Quarta-feira

VALOR ECONOMICO

Maia diz estar pessimista com chances da Previdência

A aprovação da reforma da Previdência pelo Congresso ainda este ano foi colocada em xeque tanto pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto pelo governo federal, por meio do ministro da secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB). Ontem, o presidente da Câmara afirmou que não tem perspectiva de aprovar as mudanças nas regras das aposentadorias em fevereiro, quando está marcada a votação pelos deputados. Já o ministro da Secretaria de Governo reconheceu que a gestão Michel Temer não tem o número suficiente de votos para a aprovação da proposta e descartou, de forma categórica, votar a Previdência depois de fevereiro.

Maia reuniu-se ontem com empresários em evento da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington, e fez um discurso pessimista sobre a possibilidade de o governo aprovar a reforma. "Neste momento a gente prioriza a agenda da reforma da Previdência sem nenhum tipo de otimismo, sem nenhum discurso onde a gente diga que essa é uma matéria que estará resolvida em fevereiro de 2018", disse, segundo registrou o site G1. Questionado sobre um limite de prazo para a votação da reforma da Previdência, Maia disse que "se não votar agora, não vota mais".

O presidente da Câmara afirmou que a base aliada ao Palácio do Planalto não tem, no momento, votos para aprovar a reforma das regras da aposentadoria. Para que o texto passe pela Câmara, são necessários pelo menos 308 votos, em dois turnos. "A base do governo, a base que saiu das denúncias, pós denúncias contra o presidente, é uma base que sai de 360 deputados para 250", disse. Cotado como eventual candidato do campo da centro-direita à Presidência, Maia reiterou que não trata neste momento da eleição por estar empenhado em avançar na reestruturação do Estado Brasileiro, que precisa superar seu déficit orçamentário.

Questionado se seria melhor disputar a Presidência com a reforma da Previdência já aprovada, Maia desconversou e disse que para ele o fundamental aprovar a reforma porque isso irá "melhorar o Brasil". O presidente da Câmara dos Deputados criticou também a apreciação de proposta da reforma tributária neste ano. Em resposta sobre a intenção do presidente Michel Temer de enviar o projeto da área tributária, se não houver avanço na Previdência, Maia disse que em um momento de crise fiscal uma matéria dessa natureza poderia ter impacto direto sobre a população que já é quem mais paga impostos.

Para Maia, um projeto como esse neste momento esse não seria positivo. "Eu tenho muito medo de a gente avançar, em um momento de crise fiscal, uma reforma tributária que a equipe da Receita Federal esteja por trás sempre querendo ver de que forma aumenta a alíquota de imposto. Reforma tributária sem organização do Estado, sem resolver o déficit público, é uma reforma tributária que não está pensando no cidadão", disse Maia.

Em São Paulo, o ministro da Secretaria de Governo reuniu-se na sede da Fiesp com empresários e o secretário da Previdência Social do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, para discutir a aprovação das mudanças nas regras da aposentadoria. Depois do encontro, Marun disse que governo e Congresso não têm plano B para Previdência e reforçou que não há possibilidade de o governo adiar a votação do texto para depois da data marcada, entre 19 e 21 de fevereiro. "Em relação à reforma da Previdência, nós não temos a mínima cogitação no sentido em que ela venha a ser adiada. Ela vai ser votada na Câmara no mês de fevereiro e nas datas que estão previstas, 19, 20 e 21 deste mês", afirmou o ministro a jornalistas.

Marun, no entanto, reconheceu que a gestão Michel Temer ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar o texto na Câmara e desconversou sobre a estratégia para buscar o apoio necessário. Segundo o ministro, o governo "não está preocupado" com a falta de apoio neste momento e que o apoio deve aumentar depois do fim do recesso parlamentar.

"O governo e o Congresso não têm plano B. Temos o plano A, que é colocar em votação nesses dias pré-estabelecidos. Sabemos que efetivamente essa reforma deve ser aprovada até março, no primeiro trimestre. O final de março começa a se aproximar muito... A questão eleitoral se torna a grande protagonista das eleições. Queremos avançar até março. Para que isso temos que votar na Câmara ainda no mês de fevereiro", afirmou Marun.

