Segunda-feira

VALOR ECONÔMICO

Economistas "top 5" preveem Selic maior em 2018 e 2019, aponta Focus

Os economistas consultados pelo Banco Central para elaboração da sua pesquisa semanal Focus aumentaram suas estimativas para o crescimento da economia em 2019, de 2,80% na semana passada para 2,99% no levantamento realizado até a última sexta-feira (19). Para 2018, a mediana das projeções se manteve em 2,70%.

A meta para a taxa básica de juros, Selic, também sofreu ajustes para cima nos dois principais anos agora tabulados pelo BC entre os economistas que mais acertam as projeções, os chamados Top 5, de 6,50% para 6,63% no fim de 2018 e de 8,00% para 8,50% no encerramento de 2019, considerando as estimativas de médio prazo.

Entre os economistas em geral, as medianas das projeções foram mantidas, em 6,75% e 8,00%, respectivamente. Já com relação à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos 12 meses, os economistas do mercado em geral fizeram um leve ajuste para cima, de 3,98% para 4,00%.

Para os anos de 2018 e 2019 fechados, as medianas das projeções para a inflação oficial foram mantidas em 3,95% e 4,25%, na mesma ordem. Entre os Top 5, as apostas de médio prazo para a inflação oficial também foram mantidas, em 3,80% para este ano e 4,00% para o próximo.

 

Mercado aposta em Lula condenado, mas busca proteção contra oscilações

O mercado financeiro chega à semana do julgamento do ex-presidente Lula firme na aposta de que a condenação do petista será confirmada pela Justiça. Mas, dada a relevância do evento e o potencial de provocar instabilidade nos preços, boa parte dos agentes iniciou no fim da semana passada um movimento de busca por proteção contra uma eventual surpresa. Apenas um placar dividido já seria suficiente para gerar algum estresse nos preços, o que levou os agentes a adotarem uma dose de cautela às vésperas do julgamento.

O que está em jogo para o mercado é se Lula poderá ou não disputar a eleição presidencial. E, por isso, o julgamento é considerado um evento de definição da tendência dos ativos no ano. Com desempenho ainda muito forte nas pesquisas de opinião, o ex-presidente é visto como uma ameaça à agenda de reformas iniciada no governo Temer. Saber se Lula estará ou não na cédula da eleição de outubro definirá o tamanho da incerteza e da volatilidade dos ativos e, portanto, a disposição dos investidores em assumir riscos.

A aposta de que Lula será condenado explica, em parte, o fato de o Ibovespa ter renovado recorde na sexta-feira, aos 81.220 pontos, e o dólar ter recuado ao menor patamar em três meses, para R$ 3,2005. Mas há dúvidas a respeito do placar - se os três desembargadores votarão a favor da condenação ou se um deles optará por absolver o ex-presidente - e das consequências sobre o tempo hábil para uma eventual inscrição da candidatura do petista. Essas variáveis podem provocar reações bastante diferentes nos preços. "O mercado ficou muito mal precificado. Simplesmente não contempla nenhuma chance de Lula ser absolvido", diz o profissional de uma gestora de São Paulo que prefere não ser identificado.

"Mesmo que Lula seja condenado, os preços não têm prêmio suficiente para enfrentar um meio de campo embolado que um placar 2 a 1 poderia provocar." Esse gestor reduziu posições em diferentes ativos, como bolsa, taxa de câmbio e juros de longo prazo já na segunda-feira da semana passada, e optou por ficar com "caixa", ou seja, ativos atrelados ao CDI de um dia, para atravessar as próximas sessões. Uma série de variáveis nos mercados de câmbio, juros e ações evidencia essa preocupação.

A chamada volatilidade implícita em contratos de opção de câmbio - medida do grau de incerteza sobre o movimento futuro dos preços - saltou 450 pontos-base na semana passada, alcançando 15,5% ao ano. Com essa variação, alcançou o maior patamar desde maio do ano passado, logo após o estouro da crise deflagrada pela delação do empresário Joesley Batista, da JBS. Na renda fixa, a diferença entre as taxas de juros de prazos longos e curtos - outra medida de risco - voltou a subir nos últimos pregões após quatro semanas seguidas de queda.

