CLIPPING (26.01.2018)
VALOR ECONÔMICO
Fundos extraem bons resultados do evento Lula
Um olho na tela dos pregões da bolsa, juros e câmbio e outro na TV. Foi assim o dia dos gestores ao acompanhar o julgamento de recurso do ex-presidente Lula no TRF-4, na quarta-feira, que confirmou a condenação do petista por votação unânime e que limita as suas aspirações de voltar ao Planalto.
De modo geral, os profissionais já vinham incorporando nas suas posições um desfecho desses e a boa reação dos diversos mercados deve estar refletida nas cotas dos fundos de investimentos que, no conjunto, serão conhecidas entre segunda e terça-feira.
Algumas casas consideraram por bem dosar a carteira com proteções e não chegar ao pregão do julgamento "de peito aberto", afirma David Kim, especialista em seleção de fundos na gestora de patrimônio More Invest.
"A alavancagem vai definir quem ganhou mais ou menos, mas espero que a maior parte dos gestores apresente valorização da cota." Conforme cita, alguns gestores de ações, por exemplo, adicionaram à carteira papéis que costumam ganhar com a valorização do dólar, caso de exportadoras como Fibria, Suzano ou Klabin.
Outros contrataram "seguros" por meio de "puts", opções que se valorizam quando o mercado à vista vai mal. Adotaram a estratégia tanto no Ibovespa quanto em derivativos relacionados a ações como Itaú, Vale e Petrobras, de grande peso no índice.
Entre os multimercados com estratégia macro, Kim diz que desde o fim do ano passado, os gestores já vinham carregando papéis atrelados à inflação, que num evento como o de quarta-feira, com forte redução dos juros nos contratos de DI, podem ganhar menos, mas no revés asseguram proteção contra eventuais repiques da inflação.
De toda forma, os gestores não estavam sobrecarregados em risco, e a posição técnica do mercado também não era tão pesada a ponto de provocar estragos consideráveis caso o resultado do julgamento favorecesse Lula - considerado pelos agentes do mercado um risco à agenda reformista.
Num pregão em que o Ibovespa ganhou 3,72%, entre fundos de ações ativos, livres e de valor que já tinham divulgado suas cotas do dia 24 na base da Mornigstar ontem, os ganhos oscilavam entre 4,61% no AZ Quest Ações até 2,37% no BTG Absoluto. Nas carteiras classificadas como multimercados, foram os Long Biased - que na verdade dimensionam o risco em bolsa conforme o cenário - que estavam na dianteira, com dois fundos da XP no topo, com valorização de 3,54% e 3,48%, seguido pelo Pacífico, com 2,31%.
Já entre os multimercados macro, destaque para o CSHG Gauss (+1,5%), o espelho Adam Strategy na XP, com ganho de 1,21%, seguido pelo Alaska Range (+1,18%) e Adam Macro II (+1,05%). O filtro em todos os casos considerou carteiras com mais de 500 cotistas, pelo menos R$ 100 milhões em patrimônio e taxa de administração a partir de 1%. Nessa lista não havia nenhum fundo com cota negativa.
Sondagem feita pela XP Investimentos com 26 gestores já dava pistas do que se esperar no desempenho dos fundos. Casas como AZ Quest, Bahia Asset, Flag, Claritas, Kapitalo, Opportunity, Porto Seguro Investimentos e SulAmérica Investimentos reduziram o risco. Outras como Canvas, Mirae ou XP Gestão montaram algumas posições de hedge. Credit Suisse Hedging Griffo, ARX e BTG Pactual, por sua vez, mantiveram apostas no chamado kit Brasil.
A Kinea não fez um posicionamento específico para o evento, mas suas posições seriam beneficiadas com a condenação unânime. Próximo do julgamento, a Modal Asset zerou a posição vendida (apostando na baixa) em dólar e em contratos futuros de DI com vencimentos intermediários.
Ao mesmo tempo, reduziu parte da fatia alocada em bolsa substituindo-a por opções de compra, tornando a exposição líquida em ações menor, descreve o sócio-gestor Luiz Eduardo Portella. Como o mercado reagiu com entusiasmo ao resultado da votação, a ponta do derivativo inflou o desempenho dos multimercado Modal Tactical. Só na quarta-feira, o fundo ganhou 0,52%, o melhor dia do ano para a carteira que passou a acumular no ano ganho de 1,48%.
Portella prevê um primeiro trimestre de ganhos para os ativos brasileiros, com realizações na sequência e um segundo semestre mais complicado não só pelas eleições como pelo cenário externo, em meio a possíveis pressões inflacionárias nos EUA.
