Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

Ruído em discurso do BC tira previsibilidade do mercado

A surpresa com o caminho tomado pelo Banco Central (BC), ao decidir pela manutenção da taxa básica em 6,5% ao ano, provocou uma corrida dos investidores para ajustar suas apostas de curto prazo para a trajetória de juros no mercado. Mas a confiança em antecipar os próximos passos da autarquia foi abalada - não pela decisão em si, mas por ruídos na comunicação -, ao colocar em dúvida os fatores mais relevantes para o rumo da Selic.

A piora do mercado ontem confirma a postura bem mais defensiva dos investidores. Os contratos de juros mais curtos tiveram o maior solavanco desde o estouro da crise política, há cerca de um ano, quando as delações de executivos da JBS ameaçaram a continuidade do governo Temer. O dólar abriu em queda, mas registrou alta de 0,61%, a R$ 3,7015. O Ibovespa perdeu 3,37%, a 83.662 pontos.

A taxa do DI para janeiro de 2019 - que reúne as apostas de juros até o fim deste ano - subiu 28 pontos-bases para o nível de 6,60%, alta que é superada apenas pelo avanço de 156 pontos de 18 de maio de 2017. E se já não bastasse o fato pouco comum de uma taxa curta subir tanto, o volume de operações em todo o mercado de juros futuros alcançou o nível de 6 milhões de contratos negociados, aproximando-se das máximas históricas, com ampla concentração nos vencimentos de curto prazo.

O gatilho do movimento veio com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 6,50% ao ano, na contramão de boa parte das expectativas. Profissionais de mercado evitaram questionar a decisão em si, uma vez que a escalada do dólar e as incertezas externas já justificariam uma postura mais cautelosa da instituição.

Em vez disso, o alvo das críticas foi o discurso dos dirigentes do BC, que não conseguiram transparecer a visão sobre a política monetária. "A questão é que o BC construiu um discurso, da reunião passada para esta, que acabou induzindo o mercado ao erro", diz Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora Mauá Capital.

Para José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista da Opus Gestão, a questão não é o Copom ter deixado de fazer o corte de 0,25 ponto na Selic acenado desde março, mas a comunicação que foi feita previamente. Segundo Camargo, em entrevista à "GloboNews", no dia 8 de maio, o presidente Ilan Goldfajn deu uma ênfase muito grande ao comportamento das expectativas, ao fato de a inflação estar abaixo do piso da meta e apontou que o câmbio tinha mesmo de flutuar.

"Concordo com isso. Mas ele mudou de posição entre a entrevista e a reunião. Ele colocou na mesa o problema do câmbio", diz Camargo, lembrando que no comunicado após a decisão essa preocupação está bem clara. "O BC colocou no jogo um jogador que não existia antes. Foi isso que o BC fez. E isso é ruim." De fato, o balanço de riscos teve papel central na decisão do Copom, mais até que as estimativas de inflação.

Para o economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, o BC parece ter adotado um novo "modus operandi" para suas decisões. A estratégia até eleva a flexibilidade do BC, mas dificulta a ancoragem de expectativas no mercado, já que a política monetária agora assume um caráter mais discricionário. "No modus operandi anterior, bastaria olhar para a projeção de inflação e ver o espaço para a Selic ficar mais baixa, mas agora não dá para calcular muito bem o balanço de riscos", diz.

Isso significa que ficou mais difícil prever os próximos passos do BC e, pela falta de previsibilidade, o mercado exige um "prêmio de risco" maior para se posicionar. Se dependesse apenas da política monetária, o fim do ciclo abriria espaço para queda do juro longo. Esse ajuste até ocorreu no começo do dia, mas não perdurou. Com a percepção de risco elevada, essas taxas também subiram, apesar da magnitude menor.

De acordo com alguns especialistas, o sinal de alerta se agrava, uma vez que o discurso do BC dá a entender que aumentou a sensibilidade da política monetária a uma das variáveis mais instáveis do mercado: o câmbio. "O comportamento do dólar é mais sensível à aversão ao risco lá fora e às dúvidas sobre ambiente político", diz o economista João Fernandes, da Quantitas. "Houve uma perda de capacidade de previsão para política monetária", acrescenta.

