Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Euforia com condenação de Lula leva Ibovespa acima dos 83 mil pontos

Os mercados comemoraram a condenação unânime do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo TRF-4, decisão que reduz muito as chances do petista se candidatar à Presidência da República. O Ibovespa fechou a sessão em alta de 3,72%, pela primeira vez na história acima do nível de 83 mil pontos.

O dólar comercial, que não estava em negociação quando o julgamento terminou, caiu 2,47%, para R$ 3,1569, o que fez do real a moeda com melhor performance entre seus pares. O dólar futuro, que captou os efeitos da decisão, chegou a cair mais de 3%, para terminar o dia em baixa de 2,81%, a R$ 3,1500. Os juros futuros também recuaram. O destaque foi o vencimento para 2021, que recuou 0,24 pontos para 8,76%.

A reação dos mercados aconteceu em uma sessão de forte volume de negócios, o que confirma a consistência desse movimento. Na bolsa, o giro financeiro das ações do Ibovespa alcançou R$ 13 bilhões, o maior desde o dia em que as ameaças da delação de Joesley Batista, dono da JBS, atingiram o governo do presidente Michel Temer, em 18 de maio de 2017. Naquele dia, o giro foi de R$ 20,6 bilhões.

A bolsa como um todo girou R$ 15,8 bilhões. No mercado futuro de dólar, mais de 506 mil contratos trocaram de mãos, volume 66% maior que a média deste mês e o mais forte desde 25 de outubro do ano passado. A diferença entre as cotações nos segmentos à vista e futuro sugere que a moeda americana tem ainda mais espaço de queda, podendo testar patamares abaixo de R$ 3,15.

Desde a abertura do pregão, que coincidiu com o início do julgamento no TRF-4, os investidores demonstravam otimismo. Muita gente decidiu desfazer operações de proteção que haviam buscado na véspera ao ouvir as declarações do relator, João Pedro Gebran. À medida que o desembargador reforçava os sinais de que seu voto seria pela condenação, os agentes partiram para apostas mais fortes, comprando ações, aplicando em juros futuros e vendendo dólares.

O tom do voto foi considerado "duro" pelo mercado e alimentou a aposta de que o segundo voto favorável, do desembargador Leandro Paulsen, iria na mesma direção - o que se confirmou também em relação à pena, que foi elevada para 12 anos e um mês. O entusiasmo era tamanho que durante boa parte da sessão de ontem, apenas duas ações - Suzano ON e Fibria ON, ambas beneficiadas num cenário de dólar forte por serem exportadoras - caíam, em reação à forte queda da moeda americana.

Mas foi quando o último voto, de Victor Laus, começou a ser lido é que o Ibovespa disparou, rompeu o limite dos 83 mil pontos, tocando a máxima intradia de 83.680 pontos. Já nas primeiras palavras, o desembargador sugeriu concordar com os votos anteriores, consolidando o rali que, na visão dos operadores, ainda pode continuar nas Os ganhos na bolsa foram generalizados e não restritos a setores específicos.

Papéis ligados ao consumo interno e também ações de estatais chamaram a atenção, numa aposta de que o risco político diminuiu e que isso pode contribuir para a recuperação da atividade. O que está por trás dessa leitura é que, sem Lula no páreo, um candidato comprometido com a continuidade das reformas terá mais chances de vitória.

E, mais do que isso, o caminho até lá pode ser menos instável do que foi, por exemplo, em 2014, quando as pesquisas eleitorais jogavam os preços de mercado para cima ou para baixo, à medida que a então candidata Dilma Rousseff mostrava maior ou menor força. "A incerteza sobre o processo eleitoral não deixou de existir, mas o risco de ruptura certamente diminuiu muito", afirma o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e sócio fundador da Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo.

"Com Lula fora, cai o risco de radicalismo em um novo governo e, portanto, a perspectiva é de um caminho menos volátil", afirma. Na prática, diz Figueiredo, esse ambiente favorece decisões de investimento e, portanto, o crescimento econômico. "Se eu sou um empresário e tem muita incerteza no cenário, vou esperar para fazer um investimento. Se as incertezas diminuem, então eu posso tomar essa decisão, posso contratar. E isso vale também para decisões de consumo", explica.

Com isso, Figueiredo diz que é possível que haja uma melhora nas projeções para atividade, especialmente para 2019. "As expectativas ficarão mais assertivas." Essa leitura positiva, de continuidade do crescimento e menor volatilidade - elemento que, por si só, enfraquece a disposição dos investidores em correr risco - deve contribuir para valorização adicional dos ativos.