Nesse intervalo mais curto, a bolsa é o principal cavalo para capturar o ciclo de recuperação da economia e dos resultados das empresas, sob o auxílio do fluxo externo que tem se provado forte neste início de ano. Até o dia 22, o capital externo tinha trazido para o pregão R$ 6 bilhões, 45% de tudo que entrou o ano passado inteiro. Com a percepção de que o dólar caminha para a casa dos R$ 3,10, Portella vê espaço para que as projeções de juros longos também sejam reduzidas na B3.
"Tem vencimento [de DI] que projeta a Selic acima de 10%, tem muito de eleição nesse prêmio", diz, acrescentando que o processo está apenas no meio do caminho. "Para queimar tudo falta mais um movimento igual [ao de quarta], talvez a gente veja isso nas próximas duas semanas." Vai ser um ano difícil para os gestores fazerem "market timing" - medir os melhores momentos de entrada ou saída -, mas o cenário benigno prevalece, diz Fernando Lovisotto, sócio da Vinci Partners.
"A inflação bem controlada nos próximos 12 a 18 meses vai permitir que a Selic siga baixa, é quase uma revolução, as empresas tendem a apresentar lucros crescentes", diz. Prova disso é que nos fundos de ações e previdência da casa quase não há posição em caixa, os portfólios estão bem aplicados. O seu viés positivo já nem considera a aprovação da reforma da Previdência.
Com cerca de 50% do seu Long Bias comprado em ações, a Truxt contabilizou uma valorização de 2,27% no seu fundo em cotas na quarta-feira, acumulando um retorno de 4,05% no ano. A carteira macro ganhou 0,51%, com o retorno acumulado no ano em 1,18%. Segundo José Alberto Tovar, sócio-fundador da gestora, as principais posições estavam em bolsa, uma parte apostando na alta do juro americano de curto prazo e outra parcela comprada em real. Como lá fora o mercado foi bem, todas as cotas foram positivas.
"Eu não acho que a eleição tenha sido definida. Existe um momento positivo na Europa, Estados Unidos e Japão crescendo de forma ordenada puxando os emergentes, com o Brasil saindo da recessão, com inflação sob controle, capacidade ociosa grande", diz. Agora, o executivo vê pouco prêmio em juros, mas ainda algum espaço para as taxas longas cederem desde que fique clara que uma agenda de reformas vai ser preservada com o presidente que assumir em 2019.
A Canepa reduziu as posições direcionais em seus fundos e montou estratégias com opções com perda limitada na fase anterior ao julgamento, segundo o sócio-gestor Alexandre Póvoa. Em dólar e DI futuro, a casa compôs as carteiras com opções de compra, e na bolsa com opções de venda. As proteções só foram desfeitas após o último voto.
Póvoa acredita na continuidade do movimento pró-kit Brasil, especialmente pelo placar unânime do julgamento de 3 a 0, mas cita que a proteção para o caso de vitória de Lula era fundamental. Primeiro, porque era um evento de difícil mensuração de resultado, por tratar-se do discernimento de apenas três desembargadores; segundo porque, dado o movimento positivo recente do mercado, o tombo no caso da absolvição seria significativamente maior, pelo menos no curto prazo, que a alta no caso da condenação. Passado o evento, o posicionamento mais direcional pode ser refeito pesando, porém, se o mercado exagerou na dose na quarta-feira.
Entre estruturas de private banking, gestoras de patrimônio e consultorias independentes não houve alteração substantiva nas posições nos dias que antecederam o julgamento, diz Cassio Bariani, fundador da Smart Brain, que tem um raio-X de gestoras independentes que reúnem R$ 90 bilhões. "Aparentemente esse era um evento esperado, as pessoas se planejaram para fazer suas alocações de médio e longo prazo", diz.
Meirelles descarta elevar impostos, mas admite "outros tipos" de cortes de gastos
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o governo não considera elevar impostos caso o crescimento surpreenda para baixo e a reforma da Previdência não seja aprovada. "Não estamos considerando aumentar impostos agora", disse Meirelles, em entrevista à TV Bloomberg no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ele afirmou que o governo está considerando "outros tipos de cortes de gastos", sem especificar quais. "Um importante ponto a se levar em consideração nos cálculos é que o PIB vai crescer mais do que o esperado anteriormente".