Na entrevista o ministro disse que as dificuldades do governo se devem "à justa preocupação" de deputados e senadores "com reflexos eleitorais" nas bases. O ministro disse que deve se reunir na segunda-feira com o presidente da Câmara para discutir a votação da proposta e evitou falar sobre o pessimismo de Maia em relação à Previdência. "Talvez nesses dias que se ausentou (do Brasil) não esteja com as informações suficientes que nós temos". Ao ser questionado se a privatização da Eletrobras poderia ficar para 2019, em troca de apoio para a Previdência no Congresso, Marun negou. "Não tenho informação de que tenha havido alteração no pensamento do governo", afirmou.

 

Bolsas globais mantêm ritmo forte com crescimento sincronizado

Os mercados acionários globais iniciam 2018 em forte ritmo. Após as altas expressivas das bolsas de valores registradas em 2017, havia certo ceticismo entre os analistas em relação ao fôlego que ainda restaria para as ações manterem a escalada que marcou os últimos tempos. Mas a recuperação da economia global tem dado ânimo extra para a manutenção da atratividade das bolsas de valores.

Os sucessivos recordes quebrados por Wall Street nos últimos meses - e em outras praças financeiras, como nas bolsas de Londres, Hong Kong e do Brasil- mostram o quanto o investidor está ainda disposto a apostar na renda variável, apesar da maior volatilidade e risco embutidos neste segmento do mercado financeiro. Recentemente, as revisões para cima nas projeções de crescimento de bancos centrais, instituições financeiras, consultorias e organizações multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), confirmaram a visão que os mercados já operavam há meses, como mostram as altas expressivas das ações - embora os ciclos de elevação de preços de ativos tragam consigo o temor de bolhas e de reversão abrupta dos preços, como aconteceu em outros períodos de empolgação nos mercados.

Por trás da euforia atual, destacam analistas, está o "crescimento global sincronizado", puxado ao mesmo tempo pelas economias avançadas e emergentes. O pêndulo entre o crescimento destes dois grupos, que aconteceu tantas vezes e em muitas delas foi definido pelo ciclo das commodities, parece agora ter se transformado em um conjunto único e estabilizado num patamar elevado. O FMI estima um avanço do PIB global em 3,7% neste ano, de 3,6% em 2017 e 3,2% em 2016.

O Goldman Sachs observa que 186 de 192 membros do Fundo registraram crescimento no ano passado, e as previsões para 2018 mostram que haverá poucos países em recessão. O economista sênior para Estados Unidos do banco Société Générale, Omair Sharif, diz que a recuperação sincronizada da economia mundial, que tem sustentado o mercado, se deve a três fatores principais: o bom desempenho da produção industrial em diversos países, a retomada dos investimentos nos EUA e o ambiente ainda de ampla liquidez internacional. "Os mercados acionários nos países emergentes superaram o mercado americano no ano passado, na medida em que os investidores buscam melhores retornos", afirma Sharif. "A melhora no mercado acionário também está impulsionando a confiança e ajudando a adicionar demanda nas economias."

Ontem as bolsas americanas abriram indicando que haveria mais um dia de recordes. De fato, o índice Dow Jones chegou a superar os 26 mil pontos pela primeira vez na história logo nas primeiras operações do dia. Mas o cenário político dos EUA apagou um pouco os ânimos após a notícia da intimação do ex-chefe de estratégia de Trump, Steve Bannon, para depoimento no FBI. No fim do pregão, o Dow Jones marcava leve baixa de 0,04%, aos 25.792,86 pontos. O Nasdaq perdeu 0,51%, a 7.223,68 pontos.

Apesar do recuo de ontem, os índices de ações americanos ainda computam altas expressivas em 2018: Dow Jones tem ganho acumulado de 4,34%, Nasdaq sobe 4,64% e S&P 500, 3,85%. Vale destacar também os ganhos acumulados em 2018 pelas bolsas de Frankfurt (2,54%) e Tóquio (5,21%). Pelo cálculo de Paridade do Poder de Compra (PPP), o PIB global já avançava cerca de 5% no final de 2017, na visão média de bancos estrangeiros. Significa quase o dobro do que ocorreu nos dois anos de queda dos preços das commodities, entre 2015 e 2016, quando a China titubeou.