Pesquisa feita pelo Valor com gestores e estrategistas mostra que, em um cenário de condenação unânime, o dólar poderia cair para baixo dos R$ 3,10 e o Ibovespa, avançar na direção dos 90 mil pontos. "A bolsa vem renovando máximas com força com os estrangeiros interessados no nosso mercado, e esse movimento se intensificou ainda mais, porque uma eleição com Lula é um cenário mais difícil agora", afirma Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos.

Em um contexto internacional favorável aos mercados emergentes e à entrada forte de recursos estrangeiros os ganhos na bolsa continuam. E, à medida que um candidato reformista se consolide como favorito, o Ibovespa pode andar ainda mais, para cima, dos 95 mil pontos. "Independentemente do resultado do julgamento, está muito bem materializada uma condição macro que sustenta e dá 'upside' [tendência de alta] para a bolsa", afirma Raphael Figueredo, da Eleven Research.

Ele diz que o desempenho do índice reflete um cenário econômico favorável e internacional benigno, que reforça o fluxo de recursos do exterior. Por isso, quando e se o mercado ameaçar correção, ela será "intradiária e segmentada". "Temos um mercado pujante e que tirou da frente essa preocupação com Lula e vai recolocar a reforma da Previdência no radar", diz o analista.

A Eleven trabalha com uma meta de 87 mil pontos para a bolsa brasileira já no final do primeiro trimestre, tanto pela materialização dos resultados das empresas, quanto pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Já para Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, o dólar poderia atingir o patamar de R$ 3,12 no curto prazo, eventualmente testando os R$ 3. "Talvez esse fôlego seja gerado pelo gringo, que andou montando posições mais defensivas por aqui", afirma.

De fato, números da B3 mostram que os estrangeiros têm elevado posições compradas em dólar desde o começo do ano. O estoque de posição comprada em dólar via contratos de dólar futuro e cupom cambial foi a US$ 14,141 bilhões na véspera do julgamento de Lula, maior nível desde 14 de dezembro do ano passado (US$ 14,357 bilhões).

 

Cena externa favorável ofusca problemas locais, diz Mesquita

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, presente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, constata que o ambiente econômico internacional é muito favorável aos emergentes. Sobre o Brasil em particular, o economista destaca o agudo problema fiscal e o crônico crescimento baixo.

São fragilidades que, ao seu ver, podem voltar a chamar a atenção do mercado quando o ambiente internacional deixar de ser tão favorável. Em todo caso, diz que o Brasil não é visto como um país candidato a crise de curto prazo e tem resiliências.

Valor: Qual a expectativa sobre uma possível nova crise global?

Mario Mesquita : Começa a se disseminar uma certa preocupação, mas não acho que estamos igual a 2007 [antes da crise], porque tem menos alavancagem no sistema financeiro, as regras prudenciais foram todas endurecidas e os bancos também estão bem melhor capitalizados do que naquela época. Não parecem ter surgido os passivos ocultos como os do mercado imobiliário americano, que depois voltavam para o balanço dos bancos. Dito isso, muito tempo de taxas de juros muito baixas em geral leva a endividamento, spreads bem comprimidos. No mercado imobiliário em alguns países há uma certa exuberância, deslocamento entre preço do imóvel e o aluguel, que também reflete uma política monetária muito frouxa.

Valor: Algumas fragilidades brasileiras têm sido minimizadas pelo mercado. Quais são?

Mesquita : Temos duas fragilidades. A mais aguda é a questão fiscal. Nenhuma autoridade brasileira nega a importância de atacar os problemas ficais. Essa tem sido a tônica do ministro [Henrique] Meirelles aqui. Temos uma dívida que supera os 70% do PIB, cresceu mais de 20 pontos percentuais desde o início da década e continuará crescendo se não houver um ajuste que estimamos da ordem de 5 pontos percentuais do PIB. Podemos ter efeitos episódicos como repagamento do BNDES ao Tesouro, que ameniza o ritmo da relação dívida/PIB. Mas os fundamentos fiscais precisam melhorar. Isso passa pela reforma da Previdência. Na versão original, a reforma da Previdência geraria uma economia de 2% do PIB a partir de 2025. Na versão que está aí estimamos que gera algo próximo a 1%. Qualquer ajuda que tivermos do lado da Previdência é importante, mas não resolve sozinha, outras reformas serão necessárias.

