Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

'Não temos preconceito contra swap'

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, deixou claro que não tem qualquer "preconceito" contra a venda de swaps cambiais e que a redução do estoque de operações de cerca de US$ 62 bilhões para US$ 23 bilhões nos dois anos da sua gestão à frente do BC teve como propósito criar um "amortecedor" para os momentos necessários. "Compramos um seguro e se precisar usar, vamos usar", disse em entrevista ao Valor.

Ilan informou, também, que o Banco Central está monitorando a situação empresarial e que são poucas as empresas que estão sem hedge cambial neste momento de desvalorização do real em relação ao dólar. "A situação é bem mais tranquila do que no passado."

A entrevista ocorreu no mesmo dia da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juros (Selic) em 6,5%, pegando parte relevante do mercado no contrapé. Cerca de 70% esperavam um corte de 25 pontos-base nos juros que cairiam de 6,5% para 6,25% ao ano, enquanto 30% consideravam a possibilidade de a taxa ficar inalterada e o Copom encerrar o ciclo de queda que durou 12 reuniões consecutivas.

Ilan explicou o que pesou na inesperada decisão do comitê: com a depreciação da taxa de câmbio e a mudança do cenário externo, o risco de a inflação ficar abaixo da meta hoje é bem menor do que era há um mês. Ele foi, também, didático e pedagógico nas razões que levaram o Copom à decisão de encerrar o ciclo de flexibilização monetária. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista.

Valor: Por que o Copom parou de cortar a taxa básica de juros?

Ilan Goldfajn: Essa é a primeira questão que quero colocar. O que nos fez, no Copom, interromper a queda de juros foi basicamente a conclusão de que essa era a melhor decisão, olhando a inflação, as projeções, as expectativas à frente e o balanço de risco. Dada a piora no cenário internacional, o risco de a inflação ficar abaixo da meta tinha diminuído bastante e, portanto, eu não precisaria reforçar uma queda de juros que tinha como objetivo aliviar esse risco. E aqui uma questão importante é que não tem aqui o 8 ou 80 - ou seja, ou o câmbio não importa para nada ou o câmbio importa para tudo, mecanicamente. Não pode ser isso. Desde que ele entre no nosso balanço de risco e nas projeções de inflação, ele é relevante mas não de forma mecânica.

Valor: O que significa, nesse caso, não ser de forma mecânica?

Ilan: É reagir a uma coisa que está se mexendo sem afetar a nossa base, que é a inflação. Por exemplo, vamos supor que por algum motivo o repasse cambial seja nulo ou muito baixo. Isso vai fazer diferença na forma como estamos vendo. Em compensação, se o repasse for igual ao dos últimos anos, teremos uma outra atitude. Outra questão importante: quando há um choque, tínhamos dito que olharíamos os seus efeitos primários e secundários. O que significa isso? É claro que os preços que dependem diretamente do choque vão subir. A pergunta que temos que fazer é se os preços do resto da economia vão subir ou não. Enfatizamos isso no comunicado e na ata.

Valor: Hoje o repasse cambial é baixo ou relevante?

Ilan: Acho que não temos um julgamento prévio. Vamos olhar o histórico e os determinantes. Temos dois determinantes que nos ajudam a crer que tem mitigadores para o repasse. Um é o fato de a economia estar mais fraca, não no sentido de crescer pouco, mas porque tem o hiato (do produto). O segundo é que quando as expectativas de inflação estão ancoradas isso também ajuda o repasse a ser menor.

Valor: O histórico do repasse do câmbio à inflação vai ser ponderado por essa situação atual?

Ilan: Exatamente.

Valor: O Copom quer observar também como o câmbio está efetivamente sendo repassado para a inflação corrente?

Ilan: Isso. O limitador disso é que vamos ter que tomar decisões antes de ter o quadro completo. Vamos olhar todo mês e tomar a decisão considerando o que é provável baseado no que acabamos de falar, que os mitigadores existem. Então, a primeira mensagem é porque tomamos a decisão de interromper a queda do juro. Hoje a inflação em 12 meses está abaixo de 3%. Com esse choque externo achamos que vamos chegar na meta [de inflação] com mais garantia do que tinhamos há um mês.

