Quinta-feira

VALOR ECONÔMICO

Juros e dólar devem ter ajuste após surpresa do BC

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 6,50% ao ano deve provocar ajustes tanto no segmento de juros quanto de dólar. Seria, contudo, mais uma adequação ao novo cenário, segundo economistas, simplesmente pelo fato de o Banco Central ter surpreendido boa parte do mercado.

O primeiro impacto, na avaliação da economista-chefe da Rosenberg, Thais Zara, deverá ocorrer nos contratos mais curtos de juros futuros, que embutiam um novo corte da Selic. Esse movimento levaria a um aumento do diferencial de juros e, com isso, afirma, o real deve se valorizar, devolvendo um pouco da depreciação. "Mas isso seria só num prazo curtíssimo", pondera. "Não sei se a intenção do BC de sinalizar estabilidade por mais tempo vai surtir o efeito desejado, pois as eleições devem continuar afetando a curva de juros."

Os ajustes no mercado, tanto em termos de juros quanto de câmbio, serão marginais, diz a diretora de macroeconomia e política da Tendências, Alessandra Ribeiro, mesmo que a maior parte do mercado tenha apostado em um novo corte que não ocorreu. "Podemos ver um juro curto mais para cima, real um pouco mais apreciado e, para bolsa, a decisão é ligeiramente negativa."

Na visão do economista-chefe do Santander, Maurício Molon, o mercado tende a reagir positivamente ao avaliar a decisão do Copom como prudente e com potencial de reduzir a volatilidade. Segundo Molon, "o cenário não mudou, o que mudou foi o balanço de riscos, ou seja, a probabilidade de a situação externa piorar". Para o economista, a decisão de manter a Selic "demonstra um viés mais cauteloso diante da atual volatilidade dos ativos financeiros internacionais e da taxa de câmbio". Ao surpreender o mercado, a tendência é haver um ajuste ao longo de toda a curva de juros, diz o economista da 4E, Bruno Lavieri.

Ele avalia, no entanto, que a mudança de leitura do cenário externo, sinalizando a expectativa de mais depreciação cambial, é até mais importante do que a decisão em si. "O BC foi surpreendido por um choque de câmbio mais intenso do que seria confortável, e muito desse movimento está ocorrendo por conta do prêmio de risco em alta, porque o diferencial de juros está se estreitando por conta própria, e à medida que o prêmio de risco aumenta estimula uma depreciação adicional do real".

Na visão do estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, o Banco Central deixou evidente que está muito mais preocupada com os efeitos do cenário externo sobre o Brasil neste momento do que com um novo corte do juro básico, cujos reflexos seriam marginais para a economia. Isso, portanto, deve levar a moeda americana a um ajuste negativo no pregão de hoje, enquanto os efeitos para a bolsa de valores devem ser neutros.

Para Plácido, a decisão "é racional e faz sentido" considerando os efeitos do dólar desde a última ata do Copom, em que os indicativos da autoridade apontavam para um novo corte de juros. Por mais que a economia doméstica ainda precise de estímulos, avalia, um corte de 0,25 ponto percentual da Selic teria um efeito muito pequeno.

 

BC poderá deixar Selic parada por um bom tempo

Será preciso aguardar a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem, para conclusões mais definitivas, mas os sinais são de que o Banco Central planeja manter a taxa inalterada em 6,5% ao ano por um bom tempo. Ao sinalizar os passos seguintes de política monetária, a serem adotados a partir de junho, o comitê afirma no comunicado ver como adequada a "manutenção" da taxa de juros no patamar corrente.

Em março, o Banco Central já havia manifestado a intenção de parar, mas usou palavras mais suaves. No comunicado da decisão, disse que via como adequada a "interrupção" no processo de baixa de juros. O presidente da instituição, Ilan Goldfajn, disse na divulgação do Relatório de Inflação que planejava uma "pausa". Nos dois casos, deixava entreaberta a possibilidade de voltar a cortar os juros, se fosse preciso. Agora, com o termo "manutenção", a impressão é que os juros vão ficar nesse patamar por algum tempo.