Valor: Haverá uma deterioração fiscal em 2019?

Mesquita : Não. Depende de qual vai ser o diagnóstico da eventual nova equipe economica e a capacidade do governo de articular sua política fiscal com o Congresso. Ao contrário da política monetária, que é decidida só no Poder Executivo, a política fiscal resulta da ação do Executivo, Legislativo e influência do Judiciário também. Não se faz política fiscal sem boa articulação no Congresso.

Valor: E qual a 2ª fragilidade?

Mesquita : É que o país não cresce. É a fragilidade crônica. Se temos um PIB potencial igual ou menor ao dos EUA, significa que nossa renda per capita nunca vai convergir nem diminuir a distância que nos separam das economias mais ricas. O PIB potencial americano fica em torno de 2,5%, e o nosso é menor que isso.

Valor: Mercado minimiza isso?

Mesquita : Havia um consenso no mercado em maio de 2017 de que o governo deveria aprovar a reforma da Previdência e com isso o CDS brasileiro iria cair de 200 para 150 [pontos]. A reforma não passou, mas o CDS caiu. O mercado sabe os problemas brasileiros, mas simplesmente está relevando, dado o ambiente internacional muito favorável. Quando o ambiente internacional deixa de ser tão favorável, os problemas que o mercado sabe que existem, mas não está prestando atenção, vão voltar a ser mencionados. Mas temos que reconhecer que o Brasil tem fatores de resiliência. Especialmente um balanço de pagamentos muito sólido. Isso é uma novidade em nossa história econômica. O Brasil tinha cronicamente fragilidade na balança de pagamentos. O Tesouro tem depósito na conta única junto ao Banco Central que lhe permite grande flexibilidade no manejo da dívida interna. Então, quando um país tem crise da dívida, como no caso da Grécia, para pagamento no dia tal e não tem recursos, e precisa pedir dinheiro para a União Europeia, FMI etc, o Brasil não tem esse tipo de deadline. O próprio Tesouro colocou título da dívida na semana passada. A rigor, o Tesouro não precisa tirar dinheiro emprestado. Ele testa, procura estabelecer uma curva para ser benchmark para as empresas. Essa é a grande função da dívida externa do Tesouro, não mais do que isso. Assim, a ausência desses fatores que detonem uma crise faz com que os preços de ativos fiquem bem comportados, o que também tira qualquer pressão sobre seguimentos da classe política.

 

Produção industrial teve melhor dezembro desde 2011

A evolução da produção industrial teve o melhor mês de dezembro desde 2011, segundo a pesquisa mensal Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice que mede o crescimento da produção em relação ao mês anterior ficou em 42,4 pontos em dezembro.

Embora o número de novembro tenha sido maior, 50,5 pontos, é a melhor pontuação para o último mês do ano desde os 42,6 marcados em 2011. O indicador vai de zero a cem e valores acima de 50 indicam crescimento da produção frente ao mês anterior. A pesquisa foi feita com 2.244 empresas de todo o país entre 3 e 16 de dezembro.

"Dezembro costuma ser um mês de ajustes para a indústria, com queda da atividade por conta do fim das encomendas para o período de festas. Em 2017, não foi diferente", destaca o estudo. No entanto, a desaceleração do ano passado foi mais branda do que a de outros anos no período, "o que sugere a manutenção do processo de recuperação da indústria no encerramento do ano".

O indicador da evolução do número de empregados na indústria foi de 47,6 pontos no mês passado, ante 49 pontos em novembro. O emprego no setor caiu mais em dezembro do que no mês anterior. O percentual médio de utilização da capacidade instalada caiu para 64% no mês passado ante resultado de 68% em novembro.

O indicador relativo à utilização de capacidade efetiva-usual, que considera o capacidade para o mês, fechou dezembro em 41,4 pontos, frente a 43,6 pontos em novembro. O índice de evolução de mercadorias estocadas foi de 46,4 pontos no último mês. Em novembro, esse indicador foi de 48,9 pontos.

O resultado fez com que o indicador de estoques planejados passasse para 49,5 pontos, ante 49,8 pontos em novembro. Resultados abaixo da linha dos 50 pontos indicam estoques menores do que os planejados.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Empresários estrangeiros em Davos declaram otimismo com o Brasil

O presidente Michel Temer vendeu reformas em seu discurso na plenária da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, e os empresários estrangeiros compraram — ao menos por ora.