Valor: A ata do Copom menciona, também, o custo de não se cumprir rigorosamente o que estava sendo sinalizado.

Ilan: Sim. Levamos em consideração que o que gostaríamos que acontecesse não estava acontecendo. Percebemos que o mercado estava muito convicto na sinalização anterior [que indicava um corte de 0,25 na Selic]. Obviamente que isso pesa, para nós, porque não gostamos de surpreender levemente. Mas acreditamos que a credibilidade se monta tomando a melhor decisão. Tomando a melhor decisão todos vão olhar os fundamentos e vão perceber se eles estão mudando ou não e, com isso, teremos uma melhor comunicação com o mercado ao longo do tempo. Obviamente a ideia não era comunicar o que acabou sendo entendido pelo mercado. Queríamos deixar mais aberto do que o mercado entendeu, mas isso não foi o que foi entendido. Quando a gente diz que a decisão será tomada no Copom, ela é tomada no Copom, sempre. E quando falamos que vamos olhar a inflação, isso significa que pode haver mudança no balanço de risco. Não foi o que foi entendido. Não estou querendo discutir de quem é a culpa. Não acreditamos que dizer que vamos "olhar a inflação" significava com certeza manter a sinalização. O que gostaríamos é que, à medida que o cenário muda, as expectativas fossem mudando junto. Isso não ocorreu dessa vez. Um dia antes da decisão do Copom a precificação era de 70% [pela queda da Selic] a 30% (manutenção da Selic], que era a mesma precificação de antes da entrevista para a "GloboNews". A entrevista alterou essa precificação, mas depois ela voltou. É muito difícil passar um sinal aberto que pode ser A ou B. O mercado quer saber se é A ou se é B.

Valor: Há algo para melhorar a comunicação?

Ilan: Acho que o fundamental é que estamos tentando ir na linha dos bancos centrais mais modernos. Eles divulgam a trajetória esperada de juros e não só da inflação. Hoje, colocamos nossa projeção de inflação com base no Focus e com o cenário de juros e câmbio estáveis. Em outros países, como a Suécia, o banco central diz: essa é minha trajetória de juros esperada e, com base nessa trajetória, a minha projeção de inflação é essa. Mas o que acontece no mês seguinte? A trajetória muda, a projeção muda. Pode ser que não mude e fique igual. E há um entendimento de que seu "guidance" muda se as condições mudam. Não necessariamente é um erro ou uma sinalização errada. Estávamos tentando fazer a mesma coisa com um pouquinho menos de ambição. Estamos tentando fazer isso para próxima reunião, para as próximas duas reuniões. Dizendo que, se as condições se mantiverem da forma que estão hoje, é isso que a gente pensa hoje. Mas, se as condições mudarem, as coisas mudam.

Valor: O BC deverá passar a sinalizar a trajetória de juros como fazem outros países?

Ilan: Não. Vamos continuar a fazer o que fazemos hoje. Há essa questão do que deu errado na comunicação. Atribuo a nossa tentativa de ser mais transparente, guiar mais, mas de alguma forma levar o mercado a entender que, se mudar alguma coisa, essa sinalização muda. Às vezes é mais difícil essas mudanças. Pode ser lido como algo imutável, o que não é. Depende das condições. Depende da nossa função reação. Mas também não é algo que é leve, no sentido de que, se eu sinalizei, é porque é o que acredito hoje. Esse entendimento que leva algum tempo. Claro que é sempre mais difícil ter uma atitude mais cautelosa. No caso da surpresa de março, a diferença foi para baixo. Uma atitude mais cautelosa tem uma tendência de ser assimilada de forma mais difícil. A gente tem que reforçar a ideia de que a sinalização é condicional e mostrar quais são essas condições e como elas podem mudar ao longo do tempo.

Valor: Nossa desvalorização é mais forte do que a de outros países emergentes?

