Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

"Essa etapa de ministro da Fazenda está cumprida"

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu um passo à frente na luta para se viabilizar como nome do governo para a disputa presidencial de outubro. Vendo os demais pré-candidatos de centro se moverem, também decidiu falar mais abertamente sobre seu projeto político e mostrar mais explicitamente seu sonho de buscar o posto máximo do país.

Em entrevista à "Rádio Itatiaia", de Minas Gerais, Meirelles mostrou-se mais assertivo sobre sua ambição: "Acho que essa etapa de ministro da Fazenda é uma etapa cumprida. Estamos agora contemplando essa nova etapa de uma possível candidatura à Presidência". E completou dizendo que pretende ampliar sua atuação no serviço público. "Certamente, tomaremos a decisão de continuar no serviço público dentro de 40 dias ou pouco mais, mas aí ampliando bastante o escopo. Podendo colaborar com o país de forma mais eficaz e abrangente. E isso que está acontecendo na economia podermos levar a todos os setores da vida dos brasileiros", disse.

A fala sobre "etapa cumprida" foi feita em resposta a questionamento sobre se ele continuaria no cargo de ministro no próximo governo. Apesar do contexto não poder ser ignorado, efetivamente foi uma calibragem de discurso. Até então, ele vinha dizendo, como um mantra, que estava totalmente dedicado à condução dos trabalhos da pasta que comanda e apenas ponderava que decidiria até 7 de abril sobre uma eventual candidatura à Presidência da República.

Esse novo tom aponta para um Meirelles cada vez menos interessado em seu papel de ministro, como se já efetivamente tivesse terminado sua missão. Pouco depois da entrevista à rádio, contudo, ele garantiu ao Valor que continuará no cargo até o fim de 2018 caso decida não ser candidato.

A possibilidade de deixar o cargo em abril, mesmo sem ser candidato, seria mais um elemento de risco de instabilidade, já que o atual chefe da equipe econômica tem a confiança do mercado financeiro, ainda que este segmento tenda a olhar cada vez mais para quem o substituirá em 2019.

Em entrevista coletiva, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a possibilidade de candidatura de Meirelles é concreta e que ele é "substituível" e que não haveria dificuldade de encontrar um sucessor. O ministro da Fazenda quer ser o representante do governo e defender o legado da atual administração no pleito deste ano. Segundo uma fonte próxima a ele, Meirelles de fato demonstrou "mais fome" pela candidatura.

 Outro sinal desse apetite maior foi dado na entrevista à rádio CBN, no início da noite de ontem. "No momento, estou considerando essa hipótese [de ser candidato]. Isso significa que eu acredito que minha carreira, experiência, histórico e etc me dão condições sim de postular uma candidatura", afirmou. Esse reposicionamento ocorre porque o tabuleiro politico se moveu mais rapidamente, já que o presidente Michel Temer (MDB), o deputado Rodrigo Maia (DEM) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também aceleraram o passo em direção à disputa presidencial nos últimos dias.

A diferença é que, pelo menos até agora, eles têm mais apoio em seus respectivos partidos que o ministro da Fazenda. Meirelles está no PSD, que claramente se aproxima de Alckmin, forçando o chefe da economia a buscar alternativas em outras legendas. O sonho dele era ser abrigado pelo MDB, principal partido do governo e que teria capacidade de alavancar sua candidatura tanto pela sua capilaridade nacional como pelo tempo de TV.

Mas esse cenário começou a se mostrar muito difícil nas últimas semanas, especialmente depois do anúncio da intervenção no Rio de Janeiro e das declarações do marqueteiro de Temer que confirmou publicamente que o presidente é, sim, candidato. O movimento de Temer, aliás, incomodou Meirelles, segundo fontes. A leitura era que o presidente vinha estimulando o projeto dele de viabilizar-se e, agora, partiu na mesma direção sem aviso prévio, deixando-o em uma situação complicada.

Meirelles também descartou nas entrevistas um boato que certamente prejudicaria sua candidatura: a criação de um novo imposto federal para financiar a segurança pública. Disse que não existe qualquer estudo nessa direção. "Não há a menor possibilidade de fazer isso [imposto para segurança], não está em estudos no Ministério da Fazenda. Essa proposta nunca foi trazida à Fazenda", disse, acrescentando que este ano não tem novo imposto. A medida foi ventilada por Rodrigo Maia, em mais um gesto de ataque ao governo.