O tom dos participantes de eventos com Temer e outras autoridades brasileiras foi de otimismo e confiança de que o pior ficou para trás, mas também de certa urgência em relação à reforma da Previdência, que ainda patina, diante das eleições presidenciais em outubro.

"Os investidores estão olhando as reformas em curso no Brasil. Tudo que for reforma para garantir a sustentabilidade das finanças públicas, tudo isso é bom para o investimento e para a confiança", disse o ex-presidente da Comissão Europeia e agora presidente do banco de investimentos global Goldman Sachs, José Manuel Durão Barroso, a jornalistas em Davos após reunir-se com Temer.

"O ritmo dessas reformas e a extensão delas compete ao sistema democrático brasileiro decidir. Eu gostaria que acontecessem agora, porque, vamos ser honestos, é um ano de eleição, e, como ex-primeiro-ministro e ex-líder da oposição [em Portugal], eu sei que em anos de eleição há a tentação de adiar as coisas, e quem perde é a economia."

Durão Barroso presidiu a Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia, de 2004 a 2014, antes de passar para a iniciativa privada, em 2016.

Já o presidente-executivo da Shell, Ben van Beurden, saiu de seu encontro com Temer otimista, afirmando que havia "agradecido" ao presidente pela condução das reformas e que espera que elas sejam completadas logo.

O Brasil é um dos mercados mais importantes para a petroleira, que em abril completa 105 anos no país —diagnóstico semelhante foi feito pelo presidente-executivo da Coca-Cola, James Quincey.

Van Beurden disse não ver risco de maiores turbulências do mercado financeiro em relação ao Brasil, mesmo com as eleições presidenciais deste ano, alegando que o país tem fundamentos econômicos sólidos e que a transição de governo não deve ser um problema.

"Não comentamos [na Shell] a política do país. Mas eu gostaria muito que houvesse continuidade econômica, e da regulamentação na nossa indústria", afirmou em Davos. Ele também elogiou as mudanças na regulamentação do setor, afirmando que elas o tornam mais estável.

O Brasil foi tema de um painel estratégico na manhã desta quarta (24), do qual participaram os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e Blairo Maggi (Agricultura), além do presidente da Petrobras, Pedro Parente, e o da Apex, a agência brasileira para exportação, Roberto Jaguaribe.

Todos aproveitaram o evento para relatar seus feitos na gestão Temer.

A plateia para ouvir os ministros e presidentes de estatais lotou de empresários e economistas.

A mediação foi do empresário Carlos Ghosn, presidente de Renault e Nissan, que abriu as perguntas, questionando Meirelles sobre os planos de longo prazo do governo.

"Tudo o que foi feito é muito bom, mas, falando como um investidor de longo prazo, é importante saber também sobre dois temas: educação e infraestrutura." O ministro respondeu com a reforma aprovada do ensino médio e lista projetos de privatização, "que progrediram muito", segundo ele.

"Com a reforma da Previdência, a ideia é cortar nesse ponto e abrir caminho para investir em ferrovias, estradas, portos e energia."

Abertas as manifestações da plateia, o espanhol Ignacio Galán Sanchez, presidente mundial da Iberdrola, que controla a Neoenergia no Brasil, cumprimentou a delegação brasileira pela fala e pela atuação do presidente Michel Temer feito na plenária do fórum, pouco antes, e progressos em seu setor.

"Quando a crise chega, a tendência de políticos no poder é mudar as regras [para ter ganhos no curto-prazo]. Isso não foi o que aconteceu no Brasil", emendou.

O discurso foi bem recebido por brasileiros também.

"Foi bastante adequado ao momento do Brasil, ao relatar o que ocorreu nos últimos 18 meses. Do ponto de vista macroeconômico, o país deu um salto. Nunca tivemos a estabilidade financeira que há muito tempo não tínhamos", disse Maurício Minas, vice-presidente do Bradesco.

"Acredito que a participação do presidente Michel Temer em Davos é importante para fortalecer a credibilidade do Brasil. O discurso do presidente apresenta para a comunidade internacional o esforço que toda a sociedade brasileira vem fazendo em busca da retomada da economia", disse Claudia Sander, da Latam. "Além disso, trouxe uma mensagem de estabilidade, muito relevante neste momento em que nos preparamos para a eleição presidencial."