Ilan: Dependendo do período, pode ser mais ou menos, cada um faz uma analise diferente. O que quero ressaltar são os nossos amortecedores. Temos hoje um balanço de pagamentos que nunca tivemos nas crises anteriores. Temos um déficit em conta corrente de menos de 0,5% do PIB, um investimento direto ao redor de 3,5% do PIB. Supera em várias vezes o déficit em conta corrente. Temos reservas maiores que no passado, fizemos um esforço para reduzir a quantidade de swaps nos últimos dois anos. Passamos um bom tempo chamando a situação internacional como um interregno benigno. E a gente alertou que a gente deveria aproveitar o momento para fazer o máximo de reformas possível. No caso do BC, a gente está fazendo a agenda de reformas BC+ e, do ponto de vista cambial, retiramos uma quantidade razoável de swaps cambiais. Com isso, temos mais um amortecedor.

Valor: O BC retirou swaps cambiais porque não concorda com esse tipo de intervenção?

Ilan: Não tem nada contra o instrumento. Não temos nenhum preconceito sobre nenhum instrumento. É só uma questão de aproveitar o interregno benigno, quando estava num melhor momento, para reduzir o estoque para ter mais amortecedor no momento necessário.

Valor: Tem algum tipo de teto para a venda de swaps? Antes de o sr. chegar ao BC, havia mais de US$ 100 bilhões em mercado.

Ilan: O máximo foi US$ 110 bilhões. Mas aqui não temos preconceito sobre isso não. Compramos o seguro e se for preciso usar o seguro vamos usar. Valor: Existe pressão na taxa de câmbio de empresas que buscam proteção contra a alta do dólar? Ilan: Estamos vendo a situação empresarial bem mais tranquila do que no passado, pelo menos até o momento. Se vocês olharem no Relatório de Estabilidade Financeira (REF), tem uma seção que analisa se as empresas tem hedge ou não. A maioria tem hedge, uma minoria não.

Valor: Mas esse relatório é de dois anos atrás. Hoje o BC vê a mesma situação?

Ilan: Nossa visão é similar àquela.

Valor: Agora que o BC parou de baixar os juros, qual é a sinalização daqui por diante?

Ilan: A sinalização é que, se as coisas permanecerem como elas estão agora, a gente prevê uma manutenção da taxa de juros para as próximas reuniões. Mas, de novo, é importante aqui a sinalização: se as condições permanecerem as mesmas. Ou seja, a gente está olhando o que a gente imagina que será la na frente.

Valor: O BC disse que essa sinalização é feita num contexto de projeção de inflação confortável e com o balanço de riscos atual. O que seria confortável?

Ilan: Confortáveis é que estamos vindo de uma inflação abaixo da meta. Portanto, tem um espaço. Mas a gente acredita que vai ir em direção à meta na medida em que o tempo vai passando. Isso favorece o nosso "guidance".

Valor: E o atual balanço de riscos?

Ilan: No atual balanço de riscos, não temos mais o receio que tínhamos antes de ficar abaixo da meta. E temos ainda os dois riscos. Temos menos riscos de inflação abaixo da meta, mas ainda existe risco. Existe também o risco de ter alguma decepção com as reformas e ajustes na economia e isso ocorrer ao mesmo tempo em que você tenha um cenário externo mais desafiador.

Valor: Mas esse cenário negativo é o que temos agora, não é?

Ilan: Acho que o cenário externo ficou mais desafiador do que tínhamos antes. O mais provável ainda é ter uma trajetória suave de subida de juros pelo Federal Reserve [Fed, o banco central americano], a taxa de juros subindo de forma gradual. Isso tem sido comunicado. É o mais provável. Mas o risco é subir mais rápido.

Valor: O balanço de riscos é simétrico na visão do Copom?

Ilan: É uma coisa que a gente tem que avaliar ao longo do tempo, como os dois riscos vão se balancear ao longo do tempo. Não tenho uma visão clara nesse momento. O que eu posso dizer é que na parte de baixo tirou um pouquinho do risco. Em termos de riscos, a única coisa que mudou é que estamos com menos receio de que a inflação vá ficar abaixo da meta. Mas isso não significa que a gente tem receio de que ela vai subir muito, ficar muito alta. Temos mais confiança de que ela vai em direção à meta.

Valor: Pela força do nível de atividade?

Ilan: Sim, porque você está recuperando.

Valor: Como o BC vai reagir a uma eventual alta forte do dólar?