O que se espera agora é um pouco mais de explicações sobre a condução da política monetária. "Quando acontece algo desse tipo, você volta alguns passos para trás. No fim das contas, vai ser preciso um processo para que a comunicação, principalmente na questão cambial, fique mais clara", acrescenta Figueiredo, da Mauá.

Sócio e gestor da Kapitalo Investimentos, Carlos Woelz discorda radicalmente das críticas de que o BC tem de sinalizar antes o que pretende fazer na sua próxima reunião. "O BC tem o direito de surpreender o mercado. Dou mais peso para o fato de ele ser sincero em perseguir as metas e levemente conservador."

Para Woelz, tem de ter discussão efetiva na própria reunião do Copom, por isso há período de silêncio. O razoável, diz, é que o BC converse um pouco sobre os fatores que influenciam a decisão. Mesmo que possa haver um ponto de crítica com relação à entrevista, ele diz que o mercado tem de aprender que a comunicação do BC é a comunicação oficial, feita por comunicados e atas.

"Ele já tinha comunicado [na ata de março] que iria parar e dito que tinha interesse em olhar mais os dados. Dado que o dólar subiu entre uma reunião e outra é razoável pensar que ele poderia parar", diz Woelz. Para ele, a comunicação do BC sobre seu objetivo (função reação) é muito boa. O que se tem, e não é de hoje, é uma crítica sobre a comunicação de curto prazo. David Beker, do Bank of America Merrill Lynch, um dos poucos que esperavam manutenção, destacou em relatório que o aumento considerável da incerteza global, dos riscos associados à eleição e o fato de os juros já estarem abaixo do nível neutro justificam uma postura "vigilante" na condução da política monetária.

A decisão do Copom, para ele, "mantém a credibilidade do BC elevada e a gestão impecável da política monetária". A depender apenas dos fundamentos e projeções de inflação, os economistas apontam que a Selic ficaria estável por um bom tempo e só voltaria a subir no ano que vem.

 

Decisão do BC adiciona incerteza a cenário difícil

Um corte adicional de 0,25 ponto percentual (p.p.) da taxa básica de juros não daria um impulso significativo para uma retomada econômica que insiste em não engrenar. Mas, de acordo com alguns economistas, a manutenção inesperada da Selic em 6,5%, decidida pelo Banco Central (BC) na quartafeira, adiciona ainda mais incerteza em um momento de dúvidas nos cenários interno e externo.

"A questão não é 0,25 ponto percentual de corte ou não. É pelo momento que o BC resolveu alterar seu plano de voo, um momento de muita volatilidade, inflação baixa, atividade baixa, com o hiato do produto fechando muito lentamente", afirma Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

Para ela, o Comitê de Política Monetária (Copom) havia dito antes da reunião de quarta-feira "com muito mais contundência" do que em ocasiões anteriores que iria cortar a taxa básica de juros. De acordo com a economista, não é possível dizer o quanto o câmbio está sendo influenciado de maneira estrutural pelas mudanças do cenário externo. Zeina cita turbulências externas em diversas frentes - China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Irã - para afirmar que faltou "serenidade" ao BC.

"O comércio deu uma fraquejada na Europa e no Japão, por exemplo, mas está cedo para dizer que essa é uma nova tendência", diz. "Não é o momento de tirar grandes conclusões." Justamente por essa dose adicional de incerteza, acredita ela, o "mercado reagiu mal" à decisão do BC. Ontem, o dólar fechou acima de R$ 3,70, máxima em 26 meses. "Essas puxadas de câmbio deixam o mercado sem referência, ninguém sabe se fecha contrato, não fecha contrato", diz.

"Pelo menos por ora, o mercado está assustado. É um ruído a mais, via expectativas." Em relatório, a equipe econômica do Banco Safra também afirma que a reação do mercado "é preocupante", por ter causado uma "substancial" alta dos juros futuros e pouco impacto sobre o câmbio. "Isso sugere potencialmente o risco de um aperto das condições financeiras, o que pode levar a uma recuperação mais lenta adiante", diz o texto.

Para o banco, esse cenário abre a possibilidade de ser necessária uma nova queda dos juros no futuro, afim de minimizar quaisquer impactos negativos sobre a atividade e "garantir a continuidade da, por enquanto, morna recuperação econômica".