Nesse cenário, a corretora Guide Investimentos foi procurada por muitos clientes interessados em montar posições pensando nos efeitos que o julgamento pode provocar no mercado. Para atender a esse público, a corretora criou três diferentes produtos estruturados que atendem às diversas demandas. "Essas opções podem ser importantes, seja protegendo os ganhos auferidos, seja apostando num momento mais volátil dos mercados" diz nota assinada pelo analista Luis Gustavo Pereira.

O forte ganho dos ativos domésticos em menos de um mês alimenta receios de uma reversão também rápida, especialmente no caso de um desfecho inesperado no julgamento - circunstância não contemplada nesses preços. Desde o começo do ano, o Ibovespa subiu 6,31%, o dólar recuou 3,41%, e o juro negociado na bolsa B3 com vencimento em janeiro de 2027, importante termômetro de risco doméstico, cedeu de 11% ao ano para 10,30%.

Diante dos riscos que o evento oferece e com o forte ganho acumulado neste ano, algumas gestoras, como a Mauá Capital, começam a diminuir exposição em câmbio e bolsa. "Estamos mais perto da neutralidade", define o sócio fundador da gestora, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central. A Rosenberg Investimentos, que está vendida em dólar (apostando na queda da moeda americana em relação ao real) e comprada em bolsa também optou por começar a semana do julgamento do ex-presidente Lula com posição "mais leve".

Para o sócio-gestor Marcos Mollica, os preços embutem uma perspectiva de condenação do petista com grande chance de decisão unânime. A diferença na postura do TRF-4 em relação à condenação em primeira instância pode ser na "dose" da pena. O sócio-gestor da Modal Asset, Luiz Eduardo Portella, diz que até ajustou o tamanho de suas posições para encarar o evento, mas ainda carrega em sua posição opções de compra de Ibovespa.

Conhecida como "call", a ferramenta dá ao tomador o direito de comprar o índice pelo preço definido em determinado vencimento. "Se for 3 a 0 [decisão unânime contra Lula], aumentamos a posição. Se for 2 a 1, ficamos com posição menor, mas podemos esperar um pouco para aumentar depois." Uma atuação "extra" tende a ser feita no caso de placar unânime no tribunal e de reação positiva dos mercados. "Após o evento, dá para vender dólar e taxa longa de DI, mas isso é o extra", diz.

"Hoje, a bolsa é o melhor cavalo [de aposta] por causa do exterior positivo e do quadro de juro baixo, inflação baixa e atividade em recuperação." Na MRJ Marejo Investimentos, a estratégia para fazer frente a esse período de incertezas é buscar operações nos mercados internacionais. Entre os segmentos, estariam posições compradas em taxa de juros de economias avançadas. "Estamos otimistas com Brasil, porém o momento requer cautelamaior", diz o sócio-gestor Guilherme Foureaux.

O executivo explica que a atuação com ativos lá fora não é uma proteção para o Brasil, "apenas uma classe de ativos que não vai ser afetada por um efeito binário conhecido, com data marcada". A ARX Investimentos prefere enfrentar a incerteza política recorrendo a posições em inflação implícita. As operações mais defensivas têm sido adotadas já antes do julgamento.

No entanto, a percepção é de que o "hedge" tende a ser usado por mais tempo diante das persistentes dúvidas em torno da eleição. "Vamos com posições menores, porque é um cenário binário", diz a economista-chefe Solange Srour. "Estamos montando 'hedge' com compra de inflação implícita, uma boa proteção no caso de depreciação do real e aumento de prêmio."

 

Consulta de gestoras levou CVM a proibir fundos de investir em bitcoin

A decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de proibir a aplicação direta de fundos de investimento regulados pela instrução 555 em criptomoedas ocorreu após o regulador ser consultado sobre o tema por diferentes instituições financeiras interessadas em criar produtos com esse perfil. Segundo o Valor apurou, entre as empresas que contataram a CVM aparecem Leblon Equities, Valetec Capital e XP Investimentos.