Ilan: É aqui que entra a mensagem do Banco Central de que não há relação mecânica entre cambio e política monetária. O que é mecânica? É uma coisa sobe e você reage sem pensar qual é a consequência sobre as condições internas. A pergunta aqui é: quando você tem um choque, como vai reagir? Eu vou procurar inferir como esse choque vai acabar sendo refletido na nossa inflação. Não na inflação, digamos, cheia, dos preços que são afetados diretamente pelo câmbio. Mas será que as projeções serão influenciadas? Será que as expectativas vão mudar? Será que os núcleos vão ser afetados? Acabei de descrever uma outra forma de falar em efeitos secundários de um choque de oferta. Pode chamar de efeito secundário ou de impactos na expectativa futura, núcleos, projeções de mais longo prazo. Temos que olhar os efeitos secundários, os núcleos principalmente. Coisas que vão guiar para a frente. A analogia é o que a gente fez com a inflação de alimentos. Nós não reagimos à deflação de alimentos. Reagimos à consequência da deflação sobre outros preços.

Valor: Na ata o BC diz que, com o câmbio de R$ 3,60, a inflação vai a 4%. Mas, que só reage à questão americana, não sobre devido também a incertezas ligadas às eleições deste ano?

Ilan: É muito difícil dizer tudo o que o câmbio reflete. Normalmente, reflete fatores globais, que é o principal, e cada país tem suas idiossincrasias. Quanto entrou de idiossincrasia depende de cada país, da avaliação de cada pessoa.

Valor: Como essa pressão do dólar vai afetar a perspectiva de crescimento da economia?

Ilan: Sobre o crescimento, a gente não pode esquecer que a taxa de juros está na mínima histórica. Isso estimula e vai continuar estimulando a economia. Achamos que a política monetária tem que continuar estimulando. Mas a política monetária não é a única forma de estimular a economia. Uma forma importante é dar confiança de que a agenda de reformas e ajustes na economia vai continuar. Isso que vai gerar mais confiança. Claro que tem o lado do BC, e o juro vai continuar a estimular a economia. A decisão do Copom na semana passada era sobre testar novas mínimas históricas para os juros. Não era o momento, dado que nós estamos diante de uma mudança nos balanços de riscos. O que eu estou pontuando é que estamos já na mínima histórica. Não vamos esquecer que fomos de 14,25% para 6,5%, que é a mínima histórica. Não estávamos discutindo entre valores altos. A gente estava discutindo entre a mínima histórica e a nova mínima histórica.

Valor: Sem fazer reformas, esse juro é sustentável?

Ilan: No médio prazo, não há como ter inflação baixa e juro baixo se não continuar no processo de reformas e ajustes. Temos, como país, que pensar em manter as condições para a inflação se manter baixa no médio prazo. E se a inflação se mantiver baixa, o juro fica baixo também. Valor: Quando o BC decide os juros, está assumindo o pressuposto da continuidade das reformas?

Ilan: As coisas mais de curto prazo são determinadas por questões como atividade, inflação, inércia, expectativas. No médio prazo, as projeções, sim, dependem de continuidade das reformas e ajustes.

Valor: A questão fiscal é determinante?

Ilan: Acho que a consolidação fiscal é um ponto relevante. Tem dois tipos de reformas importantes para o Brasil: reformas que consolidem o fiscal e reformas que melhorem a produtividade. E eu colocaria a "Agenda BC+" na linha de melhorar a produtividade, porque busca reduzir o spread bancário, tornar o sistema financeiro mais eficiente. Isso está na linha de produtividade.

Valor: A autonomia do Banco Central deve ser prioridade da agenda econômica?

Ilan: Eu diria que a reforma da Previdência, as reformas fiscais, têm precedência. Essa janela que a gente está tendo agora é uma janela onde você não consegue atacar a reforma da Previdência, então é uma janela que a gente deveria tentar avançar em outras reformas, que é o que a gente está fazendo. Mas, durante um bom tempo, autonomia não entrou como prioridade porque tinha prioridades fiscais antes. Mas acho relevante ter autonomia, sim. Está funcionando porque a gente tem autonomia "de facto", mas autonomia "de jure" faz diferença. A parte de mandato fixo é uma parte relevante da autonomia.