As economias desenvolvidas devem crescer 2,2% neste ano, puxadas pelos EUA (com 2,5%) e, especialmente, pela zona do euro (2,4%) - a grande surpresa atual. O Nomura pontua que "as dinâmicas cíclicas e sincronizadas foram características raras da economia mundial nos últimos anos", mas que geralmente anunciaram "surpresas positivas no período à frente", como um avivamento do crescimento da produtividade, cuja queda fez muitos países desenvolvidos patinarem no pós-crise.

A América Latina também tem se beneficiado do momento positivo global, tanto no que se refere a crescimento econômico quanto à alta das bolsas. Isso tudo apesar das incertezas políticas, como eleições previstas no Brasil, México e Colômbia, entre outros imbróglios, como a situação de Venezuela e Bolívia. "O cenário para a região é favorável, e o cenário global ajuda, se o local não atrapalhar", diz Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América latina do BNP Paribas.

O ciclo positivo deste ano, entretanto, tem muitos riscos embutidos, justamente pelo começo da reversão dos programas de estímulos dos principais bancos centrais globais, com o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) à frente, apesar de a baixa inflação conter movimentos bruscos de altas de juros. O Bank of America Merrill Lynch adverte sobre os sinais de que o longo "bull market" (mercado altista) pode estar chegando ao fim, o que deve provocar uma retração dos preços lá pelo meio do ano.

Para os estrategistas do banco, a construção do otimismo dos investidores vem sendo impulsionada por retornos impressionantes das ações e pela baixa volatilidade histórica. "O 'bull market' está no caminho para se tornar o mais longo e se as ações superarem os títulos pelo sétimo ano consecutivo, seria a primeira vez [que isso ocorre] desde 1928 e apenas a terceira vez em 220 anos." Para Sharif, o principal risco à frente está na condução dos juros pelo Federal Reserve. Há um debate no Fed sobre quantas vezes subir os juros neste ano: duas, três ou quatro vezes. Isso vai ser definido com base na inflação e no comportamento do mercado de trabalho. "Se o Fed decidir aumentar os juros quarto vezes em 2018, o mercado não estará preparado para isso."

 

Para economista do BNP, não há espaço para complacência na AL

Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América latina do BNP Paribas, pondera que o cenário econômico é favorável para a América Latina, que deve se beneficiar da combinação do forte crescimento econômico global, baixa inflação e dólar desvalorizado. Carvalho alerta, no entanto, que não há espaço para complacência, e que os países precisam seguir com as suas reformas estruturais para poder tirar proveito do cenário global positivo.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Valor: O Ibovespa ultrapassou a marca dos 80 mil pontos, acompanhando a melhora dos mercados internacionais. O que está acontecendo no Brasil está acontecendo em toda a América Latina?

Marcelo Carvalho: Sim. O verão está chegando para a região da América Latina. O cenário para a região é favorável, e o cenário global ajuda, se o local não atrapalhar. O mundo está ajudando por três fatores: em primeiro lugar, temos um cenário macroeconômico global favorável. O crescimento lá fora está forte, a inflação está baixa e a perspectiva é de um aumento dos juros muito lento e gradual, particularmente para o Federal Reserve americano. O segundo ponto é que o dólar está se desvalorizando, inclusive em relação às moedas de países emergentes, como é o caso da América Latina. Depois de muitos anos de um dólar forte, o enfraquecimento da moeda é uma boa notícia para os mercados emergentes. O terceiro fator que ajuda lá fora são os preços das commodities. Com o mundo se recuperando, em particular a China indo bem, e o dólar se desvalorizando, isso tudo ajuda a empurrar os preços das commodities para cima, o que, obviamente ajuda os exportadores de commodities, como é o caso da América Latina.

Valor: Quem são os grandes favorecidos? Quem ganha, quem perde, e quem é a estrela do momento na América Latina, na sua opinião?