A Valetec é uma boutique de investimentos baseada em Campinas (SP). Sob consultoria do escritório de advocacia TozziniFreire, a gestora analisava a modelagem de um fundo para investir em empresas que desenvolvem tecnologias de blockchain. "Estávamos estudando qual estrutura iríamos adotar, se um FIP [fundo de investimentos em participações] ou um FIN [fundo de investimento]", diz o sócio Ulysses Parisi.

Com a determinação da CVM, os planos foram adiados, pelo menos por ora. "Ainda não abandonamos [o projeto]. Queremos estar completamente de acordo com as regras e a legislação de mercado de capitais brasileiras", acrescentou Parisi. A XP não quis comentar o assunto, mas fontes de mercado afirmam que a corretora analisa o tema. No final de 2017, chegou inclusive a contratar o especialista Fernando Ulrich como economista-chefe de criptomoedas, mas ainda não há iniciativa de produto próprio. Outra gestora que consultou a CVM é a Leblon Equities.

Além de dúvidas sobre a constituição de fundos de investimentos, a gestora e outros participantes do mercados fizeram questionamentos sobre a tecnologia por trás dessas moedas virtuais e como isso pode impactar bancos, cartórios, a B3 e a Cetip. No caso da Leblon, ainda não havia uma decisão formada sobre a constituição de um produto relacionado às criptomoedas.

O regulador decidiu não permitir a aquisição direta de criptomoedas por fundos de investimentos locais, mas ainda não tem uma conclusão sobre investimentos na modalidade por meio de fundos no exterior, em locais onde a operação é permitida, de acordo com as orientações da Superintendência de Relações com Investidores Institucionais (SIN). A área técnica vai continuar analisando o assunto e em março deve ter uma manifestação mais conclusiva.

No ofício sobre o tema, o regulador afirma que as criptomoedas não são consideradas ativos financeiros e por isso vedou a aplicação direta pelos fundos. "A mensagem do ofício é focada nas moedas já tidas como clássicas, como bitcoin e ethereum", diz o advogado José Eduardo Guimarães Barros, do escritório Galdino Coelho Mendes. "Quando a CVM estiver diante de criptomoedas que podem ser caracterizadas como valor mobiliário qual será o tratamento?", questiona. Enquanto o tema não for proibido, é possível ter uma moeda com características de valores mobiliários, algo que a CVM monitora.

Advogados ouvidos pelo Valor avaliam que a decisão do regulador impedindo que os fundos apliquem diretamente em criptomoedas é prudente. "Como regulador, a CVM não pode ter dúvidas sobre o ativo. Ela agiu no interesse de proteger o mercado e buscar um amadurecimento. Eventualmente pode ser até mesmo uma regulação sobre o tema", afirma o advogado Marcus Vinicius Bittencourt, do Campos Mello Advogados.

O mercado aguarda o desdobramentos do projeto de lei 2.303/2015, o que deve acontecer ainda este ano, segundo o advogado Luiz Di Sessa. Se aprovado, poderá impedir, restringir ou criminalizar a negociação destas modalidades de investimento. A expectativa é que tenha um retorno nos próximos meses. De acordo com Sessa, as consultas recebidas pelo escritório Cescon Barrieu, onde atua, envolviam modelos incipientes, modalidades de investimentos e planos de negócios envolvendo bitcoins.

"Não tínhamos o que fazer a não ser dar um passo atrás e esperar alguma manifestação legislativa sobre o assunto. Não há má vontade do BC [Banco Central] ou da CVM. O que existe é necessidade de cautela, prudência por parte destes órgãos", completou Alexandre Vargas, advogado do mesmo escritório. Tema de interesse global, as criptomoedas podem ser alvo de investimentos em qualquer lugar do mundo, algo que nunca aconteceu antes. "Uma das principais características da criptomoedas é que não são regulamentadas. Os fundos nem sempre divulgam 100% da carteira. É um ativo bem arriscado", lembra o advogado Mateus Leite, do Candido Martins Advogados.

 

Economistas esperam 'respiro' em 2018, mas cenário exige reformas

A evolução da dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) deve ter um pequeno 'respiro' e ficar estável, ou crescer apenas ligeiramente em 2018, depois de quatro anos seguidos de intensas altas. Ainda assim, a situação das contas públicas continua preocupante e vai se agravar caso reformas estruturais, como a da Previdência Social, não sejam realizadas, dizem economistas. "A dinâmica da dívida melhorou muito neste ano, mas isso não significa que ganhamos o jogo", afirma Rafael Ihara, economista da Ethica Asset Management.

