Quarta-feira

VALOR ECONÔMICO

Greve expôs fragilidades, diz Arida

A greve dos caminhoneiros expôs fragilidades e problemas estruturais do país, avaliou Persio Arida, coordenador do programa econômico do pré- candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) e um dos idealizadores do Plano Real. O economista, que participou de evento na Casa do Saber, em São Paulo, explicou que o país vive hoje "um momento de desalento e de descrença nas instituições, [no qual as pessoas pensam] nossos partidos não nos representam, o Congresso não nos representa e o Judiciário não funciona". Segundo Arida, existe uma frustração com a retomada da atividade.

"O cenário de recuperação econômica, que se achava vigorosa, cada dia que passa perde ímpeto e agora todas as previsões estão abaixo de 2% ao ano." Para o coordenador de campanha de Alckmin, "bastou uma pequena virada de vento no exterior, com a subida dos preços do petróleo, para mostrar nossa fragilidade".

O economista listou uma série de exemplos de como o mau planejamento ficou explícito no episódio: uso excessivo de rodovias em lugar de ferrovias, distorções causadas pelo sistema tributário, fábricas em Manaus que têm incetivo tributário, mas a mercadoria vai a Porto Alegre.

Conforme Arida, os governos petistas, com políticas intervencionistas, criaram "uma sobra de caminhões, agravada pelo subsídio do BNDES para produzir caminhões". O economista apontou ainda a falta de competição no sistema de refino de óleo no Brasil. "A Petrobras que é monopolista na prática simplesmente repassa o preço, tem de ter um sistema mínimo de competição e só aí apareceram vários defeitos de infraestrutura", afirmou.

O economista do PSDB também criticou a estratégia de preços implementada pela Petrobras. "A regra diária de reajuste de preços de combustíveis foi uma regra mal pensada." Segundo Arida, se houvesse uma previsibilidade, pelo menos, semanal já ajudaria o setor de transporte a se planejar. Arida também não poupou a reação do governo Michel Temer à crise do transporte. "O governo deixou que a greve bloqueasse as estradas, o Brasil se tornou complacente, bloqueia-se o direito de ir e vir e fica por isso mesmo", disse.

De acordo com o economista, "a decisão de subsidiar o preço do diesel é espantosa, porque então não subsidiar o preço do GLP, que subiu igual e muito mais gente depende dele?" Arida acrescentou ainda que "não bastasse essa confusão o governo tabelou o preço do frete e agora quer impor na marra que a queda do preço anunciada".

 

Dólar dispara e supera os R$ 3,80 apesar de BC reforçar intervenção

O Banco Central fez ontem a maior venda de dólares em mais de um ano - US$ 1,866 bilhão -, e o Tesouro Nacional voltou a dar saída a investidores por meio da compra de títulos públicos. Mas as atuações fracassaram na tentativa de amenizar a pressão tanto no mercado de câmbio quanto no de renda fixa. Para alguns analistas, a dinâmica dos preços já leva a crer que o Brasil poderá não escapar da necessidade de subir os juros, a exemplo de outros emergentes recentemente no centro da volatilidade global - Argentina e Turquia. A despeito da pressão sobre o câmbio, o BC decidiu manter para esta quartafeira o padrão recente dos leilões de swap cambial.

A autoridade monetária manterá a oferta líquida de 15 mil contratos de swap cambial (US$ 750 milhões). E também fará leilão de rolagem, que continua hoje em 8.800 papéis (US$ 440 milhões). Ontem, a moeda americana fechou com valorização de 1,77%, a R$ 3,8097. É o maior patamar para um encerramento desde 2 de março de 2016 (R$ 3,8886).

"Achei ruim o fato de o BC não ter colocado todo o swap [oferecido ontem] e não ter aumentado a oferta [para hoje]", afirma o estrategista de um banco em Nova York, para quem, sem um alento do exterior, o dólar voltará a subir nesta sessão. O pregão ontem já dava sinais de que seria de pressão sobre o real, uma vez que pares da moeda brasileira exibiam perdas relevantes lá fora.

Mas no fim da manhã o dólar intensificou os ganhos de forma repentina, rompendo a barreira dos R$ 3,80. Com isso, o BC anunciou, pela primeira vez em quase 13 meses, atuações discricionárias via contratos de swap. Além da operação já prevista para antes das 10h (na qual colocou US$ 750 milhões), o BC fez leilão de até US$ 1,5 bilhão em novos contratos de swap cambial, dos quais vendeu US$ 811 milhões. Logo em seguida, anunciou uma segunda operação extraordinária, ofertando os US$ 690 milhões não vendidos na primeira operação. No segundo leilão, colocou US$ 306 milhões.

No total, o BC injetou, apenas ontem, US$ 1,866 bilhão no sistema. É a maior venda líquida de dólares em apenas um pregão desde 23 de maio do ano passado, quando o BC colocou US$ 2 bilhões. Na ocasião, o mercado se ajustava aos efeitos das delações de executivos da JBS, que afetaram o governo de Michel Temer e fizeram o dólar disparar quase 10% em apenas um pregão. Porém, as atuações do BC despertaram críticas de parte dos agentes, o que ajuda a explicar a retomada da alta do dólar até o fim do pregão.

Analistas classificou o "modus operandi" do BC como "equivocado". O argumento principal é que a autoridade monetária decidiu gastar mais munição com o câmbio num momento em que o dólar subia em todo o mundo, tendência contra a qual o BC não deveria brigar. "Entendo que o papel da autoridade monetária seja de suavizar os movimentos no câmbio... Contudo, acredito que, neste caso, a atuação do BC possa estar equivocada", diz o gestor de um fundo multimercado.

Segundo ele, a antecipação de uma postura mais "agressiva" da parte do BC pode, até mesmo acelerar o movimento de depreciação do real. "Naturalmente, a próxima etapa seria [ou está sendo] o mercado começar a questionar os próximos passos de política monetária, começando a acreditar em uma potencial alta de juros para conter o movimento do dólar."

"Até pelo forte movimento dos DIs mais curtos, o BC será forçado a elevar os juros ainda neste ano, contendo esse movimento de piora", diz Luis Laudisio, operador da Renascença. Ele lembra que o próprio BC tem dito em comunicações oficiais que o juro atual está abaixo do patamar tido como estrutural. "Estamos longe da eleição, e o real parece sofrer um ataque especulativo, como foi o caso de Turquia e Argentina, guardando as devidas proporções. Pode ser mesmo que o BC seja forçado a dar uma calibrada no juro", acrescenta o operador.

Para se ter ideia do grau de ajuste pelo qual o mercado de juros e as precificações para a Selic têm passado, apenas ontem o CDI médio embutido nos contratos de DI para o primeiro trimestre de 2019 saltou 109 pontosbase, saindo de 7,24% ao ano na segunda-feira para 8,34% na terça. Em outras palavras, os contratos de juros da B3 indicam alta de quase 200 pontos-base da Selic de hoje até o primeiro trimestre do ano que vem.

O juro básico está atualmente em 6,50% ao ano. Mas, para uma ala do mercado, o movimento de piora dos ativos já parece excessivo. Essa visão é compartilhada pelo sócio da Mauá Capital e ex-diretor de política monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo. "O mercado estava muito mal posicionado e a decisão do BC de interromper o ciclo de corte de juros deu uma chacoalhada", explica. Para ele, o dólar a R$ 3,80 "já precifica que o pior [na eleição] já aconteceu, mas é cedo demais para isso".

O ex-diretor acredita que a atuação do BC e do Tesouro estão corretas, mas admite que a intervenção do Tesouro pode ser considerada muito "paulatina" e isso ajuda a explicar a demora no alívio das taxas longas. Mas, no caso do BC, que reforçou a quantidade de oferta de swaps cambiais ontem, Figueiredo acredita que o mercado está "subestimando" a quantidade já ofertada. "Uma hora essa dinâmica será quebrada, cedo ou tarde. Mas não parece que esteja longe disso acontecer."

 

Indicadores de inflação já refletem impacto da greve

Os efeitos da greve dos caminhoneiros já apareceram na inflação. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe de maio acelerou para 0,19% em maio, após deflação de 0,03% em abril, puxado por uma alta expressiva nas cotações dos alimentos in natura e nos combustíveis na última quadrissemana do mês.

O impacto da paralisação também dever ser sentido no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que será divulgado amanhã pela Fundação Getulio Vargas (FGV), e também no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a ser conhecido na sextafeira.

O IGP-DI pode trazer uma leitura mais clara dos efeitos da greve, já que captura a alta dos preços no atacado, mais rápida e mais intensa do que no varejo, diz o Santander. O banco estima 0,25% para o IPCA e 1,3% para o IGP-DI, ambos de maio, e, no acumulado em 12 meses, 2,71% e 4,8%, respectivamente.

A pressão inflacionária deve continuar em junho, mas boa parte da alta deve ser devolvida em julho, diz o banco. No IPC-Fipe, só o grupo alimentação acelerou de 0,07% para 0,62% entre a terceira e a última quadrissemana do mês passado. Apesar da relativa normalização do abastecimento com o fim da paralisação, as pressões inflacionárias nos alimentos ainda devem ser sentidas nas próximas semanas, segundo Guilherme Moreira, coordenador do IPCFipe. "Em alguns segmentos, como o de aves, o impacto foi a desarticulação da cadeia, o que vai gerar uma pressão de custos ao longo de junho."

Para o IPCA, indicador oficial de inflação, a estimativa média de 25 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data é de aceleração para 0,30% em maio, de 0,22% em abril. Em 12 meses, a taxa deverá ser de 2,78%, ainda abaixo do piso da meta de inflação, de 3%. O desabastecimento de alimentos por causa da paralisação dos caminhoneiros pressionou a inflação no fim de maio, com potencial de estender parte desse efeito até junho, avaliam economistas.

O movimento ajudou a reajustar para cima toda a composição do IPCA, mas sem alterar a trajetória ainda comportada dos preços em 2018. Nos últimos dias, bancos e consultorias reviram suas projeções para a inflação, incorporando os desdobramentos do fim de maio. Fabio Romão, economista da LCA Consultores, elevou a expectativa de alta do IPCA no mês passado de 0,20% para 0,30%, enquanto a projeção em 12 meses passou de 2,65% para 2,75%.

Com isso, os números para junho, um mês que já vai concentrar reajustes de preços administrados, também passaram a refletir esse cenário mais pressionado. "Mesmo faltando pouco para o fim do mês, o número de maio foi comprometido pela intensidade dos reajustes dos alimentos in natura", afirma Romão, destacando as pressões em tubérculos, legumes, frutas e hortaliças.

O economista destaca que, apesar da expectativa de recuo dos preços à medida em que o abastecimento se normalize, o impacto da paralisação deve se estender até pelo menos o IPCA fechado deste mês, com provável pico no IPCA-15. Em alguns setores de ciclo mais longo, como o de aves, as perdas vão demorar mais para serem recuperadas. "Existe uma pressão por conta dos prejuízos da greve e tudo aquilo que foi desperdiçado. Uma parte disso deve ser traduzida na manutenção de preços um pouco mais altos do que aqueles observados antes da greve", afirma André Braz, economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV.

Mas a fraqueza da economia vai atuar na direção oposta, limitando o reajuste dos preços ao consumidor. "Um dos motivos para não ter revisto o IPCA do ano é que uma atividade mais enfraquecida dificulta o repasse de custos", afirma Romão, da LCA, que manteve a previsão para o IPCA ao fim de 2018 em 3,6%.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

Cresce aposta de alta da Selic na próxima reunião do Copom em junho

A aversão ao risco nos mercados domésticos cresceu ao longo da tarde desta terça-feira, 05, levando os juros a ampliarem a alta, enquanto o dólar também acelerava os ganhos ante o real e a Bolsa batia mínimas. O dólar na casa dos R$ 3,80 ajudou a impulsionar as apostas de alta da Selic no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) em junho, que já aparecem nas curvas de juros com mais de 50% de probabilidade. A Selic está em 6,50% e a sinalização do Banco Central tem sido a de que a taxa ficará estável por muitos meses.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiu de 11,35% para 11,80% no fechamento da sessão regular desta terça. A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou na máxima de 10,95% (10,57% na segunda-feira) e a do DI para janeiro de 2021 encerrou na máxima de 9,05%, de 8,76% na segunda-feira. O DI para janeiro de 2019 avançou de 6,712% para 6,900% e para janeiro de 2020 foi de 7,62% para 7,89%.

Profissionais já avisavam que a melhora vista anteontem nos ativos não se sustentaria. É longa a lista de fatores negativos: receios de agravamento da crise fiscal após a crise dos combustíveis, possibilidade de mudança na política de reajuste de preços da gasolina, fortalecimento de candidatos com perfil heterodoxo nas pesquisas de intenção de voto para presidente e temor de aumento da ingerência política na área econômica.

Na queda de braço dentro do governo e que já resultou na saída de Pedro Parente da presidência da Petrobrás, o mercado desconfia que a equipe econômica pode ficar enfraquecida e, por isso, adiciona prêmio à curva de juros. Entre os temores do investidor, está a dúvida sobre quem vai pagar a conta dos subsídios ao diesel.

O mercado também piorou à medida em que os leilões extraordinários de contratos de swap cambial do Banco Central no começo da tarde não foram capazes de aplacar a trajetória ascendente da moeda americana. “O dólar ignorou a intervenção e o mercado foi para cima. O DI reagiu, com a leitura de que o nível do dólar pode ser uma preocupação para o BC na inflação”, disse um gestor.

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