a todas as regiões do Brasil - atualmente, o produto está disponível em 12 Estados - e ajudar a fazer esse mercado crescer. Abate conta que os clientes do microcrédito ficam em média oito anos renovando a linha.

O Banco do Brasil também está em fase de aprimoramento e investimento no setor. Com o objetivo de contratar mais de 450 mil operações em 2018, o banco também pretende investir mais em tecnologia - possibilitando a negociação para a contratação do microcrédito em canais on-line, incluindo chats em redes sociais - e oferecer produtos complementares para os microempreendedores, como abertura de conta e maquininhas de cartão.

O banco concedeu R$ 329,22 milhões em microcrédito de janeiro a setembro de 2017. O número representa uma queda de 18,95% em comparação ao mesmo período do ano anterior, mas a instituição afirma que ela está "aderente à estratégia adotada". Rabelo Junior explica que a queda não significa que eles estão emprestando menos dinheiro, mas que pessoas que entravam na classificação de microcrédito foram realocadas para outras linhas, o que acabou mudando as estatísticas. "Vínhamos fazendo operação de microcrédito também na agência e percebemos que boa parte desse público poderia ser atendido por outras linhas de crédito", afirma.

A intenção agora é fazer com que o microcrédito, composto apenas de clientes adequados para ela, cresça de forma ainda mais acelerada do que em anos anteriores. Atualmente, o banco conta com 213 agentes, espalhados por 13 Estados e 186 municípios. Para Alex Araújo, superintendente de microfinanças do Banco do Nordeste (BNB) - responsável por 60% do mercado no segmento -, a crise econômica dos últimos anos desencadeou uma queda da demanda de pequenos empreendedores por crédito, mas já dá sinais mais claros de recuperação no Sudeste.

No Nordeste, no entanto, a demanda continua em queda. "A disposição para empreender é reflexo de duas coisas: necessidade e vocação. Era natural que a taxa por necessidade crescesse, mas ela só cresceu quando havia mercado consumidor, e a recuperação do mercado consumidor no Nordeste ainda está retardada", explica o executivo. As perspectivas para 2018, contudo, são positivas.

O BNB projeta crescimento de 10% no número de clientes, que devem alcançar 12,2 mil pessoas no microcrédito urbano. A concessão do microcrédito, especialmente para pequenos empresários, é encorajada pelo Ministério do Trabalho e Emprego desde 2005, quando foi instituído o Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). O programa tem o objetivo de "incentivar a geração de trabalho e renda entre os microempreendedores" e, para isso, exige dos bancos que 2% dos depósitos compulsórios à vista junto ao Banco Central sejam destinados para essa modalidade.

 

Mercado reduz aposta em corte da Selic após IPCA

A surpresa com o resultado da inflação em dezembro frustrou os investidores que apostavam em uma queda mais agressiva da taxa Selic neste começo de ano. Quem buscava justificativas para a extensão do ciclo de cortes ou mesmo para uma redução mais forte do juro básico pelo Copom (Comitê de Política Monetária) em fevereiro teve de calibrar as posições e retomar uma postura mais conservadora no mercado. O IPCA subiu 0,44% no mês passado, acima das projeções. A reversão das expectativas ficou evidenciada ontem nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) na B3.

O impacto se concentrou nas apostas para a reunião do Copom de março, que já se dividiam entre ligeiro corte e manutenção da taxa. Agora, a curva de juros futuros aponta queda de 0,07 ponto percentual em março, aquém da projeção de 0,15 ponto de terça-feira. Em outras palavras, a probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual da Selic - mesmo ritmo esperado para fevereiro - caiu de 60% para aproximadamente 28% durante o pregão. Para a decisão mais próxima do Copom, em fevereiro, a aposta continua consolidada num corte de 0,25 ponto percentual da Selic, a 6,75% ao ano.

No entanto, foi reduzida a expectativa de uma atuação um pouco mais agressiva, como chegou a se discutir nas mesas de operação. O comportamento dos juros futuros refletiu a postura mais cautelosa dos investidores, com efeito mais claro nos trechos mais curtos e intermediários da curva. Com o segundo maior volume do dia, o DI para janeiro de 2019 fechou a 6,865%, 5,5 pontos-base acima do fim da sessão anterior, enquanto o DI de janeiro de 2020 avançou 6 pontos, para 8,060%.

O gatilho do movimento foi o resultado do IPCA. A taxa de 0,44% ficou bem acima da média de 0,31% estimada pelo mercado. Apesar do número de dezembro, a inflação ficou acumulada em 2,95% em 12 meses, abaixo do piso da meta do Banco Central, de 3%. A recomposição da inflação é atribuída, em boa parte, ao avanço de preços de alimentos, após sete meses consecutivos de queda.