 

ESTADO DE SÃO PAULO

Proposta para Previdência é compatível com direção que mundo está seguindo, diz Meirelles

Enquanto no Brasil o governo tem dificuldades de aprovar uma reforma da Previdência com o aumento da idade mínima entre outros pontos de mudança, as discussões no mundo são incentivar jovens a não dependerem mais do sistema público e a criação de fundos autofinanciáveis. O tema foi debatido hoje no painel "Vamos viver até os 100, nas poderemos sustentar isso?", durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e contou com a participação do ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles.

Depois de sua apresentação, ele relatou que descreveu a proposta de reforma da Previdência no País, que está no Congresso e que o Executivo quer que seja votado até o mês que vem. "Mostrei como isso é compatível com a direção em que o mundo está seguindo", disse, salientando que é preciso levar em conta a questão demográfica e que, portanto, a questão da idade mínima será alterada para o sistema geral.

"Enfatizamos que o sistema geral no Brasil cobrirá, com a reforma, toda a população, mas em bases iguais e mais justas para o setor público e privado e que o setor publico já passe a ter um sistema autofinaciável para quem ganha mais", descreveu. A diferença, de acordo com o ministro, é que no Brasil existe a garantia de um sistema geral com financiamento público para todos. "Mas com idade mínima, com um sistema mais balanceado e equilibrado com a sustentabilidade fiscal", pontuou.

Sobre os demais participantes, Meirelles relatou que a discussão foi muito baseada na experiência de países que têm já um sistema de previdência que leva em conta um porcentual maior da população vivendo mais tempo, como na Suécia e Canadá, o que coloca a questão do tema da discussões como um desafio para o sistema. "O que está se fazendo cada vez mais é criar sistemas que são autofinanciáveis e que incentivem as pessoas relativamente jovens a começarem a fazer uma poupança voluntária, e não dependerem de um sistema público. Em alguns países já se começa a partir para uma dependência cada vez menor de algo que seja mandatário", analisou.

Texto. O governo ainda mantém o desejo de que o Congresso Nacional aprecie a proposta de reforma da Previdência do texto que foi enviado à Casa sem alterações. Conversas serão feitas, no entanto, com o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), que vem medindo a temperatura de quantos votos o projeto poderá angariar – assegurando uma chance maior de que passe pelo Legislativo – se novas concessões forem feitas.

Em Davos, Meirelles afirmou que "até o momento" não foi negociada nenhuma mudança. "Esta é a posição hoje", frisou. Ele fez questão de tomar cuidado ao dizer que é preciso separar o que são opiniões e propostas do relator das do governo. "Não temos ainda fechado com o relator uma proposta", assegurou.

Maia admitiu ontem que o texto poderá sofrer novas alterações desde que resultem concretamente em votos. Essas mudanças atenderiam a alguns grupos específicos, como o de servidores públicos. Entre as sugestões estão a pensão integral a familiares de policiais mortos em serviço e uma regra de transição diferente da proposta aos assegurados do INSS.

Também poderia haver algum tipo de atendimento para servidores que foram admitidos até 2003. Ele fez as observações após encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que também é o presidente da República em exercício, já que Michel Temer também participou do Fórum de Davos ontem.

"Ele (Maia) está conversando com diversos congressistas e segmentos da Câmara, sentindo quais são as demandas. Está medindo o que é uma concessão versus o que dá de volta. Isso está ao mesmo tempo sendo analisado pelo governo", enfatizou Meirelles. Ele disse, no entanto, que o governo vai verificar se será necessário realizar alguma mudança de fato.

"Evidentemente que o relator está fazendo todas as negociações e trazendo o que são as demandas e a opinião dele do que deveria ser feito para, de fato, ganhar a votação. Isso não é a posição do governo. A nossa é a do substitutivo do próprio relator, que está no plenário", continuou. O relator informou que quando as modificações forem feitas, apresentará uma emenda que tenha um pacote de mudanças já fechado.

Liberação de emendas. Meirelles também disse que quando retornar ao Brasil da Suíça deverá conversar com Temer sobre a liberação de emendas. Pelo desenho atual, o Palácio do Planalto vai abrir suas torneiras para conseguir aprovar a reforma da Previdência até fevereiro, como deseja.

"Precisa discutir isso. O presidente está voltando hoje para o Brasil, eu volto no fim de semana e vamos conversar para saber exatamente qual será o encaminhamento disso agora que estamos na fase final do processo", considerou o ministro. 

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