Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

Investidor vê risco país menor que agências

Os investidores têm se revelado bem menos preocupados com a situação da dívida brasileira do que as agências de classificação de risco. Uma semana depois de a S&P Global reduzir a avaliação do país para "BB-", três abaixo do mínimo considerado como grau de investimento, o custo para se proteger de um eventual calote do país atingiu os menores níveis em quatro anos. Procurada, a S&P não comentou o assunto. O descolamento entre a avaliação das agências e a do mercado - medida pelo chamado credit default swap (CDS) - sinaliza que a importância dada às classificações de risco hoje é menor para uma parcela relevante dos investidores com dinheiro no país.

Esse movimento beneficia as empresas brasileiras e também o governo a captar recursos no exterior a taxas atrativas. O Tesouro fechou ontem uma captação de US$ 1,5 bilhão com a reabertura de uma emissão com vencimento em 30 anos, a um custo menor do que o da operação realizada em 2016. O CDS é considerado hoje o principal indicador de risco-país, já que reflete o quanto os investidores estão dispostos a pagar por uma espécie de "seguro contra calotes".

Em tese, as taxas do CDS deveriam subir conforme piora a avaliação das agências, já que ambos medem a probabilidade de o país não honrar suas dívidas. Mas não é o que vem ocorrendo. O CDS brasileiro era negociado ontem em 147 pontos, apenas um acima de quinta-feira passada, quando a nota brasileira foi reduzida. A maior variação recente ocorreu em maio do ano passado, logo após a divulgação da gravação do encontro do presidente Michel Temer e Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, quando as taxas subiram de 206 para 269 pontos (alta de 31%) em um único dia.

É comum que as taxas do seguro negociado no mercado reflitam antes a piora ou a melhora nas variáveis econômicas, o que costuma render às agências de rating críticas de lentidão na tomada de decisões. Em setembro de 2015, por exemplo, quando o Brasil perdeu a classificação de grau de investimento, os investidores já haviam se antecipado e cobravam mais caro pelo seguro contra calotes do país. O cenário atual, porém, marca uma diferença maior entre as avaliações.

Enquanto as agências têm uma visão mais pessimista sobre a trajetória da dívida, as taxas do CDS seguem em queda, um sinal de que os investidores enxergam hoje um risco mais baixo em investir em ativos brasileiros do que quando ainda contava com o grau de investimento. Quem está certo? "Os dois indicadores deveriam ter alguma relação, mas o descolamento não indica que alguém esteja errado", afirma Nuno Martins, chefe de estruturação e vendas de derivativos do Bank of America Merrill Lynch (BofA). O que direciona hoje as taxas do CDS não é, necessariamente, a situação fiscal do Brasil, mas o ambiente global de excesso de liquidez.

"Temos uma ação coordenada dos principais bancos centrais e juros muito baixos ao redor do mundo", afirma Martins. Ainda que seja ligado ao risco de crédito do país, o CDS tende a acompanhar o desempenho dos demais mercados, como bolsa e câmbio, segundo o exdiretor do Banco Central e economista-chefe do UBS Brasil, Tony Volpon. "Apesar de todas as dificuldades que o país enfrenta, hoje há uma preponderância de fatores globais sobre os locais", afirma.

 A economia brasileira vive hoje uma situação "atípica" que combina, de um lado, o cenário de fragilidade fiscal e, do outro, uma posição externa muito forte. "Em 2015, além do cenário interno, havia uma preocupação com o déficit em conta corrente do país, mas essa situação se reverteu no ano passado", diz. As taxas mais baixas do CDS também refletem essa melhora das contas externas, já que o seguro negociado entre os investidores protege contra um possível calote da dívida em moeda estrangeira.

As agências de risco, por outro lado, avaliam também a dinâmica da dívida em reais, que hoje representa 95% do total e se mantém em alta, segundo Volpon. Na comparação com a taxa de outros países, o risco brasileiro se mostra mais compatível com a atual classificação das agências de rating. Pelos cálculos do Itaú Unibanco, os demais países avaliados como "BB-" pela S&P são negociados hoje com um CDS ao redor de 173 pontos, apenas 27 a mais que o Brasil.