Valor: Nesse ambiente de incerteza, manter os juros de 6,5% ao ano seria sustentável? Não seria mais um desejo?

Ilan: Depende. Vou responder o que a gente tem dito: sinalizamos algo mais para curto prazo, se nos próximos meses achamos que vamos manter isso nesses patamares. Para olhar períodos mais longos, tem que olhar as projeções de inflação. E as projeções de inflação estão confortáveis, têm sido confortáveis. Então, enquanto as projeções estiverem confortáveis, dá uma confiança maior. Mas o que a gente sinalizou, sinalizou mais para o curtíssimo prazo. Sua pergunta acho que é mais estrutural, aí depende das projeções de inflação, como vai evoluir. Do jeito que estamos vendo agora, estão confortáveis.

Valor: E se tiver, por exemplo, uma repetição da crise de 2002 em agosto e setembro, fruto da disputa eleitoral?

Ilan: Aí, a gente vai lidar com efeito primário e secundário, olhar o grau de repasse. Então, essa conversa que a gente fez antes, ela se junta com a sua pergunta, como a gente vai agir, a gente vai ver esse impacto que tiver por aí. Agora, além disso, não vou responder na condicional, porque respostas de 2002, já vivi 2002 e vão ficar lá.

Valor: O senhor tem uma definição precisa do que significa as "próximas reuniões" para as quais o Copom sinalizou a manutenção dos juros?

Ilan: Não. Próximas reuniões certamente é plural, não pode ser só a próxima, né? É plural, então não pode ser menos que dois.

Valor: O que está acontecendo com a economia que não está andando?

Ilan: A gente acha que a economia está andando, mas de forma bem gradual. E eu acho que isso tem a ver um pouco com a visibilidade futura que a gente ainda não tem completamente. Então, se você tivesse um investimento que pudesse olhar para frente, com tudo muito mais claro, o investimento estaria muito mais forte. Gastos de consumo seriam muito mais fortes se tivesse uma clareza maior de futuro. Então, isso gera alguma lentidão. E como se resolve? Tentando avançar mais na agenda, comunicando que vão continuar na mesma linha.

Valor: Mas o problema é que se o desfecho das eleições for o que está parecendo, o risco de não continuar na mesma linha é muito grande.

Ilan: Isso, como você sabe, eu não comento política para poder me manter um agente de Estado, de certa forma ficar neutro.

Valor: E o projeto de relacionamento de BC e Tesouro? Pode ser aprovado neste ano?

Ilan: Está na prioridade do governo, o [presidente da Câmara dos Deputados] Rodrigo Maia está querendo avançar nisso. Acho que em algum momento isso vai ter destaque de urgência. Mas acho que, primeiro, deve passar o projeto do cadastro positivo e o da duplicata eletrônica.

Valor: A dificuldade do governo em cumprir a regra de ouro poderia atrasar o projeto do relacionamento entre BC e o Tesouro?

Ilan: Acho que não. Acho que não tem a ver com isso não.

Valor: Agora, você está vendo a janela para aprovar essas questões depois da eleição ou antes?

Ilan: Essas estão andando agora, vamos ver quanto mais da agenda vai poder entrar. Depende da Câmara.

 

Copom debateu possibilidade de corte na Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) debateu a possibilidade de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual no encontro da semana passada em função da inflação baixa e do menor ritmo de crescimento. Mas prevaleceu o entendimento de manutenção em 6,5% ao ano, pois o choque externo promoveu uma mudança no balanço de riscos para a inflação, reduzindo as chances de a inflação ficar abaixo da meta no horizonte relevante, que considera o ano de 2018 e, em maior grau, 2019.

As ponderações estão na ata da reunião, na qual o Copom também acena estabilidade da Selic no patamar atual por um bom tempo, já que está "confortável" com as projeções de inflação, que ainda rodam abaixo das metas de 4,5% para este ano e de 4,25% para o próximo. O documento também enfatiza que não há relação direta e mecânica entra a alta do dólar e a política monetária. E que o BC vai atuar apenas se observar efeitos de segunda ordem na inflação.