Segundo ele, Temer teria levantado a ideia dentro do processo de intervenção no Rio de Janeiro, mas foi lembrado de que o Congresso não pode aprovar emendas constitucionais. Na entrevista à Itatiaia, Meirelles comentou ainda sobre mudança nas regras eleitorais para que haja eleições a cada cinco anos. O ministro acredita que a proposta é válida ao reduzir o número de pleitos e merece ser discutida no país. Segundo ele, a medida diminuiria o número de eleições, mas poderia trazer "volatilidade nas expectativas".

 

'Fundamentos bons justificam movimento global dos ativos'

As condições financeiras globais vão bem porque os fundamentos seguem positivos nas principais economias desenvolvidas, diz José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central do Brasil que chefia o Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Portanto, os solavancos vistos recentemente nos mercados não denotam problemas estruturais, mas correções de nível de preços.

Em entrevista ao Valor, o economista afirmou que, de 39 países que o Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica como "avançados", 38 crescem. Contudo, no longo prazo, como o crescimento potencial depende da produtividade e do fator demográfico - que não estão colaborando - o juro estrutural deve se manter baixo.

Senna considera que a valorização dos ativos financeiros, sobretudo ações, também deve prosseguir, embora a vontade dos investidores de continuar no jogo financeiro deva arrefecer e tirar do mercado um pouco de sua exuberância com o passar do tempo.

Para o economista, a expansão sincronizada da atividade econômica mundial produz, entre outros efeitos, um balanceamento de moedas, como a maior demanda pelo euro, por exemplo, e isso mitiga o impacto negativo de um dólar forte nas economias emergentes em geral, e na brasileira em particular. Um revertério nas políticas expansionistas dos maiores bancos centrais do planeta é um fator de risco para as boas condições financeiras globais. "Um banco central pode estragar a festa não com a política de juros, mas com as não convencionais, como ajuste de balanços", diz o economista.

Ele chama atenção, contudo, para o fato de que os bancos centrais continuam comprando liquidamente títulos em mercado, mesmo em trajetória de redução de seus programas de expansão quantitativa.

Valor: O título de recente artigo do Martin Wolf diz, no Financial Times, diz que um pouco de medo é bom para os mercados. O senhor concorda?

José Júlio Senna: Eu acho que sim, não tem como discordar. É muito tempo com uma trajetória ascendente [no caso das bolsas].

Valor: Complacência nos mercados, talvez?

Senna: Não sei se há complacência. Penso nos fundamentos e eles estão justificando o movimento dos ativos. As condições financeiras continuam boas, de modo geral. Mas desde o começo de março de 2009, e já são quase nove anos, o S&P 500 subiu 300%. É inegável que é muita coisa. Os índices do Shiller [Robert Shiller, da Universidade de Yale], que acompanho com bastante atenção, apontam uma relação preço/lucro 74% acima da média histórica no período do pós-guerra. Também é muita coisa. Uma sacolejada é até necessária porque os mercados não andam em uma só direção.

Valor: O nível baixo da volatilidade parecia um pouco assustador...

Senna: Exatamente, é reflexo disso, de tudo estar indo para um lado só. Então um alerta, uma chacoalhada deste tipo, sem dúvida é bom sim. Especialmente no que diz respeito ao comportamento dos não profissionais Especialmente no que diz respeito ao comportamento dos não profissionais, dos profissionais também, mas principalmente os não profissionais, que veem aquele negócio que só sobe e se esquecem que pode dar errado. Então, estão agora bem alertados sobre o que pode acontecer.

Valor: O crescimento global está sincronizado? Isso justifica os preços dos ativos?

Senna: A questão do crescimento econômico mundial sincronizado tem vários aspectos. É um crescimento mundial superior à média histórica. É muito positivo para uma economia que ficou vários anos crescendo abaixo da média crescer agora acima, 3,9% que é média para o FMI na última revisão de projeções, ante média anterior de 3,5%. Dessa questão do crescimento sincronizado costumo sempre destacar um ponto em particular, pensando em termos de Brasil. As condições financeiras lá fora explicam os preços dos ativos brasileiros estarem descasados da realidade do país, com o quadro fiscal, uma reforma da Previdência que não anda, um cenário político conturbado, incerto. As condições financeiras têm sido também a principal razão da nossa recuperação econômica.

Valor: Foram as condições financeiras externas que tiraram o Brasil do atoleiro?

Senna: Como é que um país sai do quadro recessivo como o que vivemos? De forças internas da economia que são mobilizadas e o impulso monetário dado pelo BC. Mas esse impulso só foi possível porque as condições financeiras permitiram. De outro modo, não seria possível reduzir a inflação e as expectativas de inflação.