Os economistas dizem ainda temer que os movimentos dos juros e de câmbio possam se retroalimentar, baseados em episódios anteriores no Brasil em que os mercados vão numa única direção. Nesse caso, uma intervenção adicional do BC no câmbio pode ser necessária no curto prazo. Desde março, a mediana das estimativas do Boletim Focus para a Selic em 2018 está em 6,25%, mostrando que o mercado esperava, de maneira geral, um novo corte dos juros.

Pesquisa pré-Copom realizada pelo Valor entre os dias 8 e 11 deste mês apontava também que de 42 instituições financeiras e consultorias, 37 esperavam um corte de 0,25 (p.p.) e apenas 5 calculavam que a Selic permaneceria em 6,5%.

Para André Gamerman, economista da ARX Investimentos, a manutenção da Selic pegou o mercado de surpresa, mas deve ter pouco impacto, seja ele negativo ou positivo, sobre a atividade econômica. O cenário externo turbulento e as dificuldades internas devem minimizar os efeitos da decisão do Copom sobre a retomada e o câmbio.

Gamerman afirma que a decisão do BC foi acertada, "embora a comunicação não tenha sido perfeita". Independentemente dos juros, a ARX já havia revisado para baixo a sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 2,4% para 2,1%. Mas até essa nova projeção tem viés de baixa.

Para o resultado do primeiro trimestre, que sai no próximo dia 30, a estimativa é de alta de 0,4% a 0,5%. Um economista que preferiu não se identificar também afirma que o BC tomou a decisão acertada. De acordo com ele, a autoridade monetária também havia deixado claro em seus comunicados que não faria um novo corte caso não houvesse risco de a inflação ficar abaixo do piso da banda de tolerância, de 3%. "Com a desvalorização do câmbio, esse risco acabou", afirma.

"O problema foram entrevistas no meio dos comunicados que adicionaram ruídos." De acordo com esse economista, fatores como a eleição presidencial e o cenário externo colocam muito mais incerteza sobre a retomada da economia do que a decisão do Copom ou a maneira como ela foi tomada.

Para ele, o câmbio deve continuar se desvalorizando, funcionando mais como um termômetro dessas dificuldades enfrentadas pelo Brasil do que como uma algo a ser perseguido pelo BC. "No meio desse cenário externo e das eleições que estão por vir, há pouquíssima coisa que o BC pode fazer. Não adianta colocar nas costas dele algo que ele não foi criado para fazer", diz.

 

A economia está sob o domínio da política

A atividade econômica está sob o domínio da política. O inquietante quadro eleitoral do país é parte importante da revisão generalizada das estimativas de crescimento para este ano. O próprio governo reduzirá seus prognósticos de 3% para cerca de 2,3% a 2,5% na semana que vem, quando da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas com os novos parâmetros macroeconômicos. No mercado, a mudança de rota indica que a expansão do PIB deverá se situar entre 1,5% e 2,5%. Consumo e investimento estão fracos e não mais se vislumbra o cenário que a área econômica imaginava para os próximos meses do ano - com significativa melhora no mercado de trabalho e na produção.

Os sinais da fragilidade na retomada do crescimento se confirmaram no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que teve queda de 0,13% no primeiro trimestre deste ano em relação ao último trimestre de 2017. O PIB do primeiro trimestre deve ficar na casa de 0,2% em comparação com igual período do ano anterior e, no ano, em 2,3%, segundo Silvia Matos, economista do Ibre/FGV.

Pelo menos dois fatores diferenciam a modesta performance do consumo neste ano da expansão do ano passado: a desinflação que teve impacto positivo na massa de rendimentos em 2017; e a liberação das contas inativas do FGTS, que injetou algumas dezenas de bilhões de reais na economia. A massa ampliada de rendimentos, que cresceu 5,4% no ano passado, deve ter acréscimo de apenas 0,4% neste exercício.

Sílvia Matos estima um aumento de 2,8% no consumo das famílias e de 0,3% no consumo do governo. Para os investimentos, a situação também não é animadora. Ela projeta expansão de 4,3%. Os ventos internos e externos estão invertendo a direção. Por atividade, as projeções são de expansão de 2,9% para a indústria, 1,9% para a agropecuária e de 1,8% para o setor de serviços. Não há clareza, por enquanto, em relação ao impacto da crise na Argentina sobre a indústria automobilística brasileira.