Além disso, o Copom lembra que sua reação será simétrica, indicando que pode utilizar as bandas do regime de metas para acomodar eventual choque de oferta antes de mudar a orientação da política monetária. O colegiado presidido por Ilan Goldfajn também debateu os impactos que os ruídos de comunicação poderiam ter sobre os próximos passos da política monetária.

O BC foi bastante criticado nos últimos dias porque, no entendimento do mercado, levou os agentes a se posicionarem por um corte de 0,25 ponto, deixando de acenar de forma mais clara a mudança no balanço de riscos entre as reuniões de março e maio. "Avaliou-se também o fato de que a comunicação recente de membros do Copom parecia ter sido interpretada por parte do público como indicativa de decisão na direção de uma redução adicional da taxa de juros", diz a ata.

"Ao final, prevaleceu o entendimento de que focar na melhor decisão possível dado o conjunto de informações disponíveis no momento resulta, ao longo do tempo, em maior credibilidade para a política monetária." O Copom debateu, ainda, o risco de os analistas entenderem que os juros reagiriam de forma mecânica à recente alta do dólar. "Os membros do comitê entendem que pode haver impactos do choque externo na economia brasileira, mas enfatizaram que é essencial entender que a política monetária não reagirá a esses impactos de forma automática, uma vez que suas implicações para a política monetária dependem da forma como o choque poderá se transmitir às expectativas, às projeções de inflação e ao balanço de riscos", diz a ata.

Dado esse contexto, os membros do Copom afirmaram que o foco será nos impactos secundários sobre a inflação. E que, em um contexto de expectativas ancoradas, esses efeitos tendem a ser mitigados pelo elevado grau de ociosidade na economia. "Os membros do Copom enfatizaram ainda que a sua comunicação deveria reafirmar a atuação da política monetária exclusivamente com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica", diz o documento.

O Copom também reafirma a sinalização de que a Selic deve ficar em 6,5% nas próximas reuniões, refletindo projeções de inflação confortáveis e o atual balanço de riscos. Reforçando esse aceno, o BC também volta a dizer que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. A ata também diz que os membros do colegiado discutiram o grau de repasse cambial na economia.

"Concluíram que a intensidade do repasse depende de vários fatores, como nível de ociosidade da economia e ancoragem das expectativas de inflação. O comitê decidiu acompanhar as diferentes medidas de repasse cambial tanto para a inflação quanto para medidas de inflação subjacente", diz o documento. Com expectativas de inflação ancoradas, eventuais choques que produzam ajustes de preços relativos devem ter apenas seus efeitos secundários combatidos pela política monetária.

Assim, o Copom voltou a afirmar que sua reação a possíveis mudanças de preços relativos será simétrica. Isso quer dizer que a política monetária seguirá os mesmos princípios tanto diante de choques inflacionários, como no caso de um choque externo que produza depreciação cambial, quanto desinflacionários, como no caso de um choque favorável nos preços de alimentos.

Também houve um debate sobre as projeções de inflação. No cenário com taxas de juros e câmbio constantes, antigo cenário de referência, as projeções para 2018 e 2019 encontram-se em torno de 4,0%. "O Copom considera esses níveis confortáveis e, tendo em conta o atual balanço de riscos, julga terem diminuído as chances de a inflação permanecer abaixo da meta no horizonte relevante." Também foi discutido em que medida as trajetórias de preços são compatíveis com a convergência da inflação em direção às metas.

De um lado, há o risco baixista, proveniente da permanência de medidas de inflação subjacente em patamares baixos, ou seja, próximos do piso da meta de 3% ao ano. Por outro lado, permanece a expectativa de que a recuperação da atividade econômica contribua para elevação da inflação subjacente rumo às metas no horizonte relevante. O Copom somou o risco de continuidade da reversão do cenário para emergentes num contexto de frustração das expectativas sobre as reformas e ajustes na economia brasileira.

"O Copom entende que a evolução recente dessas dimensões em conjunto resultou em mitigação do risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas", diz a ata, explicando a manutenção da Selic em 6,5% ao ano. Para o Copom, o cenário externo se tornou mais desafiador. Até março a avaliação era de quadro internacional favorável.

Para o BC, o risco de normalização mais acelerada das taxas de juros em algumas economias avançadas produziu ajustes em preços de ativos e volatilidade nas condições financeiras. Mas o BC volta a afirmar que o Brasil apresenta capacidade de absorver o revés internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos, inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de recuperação econômica.

 

Governo reduz previsão de crescimento em 2018 para 2,5%

Com desempenho da economia brasileira pior que o esperado, o governo reduziu a previsão de crescimento neste ano de 2,97% para 2,5%.

A expectativa do governo, agora, está alinhada com a dos analistas do mercado, que vêm reduzindo suas projeções para a atividade econômica. Segundo a última pesquisa Focus, divulgada nesta segunda-feira (21), a expectativa é de uma alta de 2,5% em 2018.

Ao mesmo tempo, a projeção do governo para o PIB de 2019 subiu de 3% para 3,3%.

"Não vemos razão para esperar menor crescimento à frente. Pelo contrário, estamos elevando crescimento de 2019", disse o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, que defendeu que o investimento está "forte".

O resultado do PIB do primeiro trimestre de 2018 será conhecido no próximo dia 30, de acordo com o calendário do IBGE. Em 2017, depois de dois anos de retração, o país cresceu 1%.

A equipe econômica também decidiu liberar R$ 2 bilhões do Orçamento de 2018.  O valor bloqueado, agora, é de R$ 9,1 bilhões. Considerando esse montante, as despesas da União chegam ao teto de gastos.

"É muito importante a gente ter atingido o teto do gasto, porque vai colocar para o governo, de forma explícita, o que é prioritário. [...] O governo tem que priorizar", afirmou o ministro do Planejamento, Esteves Colnago.

Os maiores valores liberados serão destinados ao PAC (R$ 550 milhões), Ministério da Educação (R$ 400 milhões) e Ministério do Desenvolvimento Social (R$ 180 milhões).

A estimativa de receitas do governo subiu R$ 7,6 bilhões, devido principalmente a leilões de petróleo.

O governo elevou em R$ 14,4 bilhões a previsão de receita com leilão de petróleo. Também houve um aumento de R$ 2 bilhões na receita com exploração de recursos naturais, que reflete o aumento no preço do barril de petróleo.

Na receita previdenciária, contudo, houve uma redução de R$ 1,9 bilhão. "O que afetou foi o crescimento menor da massa salarial [de 5,88% para 5,12%] e os impactos do programa de recuperação rural, que envolve refinanciamento de dívidas rurais", disse a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi.

Ao mesmo tempo, a equipe econômica retirou das previsões para este ano a expectativa de R$ 12,2 bilhões de receita com a capitalização da Eletrobras.

"A previsão para a entrada de recursos de outorga da capitalização da Eletrobras tende a ocorrer no fim do ano ou início do ano que vem. Então fica risco fiscal e decidimos retirar essa receita para não materializar esse risco", explicou Ana Paula Vescovi.

As informações estão no relatório de receitas e despesas do segundo bimestre, divulgado nesta terça-feira (22).

 

EXAME

Bancos reduzem juros para financiar imóveis.

 Depois de a Caixa anunciar, em abril, a redução dos juros cobrados em suas linhas para financiar imóveis, os concorrentes reagiram e passaram a oferecer taxas ainda mais competitivas do que as oferecidas pelo banco público.

De acordo com levantamento do site Canal do Crédito, a taxa efetiva de juros cobrada pela Caixa, de 9% no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e 10% no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), só não é maior atualmente do que a cobrada pelo Banco do Brasil. O banco cobra juros a partir de 10,44% em financiamentos enquadrados no SFH e a partir de 11,34% no SFI.

O SFH financia imóveis de até 800 mil reais em todo o país, exceto Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, onde o limite é de 950 mil reais. Já o SFI financia imóveis cujos valores ficam acima dos limites do SFH.

Após a redução de 0,20 ponto porcentual das taxas nas duas linhas, o Itaú passou a oferecer o menor juros entre os concorrentes: a partir de 8,8% no SFH e 9,3% no SFI. O banco é seguido pelo Bradesco, onde as taxas partem de 8,95% no SFH e 9,45% no SFI. Em terceiro lugar, está o Santander, que oferece juros a partir de 8,99% no SFH e 9,49% no SFI.

 

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