Terça-feira

VALOR ECONÔMICO

Inflação baixa se propaga; Copom deve agir

Mais do que a inflação de fevereiro, divulgada na sexta-feira, é o comportamento das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2019 que empurra o Banco Central a uma nova baixa na taxa básica de juros na semana que vem. A mediana das projeções para o IPCA para o ano que vem recuou de 4,24% para 4,2% em uma semana, segundo o boletim Focus do BC, que coleta as expectativas dos analistas econômicos do mercado financeiro.

O percentual é inferior à meta de 2019, definida em 4,25%. Na ata de sua reunião de fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC comunicou que poderia fazer um corte moderado de juros no caso de "continuidade do ambiente de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, com intensificação do risco de sua propagação".

O IPCA de fevereiro, divulgado na sexta feira, mostra que a inflação subjacente segue em níveis baixos - o que, na definição do próprio BC, significa núcleos de inflação que rodam, nos valores mensais, abaixo dos valores consistentes com o piso da meta de 2018. O boletim Focus de ontem, com a queda das projeções para o IPCA de 2019, mostra que intensificou-se o risco de a inflação muito baixa se propagar.

Ao contrário das previsões de inflação para este ano, que são determinadas basicamente pelas condições cíclicas da economia, as projeções do mercado para o ano que vem refletem o poder da política monetária e a credibilidade do BC para ancorar as expectativas privadas.

É bem provável que as expectativas de inflação para 2019 sigam em queda nas próximas semanas, a julgar por dois indicadores que costumam antecipar tendências. A média das projeções dos analistas encontra-se em 4,16%, abaixo da mediana, que registrou 4,20% e é o indicador oficial de expectativas.

As projeções dos Top 5 de médio prazo, pelotão com os cinco departamentos econômicos que mais acertam suas projeções, também recuou na semana, de 4,19% para 3,98%.