Carvalho: Eu acho que temos uma maré cheia que levanta todos os barcos. Todo mundo está se beneficiando. É claro que, quando a maré baixar, e um dia ela vai baixar, aí veremos realmente quem está melhor e quem não está. Quem estava nadando pelado ou não. Lá na frente teremos uma diferenciação, sim, e essa diferenciação entre os países vai depender da política econômica de cada país. Por isso o foco deste ano, pensando no mercado local, são as eleições. Teremos eleição na Colômbia, em maio, eleição no México, em julho, e, obviamente, a eleição de outubro no Brasil. Dependendo dos resultados destas eleições e da política econômica de cada país, teremos ganhadores e perdedores na região. Mas, por ora, a maioria dos países está no campo dos ganhadores. Depois das eleições, sairá mais bem posicionado o país que for capaz de avançar nas reformas estruturais. A gente acha que o Brasil segue nesta linha e o México, cujas reformas já foram implementadas lá atrás, se mantém. Olhando as nossas projeções de crescimento para o ano que vem, elas estão Olhando as nossas projeções de crescimento para o ano que vem, elas estão na faixa de 2% a 3%. A Argentina, em particular, pode até crescer mais do que isso, mas isso porque a Argentina passou por muitos anos de aperto, então o ponto de partida é muito baixo.

Valor: Você acha que o risco político é o mais significativo, para a América Latina?

Carvalho: Acho que sim. Na nossa avaliação, as eleições em todos os países que eu falei - e como foi no Chile, no ano passado - serão apertadas, o que significa que, até chegar lá, a incerteza será grande e pode causar volatilidade nos mercados financeiros.

Valor: Ao mesmo tempo, parece haver uma certa complacência nos mercados de ações. Com tudo o que está acontecendo no Brasil, assim como em outros países, os índices acionários seguem em alta. Por que você acha que isso acontece?

Carvalho: Eu acho que esse ponto é importante. Não há espaço para complacência. De fato, há avanços na região. Você olha a situação de todos estes países hoje e encontra vários indicadores que estão melhores do que no passado, mas há muitos desafios. Ainda tem muita lição de casa pela frente e, portanto, não há espaço para complacência. Aqueles países que continuarem a fazer a lição de casa, esses sim vão se sair melhor. No caso do Brasil, por exemplo, a lição de casa é avançar com a questão da previdência. Para a América Latina em geral é avançar com as reformas estruturais.

Valor: Além do político, quais são os outros riscos em potencial?

Carvalho: Além dos riscos domésticos, que são basicamente as incertezas em torno das eleições, temos, sim, vários riscos globais. Temos os suspeitos usuais, que é um problema geopolítico. Algum conflito militar em alguma parte do mundo, isso obviamente não é boa notícia. Se tivermos um aumento do protecionismo global, em particular por parte dos EUA, obviamente isso também não é boa notícia. Um outro risco, mais específico para o mercado financeiro, é a inflação lá fora surpreendendo e ficando acima do esperado, forçando os bancos centrais a subir os juros muito mais rapidamente do que se imagina, sobretudo nos EUA. Eu comecei dizendo que o cenário está favorável lá fora, porque o crescimento está vindo, mas sem muita inflação, o que permite que os bancos centrais, sobretudo o Federal Reserve, subam os juros muito devagar. Mas se isso mudar, por alguma razão, com a inflação acima do esperado, isso forçaria os bancos centrais e o Fed, em particular, a subir os juros mais rapidamente, e isso poderia ser um choque externo.

Valor: Você acha provável que isso aconteça? E o dólar, também pode causar um choque?

Carvalho: Nós achamos que o cenário base é favorável, e que os riscos que eu mencionei são de baixa probabilidade. Eles existem, é claro, mas não são o que consideramos mais provável. O cenário base para o dólar é de desvalorização. O dólar se move em ciclos de longo prazo, que duram vários anos, e nós achamos que o dólar está passando agora por um ponto de inflexão. A valorização do dólar que tivemos nos últimos anos está chegando ao fim e, daqui para a frente, o cenário para o dólar, na nossa avaliação, é de desvalorização. O México, aqui na América Latina, é o que talvez esteja hoje em maiores dificuldades. Eu digo isso porque, nas nossas projeções, todos os países da América Latina terão um crescimento maior neste ano do que em 2017. A exceção é o México. Nós vemos uma desaceleração da economia mexicana, porque, ao contrário dos outros países, que vêm cortando os juros, o banco central mexicano teve que subir bastante os juros nos últimos anos. Isso tende a desacelerar a economia mexicana, além de outros dois riscos que o México enfrenta, sendo um externo e o outro local. O risco externo é a proximidade muito maior que eles têm com a economia americana. No caso de um protecionismo maior dos EUA, o México é quem mais seria prejudicado, sobretudo no contexto das negociações do Nafta [Tratado Norte-Americano de Livre Comércio]. Se não chegarmos a um bom acordo no Nafta, isso é ruim para o México. E internamente temos, é claro, a eleição lá, que também é muito incerta.

