Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Frustração com reforma e exterior podem elevar a trajetória da inflação, diz Ilan

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, citou a ocorrência de três fenômenos positivos na economia brasileira: a redução da inflação, a queda das taxas de juros e a recuperação da atividade em discurso ontem no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo.

O evento foi fechado à imprensa, mas o BC disponibilizou os slides da apresentação, que não trouxeram indicações sobre os próximos passos com relação à política monetária. Ilan volta a falar na manhã desta terça-feira, em evento do Credit Suisse. O BC entra hoje no período de silêncio que antecede a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Nas perspectivas para 2018, a apresentação do presidente destaca que o cenário internacional é benigno, mas que há riscos. E que o cenário base do BC é de inflação em direção às metas com crescimento moderado.

A apresentação lista riscos ao cenário base em ambas direções. Por um lado, possíveis efeitos secundários de choques favoráveis e mecanismos inerciais podem produzir trajetória prospectiva de inflação abaixo do esperado. Por outro, a frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes e reversão do corrente cenário externo podem elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

Nas considerações finais, Ilan afirma que "a continuidade de ajustes e reformas, em particular a reforma da previdência, é fundamental para o equilíbrio da economia, com consequências favoráveis para a desinflação, para a queda da taxa de juros estruturais e para a recuperação sustentável da economia brasileira".

Entre os pontos abordados, Ilan citou a convergência do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) às metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e destacou a importância da ancoragem das expectativas, antes de citar que a Selic se encontra na mínima histórica de 7% ao ano.

O Copom tem a primeira reunião de 2018 nos dias 6 e 7 de fevereiro. O presidente também apresentou um gráfico mostrando que a recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) foi melhor do que o esperado, com projeção de crescimento de 1% em 2017, 2,7% em 2018 e 3% em 2019, segundo estimativas do Focus. Ilan dedicou parte da apresentação para afirmar que o BC está trabalhando para reduzir o custo do crédito, e citou dados do Indicador do Custo de Crédito (ICC) e do spread bancário, que no caso dos empréstimos para pessoas físicas, caiu de 33,7 pontos percentuais em outubro de 2016 para 25,4 pontos em dezembro.

O presidente do BC também dedicou parte da apresentação para falar da "Agenda BC +", e citou os avanços obtidos em 2017, como aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP), o acordo envolvendo os planos econômicos das décadas de 1980 e 1990 e a revisão do marco punitivo do setor financeiro, entre outros. Ilan também listou algumas ações que estão em andamento, afirmando que a Agenda BC + é uma "agenda viva".

Entre as iniciativas, há o cadastro positivo de crédito, que está para ser avaliado pela Câmara dos Deputados, as medidas envolvendo o spread bancário (cheque especial, compulsórios etc), a criação do depósito voluntário, a redução do uso de papel moeda via incentivo ao uso do cartão de débito, a regulação das fintechs de crédito, e a relação entre o BC e o Tesouro Nacional.

 

Banco público perde espaço no crédito após década de expansão

Os bancos públicos perderam participação no mercado de crédito em 2017 pela primeira vez em mais de uma década, revertendo a política de aumento da presença do setor público no sistema financeiro adotada nos governos Lula e Dilma. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que a fatia de mercado no crédito do conjunto de bancos públicos encolheu de 56% em 2016 para 54% em 2017, em um mercado de R$ 3,086 trilhões.

Foi a primeira queda na participação dos braços financeiros do governo no crédito desde 2007, quando o conjunto de instituições oficiais controlavam 33,8% do mercado. Eles tiveram o seu papel ampliado depois da adoção de políticas anticíclicas na crise financeira mundial de 2008 e com o seu uso como instrumento indutor da queda dos juros e dos spreads bancários em 2012.

O encolhimento da participação de mercado dos bancos públicos em 2017 ocorreu em virtude, sobretudo, da queda na demanda por financiamentos por investimentos e da restrição na oferta de crédito por alguns bancos oficiais para cumprir as regras prudenciais de Basileia 3. O presidente Michel Temer está promovendo uma reorientação das políticas creditícias do governo Lula e Dilma, procurando um maior equilíbrio entre as regras dos empréstimos com recursos direcionados e com recursos livres.