Em função do grande desequilíbrio fiscal, a relação entre a dívida bruta e o PIB saltou de 51,5% para 74,4% entre os meses de dezembro de 2013 e novembro de 2017 (último dado disponível do ano passado), o que acabou levando as principais agências de classificação de risco a rebaixarem mais de uma vez o rating do Brasil. Agora, diversos fatores devem fazer com que essa relação, pelo menos até o fim de dezembro, fique mais estável. Um deles é a devolução de R$ 130 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional.

Embora essa devolução não tenha ainda sido realizada e sofra resistência do corpo técnico do BNDES, "não há dúvida" de que ela acontecerá, disse recentemente ao Valor o diretor da área financeira e internacional do banco, Carlos Thadeu de Freitas. Só essa quantia já seria praticamente suficiente para compensar o déficit primário, cuja meta é de R$ 159 bilhões, mas cujo resultado pode ser menor do que isso. Outros fatores que devem dar a sua parcela de ajuda para que a relação dívida/PIB fique estável é o crescimento mais forte do PIB e a manutenção dos juros básicos no menor patamar histórico.

"É mais crescimento, menos juros e um primário melhor", afirma Ihara, para quem, no curto prazo, "as coisas estão indo na direção correta". Nos cálculos de Pedro Schneider, economista do Itaú Unibanco, a relação dívida/PIB deve subir de 74,7% no fim de 2017 para 75,3% no fim do ano que vem.

Para um outro economista, que preferiu não se identificar, mas que acompanha de perto as contas públicas, a relação deve saltar para 77,3% - ainda assim, uma elevação menor do que a registrada em qualquer momento deste o fim de 2013. "Mas ainda temos um problema estrutural, que você só resolve com reformas. Sem a reforma da Previdência Social, tudo isso é passageiro", diz Schneider.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Otimismo global cresce e atinge maior nível desde 2012, mostra pesquisa

Os executivos brasileiros estão muito confiantes, entusiasmados até, tanto com as perspectivas de crescimento da economia mundial nos próximos 12 meses, como com as expectativas para o faturamento de suas próprias companhias no mesmo lapso de tempo.

Essa explosão de otimismo aparece com clareza na 21ª pesquisa que a consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers) fez, no último trimestre de 2017, com 1.293 CEOs (executivos-chefes) de 85 países, 46 deles brasileiros, divulgada nesta segunda-feira (22) em Davos, na Suíça.

A pesquisa se transformou em uma tradição por ser lançada, sempre, na véspera dos encontros anuais do Fórum Econômico Mundial, que é o grande convescote da elite empresarial do planeta.

De certa forma, mede o estado de ânimo do empresariado global.

Neste ano, é especialmente otimista: 57% dos consultados dizem que o crescimento da economia global vai melhorar nos próximos 12 meses, número que praticamente duplica a porcentagem de otimistas do ano anterior (29%).

"É o maior crescimento jamais registrado desde que a PwC começou a perguntar sobre o crescimento global em 2012", informa o relatório da empresa.

Nesse capítulo específico, os executivos brasileiros estão sintonizados com seus pares do resto do mundo: a porcentagem de brasileiros que espera maior crescimento global deu um salto de 38 pontos percentuais de 2016 para 2017 e bateu em impressionantes 80% -bem acima, portanto, da média mundial.

Idêntico otimismo aparece quando a pesquisa pergunta sobre a confiança no faturamento da própria empresa para os próximos 12 meses: os brasileiros que respondem "muito confiantes" e "algo confiantes" chegam quase a 100%: 57% se dizem "muito confiantes" e 40% "algo confiantes".

Desapareceu de uma vez, portanto, o pessimismo apurado nos levantamentos da PwC feitos durante a grande crise do período 2014/2016: no trimestre final de 2015, último ano completo de Dilma Rousseff, apenas 29% dos brasileiros consultados se diziam otimistas.

O otimismo explode de vez e chega efetivamente a 100% quando a pergunta se refere às perspectivas para três anos adiante (e não apenas 12 meses). Os "muito confiantes" batem em 79%, e os 21% restantes estão "algo confiantes".