A leitura é que os preços estão numa trajetória de normalização, mas seguem bem comportados por causa da ociosidade ainda elevada da economia e o efeito da inércia da inflação baixa de 2017. Até por isso, os participantes do mercado evitam descartar a extensão do ciclo de corte da Selic. "Ainda existe a chance de a taxa ir a 6,5%, com probabilidade relevante", diz economista-chefe na Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo.

No entanto, o cenário traz uma série de riscos no horizonte que justificam uma atuação mais cautelosa, tanto locais quanto externos. Os sinais de aceleração da atividade econômica global neste começo de ano poderiam se traduzir em inflação por aqui, seja pela alta dos preços das commodities ou pelo efeito de valorização do dólar. "Por enquanto, parece ser ainda um risco, mas temos visto a melhora da atividade global amparando commodities no último mês", diz o trader de renda fixa Matheus Gallina, da Quantitas.

O aumento da inflação dos EUA é outro ponto de atenção, já aguardado para 2018, que tende a gerar pressão no câmbio. "Se o BC for mais conservador agora, evita a necessidade de alta de juros no fim do ano", avalia o estrategista-chefe no Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno.

O superintendente executivo de investimentos da Santander Asset Management, Eduardo Castro, se diz otimista para os mercados em 2018. No entanto, os riscos exigem algumas operações mais defensivas, como o uso de hedge ou ajuste no tamanho das posições. No caso da renda fixa, ele vê espaço para ganhos com ativos de juros nominais, a exemplo de títulos prefixados. Mas recomenda o aumento da participação de papéis ligados à inflação, como a NTN-B, para evitar a exposição numa eventual piora do cenário. "A ideia é olhar para a carteira de maneira mais defensiva, mas estruturada para aproveitar o ambiente que ainda é positivo."

 

Cimenteiras ainda veem meses difíceis pela frente

Após três anos de elevada retração, o mercado brasileiro de cimento - insumo vinculado às atividades de construção imobiliária e infraestrutura - ainda deve amargar alguns meses de declínio no consumo, antes de sentir, de fato, a reversão da crise. "Uma efetiva recuperação da demanda somente virá no segundo semestre", disse Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC), ao Valor.

A entidade que reúne as fabricantes de cimento instaladas no Brasil estima para este ano aumento de 1% a 2% nas vendas, ainda muito pouco para compensar o longo período de encolhimento do consumo. No ano passado, o volume vendido recuou 6,4%, para 53,8 milhões de toneladas, em linha com a expectativa traçada pelo SNIC, de queda de 6%. Desde o auge de consumo de 71 milhões em 2014, após quase uma década de exuberância para o setor cimenteiro do país, a venda do insumo encolheu 24,2%.

Isso significa que a demanda por cimento caiu quase um quarto desde o volume máximo atingido pelo país, que chegou a ser o quarto maior consumidor de cimento do mundo. No ano passado, já tinha caído para sétimo, e o consumo per capita para 261 quilos por habitante ao ano. Penna observa que a desaceleração da queda, a partir de 2017, se deve muito ao consumidor de varejo, conhecido como formiguinha ou autoconstrutor. S

ua participação no volume comercializado passou de 52,5%, em 2014, para 63,8% no ano passado. Ao mesmo tempo, concreteiras, construtoras e empreiteiras viram suas fatias decrescerem. Já o segmento de pré-fabricados e outros ficou estabilizado, com ligeira alta. Apesar das turbulências de 2017, na economia e na política do país, a retração do consumo ficou 40% inferior à de 2016, quando bateu em 11,5%. O consumo aparente (venda doméstica mais importação) teve desempenho similar e somou 54,2 milhões de toneladas.

Depois de quatro meses seguidos de aumento nas vendas, desde agosto, em dezembro foi registrada queda 6,4% ante um ano atrás, em 4 milhões de toneladas. Por causa de alguns fatores em curso que atingem o setor, Penna aponta que a demanda no primeiro trimestre ainda terá impacto negativo. Um deles é o elevado estoque de imóveis prontos existentes tanto em poder de bancos como das próprias incorporadoras, em decorrência dos distratos. Isso tende a avançar pelo período de abril a junho.

Além disso, o executivo menciona que a Caixa Econômica Federal - principal agente de crédito imobiliário do país -, ainda precisa enquadrar seu capital às regras de Basileia para continuar liberando recursos à habitação. O setor imobiliário aguarda ainda a regulamentação da Letra Imobiliária Garantida (LIG), um novo mecanismo de financiamento. "São questões que devem ser sanadas ao longo deste semestre, surtindo efeitos na demanda de cimento a partir de julho", diz.