Contrariando a aposta dos mercados numa candidatura de centro para onde convergiriam os maiores partidos, Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) são os dois candidatos que, no momento, ameaçam disputar o segundo turno das eleições. O primeiro quer armar toda a população e o segundo disse, até agora, que vai desfazer tudo o que o governo Temer fez e que tanto agradou o setor real da economia.

"Nessa perspectiva, fica a pergunta: Quem vai botar a mão no bolso para investir no país?", indagou uma alta fonte oficial. Sem crescimento da oferta de emprego de boa qualidade - o que aumenta é o emprego informal - e sem crédito a demanda não cresce e, sem segurança no futuro, não se aumenta o investimento. Portanto, não há elementos para estimular a incipiente recuperação.

"Falta tração na economia", resumiu o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, em entrevista recente ao Valor. Ele atribui parte do arrefecimento da atividade ao fracasso da reforma da previdência. As expectativas mudaram, segundo Dyogo, quando ficou claro que não haveria mais votação da proposta de reforma neste ano.

A inflação, em contrapartida, está sob controle, baixa e até bem pouco tempo havia o risco de o IPCA repetir 2017 e furar o piso da meta. Esse conforto permitiu ao Banco Central reduzir a Selic por 12 vezes consecutivas. Os juros saíram de 14,25% ao ano em outubro de 2016 para 6,5%. Pelo nível de atividade e pela inflação, poderiam cair mais.

O Comitê de Política Monetária (Copom), no entanto, encerrou na quartafeira o ciclo de corte da taxa Selic, em uma decisão surpreendente para a maioria do mercado, mas muito correta, na visão de vários economistas da área financeira. Há um choque cambial vindo da mudança do cenário externo, oriundo da normalização da política monetária americana. O aumento dos juros nos Estados Unidos diminui o apetite ao risco e atrai investidores que estavam aplicados em economias emergentes.

Ontem os juros dos títulos americanos de dez anos atingiram 3,1%. Há uma mudança do paradigma de juros real no mundo, notou uma fonte. O dólar, que se fortalece frente às demais moedas, acumula apreciação de 18% sobre o real em doze meses, com impacto sobre a inflação doméstica. As expectativas de inflação para este ano, segundo a pesquisa Focus do BC, encontram-se em torno de 3,5%.

O comunicado do Copom ressaltou, porém, que no cenário com juros constantes a 6,50% ao ano e a taxa de câmbio constante a R$ 3,60 por dólar, as projeções de inflação sobem para cerca de 4,0% neste e no próximo ano. Ontem o dólar encerrou o dia cotado a R$ 3,70. O risco de terminar 2018 com a inflação medida pelo IPCA abaixo do piso da meta, portanto, se dissipa diante das novas condições externas.

A meta é de um IPCA de 4,5% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, com piso de 3% e teto de 6%. O Copom mostrou-se preocupado e foi conservador, tratando de preservar as conquistas da política de desinflação conduzida nos últimos dois anos até aqui. O comitê reconheceu no comunicado que, diante dos choques externos, há risco de subida da inflação e foi firme no propósito de não tolerar pressões inflacionárias.

A Selic de 6,50% ao ano deverá permanecer inalterada nas próximas reuniões do Copom. O comitê salientou, porém, que "os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".

Fica claro que o Copom não hesitará em elevar os juros se estiver em risco uma desancoragem das expectativas de inflação, assim como também está claro que é preciso mais do que a queda da taxa básica de juros para produzir crescimento e prosperidade no país.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Incertezas com economia elevam dólar, apesar de medida cautelosa do BC

O dia seguinte à decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5%, surpreendendo os analistas, foi de tensão no mercado financeiro. O dólar atingiu R$ 3,6994, sua maior cotação em pouco mais de dois anos, e a Bolsa registrou o maior recuo em um ano: o Ibovespa, principal índice da B3, fechou com queda de 3,37%, a 83.621,94 pontos.

Esse nervosismo é reflexo de uma enorme incerteza que ronda tanto a economia global – o que vem derrubando as moedas dos países emergentes – quanto o mercado local, às voltas com um cenário que conjuga uma recuperação muito frágil da atividade econômica e uma enorme indefinição em relação às eleições de outubro.