Otimismo dos brasileiros à parte, a crise derrubou a confiança no Brasil como ponto bom para negócios entre os CEOs dos outros países: na pesquisa feita em 2010 e divulgada em 2011 (fim da era Lula, início do período Dilma), o Brasil ficava em terceiro lugar na lista dos países considerados como potenciais fontes de crescimento das empresas.

Caiu para o sétimo lugar, na pesquisa publicada em janeiro de 2017, e agora vai para o oitavo lugar.

DESIGUALDADE

O otimismo com que os executivos-chefes globais encaram os próximos 12 meses tem, no entanto, uma importante sombra, em geral pouco presente entre as inquietações do empresariado: a desigualdade, fenômeno que o Brasil conhece bem e que está entrando crescentemente na agenda planetária.

O relatório da PwC abre, aliás, com a constatação de que, desde a primeira pesquisa, há 20 anos, "o fluxo de comércio quadruplicou, as economias emergentes explodiram e 1 bilhão de pessoas foi retirada da pobreza. Mas os benefícios foram desigualmente distribuídos".

Conclui: "Agora, a ira sobre a maneira como a torta está sendo distribuída está crescentemente modelando nosso discurso político –exatamente como os CEOs anteciparam quase uma década atrás quando previram uma crescente brecha entre ricos e pobres e alertaram sobre as crescentes tensões políticas e religiosas".

Posto de outra forma: Davos-2018 começa com otimismo inédito nos últimos anos sobre a economia e sombras, talvez também inéditas, sobre o ambiente político.

Vale para o mundo, vale para o Brasil.

 

Caixa não precisa de mais dinheiro, dizem analistas

A Caixa não precisa de dinheiro novo para continuar emprestando neste ano e, talvez, nem mesmo em 2019, dizem especialistas e integrantes do próprio governo.

Segundo fontes que acompanham de perto a questão, a capitalização de R$ 15 bilhões do banco com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) teria como objetivo apenas elevar o crédito em ano eleitoral.

O presidente Michel Temer sancionou o socorro ao banco com recursos dos trabalhadores no início de janeiro.

De lá para cá, a discussão sobre a liberação foi encoberta pelo escândalo envolvendo parte do comando do banco, acusado decorrupção.

O episódio acabou expondo o embate entre aliados do governo, que pressionam pelos recursos em ano de eleição, e membros da equipe econômica, contrários à capitalização, mesmo após mudança do estatuto do banco, que endurece as regras para a escolha de seus dirigentes.

Uma fonte do governo diz que, após olhar os números, foi concluído que a Caixa não precisa de novos recursos.

Analistas da agência de risco Fitch, Claudio Gallina e Esin Celasun, concordam. "Provavelmente a Caixa não precisará de aporte em 2018, mesmo que não venha o dinheiro do FGTS."

AJUSTE

Em longo relatório sobre a Caixa ao qual a Folha teve acesso, a Fitch diz que, mesmo em 2019, quando o banco terá que se ajustar às regras de Basileia 3 (acordo internacional que busca dar mais solidez ao sistema financeiro), a necessidade de aporte não é dada como certa.

Ela dependeria de variáveis como rentabilidade do banco, apetite por crédito, revisão de custos e volumes de dividendos pagos à União.

Consultada, a Caixa disse que se esforça para elevar seu capital próprio, mas, segundo indicadores atuais, não se enquadraria na regra externa. Por esse motivo, afirma, o governo editou o projeto de lei que autoriza o repasse.

Segundo a Fitch, lucros futuros e amortização de empréstimos existentes podem ajudar o banco a se enquadrar. Caso tenha problemas para atender exigências externas em 2019, diz, a Caixa tem ativos que poderia vender para reforçar o capital, como participações em subsidiárias como a de seguro.

No imbróglio, além das interferências político-partidárias, está em jogo a redefinição do tamanho da Caixa.

Fonte do governo garante que a Caixa não precisa de recursos novos, desde que deixe aos poucos de atuar em linhas como crédito a veículos e privilegie a sua maior vocação: o crédito imobiliário.