Valor: Os EUA são protagonistas na melhora das condições financeiras?

Senna: Os EUA crescendo sozinhos ou bombando com mais meia dúzia de países não compõem um cenário positivo para o Brasil e para os emergentes. Quando os EUA bombam sozinhos, os capitais do mundo tendem a convergir para lá, o que fortalece o dólar. A percepção de risco piora. O dólar forte, de modo geral, deprime commodities. O Brasil, em particular, é visto como um país dependente de commodities. O dólar muito forte prejudica o risco-país que é variável-chave para os emergentes. Outras regiões do mundo, além dos EUA, estão tendo um desempenho econômico muito bom. Especialmente no mundo desenvolvido. O FMI classifica 39 países como avançados e 38 estão crescendo, e isso resulta em um balanceamento legal das moedas.

Valor: Então o Larry Summers estava errado quando reavivou a tese da estagnação secular em 2013 e depois dobrou essa mesma aposta em 2017? Porque várias teses pipocaram depois da crise, como o novo normal, a estagnação e agora o crescimento sincronizado...

Senna: Eu tenho bastante simpatia pelo raciocínio do Summers e acho que não conflita com o que estamos falando. Porque o crescimento pode estar sincronizado e ser baixo, numa média de 2,5%, como foi, ou 3,9% como agora, que é uma coisa boa. Precisamos estar atentos a dois fenômenos. Um é o fato de a economia mundial estar crescendo acima da média histórica - isto é bom. Outro fenômeno refere-se a quanto do crescimento, sincronizado ou não, interfere no comportamento do dólar. O Japão por exemplo, tem oito trimestres consecutivos de crescimento na margem; a zona do euro tem 19 trimestres, o que resulta em outro balanceamento de moedas. A tese do Summers está fundamentalmente associada ao fato de ter muita gente querendo poupar e muito pouca gente querendo investir, o que levou o juro de equilíbrio para baixo e eventualmente negativo. Teses como essa devem ser interpretadas com o mínimo de flexibilidade. Levadas ao pé da letra, ele estaria afirmando que o mundo ficaria um século sem crescer. Temos agora crescimento positivo, mas o juro de equilíbrio está no chão. A última revisão desse juro feita por dois grandes especialistas no assunto nos EUA que são do Fed de São Francisco, John Willians e o Thomas Laubach, é zero!

Valor: Com as economias crescendo, os programas de estímulos adotados pelos BCs vão ser reduzidos, naturalmente. O que vai acontecer com as condições financeiras globais neste ambiente?

Senna: As condições financeiras podem ser alteradas de maneira bem expressiva. E isso pode acontecer com uma simples mudança de humor dos mercados. Isso ocorreu na sexta-feira do anúncio do 'nonfarm payroll' [criação de vagas], quando os mercados deram muito peso ao crescimento dos salários em 2,9% e à criação de 200 mil postos de trabalho. A reação é de pânico e surge uma montanha de declarações anunciando os primeiros sinais de um terremoto...

Valor: E pode se tornar uma profecia autorrealizável...

Senna: Exato. Só que [as reações] não justificam um tombo nas condições financeiras. E as que interessam ao Brasil são as condições globais. Para o Brasil, quanto mais generalizado o movimento do mercado financeiro, pior será o impacto nas condições financeiras e pior será para o país. Mas, de novo, os fundamentos não me parecem dar sustentação para uma virada feia das condições financeiras.

Valor: No ano passado, o BCE comprou títulos em montante equivalente a US$ 840 bilhões. Este ano, se cumprir o esperado, o total cai a US$ 400 bilhões. Em termos líquidos, e juntando o Banco do Japão, as compras dos BCs caem de US$ 1,4 trilhão em 2017 para US$ 400 bilhões. Essa redução não vai ter muito impacto nos mercados?

Senna: O ritmo [das compras] diminuiu, mas os bancos continuam liquidamente comprando. Este é o ponto. O Banco do Japão está bem mais longe de fazer alguma coisa. A chave [de uma mudança nas condições financeiras globais] é o BCE que deve primeiro parar de comprar ativos e só depois alterar a política de juros. Só depois disso, o BCE deve iniciar a redução do balanço, da maneira que fez o Federal Reserve. Nós estamos falando de, no mínimo, um ano pela frente para começar a reduzir o balanço. Estamos bem distantes, portanto, de ver um solavanco grande em mercado vindo por aí.