Valor: Voltando às commodities, o que afetará os preços neste ano, além do dólar?

Carvalho: Um ponto fundamental para as commodities é a China, que está se saindo aparentemente muito bem. A China vem crescendo a um ritmo entre 6% e 7% e a gente acha que ela continua crescendo nesta faixa. Isso ajuda muito a sustentar os preços das commodities no mercado internacional.

 

MRV vê espaço para procura por imóveis continuar alta

Depois de registrar, em 2017, lançamentos e vendas recordes, a MRV Engenharia espera que a procura por imóveis direcionados à baixa renda continue elevada neste ano. "O governo está muito empenhado em relação ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida", diz Rafael Menin, copresidente da MRV. Maior incorporadora de capital aberto do país e terceira maior construtora do mundo com atuação no mercado imobiliário, a companhia tem estrutura para lançamentos e vendas brutas totais de 50 mil unidades em 2018, dos quais sua fatia é de 47 mil unidades. Se considerado o preço de R$ 150 mil por unidade, o Valor Geral de Vendas (VGV) chega a R$ 7,5 bilhões, mas não se trata de meta.

Neste ano, além de empreendimentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a MRV vai apresentar projetos para a média renda - com preço por unidade de R$ 200 mil a R$ 350 mil. A participação desses produtos no total será de até 5%. Os lançamentos de projetos para clientes com renda de R$ 5 mil a R$ 10 mil devem começar no segundo trimestre por Belo Horizonte, São Paulo e Salvador. Em 2017, a MRV lançou R$ 5,627 bilhões e teve vendas líquidas de R$ 4,951 bilhões, com altas de 41,1% e 23%, respectivamente, na comparação com o ano anterior.

As vendas brutas cresceram 15,1%, para R$ 6,055 bilhões. Os lançamentos somaram 37.155 unidades, enquanto as vendas chegaram a 32.937 unidades. Segundo Menin, continua a haver atrasos na obtenção de licenças de projetos. Para reduzir o impacto dessa demora, a empresa tem apresentado mais projetos para aprovação. No quarto trimestre, os lançamentos cresceram 56%, para R$ 1,671 bilhão. Foi o maior VGV trimestral lançado em seis anos. A MRV registrou vendas brutas recordes de R$ 1,735 bilhão no quarto trimestre, com alta de 34,2% ante o mesmo período de 2016. "O número recorde resultou de mais lançamentos e dos investimentos em marketing e tecnologia", diz Menin.

As vendas líquidas cresceram 43,9%, para R$ 1,451 bilhão. "Os clientes têm ido mais aos plantões de vendas, e há mais propensão de fechar negócios. A taxa de conversão melhorou", afirma o copresidente da MRV. A empresa espera geração de caixa em 2018 superior à do ano passado, de acordo com Menin, ainda que a incorporadora planeje desembolsar mais de R$ 500 milhões na aquisição de terrenos. De outubro a dezembro, a companhia gerou caixa de R$ 38 milhões e, no acumulado de 2017, de R$ 328 milhões. Segundo Menin, a geração de caixa poderia ter sido maior se não fossem fatores que afetaram os repasses - dificuldades decorrentes dos limites de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por estados e problemas técnicos nos sistemas de bancos.

 

Bom desempenho mundial está na conta do governo e risco é reversão do humor

O bom desempenho da economia mundial já está incorporado às projeções de crescimento mais acelerado do PIB brasileiro neste ano, incluindo o número oficial de 3% de expansão anunciado no fim de 2017. Na verdade, o cenário externo hoje é tratado como um risco negativo para a atividade econômica doméstica, caso se materializem eventos como uma alta dos juros americanos acima do esperado pelos mercados. A leitura de técnicos do governo é que a euforia em torno do crescimento sincronizado de países avançados e emergentes já vem se observando há cerca de seis meses e, por isso, boa parte dos analistas, dentro e fora do governo, tem procurado entender o que tem ou não fundamento nesse fenômeno. Para um interlocutor do governo, a forte liquidez no mundo foi decisiva para essa rodada de expansão econômica.