Por isso, na primeira metade do ano, as encomendas do insumo serão puxadas pelas revendas. A partir de julho, as construtoras devem também participar do movimento de retomada. Outro vetor importante para as cimenteiras é o setor de infraestrutura. Apesar de prometidos no início do governo de Michel Temer, a retomada de obras inacabadas e o lançamento de novos projetos não saíram do campo das intenções. Para Penna, se não for adotada política de governo que promova a retomada da construção e de obras de infraestrutura, o setor cimenteiro ainda vai conviver com um cenário de incertezas. "Grande parte das empresas, diante da elevada ociosidade em suas fábricas, vem operando com resultado operacional negativo", afirma.

Há uma queima de capital no setor, que encerrou 2017 com ociosidade de 46%. "Temos 13 fábricas fechadas, seis delas em São Paulo." Na opinião do dirigente do SNIC, o "rubicão", ou seja, obstáculo, pela frente serão as eleições desde ano. "Ainda assim sou otimista, apesar das incógnitas na eleição presidencial, que é determinante para o futuro do país." O setor traçou três cenários para 2018. Um pessimista, com retração de 1% no consumo, porém trabalha com o moderado, de 1% a 2% de alta.

O terceiro, considerado otimista, projetou 3% de aumento. Para voltar ao patamar de 2014, crescendo 3% ao ano, seriam necessários sete anos. Espera-se, no entanto, que não demore tanto e que a retomada seja robusta. Os indicadores econômicos fundamentais ao negócio são ganhos de renda, inflação baixa, emprego, economia em expansão firme, crédito para habitação e programas de infraestrutura.

Por outro lado, lembra que as empresas convivem com preço médio do cimento em queda, enquanto tiveram forte elevação. No triênio 2015-2017, diz que o valor do produto recuou 13,7%. Já o frete subiu 21,6%, a sacaria (papel e celulose), 25,8%, o coque de petróleo, que é importado, 51%, e a energia elétrica, 47,1%. Eletricidade somada ao coque responde por metade do custo de produção do cimento, informa Penna.

 

Índice de Construção Civil sobe 3,82% em 2017, segundo IBGE

A inflação medida pelo Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) subiu 0,18% em dezembro, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o indicador acumulou alta de 3,82% em 2017, abaixo da taxa 6,64% acumulada ao longo do ano anterior.

O custo nacional da construção por metro quadrado foi de R$ 1.066,68 em dezembro, dos quais R$ 544,97 relativos aos materiais e R$ 521,71, à mão de obra. Em novembro, esse custo totalizava R$ 1.064,76. Em 2017, os materiais tiveram variação de 2,61%, enquanto a parcela do custo referente aos gastos com mão de obra atingiu 5,17%. Em 2016, a parcela dos materiais fechou em 2,92% e a mão de obra, em 10,89%.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Crédito do BNDES cresce para pequenas e médias empresas

O BNDES tem tentado fugir da pecha de "banco das grandes corporações" e amplia o crédito às micro, pequenas e médias empresas. Negócios de menor porte passaram a ter relevância no banco em 2017.

Nos governo do PT, a instituição foi chamada a criar as "campeãs nacionais". Nesse modelo, grandes empresas recebiam financiamentos dos bancos com o objetivo de criar competidores brasileiros de nível internacional.

Essa realidade ainda era presente no primeiro semestre de 2017. Do total desembolsado de janeiro e junho, 65,6% foram para empresas de grande porte, com faturamento acima de R$ 300 milhões.

No consolidado do ano, porém, os desembolsos às chamadas MPMEs (micro, pequenas e médias empresas) somaram R$ 29,7 bilhões.

Extinguindo o que foi emprestado ao setor de infraestrutura, formado em geral por empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões, o desembolsado às MPMEs atingiu pela primeira vez a faixa de 50% dos financiamentos do banco, segundo o diretor de Planejamento, Crédito e Tecnologia do Banco, Carlos Alexandre da Costa.

"Apesar da queda do desembolso, o banco está sólido e firme no propósito de ser, de fato, um veículo de desenvolvimento para o país, financiando iniciativas dos mais diversos setores da economia, sem preterir pequenos empresários ou escolher favoritos", disse Costa.

O BNDES considera micro empresas aquelas com faturamento bruto anual até R$ 360 mil. Pequenas empresas são as que têm até R$ 3,6 milhões de faturamento. As médias são as que têm receita de até R$ 300 milhões. Acima desse valor figuram as grandes empresas.

 

 

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