Valor: A repatriação de recursos nos EUA irá para recompra de ações mais que para investimentos?

Senna: As empresas têm ficado muito líquidas, os lucros elevados e as operações de 'buyback' estão presentes. Não vejo como isso pode mudar. Mas o que assusta nos EUA é o Departamento do Tesouro dizer que vai ampliar a venda de títulos. Essa decisão ativa um segundo canal de interferência dos BCs nos mercados por meio de políticas não tradicionais. Por acaso, essa decisão não tem nada a ver com o Fed, mas se soma às suas ações.

Valor: O crescimento sincronizado das grandes economias ajuda o Brasil em quanto? Os recordes de baixa do juro abrem espaço para discutir o crescimento?

Senna: A queda expressiva dos juros de fato não estimulou os investimentos e o consumo das famílias. A história é a mesma lá de fora. Também tivemos uma recessão de balanços criada a partir do endividamento em excesso. No caso brasileiro houve inclusive uma política governamental de estímulo ao endividamento, o que considero uma barbaridade. Com a fartura internacional as empresas também se endividaram muito. A retomada de investimentos é um fato, mas basicamente na reposição de equipamentos. Mas nem isso estaríamos vendo se o dólar estivesse a R$ 3,80 ou a R$ 3,90.

Valor: As condições internas têm a mesma relevância?

Senna: Existem forças internas na economia que ajudam na recuperação, mas crescimento de médio e longo prazo envolve oferta, produtividade, preparação das pessoas e o Brasil não tem cuidado de nada disso. Neste ano, podemos crescer 2,8%, no ano que vem, um pouco mais. É lamentável porque precisamos de muito mais para absorver a mão de obra. A longo prazo, sem reformas e aumento da produtividade não tem solução.

Valor: Em termos de fluxo de capitais ao Brasil, é preponderante a avaliação de que o país sempre é e será beneficiado se o mundo crescer ou se o mundo não atrapalhar...

Senna: Começamos a nossa conversa com a citação do Martin Wolf... Penso que o mercado vai perder um pouco de sua exuberância com o passar dos dias. Disso não tenho a menor dúvida. A vontade de participar do game vai sofrer uma retração e isso mexe com o fluxo de capitais. Os juros reais de equilíbrio vão continuar baixos. Essa é uma verdade que não vai se alterar tão cedo. O juro real de equilíbrio depende fundamentalmente do crescimento de longo prazo das economias, sobretudo as desenvolvidas, e essas economias têm apresentado crescimento de produtividade muito baixo [o que derruba o crescimento potencial]. O fator demográfico também não ajuda [com envelhecimento da população]. E a demografia e a produtividade são os dois principais fatores que estão por trás da formação do juro neutro e a tendência desses indicadores não vai mudar tão cedo. Eu escuto que o Banco Central prejudica o crescimento do Brasil porque coloca o juro neutro muito alto. Mas não é o BC que faz isso. O Brasil poupa muito pouco e tem uma produtividade que, hoje, não é muito diferente da que era em 1980. Se o juro estrutural é muito alto, o BC tem espaço para colocar o juro real abaixo dele em momentos muito específicos como agora - após um quadro recessivo cavalar, com a inflação baixinha e o núcleo também. Mas daqui a pouco isso acaba. E lá fora é a mesma coisa.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Caixa procura investidores para vender carteira de imóveis recuperados

A Caixa Econômica Federal iniciou nesta semana consulta ao mercado para ver o interesse de investidores especializados em uma carteira bilionária de imóveis que foram recuperados, mas que ainda carregam algum tipo de problema, os chamados bens não de uso próprio (BNDUs). O edital preliminar para consulta pública e comentários saiu na última segunda-feira. O definitivo, quando serão conhecidos os imóveis colocados à venda, deve ser divulgado na primeira quinzena de março.

Oportunidade. Os investidores estão ansiosos para conhecer os detalhes, inclusive sobre como o processo será conduzido, já que é a primeira vez que a Caixa desova um grande volume de imóveis de uma só vez. Pelo porte previsto, a carteira deve atrair investidores estrangeiros de ativos “estressados” (distress, em inglês), que sobrevoam o Brasil em busca de oportunidades.

 

Bancos voltam a abrir torneiras a pequena e média empresas

 Ávidos para acelerar os resultados com crédito na esteira da economia que sai da recessão, os bancos brasileiros retomaram com força a concessão de empréstimos para pequenas e médias empresas, ampliando um movimento que já vinha acontecendo no financiamento ao consumo.