Outra evidência de que os juros podem ficar parados por um bom tempo é o fato de o Copom ter voltado a divulgar o antigo cenário de referência, chamada de projeção com juros e câmbio constantes. O BC, na gestão Ilan, passou a divulgar nos comunicados projeções que considera relevantes para a sinalização de política monetária.

Se o cenário de referência voltou, é porque o BC quer fazer o mercado pensar na hipótese de os juros ficarem parados onde estão por um bom tempo. O Copom também costurou com habilidade o comunicado para não deixar a impressão de que, ao desistir de baixar os juros, estaria muito assustado com os impactos da alta da cotação do dólar. Um Copom muito preocupado poderia levar o mercado a especular quando a taxa de juros poderia subir.

O Banco Central explica que deixou de baixar os juros apenas porque tornou-se desnecessário. Em março, o comitê tinha um cenário básico de convergência da inflação em direção às metas. Mas os núcleos de inflação muito baixos significavam um risco de que essa convergência às metas acontecesse com atraso. Por isso, em março o BC avisou que daria um estímulo monetário adicional para mitigar esse risco.

O Banco Central explica que, hoje, o risco se tornou menor, em virtude da alta do dólar, por isso o estímulo adicional não seria mais necessário. No comunicado, o BC aproveita para dizer, mais uma vez, como pretende lidar com o choque do câmbio. Absorve-se o efeito primário e combate-se o efeito secundário, ou seja, a sua disseminação para a inflação de outros produtos.

 

Conjunção pessimista abala consenso em corte na Selic

Dólar forte no mercado internacional, em alta de 17% ante o real desde a mínima do ano registrada em 25 de janeiro, títulos do Tesouro dos EUA remunerados acima de 3% para prazo de dez anos, petróleo colado a US$ 80 o barril do tipo Brent, conflitos brotando no Oriente Médio, estranhamento entre as duas "Coreias" pouco depois do comemorado aperto de mão entre os líderes dos dois países, viés protecionista de Donald Trump à flor da pele e a percepção - confirmada pela pesquisa CNT/MDA - de que parece cada dia mais distante a probabilidade de uma candidatura de centro vingar até as eleições presidenciais de outubro provocaram uma fissura no consenso de que a Selic seria reduzida ontem em mais 0,25 ponto percentual, para 6,25% ao ano.

Analistas, gestores e chefes de tesourarias bancárias estavam convencidos de que a Selic sofreria mais um corte e que o atual ciclo monetário seria encerrado com Selic 8,0 pontos percentuais menor que os 14,25% do início do processo, em outubro de 2016. O Banco Central (BC) em seus documentos mais importantes e o presidente Ilan Goldfajn, em declarações, sustentaram a sinalização de que a taxa básica poderia ceder um pouco mais. Pensar o contrário exigiu sangue-frio e certamente disposição para se opor à maioria.

A manutenção da taxa Selic em 6,50% anunciada pelo Copom, ontem no início da noite, foi surpreendente para 88% dos economistas consultados pelo Valor em pesquisa realizada na semana passada sobre projeções para a decisão que seria tomada nesta quarta-feira. De 42 instituições e consultorias entrevistadas, 37 contavam com a redução da Selic. Apenas cinco casas cravaram a estabilidade da taxa: Ativa Investimentos, Bank of America Merrill Lynch, Flag Asset Management, MacroSector Consultores e SM Managed Futures. A A.C.Pastore & Associados não está nesse pelotão, mas deveria.