Com isso tudo, nem a medida cautelosa adotada pelo BC ao decidir não mexer na taxa Selic, quando praticamente todo o mercado esperava um corte de 0,25 ponto porcentual, foi capaz de segurar o real.

Na teoria, uma taxa de juros de 6,5% tem mais capacidade de atrair capital externo que uma de 6,25%, o que fortaleceria a moeda brasileira. E, na manhã desta quinta-feira, 17, até chegou a parecer que decisão surtiria efeito: o dólar chegou a cair 0,57%, para R$ 3,6544. Logo depois, porém, a tendência se inverteu e a moeda americana passou quase todo o pregão negociada acima de R$ 3,70, para fechar o dia aos R$ 3,6994, uma alta de 0,65%. Foi a maior cotação desde 16 de março de 2016, quando a crise pré-impeachment de Dilma Rousseff atingia seu auge, com a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.

“Está prevalecendo a dinâmica de fortalecimento global do dólar, que anula qualquer efeito que a decisão do BC pudesse detonar”, disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal.

Para o estrategista de private banking do Banco Votorantim, Marcos de Callis, o cenário externo vem prevalecendo. Segundo ele, apesar dos problemas internos no Brasil, como o ajuste fiscal e as eleições, os emergentes, em bloco, estão sendo enxergados com risco maior pelos investidores e, assim, suas moedas acabam se desvalorizando.

Ações. Na Bolsa, o recuo do pregão desta quinta foi o maior, em termos porcentuais, desde 18 de maio de 2017, quando o índice caiu 8,8% após a divulgação da gravação feita por Joesley Batista, da JBS, com o o presidente Michel Temer. Para analistas, nesse caso, mais do que o cenário externo, pesa a recuperação lenta da economia.

 “A redução na taxa de crescimento da economia do País afeta as perspectivas de lucro das empresas, tendo um impacto negativo (no preço dos papéis)”, disse Rosal. O economista acrescentou que os juros “um pouco mais altos” também aumentam o custo de financiamento das empresas, reduzindo o lucro futuro.

Para o economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira, a Bolsa “tinha de ceder”, porque não houve mais uma queda nos juros. “Foi também um momento de realização de lucro. A própria Petrobrás (cujos papéis ordinários caíram 4,49%) tinha subido mais de 20% (em maio).”

O estrategista-chefe da XP Investimentos, Karel Luketic, lembrou que apenas a Bolsa vinha apresentando resultados positivos nas últimas semanas, enquanto o cenário interno e externo era negativo. “A mudança no tom do BC indicou que a percepção de risco é maior do que há uma semana. Os investidores acabam reduzindo sua exposição ao risco”, disse. Nesta quinta, o risco Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS), derivativo que protege contra calote da dívida soberana, chegou a ser negociado a 193,2 pontos, em alta de 4,27 pontos em relação ao final de quarta-feira.

Luketic destacou também que o dia de resultados negativos no mercado refletiu ainda a divulgação, na quarta-feira, do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que apontou para retração de 0,13% no 1.º trimestre.

 

Governo já admite previsão para o PIB perto de 2,5%

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu nesta quinta-feira, 17, que o governo trabalha com uma previsão "conservadora" para a alta do PIB, ficando perto de 2,5% e não precisamente em 3%, como inicialmente estimado.

"Nesse primeiro trimestre, não tivemos o crescimento esperado e nós do governo, de forma conservadora, estamos mantendo uma posição que tínhamos lá no final do ano passado, início do ano. Nossa previsão é que o PIB fique entre 2,5% e 3%", disse durante entrevista aos jornalistas de agências internacionais.

"Hoje, se a análise fosse feita hoje, nós teríamos uma tendência de uma projeção mais para a direção dos 2,5%, mas ainda há casas falando em 2,7%, 2,8%. Nós do governo, preferimos não trabalhar com números superiores a 2,5%".

Petróleo. O ministro da Casa Civil também falou que a Petrobrás só terão condições de falar sobre os termos da revisão do contrato de cessão onerosa na próxima semana. Aos jornalistas estrangeiros, Padilha destacou que os trabalhos da comissão criada para tratar do tema estão avançados, mas que ainda não foram concluídos.