A expectativa do banco, porém, é que a taxa volte a subir e encerre o ano ao redor de 225 pontos. "O cenário internacional não deve seguir tão favorável, e as incertezas internas devem pressionar os prêmios de risco", afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú. Ainda que o rebaixamento recente da nota brasileira fosse esperado, o descolamento entre a avaliação das agências e o risco-país medido pelo CDS tem pouco fundamento, segundo Marcelo Barbosa Lima, responsável pela mesa de renda fixa da corretora INTL FCStone Financial.

"Acredito que existe um otimismo exagerado dos investidores", afirma. Exagerado ou não, esse otimismo tem ajudado as empresas e o governo a captar recursos no mercado internacional a taxas mais atrativas. Apenas nos primeiros dias deste ano, as emissões de títulos de dívida (bônus) brasileiros somam US$ 4,4 bilhões (ou pouco mais de R$ 14 bilhões), incluindo a captação de ontem fechada pelo Tesouro.

"O preço dos ativos é definido de acordo com a oferta e a demanda, o que acaba colocando ainda mais para baixo as taxas das emissões num momento como o atual", afirma o executivo de um banco que coordena emissões externas de companhias nacionais e pediu para não ser identificado.

Desde dezembro, empresas veteranas no mercado de dívida externa como a Petrobras e o frigorífico Marfrig, e também novatas - como a Rede d'Or de hospitais e a Hidrovias do Brasil - aproveitaram as condições favoráveis para captar.

 

CMN aperfeiçoa metodologia para o cálculo de TBF e TR

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, em reunião extraordinária ontem, uma alteração na metodologia de cálculo da Taxa Básica Financeira (TBF) e da Taxa Referencial (TR). A mudança não resultará em alteração na remuneração da caderneta de poupança e dos contratos imobiliários. Em nota, o Banco Central (BC), explicou que a nova metodologia mantém a TBF em 0,5% e a TR em zero - mesmos níveis que vinham sendo praticados - e será baseada nas taxas de títulos do Tesouro Nacional, deixando de seguir as dos certificados e recibos de depósitos bancários (CDBs/RDBs) prefixados.

A alteração passa a vigorar a partir de 1º de fevereiro. A TR é obtida partindo do cálculo da TBF com a aplicação de um redutor. Segundo o BC, nos últimos anos, a evolução do mercado financeiro e a estabilização da economia têm reforçado a tendência de redução de operações com CDBs/RDBs prefixados com os prazos de 30 dias a 35 dias, conforme estabelecidos na metodologia até então em vigor, o que poderia provocara redução da representatividade das taxas. Segundo o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o objetivo é manter uma taxa robusta em termos estatísticos e a nova metodologia mantém aderência a metodologia anterior, sem alterar o patamar do indexador.

A base de dados para a formação da TBF será composta pelas taxas de juros das Letras do Tesouro Nacional (LTN) praticadas nas operações definitivas no âmbito do mercado secundário. A TBF de um mês será uma média ponderada entre as taxas médias das LTNs com vencimentos imediatamente anterior e imediatamente posterior ao prazo de um mês, seguida da aplicação de um fator multiplicativo fixado em 0,93, algo necessário para ajustar a diferença entre as taxas das LTNs e as dos CDBs/RDBs.

 

Prévias confirmam retomada do mercado imobiliário

As prévias operacionais das incorporadoras já divulgadas confirmam a percepção do setor e do mercado de que 2017 foi o ano de início da retomada da construção civil, com mais disposição de consumidores a comprar imóveis e das empresas a investir, o que se refletiu em crescimento de lançamentos e vendas. É o que aponta o conjunto dos números apresentados por Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, MRV Engenharia e Tenda.

O mercado espera que a melhora operacional se consolide neste ano. Em conjunto, as seis incorporadoras lançaram o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 12,536 bilhões, o que representa expansão de 29,7%. No ano passado, as vendas líquidas cresceram 36,4%, para R$ 11,284 bilhões. Os dados incluem somente a parte própria das incorporadoras nos projetos. No quarto trimestre, os lançamentos aumentaram 18,8%, para R$ 3,919 bilhões, na comparação anual.

As vendas líquidas tiveram expansão de 39,8%, para R$ 3,311 bilhões. Mais uma vez, a MRV - focada em empreendimentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida - foi a maior incorporadora em lançamentos e vendas, com R$ 5,627 bilhões e R$ 4,951 bilhões, respectivamente, números recordes da companhia mineira. Em relação a 2016, a MRV lançou 41% a mais e elevou vendas líquidas em 23%. Cyrela e Tenda ficaram com as respectivas segunda e terceira colocações em lançamentos e vendas. Em conjunto, MRV, Cyrela e Tenda responderam por 75% dos lançamentos e das vendas das seis companhias em 2017.

Os distratos - maior desafio vivido pelas incorporadoras desde 2012 quando as entregas de empreendimentos passaram a ter volumes mais expressivos - caíram no ano passado, apesar de as inúmeras discussões entre representantes do setor, dos órgãos de defesa do consumidor e do governo não terem resultado em acordo para regulamentar a questão. A queda dos distratos resultou de menor volume consolidado de entregas do que o de 2016 e de as empresas terem continuado a adotar estratégias para manter seus clientes em carteira. A EZTec, por exemplo, ofereceu financiamento direto aos clientes em mais da metade das vendas de estoques prontos.

Ainda assim, a companhia considera que seu volume de distratos, de R$ 404,1 milhões, em 2017, foi "excessivamente elevado", resultante de unidades das suas safras recordes de lançamentos em 2013 e 2014. Considerando-se somente Direcional, EZTec, MRV e Tenda, houve queda de 6,3% nos distratos, para R$ 2 bilhões no ano passado. No trimestre, a redução foi de 3%, para R$ 493,7 milhões. Cyrela e Even não divulgaram seus dados de rescisões de vendas. Os balanços do ano passado vão apresentar melhora da geração de caixa pelas companhias, refletindo menos entregas e distratos. O indicador tende a continuar a ter incremento em 2018. Entre as incorporadoras que já divulgaram prévias operacionais, a MRV informou que gerou caixa de R$ 328 milhões no acumulado de 2017.

O mercado avalia que há potencial para o setor imobiliário elevar lançamentos e vendas, neste ano, em todas as faixas de atuação, mas o patamar dependerá dos indicadores de emprego e renda e pode ser afetado pelos rumos da política. Existe expectativa também que a melhora operacional tenha reflexo gradual nos balanços do setor, com impacto mais expressivo no próximo ano. Por causa da contabilidade das incorporadoras, com composição da receita à medida que as obras avançam, há defasagem entre o ritmo de lançamentos e vendas, e isso deve ser expresso nos demonstrativos de resultados.

Os balanços continuam a refletir as chamadas "dores do crescimento" acelerado das empresas do setor nos primeiros anos após a onda de abertura de capital. No caso de duas companhias listadas em bolsa - PDG Realty e Viver Incorporadora -, os problemas vividos na transição da ascensão para a queda do setor culminaram na necessidade de recorrer à recuperação judicial. No ano passado, os planos de recuperação das duas incorporadoras foram aprovados pelos respectivos credores.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Preço médio do m² no Brasil tem valorização de 1,45% em dezembro

Segundo o mais abrangente medidor de preços do mercado imobiliário, o Índice Properati-Hiperdados (IPH), com cobertura nacional de 100 cidades espalhadas pelo Brasil, o preço médio do metro quadrado dos imóveis à venda no país aumentou 1,45%, entre os meses de novembro e dezembro de 2017. Mesmo com a valorização no fim de 2017, o ano que passou fica marcado pela queda média de 1,44% no valor do metro quadrado do país.

O Índice Properati-Hiperdados (IPH) é elaborado pela Hiperdados, empresa de software de gestão para incorporadoras, construtoras, imobiliárias e fundos imobiliários. Este índice que traz a medição da variação dos preços médios do setor imobiliário no mês de dezembro de 2017, bem como o comportamento do preço dos últimos doze meses. O estudo é feito através da base disponibilizada pelo portal Properati com base cerca de um milhão e meio de imóveis anunciados no portal.

Renato Orfaly, Country Manager da Properati no Brasil, diz que a valorização do metro quadrado no fim de 2017 era esperada pelo mercado. "Temos boas expectativas para 2018 e esse é um bom indício de aquecimento do setor. Acredito que este ano será marcado pela retomada do mercado imobiliário. A economia deve voltar a crescer e, com a previsão de diminuição das taxas de juros, o poder de compra do consumidor vai melhorar, o que favorece a aquisição de imóveis", diz.

Segundo o boletim Focus, a previsão de crescimento da atividade econômica nacional em 2018 é de 2,7%, e a indústria da construção civil tem participação considerável nesse número. Conforme o IBGE, em 2016, a indústria da construção civil representou 5,4% do PIB nacional. Além disso, a demanda por imóveis é grande no Brasil, pois o déficit habitacional é alto: cerca de seis milhões de residências, segundo a fundação João Pinheiro. "O setor já iniciou novas contratações e a pressão do custo do financiamento baixou consideravelmente, bem como a inflação de preços gerais. Todos esses ingredientes geram um ambiente favorável para quem quer adquirir um imóvel", diz Renato Orfaly.

Preços

Em São Paulo (SP), o preço dos imóveis, depois de meses em queda, voltou a subir. O aumento foi de apenas 0,48%. Mesmo assim, o valor médio do metro quadrado na capital paulista ainda está abaixo dos R$ 8 mil, com, exatamente, R$ 7.956. Em dezembro de 2016, o preço médio do metro quadrado na cidade era de R$ 8.310. Dessa forma, o acumulado de 2017 em São Paulo foi uma desvalorização média de 4,26%.

Já o Rio de Janeiro (RJ) apresentou a maior valorização em 2017. A cidade esteve o ano passado inteiro na primeira posição do ranking, com o metro quadrado mais caro do Brasil. Entre os meses de novembro e dezembro, o valor médio do metro quadrado na capital carioca subiu 0,82%, atingindo R$ 9.719. No ano passado, a cidade teve queda nos preços apenas entre os meses de junho e agosto, sendo que a diminuição foi de somente 0,09%. Dessa maneira, o ano de 2017 fica marcado pela forte valorização no metro quadrado do Rio de Janeiro, com crescimento médio de 15,72%.

Outras cidades que merecem destaque são Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Campinas (SP). Na capital mineira, o preço médio do metro quadrado em dezembro foi de R$ 5.441. Em Campinas, esse valor foi de R$ 5.227. E em Curitiba, R$ 4.999. Em relação ao acumulado do ano passado, das três cidades, a que teve a maior valorização foi Campinas, com 5,62%. Em seguida está Curituba, com 1,72%. E em terceiro lugar, com saldo negativo, está Belo Horizonte, com desvalorização de 7,94% em 2017.

O Índice Properati-Hiperdados (IPH) é avaliação mais ampla do mercado imobiliário brasileiro, pois é calculado com base nos dados de 100 cidades brasileiras, o que representa a maior amostragem em pesquisas do setor. Todos os imóveis utilizados no cálculo estão cadastrados no portal Properati.com.br. Das 100 cidades avaliadas, o valor do metro quadrado de 47 delas apresentaram queda nominal em 2017. A cidade que sofreu maior desvalorização foi Brasília (DF), com -15,38%. Na outra ponta, a maior valorização foi encontrada no Rio de Janeiro (SP), com 15,72%.

 

 

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