O financiamento imobiliário tem 60% da carteira de crédito da Caixa, seguido por saneamento e infraestrutura (11,4%), que ganha relevância ano após ano, e pelo consignado (9%), dentre outros.

BAIXA RENDA

Historicamente, a Caixa tem sido crucial na execução de políticas econômicas e sociais relacionadas à concessão de crédito para a população de mais baixa renda.

Justamente por focar créditos com menor risco –como o imobiliário–, a rentabilidade da Caixa é, em geral, menor que a de outros bancos grandes, explica a Fitch.

Após dois anos muito difíceis, o lucro líquido do banco subiu 80% para R$ 6,2 bilhões em 2017, até setembro.

A Fitch não descarta, porém, que calotes de empresas ameacem o lucro do banco.

Em março de 2017, o maior empréstimo da Caixa equivalia a 18% do seu patrimônio líquido, de R$ 65 bilhões.

A consultoria GO Associados lembra que a Caixa não tem apresentado prejuízo contábil, mas algumas operações resultaram em perdas.

Em 2016, a Caixa provisionou R$ 700 milhões para cobrir o risco de calote da Sete Brasil, criada para fornecer sondas para exploração do pré-sal. Além disso, funcionários e aposentados da Caixa têm entrado com ações na Justiça pela má gestão da Funcef, fundo de previdência dos servidores da estatal. Um dos piores investimentos foi justamente a Sete Brasil.

 

EXAME

Risco Trump é maior ameaça para 2018, diz Barry Eichengreen

Os mercados estão eufóricos e o vigor da economia global supera as expectativas como não acontecia há muito tempo, mas isso não significa que 2018 será calmo.

O presidente americano Donald Trump é o risco número 1, de acordo com Barry Eichengreen, professor de Economia Política na Universidade da Califórnia em Berkeley.

Ele diz que os impostos americanos foram cortados no “pior momento possível”, gerando risco de superaquecer a economia e queimando cartuchos que poderiam ser úteis em uma próxima recessão.

Além disso, há risco de guerra comercial, de um conflito com a Coreia do Norte e de um novo pânico do mercado se o Fed subir as taxas de juros mais rápido do que o projetado.

Uma das especialidades do americano é o sistema financeiro e monetário internacional, e seu recado para os investidores de bitcoin é claro:

“O lema deveria ser: ‘o que vem fácil, vai fácil’. Aproveite seus milhões enquanto eles durarem”. Veja a entrevista concedida pelo economista por e-mail para EXAME:

A previsão é que a economia global experimente um crescimento amplo e generalizado em 2018. Quais são os riscos e vulnerabilidades que devem ser considerados?

O número 1 na minha lista é o “Risco Trump”. O presidente americano pode iniciar uma guerra comercial; vem por aí tarifas sobre importações de aço, alumínio, painéis solares e máquinas de lavar vindos da China. E ele pode começar uma guerra com a Coreia do Norte.

O risco número 2 é outro “Taper Tantrum” [pânico dos mercados em 2013 quando o Federal Reserve sinalizou que iria moderar sua compra de ativos] se o Fed subir as taxas de juros mais rápido do que os mercados esperam.

Os mercados emergentes dos “Cinco Frágeis” [países vulneráveis a crises de balanço de pagamentos] fortaleceram suas finanças, mas ainda estão fracos demais para ficar confortáveis; a Turquia em particular me preocupa.

E um aumento acentuado nas taxas do Fed poderia “afundar” os mercados americanos de títulos e ações, o que iria desmoralizar os consumidores americanos.

A globalização está em recuo? Qual é a forma que ela está tomando após a ascensão dos discursos nacionalistas e contra o establishment?

É evidente que a globalização está sob pressão. Mas a principal coisa que recuou, por enquanto, foram os empréstimos bancários transnacionais. E considerando os riscos que eles representam, como ficou evidente na crise financeira de 2008/2009, essa retração não é uma coisa ruim.

O investimento estrangeiro direto e outras formas de investimento de portfólio resistiram. O comércio global está crescendo novamente. Então eu não diria “em recuo”, pelo menos não por enquanto.

Mas como acabei de notar, o Sr. Trump pode mudar tudo. Ele pode transformar um recuo organizado em uma confusão.

Os Estados Unidos aprovaram cortes de impostos que, de acordo com análises, vão aumentar o déficit e exacerbar a desigualdade, mas também podem impulsionar o crescimento no curto prazo. A Apple anunciou a maior repatriação de recursos da história do país. O acordo foi bom para o país?

Cortar impostos agora é cortar impostos no pior momento possível, quando a economia já está crescendo dentro da sua capacidade e o país está em pleno emprego ou muito perto disso.

Mesmo cortes de impostos que se traduzam em salários mais altos significarão inflação mais alta. Eles também vão se traduzir em um déficit comercial mais alto, o que pode provocar Trump a ter uma reação protecionista, a última coisa que a economia global precisa.

Finalmente, me preocupa que já ter cortado impostos significa que os EUA não terão espaço para fazer isso quando a próxima recessão chegar.

A China continua mostrando forte crescimento, essencial para a economia global, ao mesmo tempo em que segue acumulando dívidas. Os mercados parecem calmos com isso: a complacência é perigosa? Ou há um novo ímpeto reformista no país com o fortalecimento do presidente Xi Jinping?

Não vejo aceleração no processo de reformas na China. A principal reforma construtiva que Xi está levando a cabo é sua iniciativa anti-corrupção.

É uma coisa boa, mas também torna os oficiais relutantes em fazer muita coisa, incluindo o que quer que seja na direção de reformas estruturais. No balanço, creio que o ritmo de reformas na China continua decepcionando.

Quais são os efeitos deste cenário internacional sobre países emergentes e o Brasil em particular?

No momento, a economia global está em um ponto ideal, com o crescimento se ampliando e acelerando. Este é um ambiente favorável para o Brasil.

O problema é que todos os riscos apontam para desvantagens: nos EUA, na China e nos “Cinco Frágeis”.

O Brasil terá uma eleição em outubro. Que agenda pode fazer o país se destacar entre os emergentes e tornar seu retorno ao crescimento mais sustentável?

O problema do Brasil é estrutural: o país precisa investir mais ampla e efetivamente em educação, para criar uma força de trabalho melhor treinada e educada que possa impulsionar a produtividade.

Este não é um problema que possa ser resolvido em um dia, ou em um mandato presidencial.

Extirpar a corrupção e restabelecer a estabilidade política, limitando o ruído político, vai ajudar no curto prazo. Mas não acredito que existe alguma mudança na mistura de política fiscal e monetária que possa magicamente impulsionar a taxa de crescimento.

O preço do bitcoin decolou em 2017, apesar de agora estar caindo rapidamente. Foi uma bolha? Vem aí repressão dos governos?

O Bitcoin não tem nenhum valor intrínseco que eu possa ver. Não tem nenhuma garantia, e não é útil nem para pagamentos e transações. Então eu antecipei que o que subiu iria descer, com ou sem repressão governamental.

Agora, além de tudo isso, temos repressão na China, Coreia do Sul e outros lugares. Para os investidores do bitcoin, o lema deveria ser: “o que vem fácil, vai fácil”. Aproveite seus milhões enquanto eles durarem.

As moedas virtuais ganharão um papel cada vez maior na economia ou perderão relevância?

Eu acho que o pagamento eletrônico, incluindo no esquema ponto-a-ponto, vai continuar se expandindo.

Devem ganhar participação de mercado uma grande variedade de pagamentos eletrônicos: alguns geridos por bancos centrais, outros por bancos comerciais, outros por empresas de cartão de crédito e outros por plataformas ponto-a-ponto como o Paypal.

Mas não vejo a necessidade, e falando nisso, nem o apelo de construir veículos do tipo moeda que vão além destas plataformas. Em outras palavras: sou cético em relação ao futuro tanto das criptomoedas com rótulo privado quanto das moedas digitais emitidas por bancos centrais.

O maior apelo das criptomoedas, em particular, é o anonimato – o que significa que tem utilidade para pessoas envolvidas em lavagem de dinheiro, evasão fiscal e financiamento de terrorismo. Você pode ver para onde estou indo.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Concorrência entre bancos pode baixar custo do crédito

O custo do crédito do Brasil voltou ao centro das atenções na última semana, com a Febraban, federação dos bancos, e o Banco Central buscando formas de aliviar as taxas cobradas do consumidor. Isso porque a demanda por crédito tem crescido e os bancos não querem perder o cliente, especialmente o bom pagador. O consumidor, porém, só deve sentir um alívio consistente em 2019.