"Devo dizer que os trabalhos do grupo de trabalho que reúne os interesses da Petrobrás e do governo estão bastante avançados, avançaram muito, nós temos poucos tópicos a serem ainda elucidados", disse. "Mas, infelizmente, não posso antecipar nada porque acabo prejudicando o trabalho do grupo de trabalho e o sigilo que deve ser mantido com relação a esse tópico", acrescentou. O prazo formal para a conclusão das negociações no âmbito da comissão termina hoje. No entanto, Padilha destacou que o posicionamento do grupo sobre o tema só será mesmo definido na próxima semana.

"Na semana que vem, o grupo de trabalho deve ter concluído o que seja a sua posição e, aí, sim, nós poderemos fazer um comunicado conjunto, Petrobrás e governo, para comunicarmos à sociedade e ao mercado quais foram as conclusões quanto à cessão onerosa", afirmou. "Temos todo o interesse de manter todos informados. Na próxima semana, nós teremos condições de dar as informações", reforçou.

O relatório final da comissão ainda terá que ser submetido ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ao Conselho de Administração da Petrobrás e ao comitê de acionistas minoritários da estatal. Embora a comissão de negociação seja técnica, foi o próprio governo que criou a expectativa de um anúncio hoje, quando termina o prazo de funcionamento do grupo de trabalho.

Antes de abrir para perguntas, Padilha fez um balanço dos dois anos do governo Temer. Segundo o ministro, muita coisa foi feita nesse período. Ele destacou como conquistas as reformas trabalhista e do Ensino Médio.

 

'Independente da decisão do Copom, vamos reduzir juros', diz Caffarelli

O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, afirmou que, independente da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 6,5% ao ano, a instituição vai reduzir juros de algumas modalidades de crédito. A queda das taxas ocorrerá, segundo ele, no cheque especial e na linha de capital de giro voltada às empresas.

"Independente da mudança de ontem (por parte do Banco Central), nós estamos anunciando uma redução de juros em algumas linhas de crédito, principalmente, no cheque especial", disse Caffarelli, durante conversa com jornalistas, nesta quinta-feira, 17.

Segundo o executivo, a decisão do BC não pode ser encarada como uma surpresa porque não significa que a cada Copom tem de se fazer uma redução de juros. "O Banco Central foi extremamente diligente tendo em vista o momento", acrescentou.

A manutenção dos juros, conforme o presidente do BB, não ameaça de forma alguma a recuperação do crédito no País. Ele reafirmou que há uma retomada do crescimento, mas que não ocorrerá na velocidade que o banco gostaria.

"É uma retomada do crescimento (do crédito) com base em uma crise absolutamente grande, mas não tenho dúvida de que vamos continuar nesse processo de retomada", destacou Caffarelli, explicando que, neste momento, há uma série de efeitos externos que estão afetando o País.

Sobre dados divulgados recentemente e que motivaram a revisão das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o presidente do BB disse que se a economia não vai crescer 3% este ano, vai se expandir 2,5%. Dentro de um cenário de retomada da atividade, segundo ele, esse é um número "absolutamente forte". "E mostra uma tendência para o futuro de continuarmos com esse crescimento", acrescentou o executivo.

Caffarelli ressaltou que a demanda por crédito tem crescido no País e que mediante a retomada economia a tendência é que a procura por empréstimos fique ainda mais forte. De acordo com ele, os números mostram que tanto os desembolsos de crédito para pessoa física quanto jurídica estão crescendo. Disse ainda que a redução de juros que os bancos têm promovido não é sinônimo de que o crédito está retomando de forma mais fraca que o esperado, mas um ajuste em relação à queda da Selic e também a volta dos bancos para o crédito.

Sobre a possibilidade de as negociações da Odebrecht com os bancos para a obtenção de um crédito novo "ter um final feliz", Caffarelli disse que não comenta casos específicos.

O presidente do BB participou hoje de evento do lançamento do projeto Orquestrando o Brasil. Com investimento de R$ 1,6 milhão, o foco da iniciativa é formar novas orquestras e criar uma rede de músicos em todo o País e conta com o apoio do Banco do Brasil, a Fundação BB, em parceria com a entidade Fundação Educacional, Cultural e Artística Eleazar de Carvalho e o maestro João Carlos Martins. O projeto deve agregar, inclusive, as cerca de 5 mil agências do banco.

 

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