Perguntado sobre previsões de crescimento para 2018, Meirelles comentou que 3% é "um bom número", e que há mais chances de surpresas para cima do que para baixo. O ministro disse ainda que o atual nível de câmbio não é problemático e que este é apenas um elemento importante para o crescimento, mas não o único. Na entrevista à "Bloomberg" ele voltou a dizer que não existe um plano B, alternativo à reforma da Previdência e que espera que esta seja votada fevereiro.
Depois de o relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), abrir a porta para novas concessões na proposta, Meirelles afirmou, ontem mais cedo, ao participar de debate sobre sustentabilidade dos regimes previdenciários, que o governo vai analisar se é necessário fazer alguma mudança. Ele disse que a equipe econômica ainda não fechou com o relator um texto final.
"Ele (o relator) está conversando com congressistas e segmentos da Câmara, sentindo quais são as demandas. Vendo o que é uma concessão versus o que dá de voto", explicou o ministro, acrescentando: "A nossa posição até o momento é de que não negociamos nenhuma mudança. Esta é a posição hoje. Evidentemente que vamos ver se é necessária alguma mudança."
Ontem, ainda, em Washington, o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, ao comentar um relatório sobre o Brasil, sugeriu que uma espera de alguns meses para aprovar a reforma pode ser menos danosa que modificações muito profundas no projeto.
O ministro também comentou, no Twitter, os resultados da reunião com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, que deve visitar o Brasil em março. "Ele declarou apoio pessoal à entrada do Brasil na OCDE", disse Meirelles.
FMI vê riscos para melhora da economia brasileira com eleição
A recuperação econômica no Brasil ganhou força, impulsionada pelo consumo e por investimentos privados, mas o “desfecho incerto das eleições gerais de 2018 pode afetar o crescimento econômico”, afirmou Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, em relatório publicado nesta quinta-feira com as perspectivas para as economias dos países da América Latina e do Caribe em 2018.
“A continuidade da recuperação na região está sujeita a diversos riscos. As eleições programadas em muitos países criam incertezas econômicas e políticas para o próximo ano”, diz Werner, no documento que cita as revisões recentes, e para cima, do FMI nas suas estimativas para o crescimento brasileiro: 1,1% em 2017, 1,9% em 2018 e 2,1% em 2019.
O diretor do FMI também adverte para a importância da atuação do Congresso em projetos considerados relevantes para o país. “Para garantir a sustentabilidade fiscal, as autoridades brasileiras pretendem realizar uma consolidação fiscal prolongada, que inclui uma ambiciosa reforma da Previdência Social”, ressaltou o diretor.
No estudo, o Brasil é citado ao lado de Argentina e Equador como países que estão saindo de um período de recessão para outro de recuperação econômica. “Nossas estimativas atualizadas indicam um crescimento regional de 1,3%, em 2017 (contra o 1,2% projetado em outubro), com uma previsão de aceleração da atividade econômica para 1,9%, em 2018, e 2,6%, em 2019.”
Segundo ele, os principais motores do crescimento econômico, em 2017, foram o consumo e as exportações. Com isso, o investimento deixou de ser um entrave e “espera-se que seja um fator importante para a aceleração do produto, em 2018 e 2019”. De acordo com Werner, a inflação baixou consideravelmente em vários países da América Latina durante 2017, o que proporcionou uma margem para a flexibilização da política monetária.
Mas a continuidade da recuperação na economia de diversos países da América Latina está sujeita a riscos além das eleições em alguns países. “As pressões protecionistas nas economias avançadas — que também se traduzem em retrocessos na integração transnacional — e fatores como tensões geopolíticas mundiais e eventos climáticos extremos podem agravar essas incertezas.”
Custo da Construção avança em janeiro, aponta FGV
O Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M), calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência, registrou taxa de variação de 0,28% em janeiro, acima do resultado do mês anterior, de 0,14%, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira (26). Detalhando o indicador, o índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,59%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,22%.
O índice referente à Mão de Obra registrou variação de 0,03%. No mês anterior a taxa de variação foi de 0,07%. No grupo Materiais, Equipamentos e Serviços, o índice correspondente a Materiais e Equipamentos registrou variação de 0,64%. No mês anterior, a taxa havia sido de 0,26%. Dos quatro subgrupos componentes, três apresentaram acréscimo em suas taxas de variação, destacando-se materiais para estrutura, cuja taxa passou de 0,58% para 0,75%. A parcela relativa a Serviços passou de uma taxa de 0,03%, em dezembro, para 0,39%, em janeiro.