A fonte destaca que mesmo com recentes elevações de juros nos Estados Unidos, o processo é gradual e o mundo vive uma fase de taxas historicamente baixas tanto em países emergentes como avançados, favorecendo o desempenho positivo. Lembra ainda que a Europa finalmente ganhou tração, ajudando o ambiente econômico. Outra fonte comenta que, de um lado, há fatores reais que sustentam a alta das bolsas no planeta: o crescimento forte de várias economias, sem pressão inflacionária e sem excesso de alavancagem de famílias e empresas.

Lembra ainda que nos anos 90, outro período favorável para o mundo, os analistas só perceberam a posteriori que havia ganhos relevantes de produtividade não mapeados naquele momento impulsionando a economia. E isto não pode ser descartado no atual ciclo. Por outro lado, esse mesmo interlocutor lembra que há indicadores como o Shiller CAPE (que avalia a relação entre preço de ações e ganhos das empresas, com ajuste ao ciclo econômico) que apontariam que a bolsa americana já estaria com sobrepreço, indicando algum exagero.

Também menciona o posicionamento de investidores especulativos relevantes já apostando em alta de juros pelo Federal Reserve (Fed) acima do que o mercado projeta. Na prática, o risco é que haja uma surpresa inflacionária nos Estados Unidos que faça o Fed promover uma alta "abrupta" dos juros. Isso, além de desacelerar o crescimento daquele país prejudicando todo mundo, pode gerar uma atração forte de capitais para os EUA, pressionando as taxas de câmbio e contaminando economias como a do Brasil. Apesar de haver temor, o grau de preocupação ainda não parece alto no governo. Isso porque o risco, como já estaria mapeado inclusive com especuladores relevantes já apostando nisso, a confirmação do evento teria menos impacto. "O risco maior é quando não está mapeado", comenta uma fonte.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Parcela de empresários que notaram piora nos negócios cai em 2017

Em 2017, 30% dos empresários brasileiros notou piora em seus negócios, ante 48% em 2016.

A conclusão é de uma pesquisa do SPC Brasil e CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), que entrevistou 822 líderes.

Apesar de sinalizar recuperação, a fatia ainda é maior do que a parcela que notou um desempenho melhor de sua empresa, que aumentou de 15% para 21% no último ano.

Mais da metade (51%) afirma que não teve um bom resultado nas vendas, 34% dizem que houve diminuição na margem de lucro e 24% se queixam de aumento da concorrência.

Apenas 14% dizem que houve melhora no quadro econômico do país, enquanto 42% acreditam que piorou —no ano retrasado, eram 62% nesta última categoria.

"O empresário brasileiro começa a vislumbrar a possibilidade de uma retomada lenta e gradual dos negócios", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, em nota.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Presidente do BC descarta ocupar a Fazenda

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, rechaçou a possibilidade de estar entre os cotados para ocupar o Ministério da Fazenda, caso Henrique Meirelles deixe o cargo para se candidatar às eleições presidenciais de 2018. “Prefiro trabalhar aqui do jeito que a gente está fazendo. Nosso papel é técnico, não político. Prefiro manter nossa neutralidade”, acrescentou. “A nossa contribuição é essa: estar no BC e oferecer as melhores condições”, completou, ao citar que tem intenção de permanecer no cargo até o fim do governo Michel Temer. Questionado sobre planos para 2019, se esquivou: “Estou concentrado em fazer o melhor em 2018.”

 

 

EXAME

Eleições vão testar se BC brasileiro é mesmo o melhor do mundo

A normalização dos preços dos alimentos, que já trouxe um susto ao mercado após o IPCA de dezembro acima do esperado, e a expectativa de volatilidade elevada durante o ano eleitoral representam novos testes ao selo de melhor banqueiro central do mundo conferido ao presidente do Banco Central Ilan Goldfajn pela revista britânica “The Banker”.

O choque de oferta associado ao preço dos alimentos respondeu por 83,9% do desvio que levou ao descumprimento da meta de inflação pela ponta inferior do intervalo fixado para 2017, segundo carta aberta enviada pelo BC ao ministro da Fazenda Henrique Meirelles.