Especialistas apontam que a concorrência entre as instituições deve contribuir para a redução do chamado spread bancário. O spread é a diferença entre o custo do dinheiro para o banco (o quanto ele paga de juros para captar o recurso) e o quanto cobra do consumidor no empréstimo.

Em números: é a taxa média de aplicação (33,4% ao ano) menos a de captação (6,7% ao ano), que resulta em uma margem de 26,7 pontos porcentuais, segundo dados de novembro do BC.

O principal fator que trava a redução do spread, de acordo com os bancos, é a inadimplência, ainda alta. O Brasil fechou dezembro com 60,4 milhões de inadimplentes – um aumento de 1,34% na comparação com igual mês de 2016, aponta o Serasa.

A quantidade de consumidores que buscaram crédito nos bancos e financeiras subiu 4,9% em 2017, segundo o Indicador Serasa Experian de Demanda do Consumidor por Crédito. Esse foi o maior aumento dos últimos seis anos e o quarto mais elevado da série histórica, iniciada em 2008. [Os empréstimos para pessoa física devem crescer 5,7% este ano, segundo a Febraban.

“Já é possível perceber um movimento dos bancos em baixar as taxas. Vemos uma briga mais acirrada pelos clientes do que nos últimos anos”, diz o presidente da Abracefi (Associação Brasileira dos Correspondentes de Empréstimo e Financiamento Imobiliário), Marcelo Prata.

Como estratégia para atender esse movimento, bastante diferente do boom do crédito voltado para o consumo em 2012, o foco das instituições para oferecer taxas mais atrativas passa pela digitalização e proximidade com o cliente, afirma Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “Isso virou a agenda mais frequente das instituições. Estamos numa mudança qualitativa de processo”, diz.

Por outro lado, para Maurício Godoi, especialista em crédito e professor da Saint Paul Escola de Negócio, a disputa entre os bancos neste primeiro momento é, sobretudo, para não perder o cliente bom pagador num cenário em que o crédito é utilizado para alongamento de dívidas. “Hoje, a briga é pela manutenção da carteira boa. Nesse ponto, os bancos estão fazendo concessão de crédito melhor, mas que depende do grau de relacionamento com o cliente e o histórico dele”, explica.

De olho na demanda reprimida, o Santander passou a reforçar a presença digital no ano passado. O banco passou a oferecer crédito para financiamento de veículos e consignado diretamente pelo aplicativo e implementou uma gestão mais ativa por meio de mensagens personalizadas. Quem cai muitas vezes no cheque especial, por exemplo, recebe alertas no celular já com as opções de crédito diferenciadas de acordo com o seu perfil. Eduardo Jurcevic, superintendente de empréstimos, explica que essa é uma forma de o cliente perceber que o banco está oferecendo algo diferente. “Vamos nos diferenciar nessa proatividade que não existia”, diz. Procurados, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil não comentaram.

Novo panorama. Com ofertas amplamente divulgadas em canais digitais e tecnologia de análise de dados, as startups de crédito acirram a disputa pelo crédito mais barato. Bruno Poljokan, da plataforma Just, explica que aos poucos o brasileiro vai se acostumando a essa nova forma de contratar crédito. “É como e-commerce: as pessoas não faziam compras online, mas isso foi mudando”, diz. A fintech, como são chamadas essas empresas, que nasceu no fim de 2016, começou com taxas a partir de 2,99% ao mês – hoje, começa em 1,9% ao mês.

No Bom Pra Crédito, mecanismo que compara opções de crédito, a demanda está 30% maior este mês ante dezembro. Segundo o presidente, Ricardo Kalichsztein, as principais exigências são por prazos e adesões online. De cada 100 clientes aprovados, apenas 15 vão à loja.

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Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental

POLÍTICA DA QUALIDADE

O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.

CONTATO

55 84 3206 5362

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SOCIAL

LOCALIZAÇÃO

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