O segmento foi destaque de crescimento dos três maiores bancos privados listados em bolsa no país no quarto trimestre, tendo a maior alta sequencial em pelo menos quatro anos no Santander Brasil e no Itaú Unibanco e o primeiro avanço no Bradesco em cinco trimestres.

O Banco do Brasil, que divulga seus resultados do período na quinta-feira, também deve apresentar expansão nos empréstimos para empresas menores, segundo fontes da indústria financeira.

O movimento representa uma forte mudança de postura dos bancos e parece ousado demais, se levar em conta que 4,937 milhões de micro e pequenas empresas estavam inadimplentes no fim de 2017, um recorde segundo a Serasa Experian.

Nos últimos anos, antes mesmo da forte recessão que atingiu o país em 2015 e 2016, as empresas de menor porte lideraram o repique nos índices de inadimplência dos bancos, que passaram a pedir mais garantias antes de rolar dívidas ou conceder novos empréstimos.

Dada a característica desse mercado, em que as linhas como capital de giro e antecipação de recebíveis na maior parte das vezes não oferecem garantias, os credores fecharam as torneiras para o setor, preferindo se focar nas linhas com seguras, como os créditos consignado e imobiliário para pessoas físicas.

Porém, com a economia se recuperando nos últimos meses e a taxa básica de juros caindo a mínimas históricas, os grandes entenderam que têm folga para aumentar o apetite por risco.

“Os níveis de inadimplência caíram para um nível que os bancos entenderam que têm uma folga para correr mais riscos”, disse um executivo de um grande banco à Reuters. “Mesmo que a inadimplência suba um pouco, se as margens compensarem, a relação risco/retorno vale a pena”, acrescentou a fonte, que pediu anonimato.

A leitura dos bancos é de que, com a economia em recuperação, a nova safra de crédito deve vir com melhor qualidade. Na realidade, isto já está acontecendo. Os índices antecedentes de inadimplência foram unânimes nesta direção.

No Santander o índice de inadimplência do setor até 90 dias caiu 0,6 ponto percentual na passagem do terceiro para o quarto trimestre. No Bradesco, esse indicador atingiu o piso em pelo menos quatro anos. No Itaú, o NPL formation, também uma prévia da deterioração futura, caiu pelo quinto trimestre seguido, para o menor nível em dois anos.

Esse movimento de alguma forma ajuda a explicar a expansão recente dessa carteira, chamada no jargão do mercado de PME. De setembro a dezembro, a carteira de pequena e média empresa cresceu 4,1 por cento no Santander Brasil, 4,6 por cento no Itaú Unibanco e 1,5 por cento no Bradesco. Pela indicação dos próprios credores, essa tendência deve se prolongar neste ano.

Junto com as linhas para pessoas físicas, “as de pequenas e médias empresas devem liderar o crescimento do crédito do Itaú Unibanco em 2018, disse o presidente-executivo do banco, Candido Bracher, ao comentar os resultados do quarto trimestre.

Concorrência

Outro componente que pode ajudar a explicar a reviravolta dos bancos em relação ao setor é a ainda sutil, mas crescente concorrência de outras fontes de financiamento.

Com as portas praticamente fechadas nos grandes bancos, microempreendedores, comerciantes e donos de pequenos negócios que vão de manufatura a prestação de serviços têm buscado refúgio em instituições como fintechs e outras empresas especializadas no chamado peer to peer (P2P), que faz intermediação entre tomadores e concessores de recursos.

Empreendedores de fintechs de crédito, como Banco Inter, Creditas e Geru, inicialmente criadas para atender o varejo, dizem que pelo menos 30 por cento de operações de valores maiores, de dezenas, centenas ou mesmo milhão de reais, são tomados por pessoas físicas para sanear negócios próprios.

“Têm desde gente tomando crédito para reformar clínica odontológica e para abrir padarias”, diz Sergio Furio, fundador e presidente da Creditas, especializada em crédito com garantia.

Em paralelo, instituições especializadas no P2P têm crescido velozmente. A SRM, gestora de FIDCs especializada em linhas como capital de giro para empresas com faturamento entre 50 milhões e 3,5 bilhões de reais por ano, fez cerca de 6 bilhões de reais em empréstimos no ano passado.

“Para este ano, a meta é fazer 10 bilhões de reais”, diz o fundador e presidente da SRM, Marcos Rafael Mansur.

 

 

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