A normalização dos preços desse grupo e a resposta da instituição é um desafio na condução da política monetária em 2018, mas essa tarefa divide espaço com a eleição presidencial e seus efeitos sobre os ativos domésticos.

“A normalização da inflação de alimentos parece ser mesmo um dos principais temas para a inflação em 2018 e o IPCA de dezembro é uma prévia disso”, disse Gustavo Rangel, economista do ING para América Latina.

O IPCA já deu um sinal de que inflação será mais alta e os próprios IGPs estão sinalizando pressão maior de produtos agrícolas, diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, que estima a inflação encerrando o ano de 2018 a 4,08%.

Para Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, será necessário aguardar a evolução dos indicadores ao longo dos próximos meses para verificar se, de fato, há uma mudança no comportamento de inflação.

“Ainda é cedo para inferir que a recuperação da atividade estaria pressionando os preços de forma mais consistente, até porque o hiato do produto ainda é enorme, com ociosidade e desemprego elevado. Número do IPCA é um alerta, para acompanhar nos próximos meses, mas uma andorinha só não faz verão”.

Grande risco é a eleição

Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC e consultor, Ilan e sua equipe não têm um teste complicado em 2018 no que tange os alimentos. O grande risco é uma eleição que inviabilize a continuidade do projeto reformista.

Entre as determinantes citadas na carta do BC, a inércia associada ao desvio da inflação em 2017 é negativa para 2018, ou seja, ajuda no comportamento dos preços deste ano, e a diferença de expectativas de inflação e meta de inflação é levemente negativa, com efeito zero.

A inflação importada e o choque de oferta são as determinantes mais difíceis de se prever, diz o ex-BC. “Mas a inflação global deve seguir tranquila, fazendo com que o risco seja então o câmbio, que, se não for por surpresa negativa na eleição, não deve ser um grande problema”, disse Schwartsman.

Em suas comunicações recentes, o BC vem mencionando que a frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e os ajustes necessários na economia pode afetar os prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

“Esse risco se intensifica no caso de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes”, segundo o Relatório de Inflação divulgado em dezembro.

Inércia positiva

Apesar do movimento de normalização dos preços agrícolas e do esperado aumento da volatilidade, analistas seguem projetando um cenário benigno para inflação em 2018. Inflação deve fechar o ano a 3,9%, abaixo do centro da meta, segundo estimativas compiladas pela Bloomberg.

“A inércia que carregamos de 2017 é positiva e outro fator que vai conter a alta dos preços é a ociosidade da economia, que ainda é muito grande”, segundo Rosa. Para o economista da SulAmérica, no entanto, a incerteza com a eleição no país é algo que “adiciona um grande ponto de interrogação”.

Nesse sentido, os investidores devem monitorar desfecho de julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no TRF-4 no fim de janeiro, que poderia amenizar preocupação com cenário eleitoral.

“Se for confirmado que Lula não vai concorrer, a vida do BC fica muito mais fácil”, diz Daniel Weeks, economista-chefe da Garde Asset. “Se houver condenação, chance de Lula concorrer diminui muito e você tira uma boa parte do risco das eleições”.

BC já foi testado

Solange Srour, economista da ARX Investimentos, diz que a autoridade monetária já foi testada ao longo dos últimos meses, uma vez que a inflação ex-alimentos e administrados teve uma desaceleração expressiva. “Serviços são o exemplo mais claro da capacidade do BC em desinflacionar a economia”, disse.

Na visão da economista, quanto a 2018, a inflação importada é o maior risco para o BC. Esse fator pode ser influenciado tanto via alta das commodities como via depreciação do real.

“Uma depreciação maior do real pode advir de um aperto mais agressivo das taxas de juros nas economias avançadas ou do processo político doméstico, que será bem conturbado”.

Rodrigo Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda, pondera ainda que a alta dos preços dos alimentos que pressionou o IPCA em dezembro e deve continuar no início de 2018 não necessariamente afetará a política monetária. Melo observa que o BC tende a dar um ”desconto” para a alta dos alimentos desde que seja vista apenas como um choque temporário.