O economista Affonso Celso Pastore fez precisas observações aos clientes na segunda-feira. Em relatório, o ex-presidente do BC explicou que o impacto inflacionário da depreciação do real e da alta do preço do petróleo é praticamente compensado pela ociosidade no setor produtivo e pela credibilidade do BC, que freiam o repasse da variação cambial para a inflação. Contudo, Pastore alertou para o risco de o relativo equilíbrio dessa equação ser comprometido, caso ocorra uma escalada do rendimento dos Treasuries e a corrida eleitoral no Brasil se mostre mais turbulenta que o esperado e coloque em cena a possibilidade de um governo populista ser instalado no país.

Pastore lembrou em seu relatório que, visto hoje, não ha risco quanto ao cumprimento da meta de inflação proveniente de uma redução residual da Selic, mas lembrou que muitos analistas clamavam por uma maior cautela por parte do BC em função de um possível recrudescimento dos riscos externos e internos. "O fato de a taxa real de juro estar abaixo da neutra levará o BC - mais cedo ou mais tarde - a elevar a taxa Selic e este momento pode ser antecipado caso a pressão por aumento do juro nos EUA aumente ainda mais e/ou cresça a probabilidade de ser eleito um governo populista", alertou o economista. O ciclo de flexibilização monetária promovido por Ilan Goldfajn derrubou a Selic em 7,75 pontos. Não dá para botar defeito.

 

Manutenção dos juros deve aliviar mercados

A decisão do Banco Central de manter ontem os juros básicos da economia em 6,5% ao ano poderá ajudar a acalmar um pouco os mercados no curto prazo, ou pelo menos deixar de agravar os riscos externos que levam a pressão na cotação do dólar. A sinalização até então vigente do Banco Central de que poderia cortar a taxa Selic mais uma vez estava pressionando os juros negociados em mercado. Ou seja, em vez de estimular a economia, uma baixa de juros nas atuais condições poderia ter efeitos contracionistas.

De maneira majoritária, os economistas do mercado previam uma baixa de juros, de 6,5% ao ano para 6,25%, e muitos deles vão reclamar da falta de sinalização prévia da autoridade monetária sobre a interrupção no ciclo de corte de juros. Mas isso não quer dizer, necessariamente, uma condenação da decisão em si. Uma boa parte dos analistas econômicos dizia, nos últimos dias, que previa uma baixa adicional na taxa Selic apenas porque entendiam que o BC havia sinalizado amplamente essa possibilidade.

Muitos deles, porém, defendiam que a decisão mais sensata seria deixar os juros como estão, diante das incertezas que pressionam a cotação da moeda americana. A bem da verdade, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, havia deixado uma porta aberta para não cortar os juros, em entrevista na semana passada à GloboNews.

Ele deu um passo atrás da sinalização mais firme que havia feito anteriormente numa outra entrevista, ao Valor, e em conversas fechadas com analistas econômicos. Ainda assim, a sensação geral do mercado é que faltou um aviso mais forte. Pelo menos desde a reunião de março havia certo desconforto com a postura mais moderada adotada pelo Banco Central na condução da política monetária.

Naquela ocasião, o BC surpreendeu o mercado - que então já apostava no fim do ciclo de distensão - com a sinalização de caminharia para baixar os juros de novo em maio, se o cenário inflacionário evoluísse conforme o esperado. Havia também um bom contingente de analistas que, ao longo do tempo, foi se convencendo da necessidade de estimular mais a economia. A inflação apurada desde então seguiu abaixo do esperado, não apenas porque houve surpresas positivas na evolução de um outro preço, como alimentos.

A chamada tendência subjacente da inflação segue muito fraca. Todos os núcleos de inflação divulgados neste ano indicam inflação abaixo do piso da meta, de 3%, o que poderia levar Ilan a ter que se explicar pelo segundo ano com uma carta aberta ao ministro da Fazenda. A alta do dólar ocorrida desde março não muda muito esse quadro de inflação abaixo da meta. O repasse da alta do dólar para a inflação tende a ser contido, devido ao alto nível de desemprego e de ociosidade geral da economia. O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) registrou queda de 0,74% em março.

O BC projeta um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em torno de 4% em 2018 e 2019, abaixo das metas respectivamente de 4,5% e 4,25%. Se o Banco Central fixasse os juros mecanicamente apenas com base nas projeções de inflação, haveria espaço para um corte para 6,25% ao ano.

Mas o BC tem que fazer uma avaliação também dos riscos que estão em torno desse cenário. Ou seja, deve ponderar as chances de a inflação ficar mais alta do que o projetado. O principal risco está no setor externo, e ele se soma às incertezas do processo eleitoral no Brasil. Os mercados emergentes estão sendo sacudidos com a alta de juros nos Estados Unidos, que vem ocorrendo um pouco mais cedo e com mais intensidade que o esperado. Os juros dos títulos do Tesouro americano de dez anos tiveram uma alta apenas moderada, para cerca de 3%.

Esse processo mal começou e poucos imaginavam que, a essa altura, a Argentina tivesse que recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O real perdeu mais de 10% do valor. Qual será o impacto no Brasil mais para o fim do ano, se a taxa dos Treasuries tiver outra rodada de alta, quando o ciclo eleitoral estiver mais avançado?

O temor dos mercados é que, no caso de uma depreciação mais forte do real, o Banco Central seja obrigado a reagir com uma alta de juros. Deve-se ponderar que esse não é, hoje, o cenário central de trabalho de muita gente. De forma geral, os operadores do mercado também reconhecem que, com a fraca atividade econômica, o repasse cambial tende a ser menor. A posição externa do país é mais sólida do que no passado.

O BC acumulou uma boa dose de credibilidade para acomodar o efeito primário do choque do dólar na inflação e só reagir aos efeitos secundários, quando a alta se espalha para a economia. Ainda que o choque de juros pelo BC não seja o cenário mais provável, o mercado sempre adiciona um prêmio nos preços dos ativos para cobrir todos os tipos de risco. A sinalização de corte de juro que havia sido feita pelo BC para essa semana amplificava esse risco. Se a Selic ficasse mais baixa agora, maior teria que ser o ajuste para cima no caso de um cenário mais adverso.

Quanto mais o BC derrubasse a Selic, portanto, maior o prêmio de risco embutido na curva de juros futuros. E maior o efeito contracionista na economia. Além disso, há certa inconsistência em intervir no câmbio e, de outro lado, afrouxar o juro. A Selic mais baixa amplificaria a pressão sobre a cotação do dólar, ao reduzir a diferença entre os juros internos e externos, ajustada pelo risco. Isso ocorre por dois caminhos: primeiro, a Selic ficaria ainda mais próxima dos juros americanos; segundo, os prêmios de risco aumentariam.

O BC, até a semana passada, dava bastante ênfase ao cenário de convergência da inflação à meta, mas nunca ignorou os riscos em torno dele. Já estava encomendada uma pausa no ciclo de distensão monetária para junho, quando a autoridade monetária iria começar a avaliar como os estímulos feitos até agora se transmitem à economia.

O BC também mencionava o risco de uma alta mais forte dos juros nos Estados Unidos afetar os países emergentes. A manutenção da Selic em 6,5% ao ano é um esforço do BC para tentar preservar os ganhos que a economia teve com a queda da inflação e dos juros. Ela faz mais pela atividade econômica do que um corte que pressione o câmbio e os juros de mercado.

 

Fiesp diz que BC “joga contra o Brasil” ao interromper queda dos juros

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5%. De acordo com nota da instituição, o BC “joga contra o Brasil” ao interromper a queda dos juros. A federação argumenta que em outubro de 2016 a Selic era de 14,25%, e caiu para o valor atual após 12 cortes. No mesmo período, porém, a retração dos juros para empréstimos “foi muito menos expressiva”.

“A manutenção da Selic retardará ainda mais a redução do custo do crédito. Corremos o risco de ver morrer a retomada da economia, num momento em que o Brasil tenta sair de sua pior crise”, diz o texto da Fiesp.

 

Próximos passos do Copom vão depender da atividade, diz Kawall

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juros em 6,5% ao ano surpreendeu a maioria dos economistas e analistas do mercado que projetavam um corte de 0,25 ponto da Selic. Para o economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, a piora do cenário externo, que teve como reflexo a valorização do dólar frente ao real, acabou se sobrepondo a uma atividade econômica ainda fraca e levou o Banco Central a optar pela manutenção da Selic.

“Temos um cenário externo mais desafiador e também eleição no Brasil neste ano, que pode adicionar mais incerteza e ter um efeito sobre o dólar”, afirma. Os próximos passos do BC, segundo Kawall, vai depender do comportamento da atividade econômica.

O mercado aguarda a divulgação do PIB do primeiro trimestre. Segundo Kawall, se a atividade continuar com viés de queda, o BC pode até voltar a cortar a taxa Selic. “Na penúltima reunião, o BC chegou a mencionar que o fim do ciclo de queda da Selic pode ser uma interrupção”, diz.

O Banco Safra projeta um crescimento de 0,5% do PIB no primeiro trimestre, encerrando o ano em 2,8%. Com a manutenção da taxa Selic em 6,50%, o Copom interrompe um ciclo de queda de juros iniciado em outubro, que promoveu uma redução de 7,75 pontos da taxa básica. Kawall lembra que até a recente piora no cenário externo havia o risco de a inflação ser muito baixa e não convergir para a meta. “Imaginávamos que, dado o foco nas expectativas, havia um contraponto vindo da atividade que equilibrava a pressão no câmbio”, afirma.

“A questão é se essa taxa básica de juros é estimulativa o suficiente”, afirma. O Banco Safra espera um IPCA em 3,8% no fim de 2018 e em 4% no fim de 2019. A meta de inflação para 2019 está em 4,25%.

 

Alimento vai afetar IPCA do ano, diz analista

O preço dos alimentos, dos combustíveis e a valorização do dólar são "molas comprimidas" que ainda vão se refletir na inflação ao longo de 2018. A avaliação é do especialista em commodities da Tullett Prebon, Marco Franklin. "A inflação está abaixo do piso da meta, mas vai virar", resume. Segundo o especialista, no entanto, não há problema se o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subir em função desses choques desde que as expectativas para 2019 e 2020 continuem ancoradas.

Até porque o IPCA está sistematicamente rodando abaixo do piso da meta de 3% em um momento em que o Banco Central trabalha para levar a inflação às metas de 4,5% em 2018 e 4,25% em 2019. No lado agrícola, Franklin explica que devemos ter preços em alta em função da quebra de safra de soja e milho na Argentina.

No Brasil, a safra de soja será recorde, mas a segunda safra de milho terá uma queda importante em função do clima mais seco, que pode reduzir a produção em 10%. Isso não se refletiu ainda nos indicadores em função da disputa comercial entre Estados Unidos e China e de um caso específico envolvendo o complexo de carnes.

O imbróglio envolvendo a BRF, com sanção da União Europeia e um aperto no padrão de exportação para países islâmicos do Oriente Médio, fez com que houvesse sobra relevante de frango no mercado doméstico. Então, apesar do insumo milho ter subido 50% o preço do frango ainda recuava 20% poucas semanas atrás, arrastando para baixo todo o complexo (carnes de boi e porco) por efeito da substituição.

O preço dos combustíveis, segundo o especialista, é um problema adicional. Os reajustes quase diários anunciados pela Petrobras, em linha com a alta também diária do petróleo no mercado internacional, ainda não chegaram plenamente aos postos. Quem está freando o repasse é o preço do etanol, que responde por cerca de 13% do valor da gasolina.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Alta do dólar faz BC manter taxa básica de juros

O BC (Banco Central) reagiu à alta do dólar. Por unanimidade, manteve os juros básicos da economia em 6,5% ao ano,ao mesmo tempo em que sinalizou o fim do ciclo de cortes no juro iniciado em outubro de 2016.