Mas essas medidas, como reforma dos juros cobrados nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), só terão efeito de forma gradual a partir deste ano. A maior parte da queda na participação de mercado dos bancos públicos foi causada pela retração do BNDES, que registrou recuo nas consultas e nas contratações de crédito. Foi um efeito da recessão ocorrida entre 2014 e 2016, que deprimiu os investimentos na economia. A carteira do BNDES encolheu 11,8% em 2017, fechando o ano em R$ 487,3 bilhões. Em dezembro, a queda foi de 1,8%.

Os demais bancos públicos, excluindo o BNDES, tiveram queda de participação de mercado em 2017, passando de 38,4% para 37,9%. A Caixa Econômica Federal registrou queda na demanda por empréstimos habitacionais e administrou o crescimento de sua carteira de crédito, num esforço para cumprir as regras de requerimento de capital mínimo de Basileia. O Banco do Brasil também tem focado a sua atuação para recompor a lucratividade, com o objetivo de alinhar a sua taxa de retorno à de seus competidores privados.

Logo depois da crise financeira de 2008, o Banco do Brasil e a Caixa foram orientados a expandir sua carteira de empréstimo para suprir o vácuo causado pelo racionamento de crédito feito pelos bancos privados nacionais e estrangeiros. A partir de 2012, ambos cortaram juros das operações de crédito para forçar maior competição no mercado. As instituições oficiais aumentaram as suas carteiras de crédito nesse período, mas seus resultados financeiros ficaram aquém dos competidores privados - o que, junto com a forte distribuição de dividendos, enfraqueceu a sua base de capital.

A partir de 2015, os bancos federais começaram a recompor as suas margens, aumentando os juros cobrados nas operações de crédito. Apesar de perder fatia de mercado, os bancos públicos - excluindo BNDES - registraram uma expansão de 0,6% na carteira de crédito. Mas cresceram menos do que os concorrentes privados, que em 2017 aumentaram sua participação de mercado, passando de 44,3% para 45,8%.

No caso dos bancos privados nacionais, o estoque de crédito cresceu 1,3% em 2017, para R$ 989 bilhões; entre os estrangeiros, o avanço foi mais forte, de 6,2%, para R$ 472 bilhões. Os bancos privados estão respondendo, com cautela, à melhora nas condições econômicas, com a retomada gradual da atividade, lenta queda do desemprego e redução dos juros básicos aos menores patamares da história. As taxas de juros cobradas pelo sistema financeiro tiveram a maior queda anual da série histórica compilada pelo Banco Central, iniciada em março de 2011.

A tendência é de continuidade da redução, com a perspectiva de queda adicional na taxa básica de juros e com o recuo dos índices de inadimplência. A taxa de juro média do sistema encerrou 2017 em 25,6% ao ano, queda de 6,6 pontos percentuais em comparação com dezembro de 2016, quando estava em 32,2% ao ano. Os juros médios cobrados pelos bancos de pessoas físicas nas operações com recursos livres caíram 17,3 pontos, passando de 72,4% ao ano para 55,1% ao ano. Nas operações com empresas, a queda foi mais modesta, de 6,7 pontos, para 21,5%.

O custo do dinheiro voltou a patamares vistos no começo de 2015. Já o spread bancário caiu 14 pontos, considerando operações com recursos livres para as pessoas físicas, fechando o ano em 46,2 pontos percentuais. O spread médio do sistema caiu 3,8 pontos, para 18,9 pontos. Já a taxa de captação dos bancos cedeu 2,8 pontos, para 6,7% ao ano.

Essa redução de juros e spreads no último trimestre de 2017 impulsionou o crédito bancário no período, estimulando a contratação de empréstimos tanto por pessoas físicas quando por empresas. Entre outubro e dezembro, o estoque de crédito total do sistema financeiro cresceu 1,3%, dos quais 0,3% ocorreu no segmento empresarial e 2,3% nas operações com as famílias.

A reação no fim do ano, no entanto, não impediu que em 2017 fosse registrada nova queda nominal no estoque de crédito do sistema, que cedeu 0,6%, para R$ 3,086 trilhões, terceiro ano seguido de baixa. "No último trimestre, iniciou-se um processo gradual de recuperação que parece alinhado com a recuperação da atividade econômica", afirma o chefe do departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.

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