Neste grupo, vale destacar a aceleração de taxas de serviços e licenciamentos, cuja variação passou de 0,00% para 0,91%. Mão de obra O índice referente à Mão de Obra registrou 0,03% em janeiro. No mês anterior a taxa de variação foi de 0,07%. Esta variação ocorreu devido aos reajustes salariais de várias categorias em Recife. Capitais Seis capitais apresentaram aceleração em suas taxas de variação: Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Em contrapartida, Recife registrou desaceleração.
O ESTADO DE SÃO PAULO
Tesouro está preparado para lidar com riscos eleitorais, diz secretária
O Tesouro Nacional está preparado para lidar com eventuais turbulências no mercado financeiro trazidas pelas eleições presidenciais neste ano, disse hoje (25) a secretária do órgão, Ana Paula Vescovi. Segundo ela, a composição dos papéis da dívida pública está mais equilibrada, e o governo tem reservas significativas para cobrir pelo menos seis meses de vencimento dos títulos caso ninguém queira comprar os títulos do Tesouro em momentos de instabilidade.
"Embora existam oscilações e um déficit acentuado, ao longo dos últimos anos, a gestão da dívida proporcionou um perfil muito melhor da dívida federal. Hoje, existe uma composição mais equilibrada nos papéis emitidos. Ciclos eleitorais no passado ocorreram com fortes oscilações [no mercado financeiro]. Agora, essas turbulências têm condições muito melhores de serem geridas, dada a composição mais equilibrada da dívida pública, prazos muito mais longos e os colchões das dívidas interna e externa", declarou.
De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida pública para 2018, divulgado hoje (25) pelo Tesouro, a equipe econômica tem reservas para garantir o pagamento de juros e do principal da dívida pública interna por mais de seis meses e tem dinheiro em caixa para cobrir os R$ 9,5 bilhões dos vencimentos da dívida pública externa este ano.
O PAF desse ano reduziu a fatia de títulos vinculados à inflação e aumentou a participação dos títulos corrigidos pela Selic (juros básicos da economia) em 2018. A fatia dos papéis atrelados à inflação passou de uma faixa de 29% a 33% da Dívida Pública Federal (DPF) em 2017 para um intervalo entre 27% e 31%. Em contrapartida, a proporção da DPF corrigida pela Selic passou de uma banda de 29% a 33% para um intervalo entre 31% a 35%.
O subsecretário da Dívida Pública e de Planejamento do Tesouro, José Franco de Morais, explicou que o aumento da dívida do governo corrigida pela Selic incorpora parcialmente a alta da demanda por esse tipo de papel em momentos de instabilidade e de déficits fiscais elevados. Ele, no entanto, reconheceu que essa composição é vantajosa para o Tesouro no momento porque a Selic, atualmente em 7% ao ano, está no menor nível da história e deve ficar estabilizada no médio prazo.
"O próprio mercado demanda mais esse tipo de títulos [vinculados à Selic]. Também existe a otimização de custos da rolagem da dívida. Os títulos corrigidos pela Selic têm baixa volatilidade. Em momentos de crise, o mercado prefere volatilidade. Além disso, a Selic ficará estável nos próximos anos e é o papel com menor custo para o Tesouro", explicou Morais.
Caixa
A secretária Ana Paula Vescovi confirmou que a Caixa Econômica Federal não pagará dividendos ao Tesouro Nacional este ano para reforçar o capital da instituição, conforme divulgado pelo banco na última terça-feira (23). Ela disse que o Tesouro ainda não tem a estimativa de quanto deixará de receber porque o valor só será conhecido com a divulgação do balanço de 2017 da instituição financeira, previsto para março.
Os dividendos são a parcela dos lucros que uma empresa repassa aos acionistas. No caso da Caixa, 100% controlada pelo Tesouro, o governo recebe todos os dividendos. A cada ano, uma assembleia geral define a parcela do lucro a ser transferida aos controladores. Como o banco recusou o empréstimo de R$ 15 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), os dividendos e a venda de carteiras de crédito para outras instituições financeiras serão as principais opções para reforçar o capital da instituição, que terá de cumprir padrões internacionais de segurança bancária mais rígidos a partir de 2019.
Representar e promover o desenvolvimento da construção civil do Rio Grande do Norte com sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental
O SINDUSCON/RN tem o compromisso com a satisfação do cliente - a comunidade da construção civil do Rio Grande do Norte - representada por seus associados - priorizando a transparência na sua relação com a sociedade, atendimento aos requisitos, a responsabilidade socioeconômica, a preservação do meio ambiente e a melhoria contínua.