O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) considerou que a recente turbulência no mercado internacional, com alta de juros nos EUA e tendência de valorização do dólar, tornou desnecessário um corte adicional nos juros, que estão no patamar mais baixo da história.

“A evolução do cenário básico e, principalmente, do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional”, disse o BC em comunicado.

No texto, o BC ainda disse que o comitê deve manter a Selic nas próximas reuniões.

A decisão surpreendeu o mercado: foi prevista por apenas um dos 38 economistas e casas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg — John Welch, do HSBC. Para os outros 37, o BC cortaria em 0,25 ponto percentual.

“Foi uma decisão tomada exclusivamente por causa da mudança no cenário externo”, disse José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, para quem a decisão é justificável. “Como é possível que a alta do dólar gere inflação, cabe a cautela.”

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, concorda. Ele avalia que a decisão foi um sinal de alerta do BC em relação aos fatores que podem pressionar a inflação daqui até o fim do ano.

Para ele, isso pode significar algo até então fora do cenário: uma alta dos juros antes do imaginado se a taxa de câmbio não se acomodar logo.

“Os alimentos vão subir mais, especialmente carnes, que devem puxar bastante. E a desvalorização cambial tende a se intensificar com as eleições mais próximas”, diz.

A comunicação do BC, no entanto, foi alvo de críticas de parte dos economistas.

Juan Jensen, sócio da 4E consultoria, diz que a comunicação do BC foi ruim. Segundo ele, o Banco Central teve vários momentos para sinalizar a intenção de interromper o ciclo de baixa e não o fez em nenhum.

“Ilan foi à TV há cerca de uma semana e deu sinais de que os juros cairiam. Claramente houve um problema de comunicação”, disse, em referência à entrevista concedida à GloboNews.

Para ele, uma taxa Selic 0,25 ponto percentual mais baixa não faria muita diferença, especialmente porque o mercado de crédito está travado.

“O canal de transmissão de uma Selic mais baixa via mercado de crédito está entupido e só deve melhorar quando os bancos tiveram maior clareza sobre o cenário eleitoral”, diz ele. Um candidato mais afeito às reformas, afirmou, abriria espaço para juros menores por um prazo mais longo, baixando a guarda dos bancos.

Menos otimista do que a média, Jensen mantém, desde meados do ano passado, a previsão de alta de apenas 1,9% para o PIB em 2018.

Com uma leitura diferente, Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX Investimentos, diz que o BC ganha credibilidade com a decisão, abrindo espaço para um real menos pressionado.

“A comunicação não foi ruim. Eles deixaram claro que só reduziriam mais 0,25 ponto porque achavam que havia risco da inflação ficar muito abaixo da meta”, diz ela. “Hoje esse risco é menor”, avalia.

Para o economista-chefe do banco Santander, Maurício Molon, o mercado estava inquieto com a possibilidade de o Banco Central baixar ainda mais a taxa Selic, estreitando o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA—algo que poderia pressionar ainda mais o câmbio.

A diferença de juros pesa na decisão de investimentos. Os juros afetam o preço de títulos públicos —são maiores em países mais arriscados e menores em países mais seguros.

A diferença de juros entre Brasil (hoje mais arriscado) e EUA (mais seguro) estava se estreitando. A leitura dos especialistas é que isso em algum momento deixaria o mercado local menos atraente para os investidores.

Fora do radar da pesquisa da Bloomberg, Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores, era um dos poucos que esperava manutenção dos juros. Para ele, altas dos preços agrícolas no atacado, dos combustíveis e do dólar impedia um novo corte. “O presidente do Banco Central disse há dez dias que os juros iam cair. Errou feio”, diz.

 

Economia brasileira recuou no primeiro trimestre de 2018, diz BC

A economia brasileira teve queda de 0,74% em março na comparação com fevereiro, o que levou a atividade do primeiro trimestre a cair em relação aos três últimos meses do ano passado, mostram dados divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Banco Central.

Dessa forma, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do BC), indicador projetado para tentar replicar o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto), caiu 0,13% em relação ao último trimestre de 2017.

O BC também revisou para baixo o indicador de fevereiro, que antes mostrava uma alta de 0,09% ante janeiro e agora apresenta uma queda de 0,1% na mesma comparação.

Com a recuperação irregular da economia, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central no boletim Focus vêm reduzindo suas projeções para o PIB deste ano semana a semana.

Na última pesquisa, a média das expectativas para 2018 se reduziu para 2,51% de alta, ante um crescimento de 2,76% há quatro semanas.

O comportamento errático da economia também pode ser observado nos dados do IBGE para indústria, serviços e comércio.

Em março, a indústria teve queda de 0,1%, frustrando expectativas do mercado, que esperava aumento de 0,5%. A queda foi provocada por retração no setor de bens intermediários, que correspondem a 60% da indústria nacional.

No primeiro trimestre, a indústria brasileira teve crescimento de 3,1%, na comparação com o mesmo período do ano anterior, um ritmo menor do que no trimestre anterior, quando a taxa foi de 4,9%.

No caso de serviços, houve retração de 0,2% em relação a fevereiro, contra expectativa de recuo de 0,5% de analistas consultados pela agência Reuters.

Com isso, o setor de serviços encolheu 0,9% no trimestre passado sobre o período imediatamente anterior. No quarto trimestre de 2017, a atividade havia crescido 0,5%.

No caso do varejo, as vendas cresceram 0,3% em março na comparação com o mês anterior.

Dessa forma, as vendas varejistas terminaram o primeiro trimestre deste ano com aumento de 0,7 % nas vendas sobre o quarto trimestre do ano passado, quando houve estabilidade.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Temer anuncia ampliação do Minha Casa Minha Vida em 50 mil unidades

O programa “Minha Casa Minha Vida” será ampliado em 50 mil unidades neste ano. O anúncio foi feito pelo presidente Michel Temer a uma plateia de mais de mil empresários do setor da construção civil na noite desta quarta-feira, 16. Apesar do tom de comemoração com o anúncio, os números apresentados são menores que as 150 mil novas unidades desejadas inicialmente pelo Palácio do Planalto. A opção pelas 50 mil casas foi tomada horas antes após semanas de discussões entre a área política e econômica, que sempre lembrou do problema fiscal para reafirmar posição contrária à ampliação do programa.

A boa notícia ao setor foi feita na abertura de Temer no 90º Encontro Nacional da Indústria da Construção, principal evento do setor no Brasil. “Chegamos à conclusão que não poderíamos vir de mãos abanando”, disse Temer. “Eu autorizei hoje de manhã mais 50 mil casas para serem construídas este ano”, completou. Houve reação tímida da plateia, mas o presidente não foi interrompido por aplausos dos empresários. Temer e a presidência da República não forneceram detalhes sobre quais faixas do programa serão beneficiadas. Originalmente, a intenção era beneficiar famílias mais pobres da faixa 1 – que têm renda familiar de até R$ 1,8 mil e pagam prestações mensais entre R$ 80 e R$ 270 por até 120 meses.

Com o incremento anunciado por Temer, o principal programa habitacional do programa federal deve levantar número próximo de 700 mil residências neste ano. O valor já estava dentro das margens anunciadas em fevereiro, quando o governo anunciara que o MCMV tinha como meta construir entre 600 mil e 700 mil unidades em 2018.

Aos empresários, Temer ressaltou que cada casa construída gera, em média, 1,5 emprego. “Portanto, quando nós produzimos quase 700 mil casas durante o ano, estamos pensando não apenas na mobilização da economia e da construção civil, mas também na geração de empregos”, completou.