 

Incertezas na Caixa ameaçam a construção

Banco estatal sofre com indefinição sobre como vai se capitalizar e cumprir regras internacionais do setor, o que pode levar a entraves nos investimentos imobiliários

São Paulo - Enquanto a Caixa Econômica Federal corre contra o tempo para se adequar às regras internacionais do setor financeiro, definidas no documento Basileia III derivado do acordo da Basileia, as empresas ligadas diretamente ou indiretamente à construção civil observam com muita atenção se o banco terá condições de destravar o setor com nova liberação de recursos.

Atualmente, 78% dos financiamentos imobiliários saem dos cofres do banco estatal. Quando algo não vai bem na Caixa, os reflexos se espalham por construtoras, incorporadoras, fabricantes e lojas de materiais de construção, mercado de trabalho e, é claro, afetam a vida de quem espera pela chance de ter um imóvel.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, o clima é de apreensão. "Imagine se 70% do atendimento de saúde em Brasília fosse feito pelos hospitais públicos e eles simplesmente deixassem de atender? É mais ou menos o que ocorre com a Caixa, que tem papel tão relevante no setor da construção", explica.

Segundo Martins, a previsão é de que, em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção tenha encolhido 6%. "Normalmente o setor é responsável por puxar o PIB do país para cima, mas dessa vez devemos puxar em pelo menos 0,5% para baixo", lamenta o empresário.

O principal problema da Caixa é não saber como a instituição vai se capitalizar para cumprir novas exigências internacionais de solidez financeira e atender padrões regulatórios mínimos quando o documento Basileia III entrar em vigor, em 2019. Isso causou uma espécie de letargia na instituição financeira, o que atingiu diretamente o setor imobiliário, que depende muito do banco para financiar seus clientes.

A solução poderia vir do uso dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas o plano do Palácio do Planalto foi barrado. Em novembro passado, o Ministério Público fez uma representação junto ao Tribunal de Contas da União sobre possíveis irregularidades em operação entre a Caixa e o FGTS. No documento, foi questionado o plano do governo de injetar dinheiro do fundo no banco estatal.

Apesar do movimento do TCU, o Planalto seguiu com o seu plano e o sinal verde para que o dinheiro do FGTS fosse usado para capitalizar a Caixa foi dado no último dia 4, quando o presidente da República, Michel Temer, sancionou lei que permite a capitalização de até R$ 15 bilhões na Caixa com recursos do fundo.

Pela lei que o Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram, fica autorizado que o Conselho Curador do FGTS compre instrumentos híbridos de capital e dívida da Caixa. Por meio de nota, o TCU informou que o processo de questionamento dessa manobra está em tramitação, portanto "não houve apreciação definitiva da matéria". A Caixa foi procurada pela reportagem, mas não retornou os contatos.

Paralelamente à possibilidade de usar o FGTS, o banco estatal colocou em prática, no ano passado, algumas medidas para enxugar sua operação, como o programa de demissão voluntária (o PDV, que alcançou metade do número previsto de 10 mil desligamentos) e a desaceleração na concessão de crédito, que começou a ser percebida em 2015.

Em 2014, a Caixa liberou R$ 128,83 bilhões em crédito imobiliário, enquanto que em 2016 (dados de 2017 ainda não foram divulgados) a soma foi de R$ 83,46 bilhões. O número de contratos de financiamento imobiliário também apresentou queda expressiva. Enquanto em 2014 foram 1.405.923 contratos, em 2016 esse universo chegou a apenas 620.823.

Minha casa, minha vida No programa habitacional Minha casa, minha vida (MCMV), o governo acena com a possibilidade de retomada. Segundo declaração recente do ministro das Cidades, Alexandre Baldy (PP-GO), a expectativa é de entregar cerca de 75 mil unidades no primeiro trimestre de 2018. O orçamento da pasta para o MCMV, neste ano, é de R$ 70 bilhões. O ministro disse acreditar que o número de unidades entregues será maior do que no ano passado. Na ocasião, ele admitiu que o governo deixou de investir em torno de R$ 24 bilhões no programa devido aos problemas de capitalização da Caixa.

BANCO DE TALENTOS

ÁREA DO ASSOCIADO

O Sinduscon/RN pensa como você, e por isso trabalha:

NOSSA MISSÃO

Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

contato@sindusconrn.com.br

SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

Rua Raimundo Chaves, 2182 - Sala 101 Empresarial Candelária - Candelária - Natal/RN

SINDUSCON/RN (C) 2012 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS