Sexta-feira

VALOR ECONÔMICO

BC reage a pânico e garante liquidez para acalmar mercado

O mercado financeiro teve um dia de pânico ontem, numa dinâmica que trouxe à memória a forte instabilidade vivida em 2002. No pior momento, o dólar se aproximou de R$ 4 e as taxas de juros futuros alcançaram níveis que forçaram a B3 a ampliar os limites de oscilação. O Ibovespa chegou a mergulhar mais de 6% e perder quase 5 mil pontos. Tamanho estresse forçou o Banco Central a vir a público para tentar acalmar o mercado.

Em entrevista convocada no início da noite de ontem, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, anunciou que, até o fim da semana que vem, vai ofertar mais US$ 20 bilhões em swaps cambiais adicionais. Ele disse que está disposto a usar o instrumento que for necessário - reservas, leilões de linhas e swaps - para fazer frente à instabilidade do mercado, inclusive dizendo que o estoque de swaps pode ir além dos US$ 110 bilhões alcançados em 2015. A afirmação, porém, acabou gerando dúvidas entre analistas, já que o BC programou para hoje os mesmos 15 mil contratos que vem disponibilizando diariamente.

Ainda assim, a expectativa é que a demonstração de que o BC está atento e disposto a agir pode contribuir para dar algum alívio ao mercado, na opinião de especialistas. Contratos de real negociados nos Estados Unidos já indicavam, na noite de ontem, uma recuperação da moeda brasileira, que operava em alta de 2,5% ante o dólar. Apenas ontem, o BC despejou no mercado US$ 2,75 bilhões. Mas a forte injeção de liquidez mais uma vez não impediu que o real figurasse entre as piores divisas no mundo. E o clima de incerteza que dominou os mercados deu margem para todo tipo de especulação e rumor.

O receio de que o BC tenha que recorrer a um aumento de juro para conter a desvalorização do câmbio impactou os preços e a curva de juros encerrou o dia embutindo a probabilidade de uma alta de 0,50 ponto percentual da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do dia 20 de junho.

No pior momento do dia, as taxas chegaram a precificar uma elevação de 0,75 ponto, o que gerou rumores de que o BC iria convocar uma reunião extraordinária para elevar a Selic. Isso, a despeito do entendimento de que não há fuga de capital por trás do movimento do mercado, o que tornaria um aumento de juro um instrumento inadequado.

Na entrevista, o presidente do BC voltou a reiterar que não vai usar o juro para controlar o câmbio. E minimizou o possível impacto da última decisão do Copom que deixou inalterada a Selic, enquanto o mercado apostava em redução, levantando dúvidas sobre a efetividade da comunicação da autoridade monetária com o mercado. "Não me parece o ponto mais relevante [discutir impacto da última decisão do Copom]. Muitos consideram a decisão acertada; tem sempre que avaliar como as condições mudaram, inclusive na reunião do Copom", disse.

O fato de o mercado colocar suas fichas num cenário como esse indica o nível de desconfiança em relação às orientações do Banco Central. "A apreensão aumenta ainda mais porque as pessoas veem o que a Turquia fez [ontem]", diz um operador, referindo-se à inesperada alta de juros promovida pelo BC turco. Ainda falta muito para o BC subir juros, diz um economista de um banco. Contudo, um fracasso na tentativa de estabilizar o dólar abaixo de R$ 4 e uma alta da moeda para a faixa de R$ 4,20 deixariam poucas opções a não ser apertar a política monetária. "O fato é que o Brasil passou a oferecer mais risco com menos retorno. E isso explica o porquê da piora relativa dos ativos do país não apenas agora, mas nos últimos meses", diz.

Zeragem de posições foi a expressão de ordem do dia, puxadas por uma onda de "stop-loss" de investidores que buscavam de forma desesperada saída para as posições prefixadas e em bolsa. Tal movimento bateu em cheio na taxa de câmbio, com empresas e investidores correndo para os mercados de derivativos e a termo. "Houve euforia no começo do ano. O mercado foi de certa forma leniente com os riscos. Todo mundo foi na mesma direção. E agora todo mundo quer sair ao mesmo tempo", diz o economista.

"Esse ajuste é normal, na medida do possível, e vai durar algum tempo." Na avaliação de Anderson Godoi, superintendente-executivo da tesouraria do Banco MUFG Brasil, há fundos locais e estrangeiros comprando dólar, e empresas buscando hedge. Segundo ele, é difícil dizer se o movimento de "stop" vai continuar. Mas, se por um lado os fundamentos da economia são "muito diferentes" de 2002, hoje o mercado demonstra desconforto sobre o futuro das reformas.

Depois de fechar a R$ 3,8371 na quarta, o dólar disparou ontem, alcançando, na máxima, R$ 3,9674. No fechamento, a alta foi de 2,25%, para R$ 3,9233 - ainda assim, o patamar mais alto desde 1º de março de 2016 (R$ 3,94375). O dólar já sobe 4,20% nesta semana, 5,02% em junho, 18,40% no ano e 19,86% em 12 meses. O estresse nos ativos domésticos decorre de uma combinação de fatores.

Além do exterior arisco para emergentes, aqui há um misto de desânimo com as perspectivas eleitorais, falta de confiança no ajuste fiscal e ceticismo com o "modus operandi" do BC e do Tesouro Nacional para acalmar os ânimos dos investidores.

Para a Icatu Vanguarda, é difícil que essas atuações mudem a direção dos mercados, mas podem trazer alguma acomodação e "mais funcionalidade, que de fato se perdeu ao longo desta semana". "Fora uma mudança substancial do cenário externo, apenas uma alteração no quadro político local, que venha a aumentar significativamente a probabilidade de vitória de um candidato liberal e reformista, será capaz de reverter estes movimentos negativos", destaca a casa. Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da consultoria Capital Economics, não descarta a possibilidade de uma nova "explosão" no dólar nos próximos seis meses diante da ansiedade com as eleições.

Para ele, diferentemente de 2015, quando o dólar chegou quase a R$ 4,25, o mercado entendia que o sucessor de Dilma Rousseff após o impeachment, Michel Temer, perseguiria uma agenda econômica mais amigável ao mercado. E isso provavelmente deu suporte ao real nos meses seguintes. "Mas desta vez não há nenhum alento nesse sentido."

 

Ilan descarta usar Selic para conter alta do dólar

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou hoje que não há “relação mecânica” entre a política monetária e a cambial e que a Selic não será usada para controlar a taxa de câmbio. “Política monetária é diferente de política cambial. Não há relação mecânica entre as duas. Ela não será usada para controlar a taxa de câmbio”, disse. Ele relembrou que as decisões do Copom são tomadas nas reuniões, a cada 45 dias.

“Na última reunião, o Copom avaliou como adequada a manutenção da taxa de juros", disse. Segundo ele, na próxima reunião o Comitê analisará o cenário com foco na inflação e levará em consideração eventuais choques na política monetária. De acordo com o presidente do BC, houve uma “mudança relevante” no cenário externo em relação ao apetite de investidores às economias emergentes. “Nós já vínhamos falando que o cenário internacional é benigno mas que em algum momento podia mudar. E de fato observamos nos últimos meses e semanas uma mudança. Essa mudança vem da pressão internacional, da normalização das condições monetárias dos EUA, e isso reverte o fluxo de capital para fora das economias emergentes em direção às avançadas, em especial a dos EUA. Está ocorrendo um choque externo e cada pais tem um componente idiossincrático, particular”, disse.

O presidente do BC ressaltou que, ao contrário de outros emergentes, o Brasil apresenta sólidos fundamentos, como baixo déficit em conta corrente e expectativa de superávit nas transações correntes nos próximos 12 meses. Além disso, o fluxo de Investimento Direto no País (IDP) é de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB), as reservas internacionais são de US$ 382 bilhões – o que corresponderia a mais de 20% do PIB – e a inflação está baixa com expectativas ancoradas.

Ele defendeu que o BC tem atuado no mercado de forma coordenada com o Tesouro, o “que tem dado liquidez ao mercado de juros”. “BC e Tesouro vão continuar fornecendo liquidez enquanto for necessário. O BC vai continuar oferecendo swaps”, disse. O presidente do BC ainda minimizou o possível impacto da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que deixou inalterada a taxa básica de juros (Selic) sendo que o mercado apostava em peso em uma redução - o que levantou dúvidas sobre a efetividade da comunicação da autoridade monetária com o mercado.

“Não me parece o ponto mais relevante [discutir impacto da última decisão do Copom]. Muitos consideram a decisão acertada; tem sempre que avaliar como as condições mudaram, inclusive na reunião do Copom”, disse. Ainda sobre a volatilidade cambial, ele informou que o BC vai ofertar US$ 20 bilhões em swaps adicionais até o fim da semana que vem. E reforçou que o BC tem diferentes instrumentos à disposição para atuar no mercado – como swaps, reservas e leilões de linha.

Ele aproveitou para reforçar a necessidade de reformas. “Há necessidade de o Brasil continuar no processo de reformas e ajustes. Isso é fundamental para que tenhamos inflação baixa, crescimento sustentável e taxas de juros menores à frente. Precisamos manter essa direção”, disse. Reservas Ainda segundo Ilan, não há demanda do mercado por oferta de reservas internacionais. Segundo ele, o fluxo cambial tem sido positivo e o cupom cambial (juro em dólar) também não indica esse tipo de demanda.

Ilan fez os comentários após ser questionado sobre a não utilização das reservas, apesar de pedidos feitos por agentes de mercado. Ilan explicou, ainda, que não há uma ordem para uso dos instrumentos que o BC tem à disposição para intervenções cambiais. De acordo com o presidente do BC, todos os instrumentos são válidos. “Até o momento nossa avaliação é que é necessário prover liquidez via swaps. Se mudar, vamos usar reservas, linhas, o que precisar”, disse.

Ilan também afirmou, mais de uma vez, que a oferta de swaps pode passar das máximas históricas de uso desse instrumento. O estoque de swaps em mercado chegou a passar dos U$ 100 bilhões em 2015. Atualmente o estoque está na casa dos US$ 30 bilhões. O presidente também explicou que o BC só pode fazer esse uso dos swaps, que são instrumento derivativos com liquidação em reais, porque dispõe das reservas internacionais do “outro lado”. As reservas servem de lastro para as operações de swaps.

 

Ativos de emergentes devem sofrer mais perdas, dizem gestores

Os fundamentos podem ser os melhores amigos dos mercados emergentes. No momento, o sentimento dos investidores é seu principal inimigo. O Brasil é um exemplo. O Banco Central (BC) brasileiro tenta conter a desvalorização do real, após a greve dos caminhoneiros e faltando ainda meses para as eleições. A Turquia também realizará eleições e, após a acentuada depreciação da lira, a autoridade monetária surpreendeu ao anunciar ontem a segunda elevação de juro em duas semanas.

Cautela é a postura mais frequente de analistas e gestores de recursos a quem perguntamos se os ativos emergentes já bateram no fundo do poço. Seis dos 11 profissionais entrevistados entre 29 de maio e 6 de junho responderam que ativos de países emergentes - especialmente moedas e títulos de dívida - vão sofrer perdas adicionais à medida que a menor oferta de capital e a força do dólar diminuem a atratividade dos ativos de risco.

Mesmo quem espera recuperação se preocupa com a escalada dos conflitos comerciais ou questões geopolíticas. "Os preços dos ativos de países emergentes ainda estão inadequados e precisam de ajuste adicional para refletirem o ambiente de alta de juros nos EUA", disse Win Thin, estrategista-chefe global para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman. "É provável que os juros nos EUA voltem a subir, ajudando na continuação da valorização ampla do dólar."

Apesar de os BCs da Índia e da Indonésia terem feito ações na mesma direção nas últimas semanas, apenas a situação da Argentina tem similaridade com a da Turquia - embora a pressão sobre as moedas seja generalizada nos mercados emergentes. O BC da Turquia decidiu elevar ontem sua taxa de recompra de uma semana, referência de juros no país, em 1,25 ponto percentual, para 17,75%, em nova iniciativa para dar sustentação à lira e tentar conter a inflação. O aumento ocorre em meio a declarações do líder turco, Recep Tayyip Erdogan, condenando os juros altos como "a mãe e o pai de todo o mal".

Após a decisão do BC, a moeda turca ganhou fôlego e chegou a subir 2%, para fechar a 4,484 liras por dólar. O BC da Turquia afirmou que continuará a usar todas as ferramentas de política monetária para estabilizar os preços, e que manterá a abordagem restritiva até que a perspectiva para a inflação melhore. Para Jean-Louis Nakamura, diretor de investimentos para Ásia-Pacífico da Lombard Odier, em Hong Kong, "antes da crise na Itália, minha opinião pessoal era que o fundo do poço não estava longe. Agora foi reintroduzida uma nova fonte potencial de risco extremo ou sistêmico.

Qualquer abalo nos ativos emergentes seria parte de possíveis episódios de queda disseminada nos preços de ativos de risco devido à crise na Europa. Não seria mais um choque específico aos emergentes, como vimos em abril e maio". William Hobbs, estrategista-chefe de investimentos da divisão de gestão de fortunas do Barclays, em Londres, diz que "há evidências de que o consumidor americano começou a gastar um pouco do que economizou com o corte de impostos.

Esta é uma das principais fontes de demanda para os países emergentes. Eu diria que o comércio internacional vai relativamente bem de saúde. Excluindo Turquia e Argentina, que têm problemas gerados internamente e aparentam vulnerabilidade, os países emergentes da Ásia parecem saudáveis, em sua maioria. Eu diria que a queda cessou, por ora". Na opinião de Kathleen Gaffney, gestora de renda fixa da Eaton Vance Management em Boston, o movimento ainda não acabou.

"O mercado está preocupado com a recente desaceleração de Europa e Japão, com o ruído em torno de uma guerra comercial, além de riscos políticos. O dólar seguirá forte enquanto o crescimento sincronizado for questionado e isso continuará prejudicando os papéis de mercados emergentes."

Dwyfor Evans, estrategista-chefe de macroeconomia para Ásia-Pacífico da State Street Global Markets, em Hong Kong, diz: "O ambiente externo deixou de oferecer suporte aos ativos de risco, devido a diversos fatores, como viés em favor de ativos seguros, aumento da volatilidade e ameaças de fuga de capital. Por si só, rendimentos mais altos nos EUA são administráveis pelos mercados emergentes, mas rendimentos maiores e o dólar mais apreciado quase sempre indicam estresse nos ativos de países emergentes. A isso se soma a evidente redução das posições de risco com a intensificação dos riscos políticos."

"Turquia, Argentina e Indonésia tomaram medidas extraordinárias para defender seus mercados locais. Existem vulnerabilidades em outras partes e, ainda que o contágio seja administrável neste momento, as rachaduras e focos de estresse nos emergentes estão mais evidentes", diz.

 

Disparada do dólar traz eleição de 2002 à memória

Com o dólar se aproximando dos R$ 4,00 e a disparada dos juros de longo prazo, é inevitável que o mercado lembre do que foi o ano de 2002, marcado por uma das mais turbulentas eleições da história do país. À época, o receio de que um candidato de esquerda ganhasse o pleito e determinasse o calote da dívida externa - a grande fragilidade da economia naquele momento - alimentou uma fuga de investimentos, levando o dólar à máxima de R$ 3,99, e forçou o Tesouro Nacional a rolar a dívida pública com emissões de curtíssimo prazo.

Hoje, os mercados também veem a eleição presidencial marcada para outubro como uma ameaça. Não de um calote, mas de que o presidente eleito não ofereça a solução para o que é o grande nó da economia neste momento: o déficit fiscal que, se não for controlado, ficará insustentável. "Há um claro paralelo entre os dois momentos, uma vez que é a incerteza eleitoral que está por trás da instabilidade", afirma Arminio Fraga, que era presidente do Banco Central em 2002. Para fazer frente à disparada do dólar, Fraga conduziu um ciclo de aperto monetário, que levou a Selic de 18% para 26,5%.

Neste momento, a desvalorização cambial, de 18% no ano, não assusta da mesma forma porque as contas externas estão superavitárias e o país não tem dívida interna atrelada ao dólar. Além disso, o nível de reservas internacionais dá um conforto muito maior ao BC e, consequentemente, ao mercado. Hoje, o país dispõe de mais de US$ 380 bilhões em reservas cambiais.

No melhor momento de 2002, esse colchão de liquidez não chegou a US$ 43 bilhões e caiu US$ 7 bilhões em apenas quatro meses - entre junho e outubro -, em meio às tentativas do Banco Central de conter a disparada do dólar. Mas, a despeito da melhora das contas externas, Arminio considera que a situação do país é ainda mais frágil neste momento do que era em 2002. "Naquele ano, bastaria o novo governo sinalizar com a continuidade da política econômica, porque a economia estava arrumada. Hoje, qualquer governo que chegar terá que ajustar a situação fiscal, recuperar o potencial de crescimento do país", diz.

"O desafio é bem maior porque a máquina do crescimento foi escangalhada pela gestão passada." O estresse dos mercados é um sinal de que essas questões começam a ser incorporadas pelos preços, afirma, mas, nem de perto, está tudo no preço. "Há muita dúvida sobre a disposição dos candidatos que lideram as pesquisas de fazer as reformas necessárias", afirma Luiz Fernando Figueiredo, à época diretor de Política Monetária do BC.

O executivo pondera que, hoje, o que está em questão não é um risco de ruptura, como em 2002. "Ninguém está vindo com ideias de calote. A dúvida é se o plano que os candidatos estão apresentando é o correto e se eles vão conseguir implementá-lo."

Especialistas observam ainda que o nível de volatilidade dos preços visto até aqui ainda está muito distante do que foi visto nos meses que antecederam a eleição do petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Para ter um preço equivalente ao visto naquele ano, o dólar teria que chegar a R$ 7,00", diz o ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e atual assessor da presidência da Fundação Getulio Vargas, Sergio Werlang.

"Não há fuga de capital, nem ataque especulativo." De todo modo, os riscos de uma piora adicional estão colocados. "Se acontecer de os planos desses candidatos não contemplarem os desafios que estão à frente, então o mercado vai piorar", afirma Werlang. O que explica a deterioração agora é uma forte mudança de expectativas para o resultado da eleição.

Ao longo dos últimos meses, o mercado assumiu posições a favor do real, comprou ações e aplicou em juros acreditando que, qualquer que fosse o candidato eleito, ele teria de dar continuidade à agenda de reformas iniciada pelo governo Temer. Isso por causa da urgência do desafio das contas públicas.

Além disso, a recuperação da economia seria um elemento a favor do candidato que abraçasse a bandeira reformista. O que aconteceu é que, no meio do caminho, a economia perdeu ímpeto e a greve dos caminhoneiros mostrou que há um descontentamento com a atual política econômica - quadro que enfraquece o estímulo para que os candidatos mais extremistas, que lideram as pesquisas eleitorais, moderem suas posições. "Não há confiança de que esses candidatos farão o que é bom para o país", explica Werlang.

O foco de tensão hoje são as contas públicas. O déficit nominal em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) era da ordem de 2,5% em meados de 2002. Já em 12 meses até abril de 2018 (último dado do BC), o rombo é de 7,51%. A dívida bruta do governo geral também subiu no período. Nas contas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil encerrou 2001 com dívida bruta de 70,1% do PIB, que aumentou para 78,9% em 2002. Para 2018, a expectativa é que essa proporção salte para 87,3% e alcance 96,3% em 2023. Em todo esse período, a dívida bruta combinada dos países emergentes se mantém em torno de 50% do PIB.

Trabalhando em 2002 na mesa de câmbio do Banco Bilbao Vizcaya, Reginaldo Galhardo diz que a sensação no mercado naquela época era de "terror", já que, para o mercado, a vitória de Lula significaria uma ruptura, à esquerda, em relação à política econômica então vigente. Para ele, os períodos são comparáveis, mas hoje a melhora dos fundamentos externos não deixa margem para um sentimento de "terror", como na época. Ainda assim, ele não descarta a possibilidade de os ativos ingressarem de forma mais duradoura numa espiral negativa.

"Com o atual desenho para as eleições, o que temos ainda é uma incógnita, a exemplo de 2002. E se o mercado não tiver as dúvidas respondidas, não vai poupar nem câmbio, nem juros." Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, o futuro da política econômica ainda vai depender da capacidade de articulação do próximo governo, o que ainda é uma dúvida. O que diferencia o cenário atual de 2002, entretanto, é a maturidade do debate econômico.

"O risco de 2019 não é um colapso nem justifica repetir o ano de 2002, mas há a preocupação de que a economia seja apenas medíocre", diz. Ela destaca, inclusive, que não há um clamor da sociedade por uma grande reversão de políticas econômicas. "As ruas estão vazias e ainda temos uma política econômica responsável, apesar do nervosismo e da turbulência no mercado", acrescenta.

 

Caiu a ficha do mercado, diz Arminio

"Caiu a ficha!", disse o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga. Para ele, o mercado está vendo que os fundamentos mostram o país em uma tremenda dificuldade fiscal e, na política, um leque de candidatos à presidência da República que não anima ninguém. "O cardápio é muito ruim", disse ele ao Valor. Houve uma mudança de humor externo e interno e não é irracional o que está acontecendo no mercado financeiro.

Arminio não vê movimento especulativo contra o real na forte desvalorização da taxa de câmbio das últimas semanas. As mudanças de humor em geral afetam os mais fracos e "a América Latina tem 150 anos de experiência nisso", comentou. "A mudança [de humor do mercado] expôs o nosso quadro, que é muito complicado", assinalou ele, que é um dos sócios da Gávea Investimentos. Os fundamentos externos do país são bons, com as contas do balanço de pagamentos confortáveis. Mas o fiscal é muito ruim. "Se não está quebrado, o governo está vivendo do cheque especial e a dívida cresce em uma bola de neve", alertou o ex-presidente do BC. O futuro político, por sua vez, não traz a menor segurança.

Segundo ele, apesar do conforto nas contas externas, a fragilidade fiscal pode, inclusive, vir a comprometer a conta de capital do balanço de pagamentos. A combinação de contas públicas em estado lamentável com um cenário político repleto de riscos espelha a realidade do Brasil, que precisa de uma correção de rumos.

Esta correção, segundo Arminio, virá em etapas. "A campanha presidencial vai expor a posição dos candidatos em relação a esses enormes desafios, que vão exigir respostas firmes e abrangentes." Essa é uma das etapas e permitirá ao país conhecer melhor as propostas de cada um dos presidenciáveis.

Sobre as declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn em entrevista ontem à noite, depois de um dia de forte estresse nos mercados de juros, de câmbio e de ações, Arminio ponderou que, como participante do mercado, não se sentia confortável para falar com mais detalhes.

Disse, porém, que sua primeira impressão é de que o Banco Central havia começado a intervir cedo no mercado de câmbio, com os leilões de swaps cambiais. O programa de intervenções do BC começou no início de maio e foi em um movimento crescente até que, ontem, Ilan anunciou que as intervenções no mercado de câmbio não terão limites.

Depois da "ração diária" e dos leilões discricionários do BC, Ilan colocou mais US$ 20 bilhões de agora até o fim da próxima semana. E se dispôs a fazer o quanto for necessário, mesmo que isso signifique superar o estoque de swaps cambiais de US$ 110 bilhões da gestão anterior do BC, sob o comando de Alexandre Tombini.

Para Arminio, trata-se de uma intervenção "pesada" que talvez tenha se iniciado de forma "prematura". Essa é uma política que costuma funcionar quando é seguida de outras respostas de política econômica, sobretudo fiscais, que o governo, hoje, não tem condições de dar "No momento não vejo resposta melhor do Banco Central do que manter o seu compromisso com o regime de metas para a inflação", disse ele, completando:

"E reagir aos fatores que influenciam a inflação, inclusive o câmbio que hoje está mascarado por intervenções relevantes". Para o ex-presidente do BC, o Banco Central não deve ter meta para a taxa de câmbio, mas deve reagir com os juros quando as expectativas de inflação assim demandarem.

Arminio esteve no centro do furacão na campanha eleitoral de 2002, quando o país estava em situação inversa: tinha superávit fiscal, mas não tinha reservas cambiais. Com FHC à frente do governo e Lula despontando como o candidato que liderava as pesquisas, foi possível construir uma transição bem menos traumática. Lula fez a "Carta aos Brasileiros" enquanto FHC concluia negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que davam ao país cerca de US$ 30 bilhões em empréstimos. Hoje, não se vislumbra condições para uma interlocução que dê alguma serenidade ao processo de transição de governo.

 

Inflação na meta dispensa alta de juro, diz Mesquita

Com a experiência de ter vivido dentro do Banco Central os impactos da crise financeira internacional de 2008, o economista Mário Mesquita diz que a alta da cotação do dólar para o patamar de R$ 3,90 não justificaria o início de um ciclo de elevação de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom). "Se o Copom fosse se reunir hoje, com as expectativas de inflação que temos agora, com a taxa de câmbio, provavelmente o modelo de projeção de inflação do Banco Central não iria requerer uma elevação da taxa de juros", disse o ex-diretor de política econômica do BC e atual economista-chefe do Itaú Unibanco ao Valor.

Mesquita fez algumas simulações sobre como ficaram as projeções de inflação do BC com a desvalorização cambial. Se o dólar ficar em R$ 4,00 e o repasse da depreciação cambial para os preços for de 7,5%, por exemplo, a inflação projetada para 2019 ficaria em 4,5%. Ele nota que, nesse percentual, a inflação não estaria muito distante da meta definida para o ano, de 4,25%.

Na entrevista, Mesquita argumenta que há diferenças importantes entre o Brasil e países que foram forçados a subir os juros fortemente nos últimos dias, como Turquia e Argentina. Também argumenta que, apesar da frágil situação fiscal do Brasil, não há motivos para supor que o sistema de metas de inflação não vá funcionar e que seja necessário subir os juros para tentar controlar o câmbio.

Ele diferencia a situação atual da crise da primeira eleição de Lula, em 2002. "Aquela foi a primeira transição de poder de um partido político para o outro depois da adoção do regime de metas." Apesar dos receios, argumenta, o regime foi mantido.

Valor: O BC terá que subir os juros agora que o dólar chegou ao patamar de R$ 3,90?

Mário Mesquita: Não. Temos um regime de política monetária muito claro, que é o regime de metas. Nele, as decisões do Banco Central são tomadas para fazer a inflação convergir para a trajetória de metas. O câmbio é um determinante da inflação, mas não o único, nem necessariamente o mais importante.

Valor: Estaria completamente descartado um aperto do juros?

Mesquita: Uma resposta de política monetária pode acontecer. O regime de metas tem ciclos, a gente já viu isso antes. Mas a resposta só se faz necessária quando as expectativas de inflação e a trajetória de inflação projetada pelo Banco Central divergem das metas. Por ora, a gente não vê isso, mesmo com o câmbio nessa faixa atual de R$ 3,90. É claro que o repasse cambial vai depender de vários fatores, como por exemplo o grau de ociosidade da economia e a ancoragem das expectativas. Mas, tendo em vista a situação atual, não vejo nesse momento a necessidade de subir a taxa de juros. Poderia fazer sentido num regime de meta cambial, não em um regime de meta para a inflação.

Valor: Qual é, no seu entendimento, a sinalização do BC para as próximas reuniões do Copom e qual é a sua validade nas circunstâncias atuais?

Mesquita: O Banco Central tem sinalizado, de forma muito insistente, que não há uma relação automática, mecânica, entre a taxa de câmbio e a taxa de juros. A taxa de câmbio é, sim, algo que o Banco Central monitora, e ele está olhando. Vai olhar como vão evoluir as expectativas de inflação também, outros determinantes, o hiato do produto. Vai colocar tudo isso numa projeção de inflação e vai tomar a decisão. Acho que essa é a comunicação que eles têm passado e acredito que ela vai continuar.

Valor: E como essas projeções de inflação estão evoluindo?

Mesquita: Observe que, no momento em que temos a depreciação cambial, que terá um efeito inflacionário, também temos uma onda de revisões para baixo nas expectativas de crescimento do PIB para este ano e para o ano que vem. Isso significa uma economia atuando com maior ociosidade, ou pelo menos ocupando essa ociosidade de forma mais lenta. Quando se coloca esse tipo de trajetória mais lenta de retomada da atividade econômica num modelo de projeção de inflação, isso joga a projeção de inflação para baixo. Há fatores importantes atuando em direções contrárias, e o Banco Central tem sinalizado que vai pesar isso tudo para tomar a decisão de política monetária.

Valor: Se as projeções de inflação do BC passarem do centro da meta, seria um gatilho para o Banco Central subir os juros?

Mesquita: Acho que o Banco Central vai monitorar o comportamento das medidas de núcleo de inflação, que são aqueles que já começam a capturar algum movimento secundário da depreciação cambial nos preços. E vai monitorar, em especial, as expectativas de inflação. Se as expectativas de inflação, num horizonte mais relevante da política monetária, de 18 a 24 meses, começarem a mostrar um desvio em relação à trajetória de metas, isso é algo que vai entrar no modelo do BC. Poderá ocasionar uma deterioração nas próprias projeções do Banco Central e poderá suscitar uma resposta de política monetária. Mas, de novo, não é uma transmissão automática de câmbio para juros.

Valor: Quais são os fatores de risco que podem afetar as expectativas de inflação?

Mesquita: O próprio movimento do câmbio pode suscitar alguma mudança nas expectativas. Às vezes, as expectativas reagem à inflação corrente. Mas, por hora, as expectativas estão ancoradas. Tudo o que falei é sempre tomando a fotografia dos dados de hoje. Se o Copom fosse se reunir hoje, com as expectativas onde estão hoje, com a taxa de câmbio, provavelmente o modelo dele não iria requerer elevação da taxa de juros. Então, dependendo da evolução das expectativas, podemos evoluir para um lado ou para o outro. Uma questão a ser avaliada é qual é o desvio em relação à meta aceitável para o Banco Central. O BC tem trabalhado com a inflação abaixo da meta. Ele manteve a taxa de juros com a inflação abaixo da meta, mas esperando que ela convirja para a meta. A gente terá que ver isso ao longo do tempo.

Valor: Qual é a sua estimativa do impacto do dólar na inflação projetada pelo Banco Central?

Mesquita: Nossa estimativa é que o repasse cambial é de 7,5%. Não é uma das estimativas mais baixas do mercado. Tem gente que trabalha com 5%.

Valor: Qual seria a projeção de inflação para 2019 com o dólar na casa dos R$ 3,90?

Mesquita: Fizemos alguns exercícios que podem dar alguma ideia do impacto, um supondo o dólar a R$ 3,75 e outro com o dólar a R$ 3,90. Suponha, primeiro, que o dólar fique em R$ 3,75. Se o coeficiente de repasse do câmbio à inflação for de 5%, a inflação projetada para 2019 é de 4%. Se o coeficiente de repasse for de 7,5%, como hoje achamos mais provável, a inflação seria de 4,2%. Se o coeficiente for de 10%, o que está para o lado mais pessimista tendo em vista os estudos empíricos recentes que conheço, a inflação ficaria em 4,4%. Agora, suponha um outro cenário em que o dólar fique em R$ 4,00. A inflação ficaria em 4,2%, supondo um repasse de 5%; em 4,5%, supondo um repasse de 7,5%; e em 4,8%, supondo um repasse de 10%. Em todas as situações a inflação ficaria abaixo de 5%. Usando o coeficiente de repasse cambial de 7,5%, que nós adotamos, ficaria em 4,5% mesmo com o dólar a R$ 4,00. Nesse caso, ficaria próximo da meta, que é de 4,25%. Não me parece, dada a incerteza toda em torno desses cenários, um movimento que justificaria a adoção de um ciclo de elevação de juros pelo Copom.

Valor: Por que o mercado precifica chances tão grandes de uma alta de juros neste mês?

Mesquita: Os relatos que tenho ouvido indicam um mercado com liquidez relativamente baixa. A formação de preços tende a ser distorcida porque um volume pequeno de negócios afeta os preços de forma exagerada. Não há nenhum compromisso formal do Banco Central de fazer aquilo que está na curva de juros. Inclusive, na reunião anterior do Copom, se você olhar o que estava implícito nos preços dos ativos, era mais para fazer um corte adicional do que para deixar a taxa de juros parada. Já houve episódios semelhantes no passado. Não subscrevo aquela teoria de que, se está na curva de juros, o Banco Central tem que fazer. Ao contrário, a comunicação e a ação do BC é que devem nortear o mercado.

Valor: Há algo em comum com a Turquia e a Argentina que nos faça também ter que subir os juros?

Mesquita: Estamos falando de taxas de inflação bem mais elevadas nesses países. No Brasil, hoje está em 2,9%; na Argentina, em torno de 25%; e, na Turquia, de 12%. O importante para a decisão do Banco Central é a inflação esperada para daqui a 18 meses, 24 meses. Como disse, as simulações que a gente faz aqui tentando replicar o modelo do Banco Central não sugerem uma inflação muito descolada da trajetória das metas com a taxa de câmbio onde ela está hoje. Além disso, na Turquia, o déficit em conta corrente é de quase 6% do Produto Interno Bruto (PIB). No caso da Argentina, quase 5% do PIB. No Brasil, de 0,5% do PIB. As reservas internacionais do Brasil estão em torno de 10% do PIB, em cerca de 5% na Argentina e menos de 4% do PIB na Turquia. Parece-me que há grandes diferenças.

Valor: Qual é o ponto fraco do Brasil?

Mesquita: Onde existe vulnerabilidade no Brasil, sem dúvida, é na questão fiscal. Parte dessa piora nos ativos brasileiros que temos visto está relacionada com o contexto internacional, mas parte se deve também ao aumento das dúvidas que os investidores têm sobre como vai ser encaminhada a agenda de reformas a partir de 2019. Temos, sim, uma vulnerabilidade fiscal. Mas do lado de setor externo temos uma situação consideravelmente mais robusta que a Argentina ou a Turquia.

Valor: Com a má situação fiscal, o Brasil pode se dar ao luxo de empregar o sistema de metas ou teria que subir os juros para segurar a taxa de câmbio?

Mesquita: O Brasil tem esse problema fiscal há muito tempo. Já teve com taxas de juros mais altas ou com taxas de juros mais baixas. Não vejo uma situação de dominância fiscal que nos impeça de ter um regime de metas. Aliás, o regime de metas tem sido relativamente bem-sucedido. Pode-se argumentar que a política fiscal e o sistema de crédito direcionado do Brasil forçam o Banco Central, historicamente, trabalhar com uma taxa de política monetária em média mais alta que em outros países. Com isso eu concordo. Daí não se segue, necessariamente, a conclusão de que agora precise subir a taxa de juros para segurar a taxa de câmbio. De novo, subir a taxa de juros para segurar a taxa de câmbio é outro regime. Não estou dizendo que altas de juros não podem vir a ser necessárias. Isso depende de como vão evoluir as projeções de inflação do próprio BC. Só acho que não é apropriado, num regime de meta de inflação, usar os juros para segurar o câmbio.

Valor: A crise atual é igual a de 2002, quando o Banco Central tinha credibilidade mas perdeu o pulso das expectativas devido às incertezas eleitorais?

Mesquita: Em 2002, havia uma dúvida sobre o regime de metas para inflação que acredito que não existe hoje. Aquela foi a primeira transição de poder de um partido político para o outro depois da adoção do regime de metas. O regime estava no seu início. Agora, vai completar 20 anos, posturas diferentes em vários aspectos da política econômica. Uma coisa que não mudou desde 1999 foi o regime de metas de inflação. O mais provável é a hipótese de que ele continue no seu lugar, e isso ajuda a tarefa do atual Banco Central.

 

Ativos de emergentes devem sofrer mais perdas, dizem gestores

Os fundamentos podem ser os melhores amigos dos mercados emergentes. No momento, o sentimento dos investidores é seu principal inimigo. O Brasil é um exemplo. O Banco Central (BC) brasileiro tenta conter a desvalorização do real, após a greve dos caminhoneiros e faltando ainda meses para as eleições.

A Turquia também realizará eleições e, após a acentuada depreciação da lira, a autoridade monetária surpreendeu ao anunciar ontem a segunda elevação de juro em duas semanas. Cautela é a postura mais frequente de analistas e gestores de recursos a quem perguntamos se os ativos emergentes já bateram no fundo do poço.

Seis dos 11 profissionais entrevistados entre 29 de maio e 6 de junho responderam que ativos de países emergentes - especialmente moedas e títulos de dívida - vão sofrer perdas adicionais à medida que a menor oferta de capital e a força do dólar diminuem a atratividade dos ativos de risco. Mesmo quem espera recuperação se preocupa com a escalada dos conflitos comerciais ou questões geopolíticas.

"Os preços dos ativos de países emergentes ainda estão inadequados e precisam de ajuste adicional para refletirem o ambiente de alta de juros nos EUA", disse Win Thin, estrategista-chefe global para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman. "É provável que os juros nos EUA voltem a subir, ajudando na continuação da valorização ampla do dólar." Apesar de os BCs da Índia e da Indonésia terem feito ações na mesma direção nas últimas semanas, apenas a situação da Argentina tem similaridade com a da Turquia - embora a pressão sobre as moedas seja generalizada nos mercados emergentes.

O BC da Turquia decidiu elevar ontem sua taxa de recompra de uma semana, referência de juros no país, em 1,25 ponto percentual, para 17,75%, em nova iniciativa para dar sustentação à lira e tentar conter a inflação. O aumento ocorre em meio a declarações do líder turco, Recep Tayyip Erdogan, condenando os juros altos como "a mãe e o pai de todo o mal".

Após a decisão do BC, a moeda turca ganhou fôlego e chegou a subir 2%, para fechar a 4,484 liras por dólar. O BC da Turquia afirmou que continuará a usar todas as ferramentas de política monetária para estabilizar os preços, e que manterá a abordagem restritiva até que a perspectiva para a inflação melhore.

Para Jean-Louis Nakamura, diretor de investimentos para Ásia-Pacífico da Lombard Odier, em Hong Kong, "antes da crise na Itália, minha opinião pessoal era que o fundo do poço não estava longe. Agora foi reintroduzida uma nova fonte potencial de risco extremo ou sistêmico. Qualquer abalo nos ativos emergentes seria parte de possíveis episódios de queda disseminada nos preços de ativos de risco devido à crise na Europa. Não seria mais um choque específico aos emergentes, como vimos em abril e maio".

William Hobbs, estrategista-chefe de investimentos da divisão de gestão de fortunas do Barclays, em Londres, diz que "há evidências de que o consumidor americano começou a gastar um pouco do que economizou com o corte de impostos. Esta é uma das principais fontes de demanda para os países emergentes. Eu diria que o comércio internacional vai relativamente bem de saúde. Excluindo Turquia e Argentina, que têm problemas gerados internamente e aparentam vulnerabilidade, os países emergentes da Ásia parecem saudáveis, em sua maioria. Eu diria que a queda cessou, por ora".

Na opinião de Kathleen Gaffney, gestora de renda fixa da Eaton Vance Management em Boston, o movimento ainda não acabou. "O mercado está preocupado com a recente desaceleração de Europa e Japão, com o ruído em torno de uma guerra comercial, além de riscos políticos. O dólar seguirá forte enquanto o crescimento sincronizado for questionado e isso continuará prejudicando os papéis de mercados emergentes."

Dwyfor Evans, estrategista-chefe de macroeconomia para Ásia-Pacífico da State Street Global Markets, em Hong Kong, diz: "O ambiente externo deixou de oferecer suporte aos ativos de risco, devido a diversos fatores, como viés em favor de ativos seguros, aumento da volatilidade e ameaças de fuga de capital. Por si só, rendimentos mais altos nos EUA são administráveis pelos mercados emergentes, mas rendimentos maiores e o dólar mais apreciado quase sempre indicam estresse nos ativos de países emergentes. A isso se soma a evidente redução das posições de risco com a intensificação dos riscos políticos." "Turquia, Argentina e Indonésia tomaram medidas extraordinárias para defender seus mercados locais. Existem vulnerabilidades em outras partes e, ainda que o contágio seja administrável neste momento, as rachaduras e focos de estresse nos emergentes estão mais evidentes", diz.

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Eleições e caminhoneiros azedam de vez relação de investidores estrangeiros com o Brasil

A complacência dos investidores com o Brasil chegou ao fim. Ou, como resumiu o banco americano JP Morgan em relatório sobre o país publicado nesta quinta-feira (7), o Brasil não está mais no Kansas.

A referência ao clássico “O Mágico de Oz”, em que a protagonista Dorothy é sugada de sua casa, no Kansas (EUA), por um tornado e atirada na desconhecida terra de Oz, não poderia sintetizar melhor as últimas semanas no mercado financeiro brasileiro.

Desde que o governo cedeu aos apelos dos caminhoneiros e empresários e decidiu intervir na elogiada política de repasse de preçospraticada pela Petrobras, os investidores decidiram que era hora de rever o risco atribuído ao Brasil –para pior.

O CDS, termômetro do risco-país, atingiu 254,2 pontos nesta quinta, maior nível desde maio de 2017. O dólar, ativo ao qual investidores correm em busca de segurança, encostou em R$ 3,93, e a Bolsa fechou abaixo dos 74 mil pontos.

A perda de confiança no governo ocorre ao mesmo tempo de uma piora global do cenário para ativos emergentes e em meio a uma recuperação da economia americana que causou o fortalecimento do dólar em relação às principais divisas emergentes.

Preocupações com aumento do protecionismo e com conflitos geopolíticos também pesaram.

Nenhum desses fatores, porém, influenciou tanto a revisão do risco-país como a mudança no cenário eleitoral. A incerteza passou a dominar o horizonte desde que pesquisas passaram a mostrar um cenário eleitoral com dois pré-candidatos vistos como pouco reformistas.

Nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Ciro Gomes (PDT) são vistos como favoráveis a aplicar as medidas necessárias para devolver o equilíbrio fiscal ao país.

No relatório divulgado nesta quinta (7), o JP Morgan coloca a incerteza sobre as eleições como fator de preocupação com a política econômica no médio prazo. “As condições externas e domésticas mudaram significativamente nos últimos meses”, afirmou o banco em relatório.

“O aperto das condições financeiras nos mercados emergentes afetou o Brasil em particular, provavelmente dados os desafios fiscais significativos do país, a incerteza em torno da política econômica após as eleições deste ano e um diferencial recorde baixo de juros [em relação aos Estados Unidos]”, diz o banco.

O JP estima em 50% a probabilidade de um resultado nas eleições que não agrade ao mercado.

Alec Lee, analista para Brasil do Frontier Strategy Group, consultoria especializada em mercados emergentes, acredita que houve uma reprecificação do país após a divulgação das recentes pesquisas eleitorais.

“O risco sempre existiu, mas os investidores, na nossa visão, estavam sendo extremamente complacentes”, diz. “Agora, acreditamos que nós estejamos vendo uma correção exagerada conduzida por essa mudança na percepção do risco político decorrente das eleições.”

A leitura é que a possibilidade de o novo governo realizar as reformas fiscais aguardadas pelo mercado está cada vez menor. “Há zero clareza sobre a possibilidade de vitória de um candidato reformista”, afirma Geoff Dennis, chefe de estratégia de renda variável em mercados emergentes do banco UBS.

“É importante que quem vença realize reformas importantes, como a da Previdência. Os investidores estão preocupados com os candidatos. Somado ao ambiente mais hostil para emergentes, é o que explica o que tem acontecido com o mercado financeiro brasileiro.”

A preocupação com disciplina fiscal também é o motivo apontado por Bruno Braizinha, da área de alocação global de ativos do banco Société Générale. “O atual governo estava entregando disciplina fiscal, e a greve dos caminhoneiros afetou a percepção dos investidores sobre isso. A mudança no panorama eleitoral só agrava essa perspectiva”, afirma.

Na ausência de uma notícia positiva, a perspectiva para o país não é nada boa. Alec Lee, do Frontier Strategy Group, vê o dólar passando de R$ 4 nas próximas semanas. "Depois dessa correção, o maior risco de alta volta a ser a divulgação de novos dados sobre a economia americana e a potencial aceleração do aumento de juros pelo Fed(banco central americano)", diz.

O Fed realiza sua reunião de política monetária nos próximos dias 12 e 13. A expectativa é que os juros sejam elevados em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,75% e 2% ao ano.

 

O ESTADO DE SÃO PAULO

‘Há vulnerabilidade a movimentos de manada’, diz economista-chefe da Xp

O mercado brasileiro está sofrendo um efeito manada, no qual os investidores copiam a ação de outros irracionalmente, na avaliação da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. “O mercado não está vendo no horizonte notícias positivas, ficou sem referência e vulnerável a movimentos de manada.”

O que causou essa tensão no mercado financeiro?

Nos últimos dias, não vimos movimento no exterior que justifique o comportamento de preços dos ativos no Brasil. O País descolou do mundo. O mercado não está vendo no horizonte notícias positivas, ficou sem referência e vulnerável a movimentos de manada. Está muito sensível a qualquer ruído, inclusive a movimentos do próprio mercado. O clima é ruim e aí o mercado começa a avaliar risco, a procurar notícias boas e não encontra. Até quem acha que não está tão ruim olha o comportamento do mercado e copia. A gente já vinha de uma piora na economia, mas não teve um fato novo para justificar essa pressão.

Há espaço para a Selic subir?

Seria equivocado. Se a economia tivesse aquecida, com a inflação subindo, até entenderia. Mas temos um quadro de ociosidade. Aumentar os juros agora poderia até piorar o sentimento do mercado. Foi o que aconteceu quando o Banco Central manteve os juros (em maio), todos pensaram: ‘Se o BC mudou de ideia é porque está preocupado, então também tenho que estar’.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, indicou que não deve aumentar...

Eu preferia que ele tivesse sinalizado de forma mais contundente que não haverá alta por um bom tempo. Mas concordo que essa fala já ajudou.

Durante o dia, economistas do mercado financeiro estavam falando que o BC precisava se pronunciar. A entrevista acalmou os investidores?

Vários colegas estavam nessa linha: ‘Cadê o BC?’. Se deu para acalmar, vamos ver. É essencial ver como o mercado abre amanhã. Mas havia espaço para uma fala mais contundente.

Qual o impacto da tensão do mercado na economia real?

Essa volatilidade gera uma incerteza grande para quem depende do câmbio, que fica sem saber como conduzir os negócios. Também impacta no PIB. Quando se tem movimentos no câmbio, no curto prazo o efeito é de contração na a economia, por causa do preço dos insumos. Os custos sobem e você não consegue substituir de uma hora para outra.

O Brasil pode ser a próxima Argentina, que precisou recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para conter o câmbio?

Do ponto de vista dos fundamentos externos, estamos melhor, temos reservas e a economia não é dolarizada.

 

O GLOBO

‘Descontrole da economia pelo governo minou ainda mais a credibilidade'

A corrida ao dólar, que levou a cotação da moeda a encostar em R$ 4 nesta quinta-feira, se intensificou com a sucessão de decisões equivocadas do governo Temer, como a de tabelar o preço dos fretes. Até a semana passada, o mercado já era comprador de dólares embalado pela liderança de duas candidaturas populistas nas pesquisas eleitorais para a Presidência. A solução, neste momento de descontrole cambial, é que o Banco Central mostre sua força e entre atuando no mercado futuro, vendendo US$ 5 bilhões, US$ 10 bilhões. Caso contrário, o dólar pode superar os R$ 4 e chegar a R$ 6 ou R$ 7. As afirmações são de um dos maiores especialistas em câmbio do país e sócio da consultoria Tendências, Nathan Blanche.

O real está sofrendo um ataque especulativo?

- Não, não é um ataque especulativo. Trata-se de um movimento defensivo. As pessoas e empresas compram dólares para preservar seu patrimônio, seus lucros. Até a semana passada, esse movimento vinha sendo mais gradual, mas de ontem (quarta-feira) para hoje (quinta-feira) se intensificou.

Qual foi o estopim para essa corrida por dólares?

- O mercado vive de expectativas. Até a semana passada, a compra de dólares estava calcada num cenário em que duas candidaturas populistas, uma de esquerda e outra de direita lideram as pesquisas de intenção eleitoral. Mas, ainda assim, havia a expectativa de que uma candidatura de centro-direita pudesse vencer a eleição. Mas o humor do mercado piorou com as decisões do governo em relação à greve dos caminhoneiros. Tabelar preço de frete é algo impossível. Voltamos três décadas no tempo. Só faltou o governo ligar para o ex-presidente José Sarney e pedir a volta dos fiscais. O mesmo vale para a redução do preço do diesel. Foi essa demonstração de descontrole da economia pelo governo que minou ainda mais sua credibilidade. Não há espaço para falsas promessas.

Isso fez o dólar se descolar dos fundamentos da economia?

- Sim, por isso estourou a bomba. Na semana passada, tivemos fluxo de dólares positivo para o Brasil. Não pelo canal financeiro, mas pelo comercial. Temos fluxo positivo ainda de US$ 20 bilhões no ano, e reservas de US$ 382 bilhões. Nossa relação reserva/dívida é de 56%, enquanto a de outros emergentes é de 82%. Nosso problema não é cambial, mas de expectativas, já que elas pioraram muito.

O que o BC pode fazer nesse momento de turbulência?

- Precisa mostrar sua força. O mercado está testando o BC. A autoridade monetária não precisa usar reservas, mas precisa entrar vendendo US$ 5 bilhões, US$ 10 bilhões no mercado futuro mostrando que quem especular com o dólar vai perder dinheiro. Nossos fundamentos estão excelentes. O BC, como gestor das finanças, não pode deixar o barco solto.

O BC terá que subir juro?

- Vai ter que subir, mas não tem que correr atrás da curva de juros futuros. O BC precisa precisa agir de forma mais forte no mercado futuro agora. Não tem tratamento gradual. Tem que mostrar que quem especular com dólar vai perder dinheiro.

Até onde o dólar pode chegar?

- Não sei. Pode passar de R$ 4, assim como aconteceu com a eleição de Lula. Mas pode chegar a R$ 6, R$ 7, tudo vai depender da gestão do presidente do Banco Central. É preciso agir com firmeza. E o governo precisa dar soluções mais racionais para superar a crise do transporte.

 

ARTIGO

Por José Paulo Kupfer

Corrida maluca

Os mais dramáticos poderiam dizer que o mercado financeiro brasileiro viveu ontem uma “quinta-feira negra”. Depois de uma manhã de grande agitação, nos pregões vespertinos o dólar chegou a R$ 3,97, fechando o dia em R$ 3,92 em alta de 2,25%. As operações com contratos de derivativos de câmbio, negociados na B3, só na primeira parte dos negócios do dia, somavam R$ 18 bilhões, pelo menos 20% a mais do que a média diária em tempos normais.

No mesmo período, o Ibovespa em queda livre rompia para baixo a barreira dos 72 mil pontos, com perdas superiores a 6%, acalmando um pouco nas proximidades do fechamento, com perda de 3%. As operações no Tesouro Direto, a certa altura, foram suspensas, e os negócios com contratos de juros foram temporariamente travados no começo da tarde.

Em alta nervosa, os juros futuros indicavam 100% de chances de o Banco Central elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto e um pouco menores de alta de até 0,75 ponto, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para daqui a menos de duas semanas. Daqui ao fim do ano, as taxas futuras de juros precificavam novas altas, num acumulado de 1,25 ponto acima da taxa atual de 6,5% nominais ao ano.

Tudo isso acontecia em meio a tentativas de intervenção pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional crescentemente agressivas. Além da venda de dólares por meio dos swaps cambiais já incorporados ao calendário, com ração diária de US$ 750 milhões e rolagem integral das operações a vencer nos próximos meses, o BC injetou US$ 2 bilhões em leilão extraordinário no fim da manhã. O Tesouro operou forte, comprando e vendendo lotes adicionais de papéis da dívida pública, buscando acalmar a curva de juros.

Quando o pânico, como ontem, toma conta dos pregões, refletindo a irracionalidade característica dos mercados submetidos a estresses, o resultado das intervenções oficiais costuma ser o mesmo de enxugar gelo. Nessas horas, a pretensa vacina contra ataques especulativos, representada pela manutenção de altos — e fiscalmente custosos — volumes de reservas internacionais, funciona tanto quanto o seguro contra desarranjos econômicos agudos também pretensamente oferecido pelo sistema de metas de inflação e pelo regime de câmbio flutuante. Ou seja, quase nada.

É confortável, na teoria, a situação das contas externas brasileiras. Além do colchão de US$ 380 bilhões em divisas externas — o equivalente a cerca de 20% do PIB, quando o próprio FMI considera mais do que suficiente algo como 12% a 15% do PIB —, a situação da balança em transações correntes se mostra tranquila, com um déficit abaixo de 1% do PIB, coberto com sobras pelo ingresso de investimentos externos diretos. Situação em nada comparável, por exemplo, com a explosão das cotações do dólar na transição do segundo mandato presidencial de Fernando Henrique para Lula, ocasião em que as reservas não chegavam a US$ 40 bilhões.

O problema é que nenhum colchão de liquidez, vacina antiespeculação ou seguro contra incêndios cambiais consegue ser efetivo diante de uma reação que, na verdade, pouco tem a ver com os fundamentos da economia. Assim como em 2002 ou no “Joesley Day” de um ano atrás, quando veio a público o teor escandaloso de uma conversa noturna do presidente Michel Temer com um empresário envolvido em grossa corrupção, a crise atual se alimenta principalmente de componentes políticos.

Temores de que as urnas presidenciais de outubro sufraguem um candidato “populista”, combinados com a fragilidade do governo, cruamente exposta pela incapacidade de conter a desorganização produtiva deflagrada pela greve do setor de carga rodoviária, é que estão de fato por trás das turbulências dos dias recentes nos mercados de ativos. Daí ser possível especular pelo menos duas hipóteses. Uma, que a corrida contra o real, embora com momentos de calmaria no meio do caminho, não dará tréguas até o desfecho da eleição — já há apostas em um dólar a R$ 4,50 até lá. Outra é que, vencendo um “reformista”, em pouco tempo as cotações da moeda americana recuariam — há quem estime R$ 3,50 ou até menos.

Nem por isso se deve negar a existência de fatores objetivos nessa corrida maluca dos mercados. O primeiro e mais importante deles é o início do processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos, expresso pelo anunciado aumento das taxas de juros de referência. Ao reduzir a atração dos juros locais face às taxas oferecidas pelos papéis americanos, o movimento promove revoadas de dólares dos mercados emergentes para o porto mais atraente e seguro. O contágio entre emergentes é inevitável, ainda que alguns, como o Brasil, se encontrem, no momento, com suas contas externas menos desajustadas, pelo simples fato de que os investidores compensam perdas em uns mercados com recursos retirados de outros.

 

EXAME

Para Ipea, sinal ficou “bem amarelo” para o cenário de investimentos

O sinal para o cenário de investimentos em 2018 ficou “bem amarelo” após a trajetória positiva vista até abril, na avaliação de Leonardo Mello de Carvalho, pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Mais cedo, o órgão informou que Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) avançou 1,5% em abril ante março. Em relação a abril de 2017, o avanço no índice do Ipea foi de 13,1%.

No primeiro trimestre, a FBCF avançou 0,6% ante o quarto trimestre de 2017, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao divulgar os dados do PIB, no último dia 30.

Para Carvalho, o cenário para os investimentos no resto do ano se deteriorou por três motivos principais. Em primeiro lugar, o desempenho da atividade econômica no início do ano frustrou as expectativas, em movimento que já vinha desde abril. Em segundo lugar, se a mudança para patamares mais elevados na cotação do dólar se confirmar, o investimento ficará “mais caro”. Investidor iniciante? Aprenda com a Monetus qual o melhor investimento para quem está começando a investir Patrocinado

Por fim, o terceiro motivo é a elevação da incerteza política. Segundo Carvalho, tanto a greve dos caminhoneiros quanto a falta de clareza no cenário eleitoral, com aumento de chances de um candidato de perfil populista ser eleito, lançam dúvidas sobre o equilíbrio das contas públicas, o que contribui para minar a confiança dos agentes econômicos.

“O sinal está bem amarelo”, disse Carvalho, após reconhecer que o “cenário se deteriorou”. Segundo o pesquisador, além dos investimentos, o aumento da incerteza atinge também as decisões de compra de bens duráveis por parte das famílias. “Em relação à compra de duráveis e aos investimentos, os agentes levam em conta as expectativas”, completou Carvalho.

 

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