O próprio presidente da República era o grande entusiasta da ideia de ampliar o programa habitacional. Temer sempre demonstrou simpatia ao uso da construção civil como elemento indutor para acelerar o crescimento da economia. Com esse objetivo, o MCMV era defendido porque consegue incentivar a atividade ao mesmo tempo em que potencializa um dos programas governamentais com maior apelo popular. Além disso, a ampliação do MCMV é encarada como uma importante iniciativa política para acenar aos empresários da construção civil e principalmente aos prefeitos e governadores em ano de eleição.

Economicamente, porém, a intenção de Temer sempre sofreu resistência. Diante da frágil situação das contas públicas, o Ministério da Fazenda manteve posição firme nos debates que não haveria recursos para a iniciativa, principalmente na faixa 1 – que exige maior desembolso do Tesouro Nacional .

 

‘BC foi mais longe nos juros do que eu imaginava’, diz Alexandre Schwartsman

O Banco Central foi mais longe na queda dos juros do que Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais da instituição, imaginava no início do ciclo de cortes da Selic. “Em circunstâncias normais, é a primeira vez que temos juros reais tão baixos. Estamos navegando em mares que ainda não conhecemos.”

Ele, que já havia revisado a perspectiva de crescimento do PIB deste ano para 2,5%, disse que os dados recentes de queda do IBC-Br – índice do Banco Central que é uma prévia do PIB – são preocupantes.

O economista também avalia que o balanço dos dois anos do governo de Michel Temer é positivo, apesar de não ter conseguido entregar a reforma da Previdência. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como interpretar a trajetória recente de corte de juros?

A verdade é que o Banco Central foi mais longe do que eu imaginava ser possível no começo do ciclo de corte dos juros e parece razoável parar agora. Em condições normais, é a primeira vez que o Brasil tem juros reais em patamares tão baixos. Estamos navegando em mares que a gente ainda não conhece.

O mercado tem revisto a previsão de crescimento, após dados negativos, como o IBC-Br, que teve queda de 0,13% no trimestre. Você está mais pessimista?

Eu já projetava um crescimento de 2,5%. É que o primeiro trimestre deste ano foi bem ruim, de maneira geral. O mercado esperou para ver e está revendo agora. Eu vou esperar mais um pouco antes de fazer qualquer revisão. Acho que é possível revisar esse número após a divulgação do PIB do segundo trimestre. Mas o crescimento este ano vai ser melhor do que o do ano passado? Sim, muito provavelmente será.

A volta dos investimentos não está sendo mais lenta do que se imaginava?

A volta dos investimentos, em alguma medida, está acontecendo. A manutenção disso vai depender de qual governo o Brasil terá a partir do ano que vem. Se tiver um que freie os processos reformistas, o risco país vai para cima e parte disso pode ser revertido.

Qual é o seu balanço dos dois anos de governo Michel Temer?

Na média, é positivo. Como parte das boas notícias, houve o avanço do governo em reformas, como a trabalhista e a implementação da regra do teto de gastos públicos. Essa mudança do cadastro positivo também vai no sentido correto e pode diminuir o spread bancário, no caso da pessoa física. A gente também teve uma mudança potencialmente importante nos rumos do BNDES, com a migração da TJLP (taxa de juros de longo prazo) para a TLP. As mudanças nas estatais também foram positivas. As alterações que ocorreram na diretoria da Caixa não impedem que apareça um outro Geddel Vieira Lima, mas dificultam.

E o lado negativo?

É que o Planalto tenha falhado em aprovar a mudança na Previdência e não tenha avançado na melhora da governança do País, só manteve o modus operandi anterior. Parte do mérito nessa questão da Previdência é o governo ter preparado o terreno para que o próximo presidente continue por esse caminho. Alguns malucos ainda dizem que a Previdência não tem déficit, mas entre quem interessa, essa discussão está razoavelmente bem encaminhada. Eu daria uma nota 6,5 para o governo Temer. Dá para passar de ano, mas raspando.

 

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